The Challenge escrita por Marquesa


Capítulo 4
TOC, Problemas genéticos e Problemas mentais.


Notas iniciais do capítulo

Oi abiguinhos :3 Mil desculpas por essa demora, eu tenho justificativa. Eu to saindo demais pra ajeitar alguns documentos pro curso e fiquei meio que sem tempo de terminar de escrever e de postar. Me perdoem. Já adiantando o capítulo é todo no ponto de vista de Matthew, ansiosas para saberem como o safado mais gato do mundo imaginário é? Então vão ler! Andem!!
Capítulo betado pela Boow [u88632] ♥

Boa leitura guys!



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POV Matthew

Eu estava realmente atrasado.

Claro, isso nunca teria acontecido caso Jessie fosse mais rápida em fazer um simples trabalho. Prazer e velocidade com certeza não eram habilidades daquela garota.

Cheguei na faculdade a tempo do segundo horário, mas o relógio gritava para mim que teria que ser rápido em minha procura por Nathan, se desejasse mesmo assistir alguma aula nos próximos minutos.

E isso seria muito mais fácil se um borrão de cor indefinida e ossos duros não tentasse me atravessar, como um espectro sem corpo faria.

– Seria ótimo se você olhasse por onde anda – Respondi sem paciência após dar um passo atrás devido ao impacto e deixando que meus olhos se encontrassem com duas orbitas verdes me estudando de maneira intrigante.

– Sabe o que seria ótimo? Você usar da sua educação... Se é que existe alguma por trás da arrogância... – A garota relativamente pequena perto de mim dizia de modo rude, quem ela pensava ser? Ou melhor, quem ela pensa que eu sou? – … Enquanto vocêrecolhe as minhas coisas do chão! – Completou de um jeito mandão se referindo aos seus livros que foram lançados contra o chão de modo que se eles tivessem vida com certeza reclamariam.

Eu podia não a conhecer direito, mas, mesmo que aquela garota miúda e de olhos grandes fingisse me ignorar completamente, eu estava disposto a conhecer cada centímetro dela.

Uh, meu corpo também parecia adorar a ideia.

Eu permaneci encarando a garota que me afrontara. Apesar de demonstrar tanta atitude e decisão seu rosto pequeno e seus cabelos ruivos, diferente de todos que já vi, lhe deixavam com uma aparência delicada, e claro, isso também se devia a sua altura que não era das maiores. Sua pele que aparentava ser tão macia quanto o veludo de seu casaco me tentara a tocar, mas quando eu vi aqueles seus olhos verdes e redondos cheios de raiva eu desisti da ideia. No entanto o que mais me instigava em todo o conteúdo visívelnaquela garota, eram seus lábios bem delineados que eram mordiscados pela dona, talvez de nervosismo ou um simples transtorno obsessivo-compulsivo – TOC - o que junto com uma marca quase imperceptível de um sinal acima do lábio superior no lado esquerdo do rosto lhe deixava ainda mais desejável.

– Que tipo de cara eu seria se não ajudasse uma garota tão linda como você? – Respondi sorrindo e recolhendo seus pertences do chão, pelo canto dos olhos notei-a revirar suas orbitas.

–Obrigada. – Respondeu seca assim que pousei os livros em suas mãos pequenas, e ao mesmo tempo adoráveis.

Após a ruiva abandonar, lamentavelmente,os limites da minha visão voltei a minha busca interminável por meu digníssimo amigo Grimmie, não tão digníssimo assim se levarmos algumas coisas em conta. Eu estava prestes a desistir e seguir para a tortuosa aula sozinha, quando me lembrei que ele havia comentado algo sobre o time de basquete.

Eu de fato deveria começar a prestar mais atenção nas conversas com meus amigos, ao invés das garotas que estavam ao meu redor.

– Ei, Avery! – Ouvi alguém gritar por meu sobrenome assim que passei por entre as portas de emergência na lateral da parede externa do ginásio, adentrando para a quadra de basquete. Após focar minha visão na roda dos jogadores que conversavam muito mais do que arremessavam a grande bola laranja, vi Nathan com a mão estendida, fazendo sinal para que eu me aproximasse.

Eu não fazia parte do time, apesar de ser muito talentoso com uma bola de basquete em mãos. Eu odiava correr e suar. Já Nathan, além de ser ótimo jogador é amante das quadras, ginásios, dos holofotes, e claro, das lideres de torcidas. Principalmente das loiras.Apesar de ter alguns dentes desalinhados, assim que cara sorri e forma aquelas malditas covinhas – que são defeitos genéticos no meu ponto de vista – as magrelas com pompons se derretem. Não que eu não cause tal efeito com muito menos esforços.

Nathan e eu nos conhecemos na época do colegial, tecnicamente ficamos amigos depois que ele quase quebrou minha cara por ter ficado com a irmã gêmea dele. Que se você me permite dizer, é muito mais bonita que o seu plagio. Nathan Grimmie não se iguala a minha altura, ficando alguns centímetros mais abaixo, dificultando sua visa nas quadras, mas em compensação possui uma mira dos infernos, capas de fazer uma sexta de olhos fechados.

Por fim os rapazes terminaram o que estavam fazendo e esclareceram os dias de treinos deixando a quadra logo em seguida e junto a mim, fomos para a lanchonete esperar pelo terceiro horário. Afinal para quem havia perdido longas semanas de aula, o que era apenas mais um horário?

– Quem é aquela? – Perguntei á Nathan sem desviar meus olhos do ponto que se mantinham fixos a alguns minutos. Eu precisava conhecê-la.

– Ela quem? – O moreno procurou com os olhos o ponto aonde minha concentração se mantinha fixa. Ou seja, na mesa a alguns metros de distancia.

A ruiva.Especifiquei de forma clara já que não existiam muitas ruivas além dela naquele lugar.

–Não sei o nome, mas sei que cursa jornalismo, é amiga do Zac. – Respondeu e logo depois prendeu os olhos na mesa ao lado, onde sua irmã estava conversando com um cara qualquer.

–Nunca tinha visto ela por aqui antes. – Respondi analisando ela rindo com os amigos. Do que estavam rindo?

–Talvez por que você nunca aparece por aqui, e quando vem dorme ou se tranca em algum armário com alguma garota. – Respondeu descontraído e eu ri. Afinal, era realmente verdade

–Talvez. – Disse dando de ombros

– Mas reza a lenda que ela não dá bola pra ninguém. Todo mundo que chegou nela foi dispensado.

– Minha mãe me ensinou que não sou todo mundo.

Nathan logo depois saiu e foi atrás da sua irmã. O cara parecia um gavião, pegar todas da universidade ele podia, mas ninguém podia sorrir para sua irmã. Eu ainda podia sentir meu olho latejar devido ao soco que levei no colegial. Claro, eu revidei, mas acho que sai na desvantagem por estar apenas com um olho bom.

Eu continuei ali naquela mesa. Eu a encarava enquanto ela lia. Aquilo certamente a incomodava já que a mesma não prestava atenção no seu livro, e sim em mim. O que era exatamente o que eu queria. Aquela garota me deixava intrigado apenas de olhá-la, para não dizer outras coisas que ela também me deixava, o seu olhar sobre mim era diferente do de qualquer mulher sobre a superfície da Terra. Ela tinha desprezo. E isso era quase uma provocação direta aos meus instintos

–Você vai acabar se afogando se continuar babando por ela, Avery – Nathan disse e logo depois puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado outra vez.

–Do que você está falando? – Perguntei mesmo que já soubesse do que ele se referia.

–Da ruiva. Você não tira os olhos dela. – Não respondi nada, apenas permaneci sentado na cadeira com as pernas cruzadas de modo que formava um quatro e com um braço apoiado sobre meu abdômen e usava o outro para apoiar meu queixo.

– Essa garota. – Disse após sair de meus devaneios. – Eu quero.

Nathan riu, mas foi diferente das outras vezes. Era um riso debochado. Apenas com um olhar eu o questionei sobre o porquê daquilo, ele mais do que ninguém sabia que eu sempre obtivera sucesso absoluto em minhas conquistas.

–Ela não é igual as demais Matt – Ele disse cruzando os braços e se recostando sobre a cadeira. – Ela é encrenca. Os únicos que conseguiram uma aproximação considerável com ela são Zac e aquele nerd esquisito do Shane.

–Qual é Nathan? – Falei me levantando – Olha pra mim, ela não vai resistir.

–Se você diz – Ele também se levantou – Fique a vontade, eu avisei. – Completou rindo e seguimos para as salas de aula.

Eu entrei para minha sala e Nathan seguiu para sua turma de Administração. Ele odiava isso, mas seu pai o quer nos negócios da família e ele no mínimo precisa saber administrar alguma coisa além da própria vida. Não que ele soubesse fazer isso também.

Assim que entrei na sala me direcionei ao fundo da classe, como de costume. Foi quando eu a vi cruzando os batentes da porta e eu sorri. Não com aquele sorriso de bobo apaixonado, e sim de um modo galanteador. Uma das minhas táticas de conquista. A ruiva assim que me viu fechou os olhos e balançou a cabeça como se reprovasse minha presença ali. Ou não.

...

Quando o sinal tocou, assim que sai na porta o pessoal já estava a minha espera. Iríamos a uma lanchonete ali perto e depois eles iriam para o treino, então beber não seria a coisa mais apropriada a se fazer.

–Esperem aqui que eu já volto – Disse e entrei no banheiro. Eu precisava jogar uma água no rosto.

Sai de cabeça baixa enquanto secava minhas mãos nas pernas da calça mesmo e foi ai que eu senti algo chocando contra mim. De novo. Sorri ao constatar que era novamente a ruiva.

– Agora eu comecei achar que você está esbarrando em mim propositalmente – Disse assim que ela levantou o rosto para mim – E também arriscaria o palpite que você estaria atraída por mim já que... né? – Eu ri, no entanto ela não pareceu achar tanta graça

– Eu preferia esbarrar contra um poste do que com você. – Respondeu e se abaixou para recolher seus livros.

– Qual é, postes não são tão atraentes quanto eu. - Eu disse calmo com um leve sorriso.

– Mas acho que até eles podem ter mais bom senso do que você. –A garota de cabelos ruivos definitivamente era dura na queda – literalmente – Ela me respondeu com deboche e direta, isso sem mencionar a sua sobrancelha arqueada e a pose de durona.

Ela estava quase saindo quando a segurei pelo braço. Eu não ia desistir.

– Posso saber pelo menos seu nome? – Indaguei mesmo que no fundo já soubesse a resposta.

– Claro – Respondeu e eu sorri convencido de minha vitória. – Quando você merecer.

A ruiva se esgueirou de minhas mãos e me deu as costas. Eu respirei fundo e me aproximei dos caras que assistiam a cena toda de longe.

–Ponto pra ruivinha – Nathan zombou.

–Ela vai ceder. É só questão de tempo. – Respondi convicto.

Aquela garota com certeza era a primeira que me desafiara. Ela não era diferente das outras, claro, a não ser por seus longos fios ruivos, cor a qual eu jamais tinha visto antes, não pelas ruas de Princeton. Antes que fossemos para a lanchonete passamos pela casa de Nathan para deixarmos sua irmã e depois tomamos nosso destino. As ruas estavam cobertas de gelo da noite anterior e quando parávamos em algum sinal era possível se ouvir o vento cantar do lado de fora.

–Sério? Vocês vão me fazer comer nesse lugar? – Perguntei indignado. Não que lugar fosse imundo ou que caísse aos pedaços, o fato é, que quando me disseram que comeríamos em uma lanchonete eu não imaginei que seria no sentido literal da palavra. Garçonetes de redinha e avental branco, estufa com salgados e toalhas de mesa plásticas. E o mais legal de tudo, era certo que nada ali cooperaria para que meu corpo se mantivesse definido.

–O que o rei achou que fosse? – Perguntou Tyler enquanto passávamos pela porta que por sinal tinha um sino em cima, e tilintava sempre que a porta se abria.

– Qualquer coisa, menos isso. – Respondi.

–Cara não seja gay – Nathan disse e puxou uma das cadeiras de madeiras para se sentar.

–Gay, mas bem que sua irmã gostou – Deixei escapar e vi Nathan travando o maxilar e fechando os punhos. Ele odiava que falassem assim de sua gêmea – Desculpa. – Murmurei antes que ele resolvesse lançar seu punho outra vez contra meu olho.

–Matt, não é a ruivinha? – Daniell se pronunciou e direcionou a atenção de todos até a garçonete de fios ruivos que vinha em nossa direção com um bloco de anotações nas mãos. Os caras começaram a fazer algumas piadas e começaram a rir, mas tudo se cessou quando ela chegou até a mesa e fingiu um sorriso.

–Posso ajudar? – Perguntou um tanto irritada, talvez porque notara que eu não desviava os olhos dela. Os olhos verdes da garota pareciam estar em conflito sobre o que fazer, se eles se focariam na pequena caderneta ou em mim. Ela anotou todos os pedidos e soltou o ar de seus pulmões antes de fazer mais uma pergunta que seu trabalho obrigara.

–Mais alguma coisa?

–Seu nome. – Perguntei e sorri.

–Isso nós não temos no cardápio, com licença – Ela respondeu seca e pela trigésima vez no dia virou as costas para mim.

– Ponto pra ruiva de novo. – Disse Tyler soltando o cardápio na mesa.

–Vejo que alguém está perdendo seus encantos. – Zoou Bradley seguindo o resto dos caras.

–Essa garota... – Disse baixo mordendo os lábios e deixando a frase ao ar sem completar.

Ela me irritava, qual é, não existe mulher que seja tão difícil assim, todas elas uma hora cedem. Elas são iguais.

–Já volto – Disse me levantando da mesa e seguindo até o balcão onde elalimpava alguns portas-guardanapo como se sua vida dependesse daquilo.

–Você não vai me dar uma chance mesmo? – Perguntei debruçando sobre o balcão e tirando sua atenção.

–Não. – Respondeu-me com indiferença. Isso já começava a me fazer perder a paciência.

Mas eu continuei lá.

–Eu só queria conversar com você, será que sou tão feio assim que você nem quer ficar perto? – Ela revirou os olhos e ri observando o quanto mais atraente ela ficava ao fazer aquilo.

– Escuta aqui, eu não estou interessada em falar com você, e estou no meu local de trabalho, sabia que nem todos tem a vida ganha como você? – Respondeu e se virou para pegar as bebidas no freezer atrás dela. – Faça algo útil e leve seu próprio pedido.

– Você não nem me conhece garota, o que te faz achar que tenho a vida ganha? – Indaguei-a e passei a encará-la com expressões mais serias.

– Nem preciso te conhecer – Ela apoiou suas mãos no balcão e começou a me encarar, aos poucos se abria um pequeno sorriso em seus lábios. - De gente igual a você, Nova Jersey está cheio. – Eu ri quando notei que ela começava a se irritar e também ao constatar que ela já começara a me observar, caso contrário não chegaria a tal conclusão.

– Meu nome é Matthew – Mantive o mesmo sorriso nos lábios e peguei a bandeja - E vai por mim, eu sou bem melhor que os outros por ai – Essa foi minha vez de sair e virar as costas para ela, deixando-a parada e irritada. Ponto para Matthew.

Assim que saímos daquela lanchonete fomos para as quadras da Universidade. Eu não tinha nada melhor para fazer então fui assistir o treino do time. Antes de chegar na quadra passei pelo corredor onde tinha o quadro de avisos e um papel cor-de-rosa me chamou atenção.

“Aluga-se um quarto de apartamento”

Apesar de não precisar disso eu parei e li o anuncio, foi apenas para matar tempo. Logo depois eu fui para a quadra e me joguei nas arquibancadas.

–Droga Nathan, você ta fedendo! – Eu disse empurrando ele e me afastando um pouco mais

– Esse é o odor masculino que faz as garotas delirarem. – Ele riu se levantando e tirando sua camiseta do uniforme suada.

– Isso é nojento. – Corrigi.

–Você que é fresco – Respondeu e jogou a camiseta no meu rosto rindo.

Eu dei uma corrida atrás dele, mas logo parei quando ele entrou no vestiário. Eu não curtia muito entrar ali, sempre tinha alguém pelado e ver bolas ou bundas masculinas não era uma das coisas que me atraia.

Antes de ir pra casa, eu e Nathan fomos a um bar da região. Já era tarde da noite e logo que o deixei em sua casa fui para a minha. As grades do portão de tom dourado se abriram ao mesmo tempo que meu celular começou a tocar com uma chamada do meu pai. O tão renomado Dr. George Willians, um dos maiores empresários da região centro atlântica dos EUA. Assim que vi aquele nome piscando no visor do meu celular, me lembrei o motivo de sua ligação, eu havia perdido a “reuniãozinha intima de negócios” qual ele apresentaria o herdeiro das empresas. Eu não atendi.

–Berenice! – Gritei assim que entrei em casa.

–Olá menino – Disse a governanta da casa enquanto saia da cozinha secando as mãos na saia de seu uniforme.

–Meu pai está em casa?

–Sim, ele chegou a alguns minutos gritando por você e está bravo.

–Novidade. – Disse jogando as chaves do carro sobre um móvel da sala. – Ele está lá em cima? – Perguntei olhando para a empregada muito pequena perto de mim.

–Sim.

–Obrigado.

–Disponha. – Respondeu e voltou aos seus afazeres.

Eu subi as escadas sem muita preocupação. Para chegar até um quarto eu teria de passar pela porta do escritório do meu pai, a porta estava entre aberta, eu passei tentando não ser visto caso ao contrario meu pai iria me matar ali mesmo.

–Matthew! – Ouvi a voz grave e autoritária me chamar de dentro daquela sala. – Nem pense em fingir que não ouviu. - Meu pai só me chamava pelo meu primeiro nome quando ele realmente estava muito puto.

–Pois não? – Respondi dando um passo atrás e com cara de paisagem.

–Entre. – Ele estava sentado na sua enorme cadeira de couro marrom e atrás de uma pilha de papeis. – Onde você estava?

–Na universidade. – Respondi rápido.

–Eu gostaria de saber, aonde você enfiou sua responsabilidade garoto?

–Você não gostaria de saber – Respondi ríspido já percebendo a discussão que aquilo formaria.

–Chega Matthew! Eu estou farto das suas irresponsabilidades.

–Qual é pai? De novo essa palhaçada? Que droga.

–Você poderia parar de usar esse vocabulário esdruxulo com seu pai? – Eu ri ao ouvir aquilo. O cara era maluco, a única explicação. – Todos ficaram esperando meu querido filho aparecer, essa reunião era pra te apresentar aos meus amigos e você não apareceu. Diga-me, qual motelzinho de quinta categoria você se enfiou?

– Sabe por que eu não apareci? Por que eu não vou assumir seu legado pai. – Respondi irritado. O que mais você quer de mim? Você me pediu uma faculdade eu estou fazendo. Você me pediu pra ir naquele jantar ridículo semana passada eu fui e agora eu tenho que assumir os negócios da família?

–Você é meu herdeiro. – Ele retrucou usando o mesmo argumento de sempre.

– Eu não quero fazer parte dessa palhaçada toda! E tem mais, eu não devo satisfação do que eu faço ou de onde eu estive pra você! Eu sou um homem.

–Um homem de verdade paga suas próprias contas. Um homem de verdade tem sua própria casa, um homem de verdade não vive à custa do pai e muito menos do que ele julga ser uma palhaçada. – Disse irritado. – Você está longe de ser um de verdade!

– Mas acho que já esta na hora de começar a ser um. – Respondi e sai batendo a porta do escritório. Lá no fundo de mim eu sabia que aquilo tinha sido uma idiotice enorme, mas não daria o braço a torcer. De novo não.

Eu me enfiei dentro do meu quarto e minutos depois Berenice veio me informar que o jantar já seria posto a mesa. Eu não desceria para o jantar. Eu resolvi tomar um banho e descansar, o dia amanhã com certeza seria longo. As gotas da água caiam sobre meu corpo e aos poucos a tensão ia passando. O vapor do chuveiro já havia embaçado o Box do banheiro, o espelho e vidro das janelas, um sinal de que talvez eu já estivesse ali tempo demais. Eu sai com a toalha branca amarrada na cintura e os pelos do meu corpo se arrepiaram ao contato gelado com o ar do meu quarto. Após ter vestido alguma coisa que realmente me aquecesse eu me deitei na cama e acabei adormecendo após ter bebido metade de uma garrafa de vodka sozinho. Isso não me traria boas lembranças amanhã.

Acordei com minha cabeça que parecia que ia explodir. Tive que enfrentar, mas um pouco da fúria do meu pai e graças a isso acabei saindo atrasado novamente para a universidade. Passei em uma farmácia no caminho e comprei alguns analgésicos e aos poucos a dor foi cessando. Assim que cheguei ao campus fui direto para a classe ignorando qualquer um que quisesse falar comigo.

–Com licença – Pedi assim que cheguei à porta da classe acompanhado de Tyler, que encontrei pelo caminho na mesma pressa que eu.

–Estão atrasados Sr. Starcks e...? – Ele deu uma pausa para que eu dissesse meu sobrenome.

– Avery – Respondi – Matthew Avery - Completei.

–Espero que não se repita.- Disse o Sr. Hans e prosseguiu com sua explicação enquanto eu me acomodava em meu lugar.

Ele separava duplas para a aula prática no laboratório de informática. Eu odiava essas aulas.

– Jessica e Madison – O professor parou e sorriu. – Sr e Sra Atrasados Matthew e Nathaly.

Quem era Nathaly? Realmente Nathan tinha razão, eu deveria começar a frequentar mais as aulas. Eu comecei fazer uma linha de raciocínio quando vi a ruivaolhar para trás e revirar os olhos.

Então a ruiva tinha um nome. Nathaly.

Era uma tarefa difícil ver as caras e bocas que ela fazia referente a mim e não rir.

–Vamos? – Sussurrei no ouvido da mesma que estava distraída, eu precisava ser cego para não notar os pelos do seu corpo eriçados e eu soltei um pequeno riso ao notar meu efeito sobre ela. Ponto para Matthew de novo. Eu estendi umas de minhas mãos para ela, uma forma de cavalheirismo, mas a ruiva levantou-se deixando minha mão pendida ao ar e saiu. - OK. – Disse e segui ela para o laboratório.

Realmente, meu anel que rodava sobre a mesa estava muito mais interessante que o texto que ela escrevia. Eu ofereci minha ajuda com a condição que a mesma saísse comigo, mas a mesma se negou ao pedido.

Ela estava concentrada no que escrevia e eu apenas observava seu perfil. Ela tinha um sinal sobre o lábio superior esquerdo quase que imperceptível. Com certeza você só conseguia notá-la se prestasse muita atenção. Enquanto escrevia ela tirou o cachecol e deixou seu pescoço evidente para mim. Você conseguia ver algumas veias devido a sua cor clara e lá também tinham ouros três pequenos pontinhos de um sinal, porém era mais fácil de notá-los se comparado ao de seu lábio. O casaco que ela usava tinha a gola redonda o que me permitia ver o traço dos ossos de sua clavícula. Aquilo aos meus olhos a tornara ainda mais delicada e dava asas a minha imaginação.

Até demais. Droga!

–Senhora Fox – Ela chamou a professora e jogou os cabelos longos sobre os ombros tampando a visão de seu pescoço

Ela voltou a alterar algumas partes de seu texto e eu me dediquei a observar seus dedos ágeis no teclado, e sempre acontecia de nossos olhares acabarem se cruzando, mas logo ela dava um jeito de desviar a atenção e fingir que não acontecia nada.

– Ouvi dizer que você está à procura de alguém pra dividir o apartamento – Disse quebrando aquele silêncio incômodo e correndo o risco de levar mais um fora.

–Sim, conhece alguém? – Perguntou, mas não me deu muita atenção.

–Não. – Respondi rápido. – Pelo menos ninguém que você aceitaria sob o mesmo teto que você.

– O que foi? O diabo te expulsou do inferno e agora você está sem teto? – Ela respondeu direta.

–Pra sua inteira decepção, eu não fui expulso pelo diabo do inferno – Sorri debochado, coloquei meu anel no dedo me ajeitando para encará-la de forma intrigante. – Lá é minha casa, eu sou o diabo.- Ela revirou os olhos, exatamente como eu queria e gostava. Isso sempre era um bom sinal.

– Com você é idiota. – Ela respondeu rindo.

–Bem que você queria um idiota desses né? – Respondi baixo, mas alto o suficiente para que só ela ouvisse. Ok, eu não perderia a chance de um flerte.

–Nem se você fosse o único homem da face da Terra. – Não respondi, apenas deixei que um meio sorriso invadisse meu rosto.

Ela terminou de escrever e eu comecei a formatar o texto e importar as imagens que a professora solicitou. Concentrado no que eu fazia minha mente se encheu de pensamentos que me lembravam o maldito por que eu estava ali fazendo aquilo. Vão por mim, não era por livre e espontânea vontade.

–Por que você está cursando jornalismo? – Nathaly perguntou após um longo tempo de silêncio – Ta na cara que você não gosta.

Eu não sei explicar, mas aquela pergunta mexeu com meus nervos, eu respirei fundo para não matá-la ali mesmo. Ela não sabe nada sobre mim.

Ao mesmo tempo que parecia saber tudo.

–Apenas acho que não seja de sua conta – respondi ríspido.

Ela se calou e não falou mais comigo depois disso, por mais que eu insistisse em puxar assunto. Ela estava monossilábica. O fim do turno passou rápido e quando dei por mim o sinal já estava tocando.

–Avery! – Ouvi a voz de Nathan me chamar saindo dos banheiros.

–Fala. – Respondi seco.

–O que aconteceu?

–Nada de mais.

–Ta certo. Tem algum compromisso hoje?

–Nenhum por enquanto – Respondi enquanto dobrávamos o corredor que dava no estacionamento do campus.

–Festa particular na casa da Soul. Vamos? – Nathan disse e sorriu com malicia – Os pais viajaram e vamos estudar lá. – Disse o cara de cabelos rebeldes e negros colocando aspas no estudar.

–Hoje não. To sem cabeça pra isso.

–O que aconteceu? – Ele perguntou estranhando minha resposta.

–Depois de explico com calma... – O respondi entrando no carro e colocando a chave no contato do carro.

–Ok. Eu aproveito por você.

– Até. – Respondi e dei partida no carro.

Como na noite anterior tinha nevado muito estava difícil a locomoção do carro sobre a estrada, o que me fez reduzir a velocidade. Eu estava parando para atender uma chamada da minha mãe quando vi a ruivaparada na calçada e parecia que estava precisando de ajuda.

–Quer ajuda?

–A não ser que você tenha uma pá por ai, não creio que possa ajuda. – Ela respondeu nervosa e eu estacionei o carro.

–Eu não tenho uma pá, mas pelo jeito tenho mais neurônios que você – Respondi ironizando a frase.

–Duvido muito, você não enxerga nada além de você mesmo, seria muito improvável que alguém como você pensasse mais do que eu. – Rebateu

–Você vai me deixar te ajudar ou vai continuar me insultando? – Perguntei cruzando os braços e encostando-me ao carro.

Ela se calou e entendi sua resposta.

–Você vai ter apenas duas alternativas – Eu disse após um tempo tentando puxar seu pé e cavando a neve em volta dele. – Ou você larga essa bota ai, ou você amputa a perna, porque isso aqui não vai sair até essa neve derreter. – Eu disse sério. Eu realmente não estava brincando. Talvez exagerando um pouco - Talvez tenha se prendido no meio das lajotas congeladas em baixo da neve.

– Você só sabe dizer bobagem? – Perguntou visivelmente irritada. – Que droga! – Gritou um pouco mais alto do que deveria, novamente medindo esforços para desenterrar seu pé.

Eu não resisti e comecei a rir. Ver aquela ruiva tão cheia de atitude, ali naquela situação, era realmente cômico.

–Para de rir! – Gritou ficando ainda mais nervosa que antes.

–Esta bem eu paro! – Levantei as mãos abertas como sinal de rendição. – Eu te ajudo a sair daí. – Eu sorri e vi suas expressões que antes eram de raiva se tornarem preocupadas – Mas com uma condição.

– Qual é a droga da condição? – Perguntou se rendendo.

– Que você venha comigo. – Respondi com naturalidade.

–Prefiro ficar presa aqui até o gelo derreter. – Disse cruzando os braços.

–Digamos que nas suas condições você não tenha muitas opções. – Ela suspirou, mas não disse nada.

–Eu te odeio. – Sibilou em um suspiro

Ponto pra Matthew. Outra vez. Como está nosso placar mesmo?

–Isso é mentira – Eu disse e me abaixei perto dela abrindo o zíper da bota. – Digamos que eu não seja odiável. Quer dizer... Mesmo que você queira me odiar, isso não é uma das suas opções. Sabe como é, sou bonito de mais para você desperdiçar seu tempo me odiando.

Sem perder tempo e antes que a ruiva, agora livre, mudasse de ideia, eu a peguei nos meus braços e a coloquei dentro do meu carro.

Como eu disse, ela cederia, mas cedo ou mais tarde. Todas cedem.

E a ruiva já começara a abaixar suas defesas. E talvez ela fosse me odiar por isso.

Ou não.


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Notas finais do capítulo

Eae o que acharam? Alguma sugestão? Paixões? Vontade de agarrar ele? Me digam! Eu preciso falar com vocês.
Gente, eu começo a trabalhar na segunda (28) e também a fazer dois cursos e vou estudar a noite. Sim, minha agenda está lotadíssima, eu peço a compreensão de vocês já que vou ficar um pouco sem tempo - principalmente se eu entrar pra academia - Eu prometo não abandonar a história e agora mais do nunca eu vou precisar de vocês. Mandem seus reviews com o que estão achando da história e com sugestões de idéias e também com sua critica (Se for construtiva), eu vou aceitar tudo.

Mas ai, o que vocês esperam dessa saída deles dois? HAHAHAHA
Será que a Nath vai ceder?

Beijos e Comentem.
Marquesa



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