#Ellie

Ellie cresceu ouvindo histórias sobre como a vida era boa na pacata Tree Hill, ela só não sabia que iria para lá naquelas condições. Já faziam três meses que sua irmã Sawyer faleceu devido a um problema no coração que herdou de seu pai Lucas, mas ela deixou para trás uma boate que Ellie devia cuidar agora. Ela estava agora descendo a escada rolante do aeroporto, ao mesmo tempo em que tirava um dos fones de ouvido e passava seus olhos por todas aquelas cabeças que lá em baixo estavam, a procura de seu primo Jamie. Ela finalmente o encontrou, segurando uma plaquina escrito seu nome.

– Hey, primo! Que saudades! - abraçou-o.

– Sim, eu também senti sua falta e a dos tios Lucas e Peyton. Como eles estão?

– Você sabe, Sawyer era a filha biológica deles. Papai se sente pior. Ele conseguiu sobreviver tanto com a doença e ela não resistiu. Eu prometi que cuidaria da New Tric para eles, mas não sei se é o sucifiente - explicou.

Ela havia sido adotada pela familia Scott quando tinha três anos. Não lembrava, sequer imaginava crescer em outra familia, mas ela sabia que, por mais que fosse filha deles, ela nunca aplacaria a dor de ter perdido a filha biológica.

Jamie a levou até o carro e dirigiu. Ellie não era muito proxima daquela parte da familia, principalmente dos amigos de seus pais, já que eles mesmos acabaram se afastando de Tree Hill por um longo tempo. Ela se perguntava porque Sawyer quis assumir um negócio naquele lugar, que ela não via desde pequenina? Mas parece que ela não teria resposta. Quis afastar esses pensamentos da cabeça, então puxou algum assunto.

– E como vai o Ben, a Nat? - perguntou.

– Sabe como é uma criança de seis anos? Ben não para, não importa o que aconteça. Já Nat anda sem paciência com ele, mas ela sempre foi assim. Foi pelo gênio dela que eu me apaixonei.

Quando ele falava na esposa, surgia um sorriso bobo em seus labios, mas pelo que Ellie conhecia de Nat, a mulher era insuportavel. Vivia sempre mal humorada e só reclamava do que a cercava, mas ninguém arriscava dizer absolutamente nada.

Ele estacionou o carro na garagem e abriu a porta para Ellie sair. Com suas malas já fora do porta malas, cada um saiu carregando uma. Eles entraram, mas parecia não ter ninguém em casa.

– Você vai dividir o quarto com Ben, se você não se importar. Juro que ele não ronca - brincou e Ellie sorriu.

Ele a mostrou cada comodo da casa, deixando o quarto por ultimo, aonda já haviam duas camas de solteiro. A casa era pequena, mas era bem aconchegante.

– Nat botou as roupas dele na gaveta. Você pode usar o guarda roupa. Separei uma prateleira para você no banheiro. Temos maquina de lavar, mas não de secar, então se lavar roupa, faça isso de manhã e sem misturar. Cada um lava o seu aqui. Essa regra também se refere a louça da cozinha. Sujou, lavou. Cada um limpa dois comodos da casa. Ben limpa o quarto e a cozinha. Você cuidaria do jardim e sala, mas se quiser trocar algo com Ben, ai é com ele. Depois do almoço eu te levo na boate e te ajudo com o que for. Tirei o dia de folga.

As regras pareciam um pouco demais para ela, mas Ellie nunca teve medo de pegar no pesado, então não havia problemas.

Ela separou suas roupas e as colocou gentil e organizadamente no guarda roupa. Haviam alguns desenhos de carros e bonecos que seriam a familia de Ben grudados no fundo. Ellie se sentiu sorrindo. Ela separou uma muda de roupa para vestir, guardou suas coisas no banheiro e se jogou debaixo do chuveiro quando terminou.

Jamie estava preparando algum tipo de macarrão quando ela chegou na cozinha.

– E como anda no time? Acha que entram para a liga dessa vez? - tentou puxar assunto.

– Eu não sei. Tenho os treinado bastante, mas parece que eles não estão nem ai para o basebal - havia algo diferente em Jamie. Ele não parecia o garoto sorridente que ela conheceu quando tinha seis anos. Jamie era aquele tipo de garoto que não ficava parado e adorava fazer-lhe perguntas.

– Você e Nat estão bem mesmo? Meu pai acha que vocês estão em crise, é verdade? - perguntou finalmente.

– Ela passou a noite na casa de Lilly. Eu realmente não sei o que fazer. Ela alega que nós não somos mais o casal quente que eramos quando nos conhecemos. Eu costumava levar ela a restaurantes e lugares exóticos, hoje em dia só penso no time de basebal. Como eu não vou pensar em trabalho, quando estou a ponto de perder uma chance única? - ele desabafou finalmente, desligando o fogo para prestar atenção em Ellie.

– Já falou para ela o quanto está pressionado, sufocado? Sem conversa não há relacionamento. Meus pais quase se separaram uma vez, quando papai esqueceu o aniversário do dia em que eles se conheceram. Se minha mãe tivesse conversado com ele, tudo teria se resolvido. Porque não tenta?

– É bom te ter aqui - Jamie a abraçou.

Eles almoçaram e Jamie a deu carona até a New Tric. Estava recém reformada, com um letreiro azul piscante e a faxada completamente pintada de preto. Eles entraram. As paredes estavam todas pintadas de preto, com a palavra Tric pintada em azul neon.

– Pisca quando esta escuro. Tudo ideia da Sawyer - ele disse.

Sawyer era do tipo que adorava algo piscando, não importa a cor.

Havia um palco com equipamentos mais a frente, equipamentos de DJ, instrumentos musicais e até mesmo karaokê. O chão abaixo deles era num piso quase transparente, mas no fundo haviam varias cores.

– E o que aconteceu? Porque está a beira da falência?

– Bem, Sawyer morreu aqui, durante um aniversário. Acho que a cena ficou na cabeça das pessoas e isso as impede de entrar. Tem que acontecer algo para tirar a ideia de morte da mente deles e trazer mais diversão, entende? - ele a explicou. Quer dizer, ela precisava fazer algo jamais feito naquele lugar, para que todos se lembrassem de que, apesar da tragédia, aquele lugar era para divertir, deixar os problemas de fora.

– Eu posso ver a lista de fornecedores da Sawyer? Estou pensando em festa temática.

Nesse mesmo momento, dois rapazes morenos, gemeos, sairam de trás do bar e foram até ela com um tipo de apostila na mão.

– Deve ser a nova proprietária? Somos os únicos funcionários que não se demitiram. Me chamo Davis e esse é meu irmão Jude.

Ela lembrou desses nomes. Eles deviam ser os filhos da tia Brooke, a melhor amiga de sua mãe. Ellie os cumprimentou com um aperto de mão, pegando a apostila em seguida. Haviam varios fornecedores. Isso seria muito útil para a festa temática que ela estava pensando.

– Eu acho que...

– Hey Jude! Hey Davis! Vamos ao Trident hoje? - gritava um rapaz de cabelos claros e olhos castanhos. Ele se vestia elegantemente e tinha um corpo na medida certa, deixando Ellie sem saber o que dizer.

– E ai, Logan! É claro que vamos. Não perdemos os Tridents contra os Ravens por nada - Jude respondeu-o.

– Logan, essa é Ellie. Sawyer era irmã dela. Ela vai assumir o New Tric agora - Davis fez as apresentações - Ellie, esse é o Logan, filho mais velho do Clay, amigo do seu tio.

– Prazer, Logan.

– Encantado - ele pegou na mão dela e beijou - Vamos! Jen está esperando no carro.

– Qualquer coisa que precisar, tem nosso telefone ai na capa - Davis avisou, depois os três sairam correndo do Tric, deixando-a novamente sozinha com Jamie.

– Bem, mãos a obra. Eu vou ligar para a companhia de faxina e você para a de decoração. Obrigada Sawyer por ter deixado um bom dinheiro na conta do Tric - agradeceu aos céus.

Ela tinha muito trabalho a fazer, era fato, mas quando Ellie pegava algo para fazer, não era como se ela desistisse facil. Ela assumiu a batalha da irmã, agora ela vai vencer.