O outro mundo escrita por Debby e Tehh


Capítulo 25
Visita às masmorras


Notas iniciais do capítulo

Esperamos que gostem



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Charlie fitava as árvores. Era possível ver a névoa de sua respiração. Suas mãos abraçavam as pernas por baixo do cobertor. Ele fazia a primeira vigia.

Olhou para trás. Seus amigos dormiam pesadamente. Por um momento, ele agradeceu a Darsh. Graças a ele, todos sobreviveram e isso amenizava o sentimento de culpa que há dias vinha inundando-o.

Novamente fitou as árvores obscuras. Olhou além. Era um negrume total. A floresta estava silenciosa. Imaginou algum Bourg o vigiando silenciosamente. Sentiu medo por um instante, mas logo afastou o pensamento.

Escutou o confortador barulho do rio. "Em direção ao som da água" lembrou as palavras de Darsh. Permitiu-se dar um sorriso. Já era meio caminho andado.

Então ele viu. Seus olhos negros pararam em uma luzinha que acendia, apagava e em seguida acendia novamente.

"Vaga-lumes..." Murmurou. Fazia bastante tempo que não via um. Quando tinha cinco anos, costumava ir ao jardim do orfanato à noite juntamente com John, Emily, Lucy e Kate, apanhar diversos vaga-lumes e aprisioná-los em uma garrafa. Logo Márcia aparecia ordenando que fossem se deitar imediatamente.

Márcia... Eles sempre viram Márcia como a zeladora megera do orfanato. Nunca puderam imaginar que ela seria uma feiticeira maligna. Mas quem imaginaria isso? Conhecem Márcia desde conseguem se lembrar.

Mas os vaga-lumes... Era o único vestígio de luz naquela floresta obscura. Luz...

Charlie parou de súbito. "Sigam a luz" Darsh dissera. "É isso!" Murmurou. Virou-se afobado e sacudiu Lucy até ela acordar. Depois repetiu o processo com John.

–Ahn?- Lucy resmungou.

–Que foi?- Perguntou John sonolento.- Já é minha vez?

–O que?- Charlie piscou.- Não!

–Então por que nos acordou?- Quis saber Lucy.

–Lembram o que Darsh disse?- Começou.- Mandou que seguíssemos a luz...

–Não acha melhor discutirmos sobre isso amanhã?- Disse Lucy.

–Escuta:- Tentou Charlie.- Nãoluz na floresta das sombras a não ser...

–Vaga-lumes.- Concluiu John, olhando as pequenas luzinhas que acendiam e apagavam.

–Exatamente.- Disse Charlie- Vaga-lumes.

–E como tem certeza que é disso que ele falava?- Disse Lucy.

–Ele disse luz.- Charlie deu de ombros.- Não especificou que luz era.

–O.K.- Lucy bocejou.- Amanhã nós falamos disso.

E ela deitou-se, dormindo rapidamente.

–Não estou mais com sono.- Informou John.- Posso ficar de vigia?

–Fique a vontade.- E Charlie deitou-se no local antes ocupado por John.

John ficou de vigia. Seu pensamento estava preso em Emily, sua irmã.

***

Márcia parou atrás de Alexander, que mais uma vez estava debruçado na janela. Ela pigarreou alto o suficiente para ele se virar.

–Ah. É você.- Disse Alexander com desdém.

–Sim, querido.- Ela sorriu.- Sou eu.

–O que veio me dizer?

–O grupo se dividiu à vários dias.- Disse Márcia.- Agora estão mais vulneráveis que nunca.

–Sugere que eu os mate agora?- Perguntou ele. Seus olhos estavam vermelhos.

–Talvez o grupo mais fácil.- Ela deu de ombros.- Um dos dois grupos está sob a proteção de Darsh.

–Maldito Darsh!- Ele praguejou cerrando os punhos.- Sempre atrapalhando meus planos!

–Ao menos os outros ainda não descobriram seus guardiões.- Disse Márcia.- Isso nos atrasaria.

Dizendo isso, ela saiu da sala, deixando um Alexander furioso.

***

Nas masmorras, Alivar permanecia deitado. A menina sentada em um canto presa a parede, respirava com dificuldade. O irmão dela tremia de fraqueza. O mais gordinho agora fazia silêncio.

Um guarda adentrou a sala. Seria um humano, se não fosse seus olhos amarelos, semelhante aos olhos de um gato e sua pele muito cinza. Ele se aproximou de Alivar. Tinha uma faca na mão direita. A menina arregalou os olhos, tentando se livrar das cordas que a prendia e ajudar seu amigo de cela.

O guarda se abaixou-se próximo ao centauro caído.

–Ora ora ora...- Riu-se. Sua voz parecia duplicada, como se duas pessoas falassem ao mesmo tempo.- Será que você prefere morrer aos poucos a dizer onde está a Espada Mestre?

–Sim.- Disse Alivar com um ruído quase inaudível.

–Corajoso você.- Disse o guarda. Ele fez um movimento ágil e rápido com a faca contra o rosto do centauro.

Um profundo corte apareceu em sua face, seguido por um guincho dolorido de Alivar.

–Tá doendo, é?- Debochou o guarda.

O sangue escorria para a boca do centauro.

–Para por favor!- Implorou a menina desesperada. O guarda virou-se para ela carrancudo.

–Você bem que merecia também- Disse.- Ninguém rouba minha rainha e sai impune.

–Mas eu não roubei nada.- Sua voz estava fraca.

–E por que eu deveria acreditar?- Disse o guarda.- Minha rainha disse que roubou.

–Ela não...- Tentou dizer o irmão.- Roubou.

–Então foi você.- Acusou o guarda. O menino assentiu.

–Não! Fui eu.- Mentiu a menina.- Ele não roubou.

O gurda se aproximou bem do rosto da menina.

–Sua porca imunda!- Ele girou a faca e com um movimento, fez um corte profundo em seu braço. A menina abafou o grito. Lágrimas inundaram seus olhos. E o irmão não teve nem forças para protestar.

O guarda saiu dali satisfeito.


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Notas finais do capítulo

Bjoss.



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