John acordou primeiro. Verificou se ainda havia comida das caçadas que haviam feito. Havia. Porém muito pouco. Ele separou um pedaço de coelho cozido e deixou o resto para seus amigos. Comeu em silêncio.

Terminada a comida, John olhou em volta. Uma coisa chamou-lhe a atenção:

Os vaga-lumes.

Eles continuavam no mesmo lugar, parados, acendendo e apagando sua luzinha. John observou aquilo por um instante. Será que Charlie estava certo? Será que deveriam realmente seguir aqueles bichinhos? Não teve muito tempo para pensar. Logo Charlie já estava de pé.

–Aqueles são...- Charlie foi interrompido por John.

–... Os mesmo vaga-lumes da noite anterior.

–Por que acha que não foram embora?- Lucy também havia se levantado.

–Porque querem que os sigamos.- Disse Charlie triunfante.

–O.K. Charlie.- Lucy suspirou.- Você venceu.

Os jovens apanharam suas coisas e puseram-se a seguir os vaga-lumes. Assim que começaram a andar, os insetos começaram a mudar de lugar. Realmente. Era isso que queriam.

Notaram que não estavam sendo atacados desde que conheceram Darsh. Certamente, a serpente espreitava-se pelas árvores, matando qualquer criatura ameaçadora. Era bom saber que nada podia afetá-los.

Todas as vezes que o jovens paravam para descansar ou dormir, os vaga-lumes paravam e esperavam.

Os dias que se seguiram, foram tranquilos, exceto pela fome. Era difícil terem a sorte de achar um coelho, ou mesmo frutas não venenosas. Geralmente, Darsh invadia os pensamentos de Charlie quando este estava prestes a comer coisas que o mataria na certa.

Os três notaram que as luzinhas estavam levando-os para longe do rio. Eles já estavam ficando desconfiados.

–Por que eles estão nos afastando da água?- Questionou Lucy.- Vamos morrer de sede!

–Mas Darsh disse...- Começou Charlie e foi interrompido por John

–Darsh.- Riu-se John, com os olhos azuis vidrados.- Ele é só uma cobra. Por que deveríamos confiar nele?

Charlie já ia protestar, mas Lucy o impediu, dando-lhe uma cotovelada e formando nos lábios a palavra “enfeitiçado.”

–Tem razão.- Disse ela, para finalizar a conversa.

Eles estavam mais próximos de seu destino do que imaginavam.

***

Enquanto isso, o grupo de Bryan continuava a seguir o riacho.

Em uma manhã escura como todas as outras, Emily saiu em busca de plantas comestíveis, frutas ou caça. Kate e Bryan ainda dormiam. Emily sabia que não era correto aventurar-se pela floresta sozinha. Deveria procurar alimento junto com Bryan. Mas não resistira. Queria fazer isso sozinha.

Ela caminhou, com sua aljava nas costas e seu arco na mão. Ainda tinha muitas flechas.

Estava bem afastada de seus amigos quando encontrou uma árvore com frutos nada atraentes. Julgou que não seriam venenosos, pois na floresta, os mais venenosos eram os mais bonitos.

Subiu na árvore. Seu vestidinho rosa não era mais tão bonito assim. Estava rasgado em várias partes e todo enlameado. Suas bochechas estavam rosadas devido ao frio e ela usava seu casaco vermelho. A menina esticou o braço para apanhar as frutas. Conseguiu segurar um galho com cinco delas. Pegou todas com a esquerda enquanto com a direita segurava o galho. Colocou todas no bolso do casaco. Em seguida desceu da árvore.

Um farfalhar de folhas chamou-lhe a atenção. Ela olhou em volta sobressaltada. Achou que poderia ser outro Bourg. Com agilidade, posicionou uma flecha no arco. Ouviu o barulho novamente. Olhou em volta. Viu uma coisa correr, mas não era um Bourg.

Era um unicórnio. Ele era lindo. Ela abaixou sua arma e ficou admirando a criatura correr. Seu pelo era de um negro brilhante e sua clina era cinza. Nem parecia morar nesse lugar terrível! Conforme ele corria, ela pode ver seu chifre. Era bem cumprido. E transparente. Como cristal.

–Lindo...- Murmurou.- Espero vê-lo novamente.

Ao voltar, ela depositou as frutas sobre a manta e se deitou. Quando Kate e Bryan acordaram, eles comeram as frutas. Tinha um gosto amargo horrível, mas dava pra saciar a fome.