A Noite chagara. A ansiedade aumentava. Márcia já os mandara para o quarto. se encontrariam no lugar de sempre.

–Agora?- Perguntou Lucy.

–Agora.- Confirmou Kate.

Kate e Lucy foram para o sótão. Chegando lá, Emily as aguardava. Ela tamborilava os dedos nervosamente.Emily voltou seu olhar para as duas recém chegadas.

–Por que demoraram?- Perguntou ela apreensiva.

–Desculpe. O encontro não tinha hora exata.- Explicou Kate.

–Tudo bem.- Ela mordeu o lábio inferior.- Viram o Charlie e o meu irmão?

–Não, mas eles devem estar a caminho.- Explicou Lucy e ela assentiu. Uns cinco minutos depois eles chegaram.

Charlie usava uma camisa azul de manga e uma bermuda preta. Calçava um chinelo verde com correias preta. John calçava, também um chinelo, porém totalmente laranja. Vestia uma calça de moletom cinza e uma camisa branca de manga.

–Finalmente!- Exclamou Emily.

–Foi mal! O Ethan acordou e tivemos que despistar ele, se não...- Justificou-se John. Ethan era realmente um perigo. Era o garoto mais fofoqueiro de todo o orfanato.

–Se não ele deduraria a gente para a nariguda.- Continuou Charlie.

–Sabemos. Conhecemos o Ethan.- Kate girou os olhos.

–Agora vamos logo!- Disse Lucy- Já perdemos muito tempo aqui.

–Vocês perderam a noção do perigo.- Charlie tornou a reclamar.

–Não Charlie. Nós- Ela girou o dedo indicador incluindo ele no "Nós"- Nós perdemos a noção do perigo.

–Tá bom! Anda logo.- Reclamou mais o Charlie. Não era novidade. Ele só sabia reclamar. Os cinco Moram juntos no orfanato desde que conseguem se lembrar. Eram como irmãos.

Saíram do Sótão tomando cuidado para não fazerem um ruido sequer ou Márcia poderia acordar.

Até que chegaram: A porta.

Kate, que era a líder e portava a chave, a girou na fechadura e a porta com um mínimo ruído se abriu.

Era um quarto escuro, porém era possível distinguir alguns móveis como um sofá velho, um guarda-roupas e uma mesinha.

–Só isso?!- Questionou Emily incrédula.

–Eu disse que era perca de tempo.- Riu-se satisfeito Charlie.

–Cala a boca que você também topou.- Acusou John.

–Queria rir da decepção que vocês teriam quando descobrissem um quarto velho empoeirado sem nada de interessante.- Justificou Charlie. Kate adentrou a sala sem dar importância às queixas dele.

–Talvez haja sim algum segredo...- Murmurou ela. Em seguida todos com exceção de Charlie entraram no quarto.

–Fala sério?! Vocês ainda tem esperança?- Charlie deu de ombros.- Dizem que ela é última que morre né...

–Quer parar de reclamar um pouquinho e nos ajudar?!- Emily o olhou ameaçadoramente.

–Tá bem, mas depois não diga que eu não avisei.- Ele entrou e fechou a porta atrás de si.

–Vamos lá.- Lucy disse empolgada e em seguida cometeu um grave erro: Virou-se bruscamente e sua mão chocou-se contra alguma coisa. Em seguida todos ouviram um barulho estrondante de vidro se quebrando.

–O que foi isso?- Assustou-se Emily.

–Lucy!- Charlie e John fizeram coro.

–Desculpe!- Disse assustada.

–A Márcia pode ter acordado!- Espantou-se John.

–Lucy, Como você é...- Começou Charlie

–Agora não Charlie.- Kate o advertiu.- Escondam-se imediatamente!

Foi o que fizeram. Kate correu para o guarda-roupas, Charlie se espremeu debaixo da mesinha. Os gêmeos foram para detrás do sofá. Lucy correu também para o guarda-roupas.

Lucy sentiu o braço de alguém roçar o seu.

–Quem é?- Sussurrou Lucy.

–Sou eu, Lucy.- Era Kate.

Ficaram em silêncio por algum tempo. Márcia adentrou o quarto e ficou parada por alguns segundos. Nenhum ruído.

–Devo ter sonhado.- Concluiu ela. Estava tão sonolenta que nem percebeu que a porta que antes estava trancada, agora estava aberta.

Cansada, Lucy apalpou o chão do guarda-roupas para em seguida, sentar-se nele. O que não esperava era achar alguma coisa ali. Era uma espécie de cubo. Não o enxergava devido a escuridão, mas sabia perfeitamente que era uma forma cubica. Enrolou-a na blusa e sentou-se onde pretendia.

Passado bastante tempo saíram do esconderijo. Kate e Lucy estavam empapadas de suor.

–Podem sair agora.- Informou Kate.

uma forma masculina alta e magra saiu de baixo da mesinha: Charlie. Em seguida os gêmeos Morgan saíram de trás do sofá. Também estavam suados e grudentos.

–Gente... Achei alguma coisa.- Informou Lucy.

–O que você achou? Uma varinha mágica?- Zombou Charlie.

–Charlie, não enche.- Retrucou John.

–Não Charlie. É alguma coisa em formato cubico.- Falou Lucy.

–Um dado?- Sugeriu Emily.

–Não, é maior.

–Um dado grande ué.- Disse Emily.

–Pode ser um cubo mágico de uma terra distante!- Continuava Charlie a zombar de seus amigos.

–Errado.

–Deve ser uma caixa...- Supôs John.

–Não sei...- Admitiu Lucy.

–Vamos para o quarto, antes que a Nariguda se dê por conta de que a porta estava aberta.- Sugeriu Kate.

–E tranque a porta.- Continuou John.

–Lucy, não se esqueça que a culpa toda é sua de a Márcia ter vindo parar aqui.- Reclamava Charlie.

–Mas fui eu que encontrei a caixinha.- Lembrou a menina.

–...Que por acaso não serve para nada.- Lembrou Charlie.

–Já chega!- Protestou Kate- Se vocês ficarem brigando a Márcia pode voltar.

–Vamos logo...- Disse Emily com ansiedade.

Foram cada um para seu respectivo quarto; a caixinha ficou no de Lucy, já que foi ela quem a descobrira. Era realmente uma caixa, como dissera John, mas estava trancada a chave...