De volta ao matagal, Charlie olhou em volta. Se sentia revoltado por estar novamente aquele lugar. Sem comida de qualidade, sem conforto e ainda correndo riscos de ser devorado. Ele pensava que seus amigos eram muito intrometidos, pois aquele diamante não era um problema deles.

–Satisfeita, Lucy?- Ele fuzilou a menina com o olhar.- Conseguiu trazer-me de volta a esse lugar horrível!

–Não reclama Charlie.- Respondeu ela enquanto prendia seus lisos cabelos castanhos em um coque.

Caminharam. Passaram pelo córrego no qual haviam visto a fúria branca pela primeira vez. Andaram mais. Chegaram ao barranco.

–Melhor tomarmos cuidado dessa vez.- Sugeriu Lucy se afastando do barranco.

–Alguém trouxe corda?- Perguntou Bryan. Emily ergueu o braço informando que trouxera e em seguida começou a vasculhar sua bolsa.

–Está aqui.- Disse ela retirando o objeto vermelho e cumprido da bolsa. Entregou a Bryan.

–Ótimo.- Ele apanhou a corda e amarrou uma ponta em uma pedra semi-enterrada no chão. A outra ele atirou barranco a baixo.- Quem quer descer primeiro?

–É seguro?- Indagou Kate.

–Com certeza é mais seguro que ficar aqui em cima.- Ele a fitou e ela assentiu.

–Então vá primeiro.- Emily sorriu marota.

–Tudo bem. Eu tenho outros meios de descer, mas já que insiste...- Ele segurou na corda e se jogou. Ficou pendurado e começou a descer com um ágil alpinista. Em poucos segundos estava embaixo. Ergueu os olhos e sorriu marotamente e cinicamente para Emily. Em seguida, entrou em sua caverna.

–O.K.- Emily suspirou.- Próximo.

Silêncio profundo.

–Deixa que eu vou.- Suspirou Lucy. Ela desceu a corda um pouco desengonçada e quase caiu uma ou duas vezes. Mas logo estava no chão. Ela ficou esperando seus amigos descerem.

–Bem, se a Lucy conseguiu, também consigo.- Emily disse e em seguida desceu a corda. Era ágil. Não como Bryan, mas era.

–Minha vez.- Suspirou Kate e em seguida também desceu.

–Eu não vou descer isso aí.- Protestou Charlie apontando para a corda.

–Então fique aí e morra no estômago de um monstro. Se é isso que você quer...- John provocou. Abriu um largo sorriso divertido ao ver a expressão assustada do amigo.

–Acho que vou descer.- Charlie imediatamente agarrou a corda e começou a descer desesperado e por vezes quase caindo. John riu bastante e começou a descer a corda tranquilamente.

Assim que John chegou ao chão, todos adentraram juntos a caverna de Bryan. Ele estava sentado sobre a pedra admirando sua espada.

–Poderia nos dar armas novas? As nossas deixamos a margem da cachoeira, provavelmente não existem mais.- Disse John se aproximando do rapaz.

–Não vão precisar de armas novas.- Bryan disse simplesmente.

–Como não?! Vamos morrer desarmados!- Exclamou Charlie.

–Não seja estúpido.- Ele ergueu os olhos para o menino.- Suas armas estão ilesas.- Ele se levantou e caminhou até a portinha que guardava as armas construídas por centauros.

Ao abri-la, viram que suas armas estavam lá. Exatamente como deixaram.

–Acho que o Alivar as guardou quando achou-as lá. Quando vim pegar minha espada, percebi que tudo estava em ordem.- Explicou Bryan.

–O Alivar é o máximo!- Sorriu Kate.

–Vamos lá agradecer!- Disse Lucy sorrindo. Saíram da caverna e foram até onde os centauros costumavam ficar, guiados por Bryan. Perceberam que havia um certo alvoroço. Muitos centauros enfileirados. Estavam com uma das mão sobre o peito e suas cabeças estavam baixas.

–Jabes... O que aconteceu?- Bryan perguntou com a voz fraca a um centauro com compridos cabelos ruivos e barba também ruiva. O centauro ergueu a cabeça lentamente e fitou o rapaz.

–Foi sequestrado... Alivar.- Ele mal podia pronunciar essas palavras.

–Como assim sequestrado? Por quem? Por que?- Lucy interveio.

–A rainha... Ela queria alguma coisa...- Jabes respondeu com a voz tremula.

–Temos que encontra-lo!- Bryan bateu o pé.

–Ficou maluco?!- Charlie intrometeu-se.

–Não podemos deixa-lo sozinho... Eu não posso.- Bryan baixou a cabeça.

–Vamos com você...- Kate pôs a mão em seu ombro. E ele a fitou.

–Se pretendem invadir o Castelo Real, há umas coisas que precisam fazer:- Jabes fitou Bryan.- Passarão por uma floresta parcialmente perigosa. Terão que atravessar a velha ponte quebradiça e em seguida entrarão na floresta sombria.

–Espere ai!- Charlie interveio.- Como assim floresta sombria?!

–Essa floresta abriga grandes perigos.- Respondeu Jabes sombrio.

–Acho que vou ficar por aqui mesmo.- Disse Charlie assutado. Porém ao ver o olhar ameaçador de Emily se rendeu.- O.K. Vou com vocês.- Ele ficou nervoso.

–Prossiga.- Lucy fez sinal para que continuasse.

–Pois bem. Ao atravessar a floresta, se depararão com um precipício. Atravessar ele é o grande problema.- Ele suspirou exausto.- Preciso descansar. Boa sorte. Ah, levem isso aqui, caso precisam da ajuda dos pégasos.- Ele pegou um berrante antigo que estava amarrado em sua cintura.

–Obrigado.- Bryan baixou a cabeça e retornou a sua caverna com os cinco em seu encalço.

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