Give In To Me escrita por DanyellaRomanoff


Capítulo 19
Bargaining, PART I


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AQUI PRIMEIRO !

Antes de mais nada, devo alertá-los que minha lerdeza nata pra postar vai chegar ao seu ápice a partir daqui. Infelizmente não pude chegar aos capítulos mais rápidos quando tive tempo, e agora minhas aulas na faculdade já começaram e, embora eu tenha aproveitado algumas cadeiras do curso passado, sei que meu tempo vai encurtar bastante ):

Eu não sei quanto tempo demorei desta vez, eu achei que seria rápido pra postar este capítulo porque ele estava quase pronto, mas me enganei, afinal, a fic está em uma fase que exige muita cautela na organização dos capítulos e eu não quero fazer feio. Espero estar conseguindo bons resultados com isso, vocês dizem ^^

SOBRE A TRILHA SONORA: Ela é gigante, porque vale para este capítulo e o próximo - Bargaining PART II - então, aos ouvintes, ouçam até NO MÁXIMO, a 4ª música. Quem tiver sugestões de de música, me fala pelos comentários, eu me amarro em uma soundtrack, e escolho a dedo cada música, então, leiam as letras se puderem :} Em breve, vou disponibilizar a do cap. passado!

Até as notas finais, BEIJOS DAISIES



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TRILHA SONORA AQUI .

Hans suspirou cansado ao perceber que os pequenos conflitos de antes se tratavam de um aperitivo que anunciava o cume do inverno. E a rainha da estação estava decididamente diferente, e algo tão adventício quanto novo pairava no ar.

Inicialmente, ele já desconfiava de certa forma, do fato estranho de seus encontros às escondidas não terem cessado desde que retornaram a Arendelle, tampouco o fervor contido nos mesmos – o perfeito indício de que provavelmente a raiva que outrora o preocupou, não era direcionada a ele –. A propósito, Elsa mostrava-se cada vez mais cáustica quando a convinha procura-lo, embora ele jamais tenha perdido o fio de algo semelhante a desespero nas pupilas azuis dilatadas sempre que a tinha nos braços.

– Você sabe, eu não me importo de ser usado pela minha rainha, no entanto, seria muito ousado de minha parte querer saber o porquê ? – Ele fora bem humorado enquanto demonstrava que ela não o havia distraído o suficiente para não nota-la, os dedos grossos passeantes pela omoplata pararam brevemente à espera de ao menos um som por parte dela. – Ora, Elsa. Vamos, está mais do que claro o quanto estou desinformado aqui. – Insistiu abandonando a máscara de descontração. E sua esperteza nata o advertiu instantaneamente de que era inútil persistir. O silêncio em resposta não o deixou no escuro, mesmo se ela mal falhou enquanto libava seu maxilar, e oh, era tão supreendentemente implacável, que se não fosse pelo maldito frenesi proposital que ela o guiou, ele protestaria contra a clara determinação em redirecioná-los para fora do assunto. O único progresso durante aquela única tentativa fora a descoberta de que a dedicada rainha poderia ser um tanto desinibida se a situação exigisse.

Elsa o evitou por dias depois disso, e nesse meio tempo ele pôde constatar que além de estar escondendo algo, a moça não revelaria em breve como esperava. Rendido, o rapaz forjou uma capacidade de compreender aquilo que desconhecia, porque no momento, necessitava apenas de suprir a saudade da profunda presença dela a que ele fora acostumado tão mal. No entanto, a moça claramente evitava conversas longas, como se a única utilidade dos lábios fosse beijar. Sem mencionar o quão perceptível estava o regresso da rainha com seu dom, para não dizer assustador.

Hans estava certo de que o gelo a estava consumindo novamente, não só por conta das nevascas – tão hostis quanto o atual temperamento da rainha – afinal, por seus cálculos mentais, Arendelle já deveria estar no meio da estação invernal antecipada. O fato marcante notado pelo rapaz ao arrastar das semanas, foram as frequentes vezes em que a moça desviava os lábios úmidos, e um tanto mais penosos, da atenção que ofertava à pele masculina, para emitir silvos entrecortados na tentativa de refrear ruídos maiores de desconforto, quando ele, em ímpetos de enlevo a pressionava contra locais ou a tomava pelos braços com força demasiada. Redirecionando com beijos a atenção do rapaz em indagar sobre as dores quando este demonstrava qualquer preocupação, ela sempre dizia que seu corpo estava dolorido porque tivera um dia exaustivo, e em breve ele amaldiçoaria sua libido por sucumbir aos caprichos dela, impedindo-se de focar em suspeitas.

E agregada à fraqueza, a cólera persistia, manipulando a rainha em um estado quase febril de agressividade quando ele mal a reconhecia pelo modo bestial como o estava levando. No intuito de melhor observá-la, Hans tornou suas saídas do quarto cada vez maiores, e evitando cruzar o mesmo caminho que a princesa Anna, ele passou a seguir a rainha o máximo que pôde, apanhando o olhar nublado e o corpo cansado quando ela encontrava-se sozinha, a recusa de alimento quando uma Gerda histérica em preocupação tentava persuadi-la a cuidar-se melhor, as cobranças persistentes tal como o crescimento do número de hóspedes afobados em voltar para suas terras, e o rapaz já podia sentir na própria pele o esgotamento no fim do dia quando, após uma ceia junto de Anna e Kristoff, a moça se deparava com uma aflição e, em meio a espasmos e sussurros de dor, corria para sua câmara de repouso, e ele não a deixaria esperando.

Entretanto, Hans não estava a par de tudo. Alguns eventos cruciais para sua busca por respostas, como o que se passava dentro do salão de reuniões, e a decorrente conversa particular que Elsa solicitou urgentemente ao Mestre Oficial do Gelo, foram perdidos pela espionagem do rapaz.

– Elsa, eu sinto muito, eu fui pessoalmente ao fiorde e não há modo de quebrar o gelo. Tentei com a marreta mais potente, e passei uma tarde inteira com a equipe de extratores e nenhuma lasquinha saiu. Juro que se não fosse pela tempestade que nos pegou de surpresa, ainda estaríamos tentando. Mas de qualquer forma, eu acho que seria inútil... Eu nunca vi algo tão sólido. E eu não queria ter que dizer isso, mas... – Elsa dispensou cerimônias, encorajando Kristoff a ser sincero e, sem se preocupar com ela, direto. Ele continuou, em uma careta de desconforto. – Bem, eu acredito que só o curso natural não vai derreter aquilo... – Elsa captou firmeza em suas palavras, ele não se daria por vencido se não fosse realmente o mais prudente a se fazer, e sem o ignorar arfando em cansaço enquanto relatava a ela, concluiu que teria de resolver por si mesma. Em breve, se as geleiras não descongelassem como manda a natureza, ela estaria perdida. – Elsa? – A rainha não notou o tom hesitante quando o loiro tentou chamar sua atenção, e decerto, se houvesse chance de olhar sua própria imagem, entenderia os motivos do rapaz. A expressão de pânico alastrou o rosto feminino, antes tomado em seriedade e foco, e a mulher cambaleou uma vez para o lado ao arquejar de pavor.

– Kristoff! – Acenou bruscamente, engolindo em seco antes de suspirar preparando-se para qualquer reação no semblante masculino que prenunciasse a resposta à dúvida que a atormentava. – Há chances de eu ter congelado mais do que somente a superfície? Por favor, seja sincero, as consequências disso são inimagináveis... Ah! – Murmurou agudamente, enquanto enrolava os dedos de uma mão em punho contra o topo da cabeça inclinada em desgosto, e a coluna já dava sinais de protesto, assim como o temido fervilhar frio era iniciado em seu estômago.

Preocupado, Kristoff ponderou rapidamente em chamar por Anna ou por alguém que melhor soubesse lidar com o aparente mal estar, antes de desistir para ampará-la pelos ombros, substituindo o apoio da parede que ela procurou com o braço, silvando surpreso com o choque que a frieza da pele branca emitiu ao primeiro contato com seus dedos.

– Não se preocupe com isso, eu posso assegurar que a espessura da camada de gelo que encobre o fiorde é fina. Certo, é confuso que um gelo fino seja até agora inquebrável, mas acredite você não congelou além da superfície. – Proclamou o rapaz sem muitas pausas apressado em esclarecer a situação, sentindo a tensão de seus músculos se dissolver ao ouvir a rainha suspirar em alívio, antes de abafar com esforço um gemido de desconforto perante uma pontada no topo da cabeça.

E se Hans estivesse ali, se ele estivesse acompanhando ao menos o fio da conversa, entenderia por completo sobre o quão desesperada ela estava. Um desespero que tendia a aumentar a cada vez em que ela tentava arduamente aquecer-se com ele, e não enxergava qualquer eficácia, como se o gelo do fiorde fosse uma barreira, que nem o que fora eficaz até então teria poder de concertar, pelo fato de ser inultrapassável, e principalmente indestrutível. No entanto o destino está além de seus subordinados, e quando aparentemente não colabora a ponto de coloca-los no lugar certo e no momento exato, significa que há lugares e momentos que melhor se encaixam.

Hans estaria há alguns corredores dali, esperando-a para apanhar apenas o momento em que ela bateria a porta de seu quarto atrás de si. Enquanto Elsa, após um longo suspiro, procuraria tudo em seus braços – conforto, liberdade, esperança de um reparo, receptáculo de frustrações, paixão, compreensão, e ela suspiraria novamente.

Ele não a questionou, embora fosse vívido entre a menta de seus olhos o quanto estava abafando a necessidade efervescente de abordá-la uma vez mais sobre suas atitudes peculiares. Orientando-se pelas experiências passadas, ele não deixou de beijá-la o mais gentil possível desta vez, e afagar seus ombros usando uma mínima firmeza apenas para conter o tremor persistente. Ele a segurou como se sua porcelana estivesse frágil e fosse quebrar a qualquer movimento brusco, antes de deixa-la repousar com a graciosidade de um fino véu sobre seu leito. E por fim, ele esteve tão doce que ela poderia adoçar seu chá noturno com os lábios dele. Elsa não pôde fazer nada além de refletir tal calmaria.

– Rainha boba... – Grunhiu o rapaz contra a clavícula, enquanto ela estremecia em um suspiro como resposta àquele timbre. – Se ao menos entendesse que o fiorde tem sentimentos e precisa de carinho para ser descongelado... – Ele bufou uma risada, antes de respirar profundamente e fechar os olhos. – Está pegando pesado com ele.

Isto sim, Hans assumiu, era o real ato de compreender sem conhecer.

Isto, Elsa concluiu finalmente, era tudo. E se ao menos houvesse como nomear tudo o que procurava naqueles braços... Ela reprimiu um riso ao pensamento, segurando um lábio entre dentes, chamando a atenção do príncipe por sua vibração.

– O que foi? – Ele desencostou sua cabeça do busto feminino, lutando contra a nascente sonolência.

Elsa entreabriu os lábios, e meneou escassa de respostas enquanto mirava o queixo repousado levemente entre seus seios, enrugando a fronte ao parar sua análise sobre os lábios recém-umedecidos que incrivelmente pediram pelo toque gentil de seus dedos, e arrastando o indicador pelo nariz até onde pendiam os fios gengibres que encobriam uma boa visão dos olhos, ela enlaçou toda a mão entre os mesmos, escovando-os para seu devido lugar. Porque ela apenas tinha súbitas necessidades de manter contato visual, hábito não mais atípico, não quando se tratava daquele homem. E enquanto ele ainda retribuía a vigília com um brilho de curiosidade, a rainha realizou o quão boba de fato era, e que havia sim uma resposta.

Ela sabia o que eles eram agora, havia denominação para isso. Assim como existia a partir daí uma forma de descongelar o fiorde, e posteriormente tudo voltaria ao normal...

Elsa mordeu a língua.

Tudo voltaria ao normal.

O bom humor quebrou abruptamente, enquanto ela o mantinha sob seu olhar. Ela não queria ficar longe daquilo, ela estava tão malditamente dependente e uma ânsia amarga lhe subia ao pensar em como ficaria sem o calor humano daquele rapaz sobre ela. O egoísmo de deixa-lo a seu dispor a deixava tão cegamente desesperada, a ponto de por um instante, infligindo o poço de temor no qual estava imersa, ela admitir para si mesma que tinha uma paixão ardente. E estava completamente enamorada.

Acomodando a mecha ruiva onde deveria, a moça recompôs seu semblante de descontração e descaradamente escorregou a mão pela face masculina, balançando a cabeça negativamente em um meio sorriso que não enganava mais ninguém.

Hans apenas retribuiu, diante da última motivação que precisava para buscar pelo único auxílio a que poderia recorrer.

Nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, o príncipe lutou contra suas cobertas atraentes e enfrentou o frio matinal para selar Sitron e partir em direção ao Vale das Rochas Vivas. Com o auxílio da experiência do equino em memorizar trilhas, o rapaz não tardou a chegar ao local, tomando a devida precaução de checar se Sven, ou as roupas de Kristoff estavam ali para avisar da presença do mestre do gelo. Após amarrar seu cavalo em um tronco morto, Hans apenas usou de alguns pigarros e saudações desconcertadas às pedras esféricas que dele, não mais escondiam sua verdadeira identidade.

Pabbie veio ao seu encontro desta vez, e as projeções musgadas de sobrancelhas encontravam-se moldando um semblante de ansiedade.

– Tenha um bom dia, príncipe do Sul. – Cumprimentou o Troll em meio a uma breve venha, a qual fora retribuída pelo rapaz. – Estive me perguntando quando pretendia vir. – Hans franziu o cenho diante da forma como soara apreensivo a seus ouvidos, e ele sentiu-se de repente atrasado.

– Eu... – Começou o homem, roçando as unhas dos dedos nos pelos do queixo em um ato de tomar tempo. Limpando a garganta novamente, ele expirou vencido. – Eu não sei por onde começar, provavelmente o senhor sabe bem mais do que eu. – Murmurou direcionando a mão operária à nuca, inclinando-se levemente intentando expressar sua máxima atenção não só em Pabbie, mas em Bulda, a Troll fêmea que ele recorda vagamente ter visto conversar com Elsa da primeira vez. A velha criatura piscou levemente, assentindo em admissão.

– Certamente, meu rapaz. Mas não concordo por agora, e sim porque depois que me ceder suas memórias, e eu as destrinchar, aí sim, saberei inclusive o que não se deu conta sobre si mesmo. – Pabbie aguardou paciente um Hans desviar o olhar educadamente para esconder a confusão nascente em seus pensamentos. Em meio a uma lufada de compreensão, acenou com as mãozinhas petrificadas no intuito de recuperar o foco do homem, e ao consegui-lo, permaneceu gesticulando para que ele se pusesse à sua altura. Estendendo ambas as palmas, abraçou a cabeça do rapaz espalmando os dedos sobre as laterais e unindo os polegares com afinco no centro da fronte. Hans se pôs cabisbaixo para facilitar o serviço, erguendo momentaneamente o olhar desconfiado e especialmente intrigado para o ancião mergulhado em profunda concentração a sua frente.

Após o que pareceu a eternidade, Pabbie finalmente balbuciou algo ininteligível enquanto o rapaz forcejava para não responder aos protestos de suas costas encurvadas e crânio pressionado. No entanto, o sorriso de alívio e o porte de antecipação do príncipe morreram gradualmente em descrença à conclusão de que o velho Troll ainda não estava terminado, e pela firmeza persistente de suas digitais, não seria breve. Bulda, silenciosa até então, apenas lançou sorrisos encorajadores ao rapaz que passou a procura-la com as íris cansadas.

Por fim, quando a pressão fora abusiva e as pálpebras masculinas já pesavam em um desconforto vertiginoso, e os cotovelos ameaçavam dobrar-se rendidos à fraqueza nos punhos depositados contra a grama, o mestre pedregoso afastou-se bruscamente, deixando-o livre para cair sobre o chão em um grunhido de desconforto, apertando os olhos fechados.

– Sinto muito por isso, não é a melhor das experiências. – Admitiu o velho Troll, esfregando as mãos. – Tentei ser rápido e eficaz. Mas não há meios de evitar as tonturas quando se está demorando ao vasculhar a mente alheia, no entanto, estará assim apenas pelo tempo necessário que sua cabeça vai precisar para recobrar sua normalidade sem mais interferências. – Emitiu em tom de desculpas, correspondido por um assentimento compreensível de um Hans que se colocava sentado, no entanto ainda apoiando a cabeça entre as mãos enquanto massageava as têmporas. A velha criatura o analisou para garantir que não havia nenhuma reação inesperada, antes de prosseguir. – Agora ouça com atenção, fomos agraciados por sua forte ligação com a rainha. Caso não houvesse tantas memórias dela nas suas próprias, seria difícil discorrer sobre qualquer coisa. Enfim, pude ir a fundo e analisa-la... Com isso, descobri que o ponto é confiança. Como incumbido de garantir o aquecimento da donzela, ainda há algo que precisa alimentar nela...

– Confiança? Mas... – Exclamou Hans ao som das palavras de Pabbie, mirando-o incrédulo.

– Oh sim, eu entendo. Acha que já fez de tudo para fazê-la confiar em você, que ela inclusive já o fazia embora tenha duvidado disso recentemente com atitudes que só provavam que havia algo que ela não queria compartilhar. – Despejou o Troll em sua mansidão, enquanto o rapaz digeria tal declaração ainda surpreso sobre o nível de conhecimento daquela criatura em cima de quem solicitava. – Entretanto, não se trata de você, se trata dela. É uma jovem que cresceu em temor, e desenvolveu uma espécie de trauma em relação a seus poderes que pode vir a atormentá-la se encontrar oportunidade para tal.

Hans piscou confuso.

– Do que ela tem medo? É o fiorde?

Pabbie devolveu-o um riso torno que se acrescentou ao emaranhando na cabeça do rapaz, afinal, não havia nada de engraçado ali.

– Sim, também. Há o problema do fiorde, que por sua vez atrai outras duas situações. Primeiramente... – Proclamou em meio a gestos calmos, antes de suspirar tomando tempo para organizar suas afirmações. – Embora não saiba, lidou da melhor forma com o desespero dela que você não conhecia. O fiorde que tanto os preocupou, formou na mente da moça uma verdadeira obsessão em descongelá-lo desde que ela descobriu que o aquecimento existente não era o suficiente ainda para normalizar a rigidez e deixa-lo à mercê da natureza, brotando nela uma urgência de suprir o calor necessário com você. Entretanto, o medo do fracasso estava lá o tempo inteiro.

Hans piscou aturdido, as pupilas vidradas diante da novidade, e de repente sua garganta ficou seca de palavras. Fantasmas de uma Elsa trancando-os a sós e praticamente cambaleando apressada em sua direção ricocheteando fervorosamente em seu juízo. Hans sentiu-se tonto com tantas coisas fazendo sentido repentinamente.

– Eu não sabia... – Chiou, arregalando brevemente os olhos durante a admissão de que era este o segredo que ela guardava, e em um muxoxo de aborrecimento por não tê-la observado melhor a ponto de descobrir por si só, pousou a testa contra uma palma acenando por uma continuação. Pabbie apenas assentiu.

– E o segundo fato é um tanto mais intrigante. – Pabbie fez uma pausa juntando as mãos em reflexão, e em um espasmo, continuou de palavras escolhidas. – Pois bem, é algo incomum de se ver, inconcebível eu diria... Rainha e traidor. – Pronunciou em uma nota de veemência, paralelamente ao rapaz acanhado defronte tendo tal assunto exposto com tanta naturalidade, e em mente apenas a lembrança de que todas as suas memórias com Elsa foram dissecadas. – Mas, o fato é que isso está acontecendo, sem meios de negação. – Deus de ombros em um sorriso meia-lua impudico. O homem outrora cabisbaixo ergueu minimamente o olhar para fitar, sob os cílios, um brilho peculiar no fundo dos olhos esbugalhados e lacrimosos da criatura, algo como confirmação, ele diria. No entanto, considerou não ser adequado questionar, e a seu ver, jamais seria.

O Troll ignorou o possível saldo de explicações acerca de suas premissas enigmáticas.

– Como um verdadeiro homem mudado, soa completamente compreensivo a seus ouvidos que é um fardo seguir adiante. Como uma rainha, vítima e irmã, sua donzela se vê em uma situação de conflito entre proteger a quem é devota, e entre assumir devoção por você, desde que sua negação constante sobre o que realmente havia entre os dois, quebrou e caiu por terra. – Pabbie mirou de esguelha por um breve instante, Hans minguar os lábios entre risos e atordoamento, sibilando o que parecia ter efeito de maior valor nas palavras sábias: devoção. Antes de empertigar-se e acenar com seriedade para ele, para que prosseguisse. – No entanto, posso usar de suas palavras para dizer o que ela precisa. – Pabbie ponderou por breves instantes, antes de mirá-lo com firmeza novamente. – “Ter fé”. Minha observação sobre sua memória mais recente me mostrou algo preocupante e um tanto pessoal sobre a rainha, eu não revelaria se não fosse algo urgente e crucial para o progresso da moça, enfim... Há outro tipo de temor, um temor egoísta que habita a mente dos amantes, e após certo nível, pode tornar-se nocivo. Eu vejo uma força passional descomedida nos olhos dela, que sob as circunstâncias em que vivem, faz brotar em seu interior uma certeza de que, ao descongelar do fiorde, você estará livre para ir, e não hesitará. E por conta disso, o bloqueio em por um fim na rigidez desse gelo, se tornou algo voluntário, e por mais que ela queira, em seu âmago, não se permite ter a mesma força de vontade de outrora.

O príncipe, que até então nunca ouvira dos sentimentos da rainha de tal forma, e certamente encontrava-se boquiaberto e zonzo, ao pronunciar das últimas palavras do grande Troll, saltou em seu lugar exasperado.

– Ora, mas que... – Como ela poderia sequer cogitar que ele partiria? Cuspiu indignado, arquejando em auto repressão quando o olhar sublime da criatura o convidou a se acalmar.

– Não a julgue, príncipe do Sul. Exatamente por esse fato que eu o lembrei da posição da rainha nesta situação, e devo adverti-lo que fé é algo frágil entre muitos, assim como difícil de construir. Por isso, como amante e responsável por ela, deve tomar uma atitude. Ela precisa se sentir segura, precisa se render em total confiança, e somente aí...

– A camada mais sólida do fiorde se dissipa. – Completou Hans erguendo as sobrancelhas em profundo entendimento, sem, no entanto tomar o olhar enigmático de Pabbie sobre si. Ainda.

– Eu iria dizer apenas que a camada mais sólida se dissipa, rapaz. – Hans piscou surpreso com o tom enfático do ancião, que, satisfeito ao notar o posterior semblante de compreensão e uma rigidez momentânea que apenas denunciava a timidez em reação, logo se apressou em retomar o enfoque da questão.

– Pois bem, agora que entende a veracidade das minhas palavras quando o adverti desde a primeira vez que os poderes da rainha conhecem as necessidades do corpo a ponto de não o deixarem partir, precisa ter em mente que isso é um indício de que precisa domá-lo. – O príncipe abriu a boca para expressar sua confusão, mas Pabbie levantou a mão para calá-lo. – Eu explico. Com essa reviravolta das últimas semanas, muito do progresso do aquecimento foi perdido, e temos pouco tempo até a primavera para por tudo em ordem, ou a rainha sofrerá as consequências. – Hans assentiu em concordância. – Então, encontre um modo de aquecê-la a um ponto onde não haverá volta para a insegurança, o que implica que terá de ser convincente, terá de destruir qualquer desconfiança que ainda resta.

A face do rapaz contorceu-se em agitação, enquanto suas mãos iam aos cabelos, e a boca gania em exasperação.

– Mas como eu vou?...

– Seja hostil. – Desta vez, um timbre feminino petulante embora intencionalmente manso, soou como calmante. Bulda que permanecera inativa até então, além de fora da atenção do príncipe, se encontrava em sua frente com o mesmo sorriso brilhante de Pabbie, como um louvor antecipado à primavera ganha. Ganhando a atenção do rapaz, continuou. – Seja hostil, e lute contra ela até que ela mostre o que quer a você.

– Eu presumo que irá gostar quando ela o fizer. – Completou Pabbie, enquanto trocava um breve olhar com a Troll fêmea, que assentiu e prosseguiu.

– Será natural como a chegada da primavera. E quando isso acontecer, apenas seja gentil. Rosas são lindas quando desabrocham, mas as pétalas são frágeis e podem desfarelar. – Cantarolou Bulda entre suspiros.

– Natural como a chegada da primavera... – Murmurou Hans enquanto digeria cada dizer. Até ser tomado por uma repentina inquietude, que não estava habitando sua mente de primeira. – Um momento, vocês falam como se soubessem o que vai acontecer. – Insinuou arqueando uma sobrancelha, internamente batalhando para que a curiosidade não transparecesse em seus olhos.

Pabbie balançou a cabeça calmamente, antes de apontar para Hans e proclamar com uma seriedade não severa, mas suave e carregada de verdade.

– Oh não, eu não possuo o juízo do destino. Mas sou um velho muito observador, e desde o princípio soubemos que as estrelas haviam se alinhado quando puseram os pés no mesmo chão. – Disse enquanto o puxava levemente para que se levantasse, e quando Hans assentiu vagarosamente em compreensão, pondo-se de pé e tapeando as vestes para tirar sujeiras superficiais, Bulda emitiu.

– Vença-a pelo cansaço.

Durante todo o caminho para Arendelle, o príncipe divagou entre resmungos sobre tudo o que ouvira a fim de limpar sua mente e discorrer sobre o que faria até o fim da estação. Teria de reunir uma perfeita combinação de afeto, confiança, firmeza, calor e gentileza, e catalisar de alguma forma para que surtisse efeito em curto prazo.

Mas a epifania lhe caiu dos céus quando em um momento inédito onde adentrou os portões, a rainha encontrava-se voltando dos jardins. Os lábios rubros estavam reféns dos dentes enquanto sutilmente ela vasculhava ao redor, entre os hóspedes que passeavam por ali, como quem procura algo, ou alguém, e seu peito ardeu quando se deu conta de que os beiços foram libertos e os ombros relaxaram quando os olhos caíram em sua direção. Era ele, ela o estava procurando, ou apenas perguntando-se onde esteve. E reprimindo um sorriso genuíno e a subsequente vibração de satisfação, o rapaz limitou-se a uma reverência seguida de uma cordial saudação, a qual fora correspondida por Elsa.

Tamanha fora sua imersão em pensamentos, que Hans tornou-se dormente a ponto de não notar a extensa linha de sorriso que lhe brotou, algo bem menos discreto do que ele mesmo se permitiria em sã consciência, e algo que Elsa, ao espiá-lo uma última vez antes de entrar, avistou com maior precisão que o dono dos lábios.

Alheio à atenção que recebeu da moça, o rapaz recompôs-se e aguardou com cautela o momento em que ela juntou disfarçadamente as mãos à frente e sumiu na parte de dentro do castelo. E ao seguir pela lateral até os estábulos reais, o príncipe bufou incrédulo sobre o quanto estava pensando em tudo como algo mecânico, enquanto ouvira com clareza sobre naturalidade. Com a rainha de Arendelle, tudo deveria ser tão natural quanto à chegada da primavera. E, desde que a viu tão cedo e apercebeu-se do quão gratificante fez sentir, a consciência de como proceder com a jovem veio-lhe com a simplicidade do bom dia entoado por ela instantes atrás.

A rainha, talvez em um instinto nato de autodefesa, sentiu um instantâneo aperto no estomago que ela identificou ser nervosismo, logo deduzindo estar intimidada pelo sorriso mais brilhante que viu naquele início de dia, porque não havia modos de expulsar de seus pensamentos que ela tinha algo haver com aquela curvatura em meia-lua nos beiços do rapaz. Com isso, a sensação vertiginosa que consumia suas entranhas ansiosas, como uma experiência adolescente que ela não teve oportunidade de viver, dizia-lhe que não mais saberia o que veria da próxima vez que se encontrassem. Afinal, apenas uma certeza pairava em sua mente, algo estava acontecendo, e talvez mais perigoso do que da última vez.


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Notas finais do capítulo

GENTE, FALTA POUCO PRA ONCE UPON A TIME! AI MDS DHQWOGDHQYW FANGIRLING :O Quem viu os spoilers? WTF CADÊ AS FOTOS DO HANS/TYLER? Quem viu a entrevista da Georgina/Elsa e Elizabeth/Anna pra revista? SOCORR, meus feelings estão explodindo >
E aí vai um pouquinho de chantagem emocional, meu niver foi dia 7, seria muito pedir os comentários e a presença de vocês de presente? *-* E mais uma vez, quero agradecer aos leitores que apareceram e aos 104 acompanhamentos! Sério, não há vocabulário que me ajude a expressar a felicidade e o incentivo que isso me trás. Amo cada um s2



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