Monster or not escrita por Sophie Valdez


Capítulo 4
Ponto fraco


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos comentários e nova leitoras!!!

Boa leitura!



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Sinto que estão deitada em um lugar pequeno e nada confortável. Abro os olhos lentamente e percebo que já anoiteceu, consigo ver a lua cheia por entre o cruzamento da minha cela. Não, não demorou muito para eu entender que estava presa em uma daquelas gaiolas. Conforme eu me mexia ela se balançava, já que estava presa no alto de uma arvore, o que fazia meu estomago embrulhar.

Meu tornozelo dói muito tornando todo movimento com ele uma tortura, e meu estomago está totalmente vazio, além é claro de eu estar com muita sede e minhas mãos e joelhos ardiam pelos arranhões que tinha feito... Me ajeitei na gaiola e olhei para cima observando o céu que estava muito estrelado, era quase impecavelmente lindo, se não fosse o seu de Neverland.

_ Miss Wendy, você acordou! – Félix diz se aproximando por entre as arvores com mais dois garotos.

_ O que foi? Trouxe reforço para o caso de não ganhar uma segunda luta comigo? – provoco brava.

_ Sem brincadeiras, ou vai ficar sem comida. – um dos garotos diz.

_ Não me importo! No estado que eu estou, morrer de fome não parece tão ruim. – digo virando de costas.

_ Mas morta você não serve Wendy. – Félix diz rindo e manda os meninos descerem minha gaiola. – Tome. – fala empurrando um pouco de comida e água para mim e me fechando novamente.

_ Eu odeio você Félix, e principalmente, odeio Peter! – digo com raiva antes de ser novamente pendurada.

Já fazia muitos dias que eu estava pressa, vendo alguns garotos apenas na hora que a comida chegava. Meu tornozelo ainda doía muito, mas parecia mais que ele estava anestesiado. O sol era forte e a noite fazia muito frio. Resumindo,aquilo era horrível.

Meus pensamentos sempre iam até Bae, onde quer que ele esteja, eu espero um dia encontrado. E é claro que pensava em Peter, eu tinha raiva daquele monstro, raiva por me trancar, raiva por me... beijar!

Foi só depois de uns quatro meses presa que vi Peter novamente. Estava quase anoitecendo quando ouvi alguém andar lá embaixo, não movi um músculo para ver quer era até ouvi-lo falar.

_ Desçam ela. – ele ordenou e outros dos meninos desceram minha cela até o chão. – Vão embora.

Depois de estarmos sozinhos Peter abriu minha cela e me encarou. Eu continuei sentada o olhando feio.

_ Como está? – ele pergunta sorrindo.

_ Como eu estou? Ah vamos ver... – digo nervosa. – Acho que nunca mais vou andar por causa desse maldito tornozelo, eu estou toda machucada, dolorida, como pouco e tenho muita sede já que passo o dia todo no sol quente prensa em uma gaiola!

_ Bom saber que esta bem. – ele responde e tento lhe dar um tapa mas ele segura minha mão do meio do ato. – Calma... eu vim te ajudar, deixe-me ver o tornozelo.

_ Não.

_ Ande logo, agora! – ele ordena e eu estendo a perna a contragosto fazendo uma careta com a dor. Peter coloca as duas mãos com cuidado em volta dele e fecha os olhos, no momento seguinte eu sinto uma dor lacerante.

_ Para! Está doendo! – exclamo me encolhendo.

_ Vai melhorar, eu prometo... só agüente mais um pouco. – ele diz firme. Me contorço de dor e solto mais uns gritos até a dor parar aos poucos. Quando Peter abre os olhos eu ainda soluço parando meu choro silencioso, ele parece cansado e senta ofegante ao meu lado. – Melhor?

_ M-Melhor... – murmuro mexendo a perna e não sentindo mais nada. Ficamos mais um tempo em silencio vendo pequenos vaga-lumes que começam a voar a nossa volta. Aquilo é bonito e eu sorrio depois de muito tempo.

_ Você fica bem bonita sorrindo. – Peter comenta me fazendo corar. – Quer dançar?

_ O que? Dançar, sem musica? – pergunto descrente.

_ É só imaginar Wendy, imagine a música e dance! – ele diz se levantando e me estendendo a mão. Eu o odeio, mortalmente, mas aceito e ele me ajuda a me levantar, como faz tempo que não ando me apoio em seus braços com as pernas meio moles.

_ Não vai dar certo dançar assim... – comento e ele ri.

_ Que tal dançar... voando? – ele diz e joga um pó em nós me fazendo espirar.

_ O que é isso? – pergunto piscando rápido.

_ Pó de fada. – Peter responde colocando discretamente a mão na minha cintura.

_ E o que isso faz? – indago curiosa.

_ Isso. – ele responde e eu arquejo quando percebo que estou subindo, voando! O chão vai se distanciando aos poucos, enquanto Peter me segura firme e começa a rodar comigo pelos céus.

_ Porque... porque faz isso? – digo olhando para ele. – Para que usar pó de fada comigo se vai me prender? Eu não vou ser útil só daqui um tempo?

_ Eu senti sua falta. – ele responde dando de ombros. Peter me segura mais firme e me encara com um sorriso torto.

Oh céus ele é um monstro! Por que eu estou assim? Até parece que eu... Não! Ele é um monstro, monstro, monstro... Um monstro que está perto demais!

_ Peter e-eu... – digo antes de ele me beijar, um beijo um pouco mais devagar que o ultimo, mas rápido, como se fosse um beijo urgente. No momento que nossos lábios se encostam todos meus pensamentos sobre ele somem.

Aos poucos o pó se acaba e vamos lentamente para o chão, sem interromper o beijo, parando apenas quando sinto o chão embaixo dos meus pés.

_ Você tem que parar de fazer isso! – exclama voltando a realidade e me afastando.

_ Tem certeza que é isso que deseja? – Peter provoca sorrindo. – Não parecia...

_ Pois é a verdade! – digo cruzando os braços enquanto ele se aproxima de novo. – Você é um monstro! Eu quero sair desse lugar horroroso e... encontrar o Bae...

_ O Bae? – Peter repete com uma risada fria. – Não acho que o verá novamente.

_ Não acredito! Eu tenho fé que o encontrarei. Porque ele é meu... amigo. – digo nervosa.

_ Não quero falar dele agora. – Peter diz o nariz a centímetros do meu.

_ Por que? – digo baixo.

A resposta dele é silenciosa, ele me beija novamente. Raios, porque eu correspondo? Abraço seu pescoço enquanto suas mãos enlaçam minha cintura, então, ele me leva lentamente de costas até me prensar a uma arvore. Arranho levemente seu pescoço com uma das mãos enquanto a outras se afunda em seus cabelos, Peter acelera o beijo soltando um suspiro e aperta mais minha cintura. Ele transfere seus beijos pela minha bochecha até chegar ao meu ouvido.

_ Você é meu ponto fraco Wendy... – ele sussurra e eu arrepio. Peter começa a beijar meu pescoço e depois volta para meus lábios.

_ Como são surpreendentes as coisas que vemos em Neverland. – alguém diz alto me fazendo separar de Pan. Félix nos observa com um sorriso maldoso encostado em uma arvore. – Não acredito que finalmente Peter Pan foi enfeitiçado... Falhou Pan.

_ Olhe como fala comigo Félix! – Peter silva de um jeito assustador. – Lembre-se do que eu posso fazer! De quem eu sou!

_ Ou de quem você era não é? – Félix provoca sério. – Peter Pan... apaixonadinho por essa aí!

_ E quem disse que eu sequer gosto dela? – Peter responde e sinto uma pontada no peito. Não devia sentir, mais sinto... – É só diversão!

_ Será? O que acha Wendy? – Félix diz reparando em minhas lágrimas.

_ O que eu acho? Acho essa ilha um verdadeiro inferno! Acho você a pessoa mais desprezível do mundo! Acho ele – digo apontando para Peter. – um monstro cruel e sem coração!

_ Sei... – Félix diz me encarando. – Bom, se é só diversão, devíamos dividir não é?

_ O que? – Peter indaga.

_ Dividir! Não é só você que quer se divertir aqui na ilha... Eu creio que posso ter muita... diversão com Wendy. – Félix diz me olhando de cima a baixo.

_ O QUE? – grito indignada. – SEU NOJENTO ASQUEROSO! EU NUNCA VOU FICAR PERTO DE VOCÊ! NUNCA!

_ É só diversão Wendy... – Félix diz se aproximando rápido e agarrando minha cintura.

_ NÃO! ME SOLTE! IDIOTA! – grito me contorcendo até conseguir lhe dar uma joelhada na parte sensível masculina, o que fez ele me soltar.

_ AAAH! SUA VADIA! – ele grita se dobrando e nesse momento eu olho ao redor vendo Peter em um canto nos encarando impassível.

_ Não vai fazer nada? – sussurro para ele que me olha com uma expressão confusa. Nesse momento Félix se recupera e agarra meus pulsos e me empurrando com força para uma arvore.

_ Você merece morrer garota imbecil! – ele diz me encarando e apertando ainda mais meus braços.

_ Aaai... me s-solte... – digo quando lágrimas começam a cair.

Tudo é tão rápido que eu tenho que me concentrar para entender no começo. Félix é jogado do nada para o outro lado da clareira que estávamos batendo com tudo em uma arvore e desabando atordoado no chão. Peter vai até ele e o levanta pelo pescoço até o rosto de Félix começar a ficar roxo.

_ Me escute. Você não vai mais tocar um dedo dela ouviu? UM DEDO! Eu sei o que eu faço, eu mando em você! Então, se quiser continuar vivo... deixe-a em paz! – Peter diz com raiva e então solta o outro que cai no chão ofegante.

_ Saiba... q-que v-ai se arrepen-pen-der disso Peter Pan... E-ela vai... a-ca-bar com v-vocÊ! – Félix diz sem fôlego e levantando cambaleante. – Você tem sorte Wendy Darling... – ele termina olhando para mim e vai embora.

Depois que Félix some nós dois ficamos em silencio, Peter ofegante e tenso enquanto eu sento lentamente no chão chorando. Chorando pelo susto, pela dor, por Peter e por Félix, chorando por tudo...

_ Wendy... – ele diz rouco colocando a mão no meu ombro.

_ Não me toque! – digo histérica me afastando dele. – Eu não quero ser um brinquedinho para você! SEU MONSTRO!

_ Volte para a gaiola. – Peter diz seco se afastando de mim. – Ande logo!

Eu entro a contragosto ainda chorando e ele a tranca, me viro de costas.

_ Sinto muito... – ouço ele murmurar antes de minha cela ser içada para cima.


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Notas finais do capítulo

Gostaram Oncers????

Beijooos