Charlie se aproximou da ponte e olhou lá para baixo enjoado. Era realmente muito alto. Ele voltou os olhos para John.

–Não vou subir nesse troço aí não.- Charlie o olhou muito assustado.

–Então não suba.- John o fitou.

–Vamos logo, não podemos perder tempo.- Bryan foi na frente. Andava cautelosamente para que a ponte não se balançasse e começasse a ruir. Todos o seguiram. A ponte balançava muito com a força do vento.

Lucy estava logo atrás de Bryan e a frente de Kate. Ela tentava andar devagar, mas tinha a sensação de que desequilibraria a qualquer instante. Tentou não olhar para baixo. Fixou-se na nuca de Bryan, mas estava muito nervosa. Tentou se controlar mas tropeçou. Tropeçou em seu próprio pé. Só teve tempo de pensar: É o meu fim. Mas foi impedida de cair, pela mão de Kate. A ponte toda balançou. Todos desequilibraram, mas ninguém caiu. Exceto Emily. Ela despencou. Mas por um tris conseguiu se segurar-se com uma das mãos. Estava pendurada em um precipício

–EMILY!- Charlie gritou desesperado.

–SOCORRO!- A menina berrou.- Não vou conseguir me segurar por muito tempo!- Ela informou desesperada. Charlie estendeu a mão para puxá-la para cima. Ela segurou sua mão com firmeza.

–Alguém me ajude!- Ele berrou. John, que estava mais perto, esticou a mão e agarrou o braço da irmã. Ela tentava desesperadamente subir, mas parecia que iria despencar.

–Acho melhor vocês me deixarem cair.- Ela chorava.

–Não Emy! Nunca!- John chorava desesperado. Charlie também. Todos estavam apavorados, mas não poderiam voltar, ou a ponte balançaria mais.

–Vão logo!- Ela gritou.

–NUNCA!- Charlie gritou e de uma só vez puxou-a com força e ela conseguiu subir de volta a ponte. Tremia muito e não podia conter as lágrimas. Abraçou Charlie o mais forte que conseguia. Ele corou. Todos a volta davam sorrisos animados, exceto Bryan, que continuava com o mesmo olhar sombrio e Lucy que chorava.

–Vamos logo, não podemos perder tempo.- Repetiu Bryan. Eles prosseguiram.

Lucy se sentia muito mal. Sua melhor amiga quase morreu por culpa dela. Ela se sentia tremendamente inútil e desejou que tivesse sido ela a estar pendurada na ponte.

Conseguiram atravessar a cumprida e estreita ponte. Olharam em volta. O medo tomou conta. Agora ninguém escondia que estava desesperado. Até mesmo Bryan se mostrou assustado: Estavam na Floresta Sombria.

–Agora, devemos ter cautela. Essa Floresta é muito perigosa. E fria. Terão sorte se tiverem trago seus casacos.- Bryan fitou a todos sobriamente. E eles haviam trago.

–Maldito dia que eu aceitai vir pra cá!- Charlie bateu o pé.

–Ah, e melhor não reclamarem muito. Isso pode chamar a atenção dos predadores.- Bryan olhou Charlie carrancudo.

Vestiram os casacos. Realmente o frio ali era terrível. Apenas Bryan- Que não tinha casaco- ficou descoberto. Caminharam muito assustados. Até mesmo o barulho de pássaros os assustavam. Charlie, a essa altura, andava agarrado ao braço de Kate. Seu pânico estava obvio. Ele não escondia isso. Emily estava meio traumatizada com o ocorrido na ponte. Não desgrudava do irmão em hipótese alguma. Lucy apenas fitava o chão. Se sentia um pouco triste por ser tão desastrada e por quase ter matado a amiga. Bryan andava na frente. Era o líder. Seus olhos negros estavam sombrios. A imagem de sua mãe voltava-lhe a mente e ele tentava afastar o pensamento.

Pararam por fim em um local "seguro" na floresta. Dentro de uma enorme árvore oca. Talvez os bichos não os vissem ali.

–Tentem manter a calma ou enlouquecerão nessa floresta. Esse é o ponto forte dela. Uma vez Alivar...- Bryan não pôde continuar. Encarou o chão.

–Hey, Bryan, não fique assim- Lucy se aproximou.- Vamos encontrá-lo.

–Espero que sim.- Ele ergueu os olhos e encarou a menina.

–Continua o que você estava falando Bryan.- Pediu John com a irmã agarrada em seu braço.

–É que ele me disse que seu pai já esteve por aqui...- Ele disse e todos os encararam confusos. Como ele teria atravessado aquela ponte delicada?- Não me pergunte como.- Completou Bryan.

–Vai precisar de gente de vigília dessa árvore hoje?- Charlie perguntou.

–Mas é obvio né Charlie!- Kate o olhou e girou os olhos.- Principalmente.

–Estou com medo.- Informou Charlie como se ninguém soubesse disso.

***

Noite de vigília de Charlie. Ele estava muito assustado e sentia tanto medo que suas mãos tremiam. Emily levantou-se e sentou ao seu lado, olhando o céu estrelado.

–Obrigado Charlie.- Ela disse calmamente.- Por não desistir de mim.

–Você sabe que eu nunca faria isso.- Ele disse e ela o fitou. Ele corou muito- Quero dizer... Você é minha amiga...- Emily sorriu.

–Sei Charlie. Entendo.- Ela continuava sorrindo e agora olhava para os próprios pés.- Sabe... Você foi corajoso.

–Ora, não deboche de mim. Você sabe muito bem que coragem é a última coisa que eu poderia ter.- Ele riu com ironismo.

–Mas você teve... Para me salvar.- Emily, agora, o olhava no olhos. Ele corou ainda mais.

–M-melhor você ir dormir.- Charlie disse sem jeito. Ela abriu mais o sorriso.

–Boa noite.- Deu-lhe um beijo na bochecha, o que o fez corar mais (se era possível) Levantou-se e retornou ao lugar onde dormia.