O barulho de alguém batendo na porta de madeira fez com que Bridget fosse arrancada de seu sono. Ela cambaleou até a porta esfregando os olhos. Ainda era noite do lado de fora, e as outras garotas dormiam pesadamente.

Quando ela virou a maçaneta se deparou com um garoto sorridente, de olhos verdes vivos e cabelos brancos bagunçados.

– Ryan! – ela exclamou. – O que você....

– Shiiiu – ele disse colocando o dedo em frente a boca da garota, sorrindo como uma criança travessa. – Não queremos que as outras acordem... Principalmente minha irmã... certo? – ele disse olhando pelo ombro de Bridget, onde a garota de cabelos brancos dormia abraçada com um travesseiro.

Bridget concordou com a cabeça. Um pouco confusa.

– Ótimo – ele disse pegando a mão da garota e a puxando pelos corredores.

– Ryan, onde você está me levando? – ela sussurrou – Eu ainda estou usando pijamas!

Ryan parou e olhou para ela por um momento. A garota trajava um pijama de seda roxa, um pouco transparente e muito curto. Ryan sorriu.

– Prá mim está ótima.

Bridget não podia estar mais envergonhada.

Ela caminhou atrás de Ryan até o jardim, lá, ela avistou algumas de suas roupas penduradas no varal.

– Espere ai – ela disse ao garoto.

Bridget correu até o varal, onde pegou um shorts jeans e uma blusa preta, ela correu para trás da casa com a troca de roupas. Quando Ryan notou o que ela estava fazendo e a seguiu, já era tarde demais, a garota havia terminado de se vestir.

– O que você está fazendo aqui garoto? – ela disse ajeitando a blusa – Eu não disse pra você esperar lá?

– Di-disse, mas eu queria saber se você estava bem...

– Hunf... – ela disse desconfiada.

– Vamos – ele disse – Se não nos apressarmos perderemos o espetáculo.

– Que espetáculo?

– Você vai ver...

Ryan levou a garota pela areia branca da praia até a costeira. Ele ajudou a garota a subir algumas pedras, até estarem diante de um mirante. De cima da pedra onde estavam, eles podiam ver toda a praia e o mar... até a casa de praia podia ser vista dali.

– Vai começar – ele disse chamando a atenção de Bridget para o horizonte.

Um ponto de um laranja luminoso começou a surgir no horizonte, refletido pela água do mar. Todo o horizonte estava colorido, e variava entre rosa, laranja e azul do mais claro. Bridget encostou seu corpo no de Ryan e ele a abraçou, enquanto eles observavam o nascer do sol.

– Lindo não é? – ele disse encostando o queixo no ombro da garota.

– Sim – ela respondeu com os olhos focados no horizonte.

– Olha agora – ele disse apontando – o céu está da cor de seus olhos.

Bridget virou o rosto para encarar o rapaz, suas bochechas estavam vermelhas. Ele olhou para ela e sorriu.

– Não... não está igual. Seu olhos são muito mais bonitos – então ele a beijou. O coração da garota batia tão rápido quanto as asas de um beija-flor.

Ryan colocou uma das mãos na nuca da garota, o que fez ela sentir um arrepio percorrer por toda sua coluna, Bridget colocou uma das mãos nas costas dele, por debaixo da camisa, o que fez ele sentir a mesma sensação. Quando eles finalmente terminaram seu beijo, ambos estavam corados e respiravam pesadamente.

– Acho que deveríamos voltar – ela disse fitando a casa. – Eles devem estar preocupados.

– Não se preocupe – ele disse. - Eu deixei um bilhete.

Então ele continuou a andar pelas pedras, ajudando a menina onde era mais íngreme. Ele a levou para uma pequena praia ao lado. Sem acesso alem dessa trilha, a parte que não era areia era coberta pela vegetação local.

– Uau – exclamou Bridget – Que lugar maravilhoso.

– É, - ele disse descendo ela de uma pedra alta para o chão de areia. – Eu costumava vir aqui quando era mais novo. Eu e Kiyoko uma vez levamos uma bronca de nossos pais, e decidimos fugir. A gente esperou eles virares as costas e saímos correndo, com mala de roupas e tudo. E no fim viemos parar aqui. Eu me lembro de ter enfiado o pé em um coral, Kiyoko abriu sua mochila e tirou um band-aind e colocou em meu pé, dizendo “ Eu sabia que você ia se machucar, por isso eu trouxe primeiros socorros.” Meus pais nos acharam um par de horas depois, e ficamos de castigo por mais tempo que eu consigo me lembrar.

– Você tem uma relação muito forte com a sua irmã não é? - Bridget disse. – Eu atenho uma relação muito próxima com minha irmãzinha... mas parece que a de vocês é mais forte... eu vivo brigando com Cheryl... eu nunca vi vocês brigarem.

– São raras as vezes – Ryan admitiu. – E quando fazemos, eu me sinto péssimo. Kiyoko esteve comigo a cada momento da minha vida, ela me ajuda e me apoia dês de que eu posso me lembrar. Mesmo quando éramos crianças. Ela sempre foi Abusada, e uma vez chegou a enfrentar meus pais por mim. Acho que estamos ligados por mais que dos mesmos pais... o sangue que corre em nossas veias é exatamente o mesmo.

Bridget sorriu. Ryan, que estava deitado na areia branca a encarou.

– Mas chega da falar da minha irmã – ele disse se levantando – É hora de alguém tomar um banho de mar.

– Oque? Não! – a garota gritou, mas era tarde demais. Bridget já estava nos braços de Ryan e ele corria em direção da água. Ela gritava e esperneava, mas ria ao mesmo tempo, e no fundo estava adorando ser carregada e tudo mais o que estava acontecendo.

Ryan mergulhou com a garota nos braços e emergiu com os cabelos pingando, sorrindo. Ela encarou aqueles olhou verdes e o beijou. Pela primeira vez ela havia tido corajem o suficiente para ela mesma beija-lo.

– Eu gosto quando você comanda – ele disse no final.

– Vai ver você já está acostumado – ela disse. – Sua irmã sempre mandou em você.

– De onde você tirou isso? – ele disse sorrindo. – Volta aqui e eu vou te mostrar quem manda!

A garota saiu correndo com a água um pouco acima dos joelhos, Ryan segurou ela pela barriga, abraçando ela por trás e fazendo com que ambos caíssem na água. Eles gargalhavam e entre corridas e tombos aconteciam alguns beijos cheios de paixão e beijocas roubadas ao acaso.

– Onde está Bridget? – Cheryl perguntou – Eu já procurei na casa inteira e nem sinal dela!

– Está com Ryan – disse Kiyoko sacudindo um bilhete. – Achei isso aqui dentro do meu livro.

– Ohhh – disse Cheryl. Depois a garota sorriu maliciosamente.

– É – disse Kiyoko rindo – E se bem conheço meu irmão eu sei exatamente onde ele a levou.

– Uhhh... podemos ir lá – disse Cheryl.

– Não, melhor deixarmos os pombinhos aproveitarem – disse Kiyoko. – Venha, vamos comer alguma coisa.

O sol agora estava em seu auge. Depois de comerem alguns sanduiches, Ryan deitou-se na sombra, em uma canga, e logo adormeceu. Bridget ficou o observando por um momento. Com as feições relaxadas tornavam-no ainda mais bonito. Seu cabelos branco agora estava seco coma a água do mar, mas continuava sedoso. O peito do rapaz subia e descia lentamente quando ele respirava. Ele tinha uma cicatriz abaixo da costela, do tamanho de um palmo. Provavelmente em alguma das missões. Kiyoko e Ryan eram os alunos que mais saiam e missões, e quase sempre voltavam acidentados. “ Uma coleção de cicatrizes “ Kiyoko havia dito uma vez. Bridget havia perguntado se ela não pensava em tira-las com algum tratamento e a garota respondera. “ Não. Essas cicatrizes fazem parte de mim, e cada uma conta uma historia. Alem do mais, elas são todas pequenas e brânquias. É bem difícil vê-las.

Bridget então deitou-se ao lado de Ryan na canga estreita, e logo caiu no sono.

Ryan acordou com um vento gelado em sua pele. Ele abriu os olhos e se deparou com Bridget aninhada a seu peito, com as pernas encolhidas na areia. Ele sorriu e passou as mãos nos cabelos negros da garota. Seus olhos tremeram e se abriram, revelando seu dourado chocante.

– Acorde bela adormecida – ele disse. – Dormimos a tarde toda, se não começarmos a trilha de volta logo temo que ficaremos ilhados até amanha.

– Isso não seria tão ruim – ela disse se espreguiçando e depois beijando-lhe rapidamente os lábios.

– Eu concordo – disse ele se levantando, e ajudando a garota a se levantar, enquanto faziam a trilha de volta para a realidade.