OTH - Dias de Luta escrita por Carol S


Capítulo 3
Encarando a realidade


Notas iniciais do capítulo

Aqui podemos ver um flashback de Sawyer, para conhecê-la melhor, além de ver o relacionamento de Ellie e Logan se aprofundar um pouco mais.



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#Sawyer

Sawyer estava sentada na parte de baixo de uma beliche, em um quarto com móveis brancos, lençóis brancos, cortina branca e paredes rosa. Cada parede tinha um tom de rosa diferente. Ela não sabia exatamente como contaria a novidade para Ellie, mas sua mãe havia deixado claro que sua irmãzinha nunca poderia saber os motivos. A porta da sala bateu e Sawyer sentiu um arrepio e uma intensa vontade de chorar, mas ela engoliu em seco e deu um breve e forçado sorriso quando Ellie entrou no quarto.

– Hey! O que faz em casa tão cedo? - disse Ellie, jogando a mochila em cima de um puff perto da janela. Ela abriu o guarda roupa e tirou um vestido branco do cabide.

– Ellie, nós precisamos conversar.

Ela observou a menina por um longo instante, lembrando da baixinha e magrelinha que sua mãe trouxe do orfanato de Chicago há muitos anos atrás. Ellie não tinha nome, mas as freiras do orfanato a chamavam de Anna, e, a cada noite que passava naquela casa, ela passava em claro, com medo daquele comodo desconhecido. Uma noite, Sawyer saiu de sua cama e foi até a dela.

– Não precisa ter medo, Anna. Você tem uma familia que te ama agora. Você tem a mim - ela acariciou o rosto de Ellie e cantarolou uma canção de ninar, fazendo Ellie pegar no sono em poucos minutos. As duas foram tão únidas a partir dai, que só de pensar em dizer o que tinha para dizer, seus olhos começaram a lacrimejar.

– O que está acontecendo, Sawyer? Brigou com papai e mamãe outra vez? O que você fez? - a reação de Sawyer estava a deixando ansiosa.

– Acho que dessa vez, meu erro foi ter nascido. Eu não posso te explicar agora e, acredite, vai ser melhor assim, mas eu farei uma viagem, Ellie. Vou passar uns tempos com nosso primo Jamie em Tree Hill - ela finalmente disse, colocando a mão sobre o peito.

– Passar uns tempos? Nossos pais sabem disso? O que eles disseram? Mamãe nunca irá deixar. Me explique o que está acontecendo?

– Mamãe sugeriu que eu fosse, meu anjo. Olha, eu prometo que te visito, te levo para conhecer Tree Hill e até te conto o motivo, mas um dia, não agora - ela passou a mão pelos cabelos de Ellie e sorriu - Lembra de quando você veio morar com a gente e eu cuidei de você até que perdesse o medo? Acho que eu cuido de você até hoje, certo Ellie? Mas talvez já esteja na hora de libertar você. Olha como já está grande.

– Mas não sei se estou preparada para ficar por conta própria, irmã - disse Ellie, com uma lágrima brotando de seus olhos.

– Está mais que pronta. Eu confio totalmente em você e, além do mais, você sabe que pode ligar para mim que eu venho correndo, não sabe?

A verdade era que ela nunca mais voltaria, pelo menos até seus pais aceitarem a verdade sobre ela. Há muito tempo que Saywer se sentia presa dentro de seu próprio corpo. Ela finalmente estava pronta para se libertar... finalmente.

#Ellie

Faziam vinte minutos que Jamie havia batido na porta dela e a mandado levantar da cama. Ninguém nessa casa dorme até mais de oito horas da manhã– ele berrou. Então ela vasculhou por uma roupa, jogou uma água fria no corpo, vestiu-se e colocou o pé na estrada. Tudo o que ela sabia era que Valeska foi a única que ela conhecia capaz de falar a verdade sobre Sawyer e, naquela noite, ela havia ficado atordoada, mas hoje, ela queria conhecer mais da irmã que foi privada.

Pegando um caminho até Rivercourt, a antiga quadra de futebol e novo conjunto habitacional, ela subiu pelo elevador, chegando no terceiro andar e batendo na quinta porta a esquerda. Era lá que Sarah vivia.

– Ellie, querida! O que faz aqui? - disse, abrindo caminho para Ellie entrar - Algum problema com a boate?

– Não, na verdade estamos indo bem desde a noite dos mortos. Eu ainda não acredito que minha briga com Valeska fez nossa situação financeira subir. Estou até pensando em outra festa temática. Discoteca, o que acha? - perguntou.

– Acho sua criatividade sem limites, amiga - Sarah foi até a cozinha e voltou com duas xicaras de chá - Bebe chá, certo? É camomila.

– Ah, sim! Obrigada - Ellie tomou dois goles, apesar da água parecer que acabou de sair do fogo - Eu queria te pedir um favor, Sarah. Sei que é pedir demais, mas eu preciso.

– Então peça. O que está havendo?

– Preciso que vá comigo a Flash Point - pediu.

Flash Point era aonde se localizava a pequena Karen's Café. Aquele lugar, de pequeno e aconchegante, havia se tornado um point para pessoas barra pesada se encontrarem e se drogarem e era lá que Valeska passava a metade do seu tempo. Ellie havia pesquisado.

– Você está brincando, não esta? - perguntou, esperando que fosse realmente uma brincadeira, mas quando Ellie não confirmou - É loucura! Porque quer ir lá?

– Porque é aonde Valeska frequenta. Eu preciso que ela me conte mais sobre a Sawyer e ela é a única capaz de fazer isso. Posso ver que ela amava a minha irmã e que tem arrependimento de alguma coisa. Quero saber o que é e se preciso enfrentá-la em seu habitat natural para isso, é o que vou fazer.

– Deixe-me ao menos levar alguém, tipo o Logan - Sarah pediu e Ellie sentiu seus lábios formarem um sorriso ao ouvir o nome dele, mas Logan naquele lugar só deixaria Valeska mais intimidada. Ela já achava que a presença de Sarah iria fazê-lo, mas tinha medo de ir sozinha.

– Não, sem Logan. Olha, se você não for comigo agora, eu irei sozinha. É isso que você quer? - ameaçou.

Ellie esperou Sarah vestir uma calça social e uma jaqueta preta por cima da blusa branca. Sarah chamou um taxi e quando ele chegou, as duas entraram e partiram até Flash Point.

– Se alguma coisa der errado, nós duas sairemos correndo lá de dentro, entendeu? - Sarah disse, ao descerem do taxi e um rock alternativo atingir seus timpanos. As duas deram as mãos, empurraram as portas e entraram. Elas foram alvos de olhares durante vinte minutos.

– Vamos para o bar - Ellie puxou Sarah pelo percurso inteiro até a bancada. O barman, um homem baixinho que devia pesar mais de cem quilos, foi até elas e deu-as um sorriso metálico.

– O que desejam? - ele disse, piscando para Sarah sem parar, que ficou imóvel encarando-o.

– Que tal duas cervejas? - Ellie assumiu. Aquele lugar não tinha cara de que servia whisky, então ela arriscou. Dois minutos depois, ele abriu duas latinhas na frente delas e despejou em dois copos - Obrigada. Eu posso lhe dar uma boa gorjeta se me disser aonde posso encontrar Valeska Cunningham.

– Você é da policia? Não gosto de dedurar meus amigos - ele respondeu. Ellie abriu a carteira e deixou duas notas de cinquenta e uma de vinte no balcão - Procura no banheiro. É lá aonde o pessoal costuma 'se divertir', se é que me entende. Depois venham aqui que a outra rodada será de graça.

Ellie sorriu e carregou Sarah até o banheiro dos fundos. Quando entraram, uma onda de fumaça as atingiu.

– Nossa, estou doidona só de entrar nesse banheiro - disse Sarah, rindo em seguida.

– Parece que está mesmo - Ellie zombou - Achei a Valeska. Fique aqui. Dá ultima vez vocês duas quase se mataram - Ellie pediu, então foi até o canto perto da pia, aonde Valeska cheirava pó.

– Eu não acredito. Devo estar muito chapada. Você está mesmo aqui? - Valeska zombou assim que a viu, deixando um pouco do pó vazar para dentro da pia - Droga!

– Precisamos conversar, Valeska. É sobre a Sawyer - disse.

– Eu não tenho nada a falar sobre a Sawyer e você também não. Mal a conhecia.

– E isso está me matando. Me diga o que você sabe. Do que você tanto se arrepende? Dá para ver no seu olhar, Valeska. Me conta - Ellie pedia, vendo que suas palavras formavam lagrimas nos olhos de Valeska.

– Você não entende. Eu não quero falar sobre ela com você. Eu não consigo me perdoar.Vá embora daqui - Valeska começou a gritar. Seus gritos iam além da música alta que tocava, fazendo o barman e um segurança entrarem no banheiro.

– O que está acontecendo aqui? - o segurança perguntou. Valeska apontou para Ellie e Sarah.

– Elas estão me encomodando - disse, depois voltou a cheirar seu pó.

Ellie e Sarah foram carregadas até os fundos do bar. Não parecia que aqueles dois homens as deixaria ir embora.

– Esse bar honra com aqueles que o frequentam e Valeska está aqui sempre. Não posso deixá-las irem embora sem aprenderem uma lição. Cuide delas, Falcão. Preciso voltar ao bar - disse o barman, voltando para dentro e deixando-as encurraladas em um beco sem saida, enquanto Falcão estava no caminho. As duas agarraram as mãos uma da outra.

– Desculpe te meter nessa, Sarah - Ellie pedia, enquanto Falcão dava passos lentos em direção a elas. Ele sorria como se ver aquele desespero fosse algo excitante para ele. Esse pensamento fez uma corrente de tremedeira passar do braço de Sarah para o braço de Ellie.

– Um dia eu cobro, se sobrevivermos - Sarah zombou, mas estava tão apavorada quanto a outra - Cadê você, idiota? - sussurrou. Ellie olhou para ela. Assim que o fez, os três ouviram um assobio. Falcão olhou para trás e, lá estava Logan, sorrindo debochadamente. Ellie olhou para Sarah - Que foi? Você achou que eu viria sem reforço? Pareço louca?

– Te amo Sarah - Ellie abraçou-a aliviada pela garota não tê-la obedecido.

Falcão voou para cima de Logan, agarrando-o pela cintura e o jogando em cima de uma caçamba de lixo fechada. Quando ele se virou para as garotas, Logan se jogou em cima dele e começou a acertá-lo com socos na cabeça. Falcão cambaleou, mas conseguiu jogá-lo na parede. Sarah estava paralizada, com as mãos juntas como em uma oração. Logan estava levando socos e chutes caido no chão. Foi quando Ellie viu um pedaço de madeira. Ela partiu para cima de Falcão, acertando varios golpes em suas costas. Logan também começou a atingi-lo de frente, fazendo-o cair desmaiado no chão.

– Meu herói! - Ellie disse, apoiando o braço de Logan em seu ombro - Sarah, me ajuda!

Sarah correu na direção deles, apoiando Logan pelo outro lado.

Logan havia fraturado a costela, mas nada que uns bons curativos não resolvessem. Na casa de Sarah, Ellie o agradeceu por ir salvá-las dando-lhe um beijo de leve nos lábios. Ele sorriu, porém não disse nada, aliás, ambos não disseram nada, mas aquele silêncio confirmava a Ellie algo que ela esperava desde que chegou ali. Logan também gostava dela, da mesma forma que ela gostava dele.


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Notas finais do capítulo

Será que ele está apaixonado por ela? Esse sentimento o fará terminar com Jen e parar de beber? Confira nos próximos capitulos.



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