Eu sempre achei que iríamos ficar juntos.

– Lisanna, me ajude por favor. – Olhei para meu amigo que suava desesperadamente e sorri de canto. Ele estava nervoso por causa dela, estava escrito em letras maiúsculas ''LUCY VAI ME MATAR'' na testa suada dele.

– O que você fez pra Lucy dessa vez? – Perguntei cruzando os braços e tomando a posição de ''mãe''.

Lembrei-me dos momentos em que brincávamos juntos com o Happy, logo depois de seu nascimento. Eram momentos maravilhosos, em que eu era a ''mamãe'', você o ''papai'', e Happy o nosso ''filhinho''.

– Eu coloquei fogo no livro que ela estava escrevendo! Meu Deus, eu vou morrer! – Me afastei um pouco, pois ele começou a soltar fogo pela boca, claro sinal de que ele já estava perdendo a cabeça.

Usei meu Take Over na mão direita, a transformando em uma pata de gato e arranhei com vontade seu rosto.

Sempre desejei que você contasse seus segredos, tristezas, e principalmente os motivos de sua alegria comigo.

– ISSO DOI LISSA-

– Natsu, fica calmo. – O interrompi fazendo ele calar a matraca. Natsu conseguia falar mais alto que o Elf-nii-chan. – Com certeza a Lucy vai te perdoar. – Desfiz minha magia e suspirei voltando a cruzar os braços. – A não ser que tenha sido de propósito.

– Claro que não foi proposital! – Ele berrou, praticamente, no meu ouvido, aposto que não se toca de que ele tem pulmões de Dragão. – Eu estava querendo ver o que ela tanto escreve escolhendo me deixar de lado, quando só quero conversar um pouco com ela.

Aquilo fez meu coração se encher de alegria. Então o Natsu sabia ser ciumento. Que bonitinho. Era a primeira vez que eu o via assim.

Eu achei que um dia você sentiria ciúmes de mim, e que eu ficaria abobada por você, enfim, se sentir da mesma maneira que eu.

– Então peç-

– NATSUUUU! EU. VOU. TE. MATAR! – Nesse momento uma Lucy não muito contente, com um caderno todo queimado em mãos, entra na guilda já puxando sua Fleuve D'Etóile.

Natsu estava muito encrencado.

E por falar nele nem sombra dele ficou pra contar história. Ele fugiu tão rápido que nem tive tempo de ver a cara dele de medo quando a Lucy apareceu. Que pena, seria um momento memorável. E ele quebrou a janela da guilda, que desespero.

Vi Lucy jogando o livro - ou restos dele - no lixo da guilda, para, enfim, se aproximar.

– Esse idiota cospe fogo. Não acredito que ele queimou o meu livro! – Lucy bagunçou seus cabelos sentando-se do meu lado, batendo a cabeça no balcão e depois reclamando da dor.

Eu ri um pouco, eles eram tão parecidos.

Eu achava que eu era a mais próxima de você. Até usei a mesca cor e mesmo local que estava a sua marca da Fairy Tail - mudando apenas que era no ombro esquerdo-, como a minha para mostrar o quanto éramos parecidos e chegados.

– O que aconteceu, Lucy? – Eu olhei sorrindo pra ela que corou um pouco, talvez se lembrando do que ocorrera no momento.

– N-nada. – Reclamou baixinho e escondeu o resto com os braços.

Ela ficava tão fofa tímida, como o Natsu.

– Ele disse que só queria conversar com você. – Comentei como quem não quer nada.

– Hm... – Ela levantou o rosto e olhou para a mesa em que Happy estava oferecendo um de seus amados peixes a Charles. – Ele queria mesmo, mas eu não sabia que ele se sentia dessa forma.

– Que forma? – Perguntei, agora realmente curiosa, esses dois são um prato cheio para fofocas com a Mira-nee.

– Q-querendo a minha atenção por n-nada. – Ela corou e gaguejou de tão envergonhada. – É estranho. Só isso.

– Mas você vai perdoá-lo, não é? – Perguntei, mesmo sabendo a resposta.

– Na verdade eu quis fazê-lo sofrer um pouquinho, eu tenho outro caderno com a mesma história. – Ela riu e logo fechou os punhos. – Eu vou esconder as sandálias dele para ele ver quem manda.

Isso é uma vingança? Uma gota surgiu na minha testa.

– Er, porque não conversa com ele? Ele está voltando. – Apontei para a entrada da guilda, por onde vinha um Natsu, ainda, muito nervoso.

– Luuucy, me desculpeeee! – Ele se jogou aos pés da loira com lágrimas de crocodilo escorrendo pelas bochechas. – Não foi de proposito, eu só queria conversar um pouco, mas você sempre tá escrevendo e nunca me deixa ler.

Sorte que Lucy estava sentada ou ela cairia no chão. E seria um tombo feio e constrangedor.

Eu gostaria que você me abraçasse e me fizesse carinho...

Que me beijasse...

– Certo, Natsu. Se afaste, minhas botas estão saindo! – Lucy reclamou já com um sorriso no rosto. – Eu te desculpo, na verdade, eu tenho outra cópia. Desculpe fazer uma cena.

Natsu se levantou e ergueu os braços para abraçar a loira que logo retribuiu, depois que se separaram deram um breve selinho. Lucy corou dos pés a cabeça, lembrando que eu ainda estava ali, e Natsu apenas riu colocando os braços atrás da cabeça.

– Vocês brigam todos os dias, eu sei que é normal para namorados brigarem mas, vocês? É todo dia. De qualquer forma, boa sorte. – Eu ri e me levantei saindo da guilda.

– NÃO É TODO DIA! - Ainda ouvi Lucy gritando.

Me corrijo, Lucy consegue gritar mais alto que o Natsu e o Elf-nii-chan juntos.

Eu queria ter sido sua namorada, caminhado de mãos dadas com você, sair em missões, rir juntos e, quem sabe, você poderia invadir meu quarto pela janela.

Eu teria ficado feliz.

Muito feliz.

Caminhar era muito bom em dias ensolarados como esse. Apesar de eu já ter tido sentimentos pelo Natsu, no passado, eu já os superei. Até porque, eu juntei aqueles dois que ficariam no chove-não-molha para o resto da vida.

É curioso como seu primeiro amor pode acabar não se realizando. Nem sempre temos aquele a quem amamos, e nem sempre aqueles que nos amam nos tem. O amor é tão confuso, mas ao mesmo tempo, tão simples...

Depois de um tempo Natsu me disse que também tinha gostado de mim no passado, mas então ele conheceu a Lucy e acabou se apaixonando por ela, assim como ela por ele. Foi inevitável, eles foram feitos um para o outro.

Eu estou feliz assim, não tenho arrependimentos. Estou feliz dessa maneira, e quero que os dois sejam felizes, eles se completam. Esta na cara que se amam verdadeiramente. E eu sempre desejo tudo de bom para Natsu e Lucy, que agora é uma das minhas melhores amigas.

Mas agora, eu vejo que isso não pode ser realizado, e nem poderá, seu coração já é ocupado por uma pessoa que não sou eu. Mas, mesmo assim, estou feliz por você.

Eu te amei, Natsu.