O outro mundo escrita por Debby e Tehh


Capítulo 1
A reunião


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam a história.Fizemos com carinho
Assinado: Tehh e Debbie



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Lucy Walker.

Moro nesse orfanato desde consigo me lembrar. Não sei como, nem quando vim parar aqui, mas não importa. Minha família é meus amigos. São como irmãos para mim. O resto não interessa. Quando estou com eles, nem mesmo o mal humor de Márcia, a terrível inspetora, consegue me abalar.

Agora é noite, mas o sono se recusa a vir de todas as maneiras. Pelo visto, Rachel White, a menina que divide o quarto comigo e com Kate, já dormiu. Posso ouvi-la murmurar coisas. Bem, Rachel fala dormindo, já até me acostumei.

–Lucy...- Ouço Kate me chamar com um sussurro. Parece que mais alguém não conseguiu dormir.- Ainda está acordada?

–Sim. Não consigo dormir.- Murmuro, em resposta.

–Vamos descer.- Diz Kate.- Estou com sede.

–Também.- Digo.- Vamos.

Jogo as cobertas para o lado e me ponho de pé. O chão está gelado, mas não pretendo calçar chinelos ou pantufas. Dou uma olhada geral no quarto. Está bem escuro, mas posso distinguir os móveis e a silhueta de Kate, que caminha em minha direção.

Descemos juntas as escadas, tomando cuidado para não emitir nenhum ruído, afinal de contas, a fera tem sono leve.

O orfanato é enorme e temos que passar por vários corredores e cômodos para chegar a cozinha. Mas no caminho, algo chama minha atenção.

A porta de madeira do quarto 17.

Esse quarto sempre me intrigou. O quarto é mantido a sete chaves e eu não posso nem imaginar o porquê. Sempre quis descobrir que mistérios o rondam, mas Márcia não gosta nem que mencionemos o número do quarto. Ela fica alterada. Não entendo.

Paro diante da porta, com inúmeros pensamentos invadindo minha mente.

–Kate!- Chamo aos sussurros, e ela vem o mais rápido que pode.

Ela me olha e em seguida para a porta. Então, como se lesse pensamentos, arregala seus olhos negros.

–Você não está pensando em...

–Kate, Kate, olhe...- Procuro algum argumento que possa convencê-la.- Você nunca quis saber o que há aqui dentro?

Ela me olha por alguns segundos e então franze os lábios.

–Sim, Lucy, eu sempre quis saber.- Ela diz e depois sacode a cabeça.- Mas pode ser arriscado.

–Talvez não, se formos cautelosos.- Digo, pensativa.- Bem, você sempre topa tudo o que lhe é proposto...

–Mas isso é um caso a parte.- Ela abaixa o tom de voz.- E se Márcia nos flagrar?

Bufo, impaciente.

–Pare de fingir Kate.- Falo.- Nós duas sabemos que você está curiosíssima para descobrir o segredo da Nariguda.

Ficamos em silêncio alguns segundos e, como eu esperava, ela se rende.

–Certo.- Suspira.- Só espero não me arrepender.

–Não vai.- Sorrio, entusiasmada.

–Precisamos reunir Charlie, John e Emily para planejar.- Diz ela e eu assinto.

–Acho que Charlie não gostará muito da ideia.- Digo, sorrindo.

–Também acho.- Ela ri.

Bem, Charlie é o garoto mais chato, reclamão, contraditório e irritante que conheço. Aos dezesseis anos, parece ter oitenta. Mas ainda é um grande amigo, fiel até o ultimo segundo.

Vamos as duas até a cozinha beber água e voltamos para o quarto, sem mais conversa. Deito em minha cama com um pensamento preso em minha mente: O que faremos será uma grande loucura.

Mas com loucuras já estamos acostumados. Sempre estivemos por trás de todas as coisas no mínimo esquisitas que ocorrem no orfanato.

No entanto, nunca fizemos nada com essa dimensão. Márcia pode nos castigar severamente se descobrir.

***

Sou a primeira a acordar, visto que nem dormi direito. Desperto Kate, sacudindo-a freneticamente e ela reclama.

Juntas corremos ao quarto dos meninos. Ela estufa o peito e bate na porta.

Como ninguém atente, a ajudo, esmurrando a porta, até que Josh- um garoto gordo e alto, com cabelos castanhos e lisos despenteados e olhos castanhos- abre-a. Ele veste um pijama azul-marinho e parece um pouco confuso.

–Bom dia, Josh.- Cumprimenta Kate.

–Ficaram loucas?- Ele olha para trás, para ter certeza que Ethan, o garoto mais fofoqueiro de todo o orfanato, ainda está dormindo.- Se a Márcia pegar vocês...

–Sabemos.- Interrompo-o.- Agora, poderia chamar o John e o Charlie para a gente?

Ele abre a boca para falar, mas torna a fechá-la, virando-se para trás e chamando-os pelo nome. Então entra no quarto e os dois saem, fechando a porta atrás de si.

Charlie é ruivo, magro, alto e esguio. Seu rosto, salpicado de sardas e seus olhos, profundamente negros. Ele usa uma bermuda branca e está sem camisa.

John é mais baixo que Charlie. No entanto, é magro como ele. Seus cabelos são louros e ondulados e seus olhos, verdes. Ele está vestido com uma camisa preta sem mangas e uma bermuda de surfista azul.

–Por que nos chamaram?- Pergunta John, confuso.

–Depois do toque de recolher haverá uma reunião.- Informa Kate.- No mesmo lugar de sempre.

Não esperamos para ouvir a resposta. Kate e eu vamos direto para a cozinha desjejuar.

A mesa cumprida está repleta de gente. Alguns eu nem mesmo conheço.

Varro o local com os olhos em busca de Emily e não demoro muito a localizá-la. Ao seu lado direito está Jack Cooper, um rapaz alto, magro e moreno. Emily conversa animadamente com ele, soltando algumas risadinhas divertidas vez ou outra. Ele é nosso amigo também, embora não tenhamos muito contato. A cadeira à esquerda de Emily está desocupada, então dirijo-me direto para lá. Ela interrompe a conversa, voltando o olhar para mim.

–Bom dia Lucy.- Ela sorri. Digamos que Emily adora sorrir, enquanto John, seu irmão gêmeo, não é tão alegre assim. Ele é mais sério e tímido, enquanto Emily não passa de uma tagarela sorridente.

Márcia pigarreia alto, para chamar minha atenção.

–Não tem educação?!- Ela diz, aumentando o tom de voz. Seu rosto é redondo como uma bola, e seus cabelos negros, escorridos. O nariz é, no mínimo, peculiar. Se eu fosse compará-la a alguma coisa, seria à um boneco de neve.- Cumprimente seus colegas antes de sentar-se!

Arrasto a cadeira para trás e me levanto.

–Desculpe.- Murmuro.- Bom dia.

–Como é?- Pergunta Márcia, inclinando a cabeça- Não ouvi.

Pigarreio.

–Bom dia!- Digo, mais alto.

Ela balança a cabeça, sorrindo.

–Ótimo.

Jogo-me de volta na cadeira. Emily ainda sorri, me estudando com os olhos.

–Ela é uma mala, não é?- Sussurra Emily, apenas para mim escutar.

–Sem dúvidas.- Concordo.- Depois do toque de recolher, reunião.

–Reunião?- Pergunta ela, se aproximando mais de mim.- Para quê? Não me diga que vocês querem aprontar outra...

–Você vai, não vai?- Pergunto, aos sussurros.

–Está brincando?- Ela ri.- Eu não perderia por nada.

Me ajeito na cadeira e fito o prato vazio. Isso vai ser demais!


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
*Beijoquinhas*



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