Bryan sentou-se no chão e ajeitou as lenhas para em seguida atear fogo nelas.

–Por acaso alguém trouxe esqueiro?- Bryan perguntou olhando para as lenhas a sua frente.

–Não tenho certeza mas acho que eu trouxe...- Lucy vasculhou a mochila até encontrar seu esqueiro preto e branco. Entregou-lhe a Bryan.

Ele ateou o fogo e ficou olhando o bruxulear das chamas que cresciam cada vez mais. Em seguida pegou os três coelhos, entregando um a Kate e o outro a Emily, ficando com um, para que os limpassem para que fossem assados. Depois de alguns minutos, começaram a assar os coelhos.

Lucy e Emily se sentaram. Olhavam hipnotizadas para a fogueira. Cada um ali estavam perdidos em seus pensamentos.

Bryan não parava de pensar em Alivar; se ele estaria bem.

John estava pensando no Bourg que o atacara... agora, apesar de ainda estar assustado, via aquilo como se tivesse sido mais uma aventura.

Kate estava preocupada com Bryan, pois sabia o quanto aquele segredo lhe pesava.

Lucy se sentia ansiosa para chegar ao castelo e acabar com tudo de uma vez.

Emily e Charlie trocavam olhares nervosos. Ele a olhava e baixava os olhos. Ela fazia o mesmo. Estavam muito confusos com relação aos seus sentimentos. Charlie não sabia explicar, mas ela estava mais bonita desde que entraram nessa aventura. A menina também o via com outros olhos.

Os coelhos estavam prontos. Bryan entregou um coelho para cada dupla. O silêncio era atordoante. Até que Bryan, subitamente começou a falar.

–Tenho uma... coisa para contar.- Ele olhou intensamente os olhos de Kate. A garota sabia exatamente do que se tratava o assunto. Engoliu um pedaço do coelho que dividia com Lucy e o fitou apreensiva.

–O que está esperando?- Charlie fez sinal para que prosseguisse.

–Não vai ser muito fácil entender...- Bryan baixou a cabeça. Kate se aproximou e apertou sua mão com força. Sussurrou em seu ouvido "Você consegue". Ele ergueu os olhos e encarou a fogueira.- Minha mãe é Márcia, líder das fúrias e rainha desse mundo.- Ele disse choroso.

–Como?!- Lucy se entalou com o coelho.

–Longa história.- Ele deu de ombros.

–Temos tempo para ouvi-la.- Emily o fitou.

–Certo. Ela me trancou aqui. Para que eu não visse o tempo passar e não tivesse ideia da minha idade.- Ele nem piscava.

–Que coisa horrível! Por que uma mãe faria isso?- Lucy o olhava boquiaberta.

–Não se esqueça que estamos falando da Márcia.- Charlie interveio.

–Mesmo assim! Que espécie de mãe faria isso?- Lucy estava incrédula.

–A minha.- Bryan disse tristemente.- Mas isso tudo foi por causa da profecia. Ela existia bem antes de eu nascer.

–E qual era ela?- John perguntou curioso.

–Não sei se poderá ser cumprida... Nem ao menos sei quantos anos eu tenho!- Bryan disse olhando para John.

–Você... Hmm...- Kate o analisou bem.- Deve ter uns dezoito, dezenove, por ai.- Bryan arregalou os olhos.

–Então está bem perto!- Ele exclamou.

–Perto de que? Da profecia se realizar?- John perguntou.

–Exatamente!- Ele assentiu nervoso.

–Agora, poderia por gentileza, nos dizer a profecia?- Emily disse com cinismo.

–A profecia dizia que o filho da rainha a derrotaria ao completar vinte anos.- Ele fechou os olhos.- Eu sou o filho da rainha. Eu terei de matar minha própria mãe.

–Que horror!-Lucy e Emily disseram ao mesmo tempo.

–Para gente, não o deixe ainda mais deprimido!- Kate as advertiu.

Após o jantar, todos foram para suas camas. A primeira vigília foi efetuada por Lucy que, mesmo estando assustada, a cumpriu competentemente. Segunda vigília, foi Emily quem fez, e ficou muito contente por não ter sido devorada por nenhum bicho maligno.

Bryan foi acordado por Emily para cumprir a terceira e última vigília. Não tivera sonhos agradáveis, mas pelo menos havia desabafado o que lhe estava sufocando. Sentou-se e olhou Kate por um minuto. Ela dormia bem, como um anjo. Abriu os olhos lentamente e o olhou. Seus olhos brilhavam. Ela murmurou algo.

–Você foi corajoso...- E segurou em seu pulso. Essas simples palavras fizeram com que ele se sentisse realmente corajoso. Bryan concluiu que a melhor coisa que já lhe acontecera foi ter um dia conhecido esse grupinho.