Eu estava brincando com o Mr. Batata quando minha mãe me chama pra ir almoçar. A brincadeira estava tão legal, ele havia acabado de derrotar o malvado Darth Vader. Mas, não resisti ao cheirinho bom da caseira comida da mamãe e fui almoçar. Coloquei meus brinquedos na prateleira e fui comer. Quando estava descendo a escada e prestes a chegar à cozinha, ouvi um barulho de conversa vindo do meu quarto. Achei estranho e fui verificar, com muito cuidado, pois poderia ser algum vilão do velho oeste planejando um ataque contra meus brinquedos. Mas, quando cheguei à porta do quarto, a surpresa foi outra! Ora essa, meus brinquedos estavam falando!
Eu não sabia o que fazer, fiquei imóvel, parada na frente deles, sem saber o que fazer. Já eles, estavam agitados e discutiam sobre a mudança para a nova casa que aconteceria apenas semana que vem. Estavam tão concentrados em debater o assunto que nem perceberam que eu estava ali. Eu quis chegar mais perto e conversar com eles. Mas tive medo. Medo de ser tudo da minha cabeça. Medo de ser verdade. Eu apenas senti medo.
O Mr. Cabeça de batata era o mais sério, refletia sobre suas respostas e manifestações antes de fazer, como um bom advogado. Já Woody era menos sério, não refletia sobre nada e falava o que pensava. Mas, como em todas as minhas brincadeiras, ele sempre estava certo.
O Slinky e a Mrs. Cabeça de batata só observavam, pois não eram tão inteligentes á esses assuntos e sabiam disso. Já o Rex, não era inteligente também, mas pouco se importava e falava o que pensava, sem grande sucesso.
Enfim, era uma algazarra de vozes e uma salada de ideias que até me deixava tonta. Mas eu queria ouvi-los atentamente e depois fazer perguntas sobre isso. Discutiam sobre como seria a nova casa, se deveriam fugir, se deveriam ir junto. Uns tinham medo de como seria, outros estavam ansiosos pra vê-la. E eu estava ali, só observando atentamente, cada brinquedo, cada opinião, contava muito pra mim naquela hora. Queria saber o que eles pensavam, e depois discutir isso com eles e deixa-los tranquilos em relação a mudança e a nova casa.
Eu resolvi então que iria pegá-los de surpresa e dei um grito:
- Vocês estão muito errados!
E, de repente, tudo ficou quieto e eles pareciam brinquedos de novo. Eu fiquei confuso e não sabia se aquilo havia sido da minha mente, ou de verdade.
Entrei no quarto com passos lentos. Eu não desgrudava os olhos deles. Sentei na cama e disse:
- Eu vi vocês. Eu ouvi vocês. Eu sei que vocês falam, ouvem e fazem muitas outras coisas. – Ninguém se mexeu. – Eu sei que não foi coisa da minha mente, vocês nem estão no lugar que deixei vocês! – Silêncio total.
Eles pareciam apenas brinquedos insignificantes agora. Mas eu fui esperto, fingi que ia na cozinha e fiquei ouvindo atrás da porta. Logo que sai, o Mr. Cabeça de batata foi dizendo:
- E agora, o que vamos fazer? Ninguém pode saber que nós falamos!
E em meio á discussão que aconteceu depois disso, eu entrei no quarto e fui logo gritando!
- Eu sabia!
Eles ficaram pasmos. Se fossem gente, poderia dizer que ficaram brancos. Mas não, são brinquedos. Brinquedos falantes!
- Podem falar comigo! Eu sou a Bonnie, amiguinha de vocês! Sempre brincamos juntos, e a gora vocês não falam nada, mesmo tendo a oportunidade! – Fiz cara de quem ia chorar – Vocês não gostam de mim!
Rex, que era o mais sensível, mais bobo e mais disposta á chantagens disse:
- Não, não, querida Bonnie! Nós adoramos você!
Não pude me conter e fui correndo pegá-lo.
- Ah, Rex! Eu adoro vocês também!
Todos ficaram alegres e riam sem parar, conversavam agora sobre como seria a vida deles agora que eu descobri tudo.Woody, meu cowboy, que parecia não gostar da ideia. Ficou quieto, sentado num canto, parecia triste.
- O que foi, cowboy? – perguntei me aproximando dele.
Ele apenas virou a cabeça e disse num fio-de-voz:
- Bonnie... Você gosta de mim?
Eu fiquei muito surpresa com a pergunta e deu um berro:
- Quê? É lógico que eu gosto, seu bobo!
O peguei e dei um leve abraço nele, e imediatamente todos os outros brinquedos pularam em cima da gente, como um grande abraço em grupo.