O outro mundo escrita por Debby e Tehh


Capítulo 21
O Riacho


Notas iniciais do capítulo

Esperamos que gostem.
Ass.: Tehh e Debbie



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No começo da caminhada em trio do grupo de Charlie, ele se mostrava satisfeito. Mas o tempo ia passando. Dias. Charlie já estava paranoico. Agora em trio, se sentia ainda mais desprotegido. Estava se arrependendo de sua tolice. Não podia voltar atrás. Lucy chorava o tempo inteiro. Estava apavorada. Nervosa. John já não tinha a mesma coragem pela qual era conhecido. O medo tomava conta de seus olhos. Calava-o. John já quase não falava. O que fariam? Voltariam para o orfanato? Não dava pra saber. Os três tinham a mesma preocupação: Voltariam ou morreriam na floresta? mas, por mais que evitassem, acabavam sempre acreditando mais na segunda opção.

–Charlie... Estou com fome.- Lucy resmungou em uma tarde, enquanto caminhavam para o meio do nada.

–Então vá caçar. Você é arqueira, não?- Charlie esfregava as mãos.- Só não demore. Nem se perca.

–Mas eu vou ter que ir sozinha?- Ela o olhou incrédula.

–Não. Eu vou com você.- Charlie decidiu e engoliu em seco. John se sentou no chão de cabeça baixa, como costumava andar ultimamente.

A caça não foi lá muito boa. Mal haviam conseguido capturar um coelho. Não era tão fácil caçar sem Emily. Ah, Emily... Como ela estaria agora? Lucy só se lembrava de uma figura embolada sobre o frio chão enquanto chorava. Lembrou-se de quando a conhecera... Da menininha da sua idade com quem fizera amizade primeiro. E quando começou a aprontar com os gêmeos Morgan? Os três eram inseparáveis... Agora separados. E a perplexa Kate Mackenzie olhando-a incrédula? Recordou-se de quando tinha apenas seis anos e viu a menininha de lindos cabelos cacheados entrar. Kate tinha oito anos e entrou para o grupinho bagunceiro logo. E quanto ao acusado Bryan? Lucy achava que Charlie havia exagerado.

Apanharam lenha e pegaram o esqueiro de Lucy. Acenderam um fogo muito aconchegante. Assaram e comeram o inocente coelhinho. Charlie e John foram dormir, deixando Lucy de vigia. Lucy vigiava assustada e pensava em como voltariam. A preocupação tomou conta da menina. Mas não conseguia odiar Charlie pelo que ele causara. Em alguns pontos, ela até mesmo concordava.

***

Enquanto isso, no grupo de Bryan, tudo corria bem. Os dias se passavam normalmente e, como ninguém dali arrumava confusões enquanto estava enfeitiçado, não houvera mais nenhum inconveniente. Emily já estava se sentindo melhor. Andava muito quieta e chorava apenas de noite. Ela sentia que algo podia acontecer ao seu irmão. A Lucy. Ao Charlie. Seu coraçãozinho estava partido.

Em uma manhã, Emily já estava acordada, pois cumpria seu horário de vigia. Ela resolveu levantar-se. Talvez algo a animasse. Ela ergueu-se de sua manta e apanhou sua mochila. Tinha certeza que havia posto seu diário e sua caneta lá. Pegou o diário laranja com estampa floral e sua caneta azul. Pegou a chavinha e abriu-o. Arrancou uma folha causando um mero ruído que, aparentemente, ninguém escutou. Pôs-se a escrever.

Kate e Bryan, eu não vou muito longe. Só preciso pensar. Por favor não se preocupem comigo.

De: Emily.

Tampou a caneta e guardou-a. Pôs o diário e a chave também na mochila e depositou seu bilhete onde antes estivera dormindo.

Começou a andar. "Não vou muito longe" pensou "Não devo ir" E seguiu vagarosamente para algum lugar que julgasse ser bom para refletir. Avistou um riacho. "Ótimo."

Sentou-se a marguem do riacho, deixando que seus pés tocassem a água. Estremeceu. A água estava muito gelada. Porém continuou a balançar os pés naquela água tranquilizante. Pensou em John, seu irmão gêmeo. Haviam chegado ao orfanato juntos, com mais ou menos três anos de vida. Sempre fizeram quase tudo juntos, desde aprontar, desafiar a Márcia e levar castigos por isso e tantas outras coisas... E agora estavam separados... Emily permitiu que uma lágrima soltasse de seu olho. E Lucy? Essa era como sua irmã. Não perdia a oportunidade de zombar de Emily e não a deixava em paz um só instante. Ainda podia lembrar com clareza da tímida menininha de aproximadamente cinco anos cruzar a porta do orfanato. Ou pelo menos ela pensou que fosse tímida. Lembrou das pegadinhas que os três pregavam nas outras crianças. Emily sorriu. E Charlie... Ela começou a se lembrar das brigas e discussões dos dois. Charlie e suas ideias! Ele era o garoto mais teimoso que já conhecera... Quando chegou, aos nove anos, ele não demonstrava ser tão reclamão! Já eram quatro nessa época. Emiy, Lucy e John tinham oito anos. No começo, acharam que Charlie jamais entraria nesse grupo, mas em pouco menos de um ano, Charlie estava ali: Perturbando. E agora já eram cinco... Emily alargou o sorriso. Não havia tanto tempo que Emily se apaixonara por ele. Charlie fazia uma enorme falta.

***

Bryan acordou e fitou o céu. apoiou-se sobre o cotovelo. Notou a ausência de Emily e começou a sacudir Kate na tentativa de acordá-la. Ela logo o fez.

–Bryan... Que foi?- Ela se sentia um pouco tonta.

–Não encontro Emily.

–Já tentou procurar?- Kate sorriu e então se deu conta do que acabara de ouvir e arregalou os olhos.- O que?!

–A Emily. Não a vejo.

Kate se virou para a manta de Emily e avistou o bilhete. Apanhou-o e leu em voz baixa.

–O que diz?- Bryan perguntou curioso. Sentou-se de pernas cruzadas.

–Só que ela não vai muito longe... Que quer refletir e para não nos preocuparmos.- Kate se sentou e deixou cair o bilhete.

–Pirou.- Concluiu Bryan.- Vamos atrás dela.

–Tudo bem...

E começaram a correr em busca da menina. Demoraram cerca de meia hora para encontrá-la sentada com os pés na água. Se aproximaram. Bryan sentou-se a sua esquerda, de pernas cruzadas, recusando-se a pôr os pés na água gelada. Kate sentou-se a sua direita, com os joelhos junto ao queixo. Emily ergueu os olhos para Kate. Sua face estava riscada de lágrimas.

–Emy, por favor, não fique assim...- Kate tentou consolá-la. Bryan fitava o riacho. Estava pensativo.

–Sinto saudades Kate... Muitas...- Emily olhava para os pés na água.

–Eu sei. Eu também.- Kate mudou de posição, cruzando as pernas e colocou a mão no ombro da menina tristonha. Em seguida, baixou os olhos para os pés dela.- Sua louca, tire já os pés daí! Quer ficar doente?- Apesar de ser uma bronca, Kate não pôde conter o riso. Emily sorriu, obedecendo-a. Pôs-se de pé. Kate também o fez. Bryan, porém, continuou sentado fitando o riacho.

–Bryan...- Emily tentou. Bryan ergueu os olhos profundos e disse:

–Emily, você é demais.- Emily segurou o riso.

–Sei disso.

–Devemos seguir por aqui.- Bryan apontou o Riacho.

–Pelo riacho?- Kate estava confusa.

–Kate, você não entendeu.- Bryan suspirou.- Olhe, esse riacho aqui leva direto ao penhasco. Ele deságua onde fica Ponte Quebradiça para lá.- Bryan apontou para a direita.- Mas para cá- Apontou para a esquerda.- Ele dá direto no penhasco. Se quiserem voltar, vão por ali. Se quiserem seguir comigo, venham por aqui.- E Bryan pôs-se a andar à margem do riacho. Antes, voltaram e recolheram seus pertences e suas armas. Depois as meninas aproveitaram para encher a garrafinha de água. E começaram a caminhada, seguindo o riacho. Caminhado ao lado dele.

–Como assim, Bryan?- Kate quis saber.- Um rio desaguando em um penhasco?

–Lá embaixo tem um mar enorme e agitado. Aumenta ainda mais o perigo. A correnteza... bem, digamos que não é nem um pouco fraca.- Bryan olhou-a. Kate assentiu com os olhos arregalados.- Há vários rios e riachos que desaguam lá. Eu tomaria muito cuidado com os rios por aqui.

–Se Charlie estivesse aqui optaria por voltar, tenho certeza.- Emily baixou a cabeça tristemente


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Notas finais do capítulo

Coitadinha da Emy



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