Dean já avistava a casa de Bobby ao longe, e acelerou mais um pouco com o Impala. Ele mandou Sam ver se a criança ainda dormia e o mais novo disse que sim.

Finalmente iriam se livrar desse fardo. Era essa a única coisa que se passava na cabeça de Dean. Tudo bem. Ele podia admitir que a menininha era até simpática. Só isso. Simpática. E problemática ao extremo.

Mas, Dean, infelizmente, não contou com a reação de Bobby.

- ELA É O QUÊ?! – bradava o homem.

- Er... filha do Dean? – tentava explicar Sam.

- EU NÃO ACREDITO NO QUE ESSE IRRESPONSÁVEL FEZ!! – Bobby permanecia furioso com Dean e agora, batia no Winchester nas costas.

- Hey!! Bobby! Tá doendo! – falava Dean tentando se livrar dos tapas de Bobby.

- IRRESPONSÁVEL!!! VOCÊ NUNCA OUVIU FALAR EM PRESERVATIVOS NÃO??!!

- Ouvi Bobby, mas é que... Aiii – tentava se explicar Dean – Acontece...

- ACONTECE?! AGORA VOCÊ TÁ COM UMA FILHA AQUI E ME DIZ QUE ACONTECE!!!

- Bobby... por favor... Ai...

Bobby pára por um momento, olhando Sam segurar a pequena Winchester. Ele suspira e fala novamente, um tanto mais calmo:

- Então, quais são as chances desse bebê ser seu, Dean?

- Eu diria 200% - falou Sam.

- Cala a boca, Sam! – ralhou Dean. – Tá... tem chances sim...

- Você é um canalha, Dean!! E onde está a mãe dessa criança? – pergunta Bobby acariciando a têmpora.

- Er... esse é o problema dois. – disse Dean entregando a carta que veio junto com o bebê.

Bobby lê a mensagem e fica quieto por um momento. Depois, fala:

- Você tá ferrado, garoto!

Dean sorri sem jeito e dá os ombros.

- A gente precisava achar a mãe dessa menina. – disse Sam.

- É... por isso que a gente veio até você Bobby. – completou Dean.

- Ei! Não olhem pra mim desse jeito! Eu não vou servir de babá pra essa coisinha rosa aqui não!

- Ahh Bobby, por favor!

- Não adianta fazer essa cara de cachorro sem dono, moleque! – falou Bobby.

- Mas Bobby, onde ela vai ficar? – perguntou Sam.

- E vocês ainda nem fizeram os testes pra saber se essa criança é uma criança mesmo, não é? – falou Bobby temendo o pior.

- Ela é só um bebê, Bobby...

- Que poderia ser também um demônio, um ghroul, ou qualquer outra coisa! E vocês nem para fazer os testes! Vocês deviam saber disso... Irresponsáveis!! – dizia Bobby enquanto abria a gaveta procurando algumas coisas.

Sam olhou para Dean, que ergueu a sobrancelha. Depois de alguns minutos Bobby pediu para que eles colocassem a garotinha sobre um pentagrama.

- E se for... – começou Sam.

- Nós iremos saber. – disse Bobby. Ele jogou um pouco de água benta no bebê, pronunciou alguma coisa em latim e encostou um objeto de prata na mãozinha da menina.

Os dois Winchester permaneceram olhando Bobby com o seu ritual, até que, o homem disse:

- Está limpa. Realmente, isso é um bebê. – ele suspira por um tempo e pega a menininha no colo. – E agora? O que vão fazer com ela?

- Er... eu acho que é por isso que a gente está aqui... – começou Dean.

De repente, eles escutam um barulho às suas costas e, instantaneamente, vêem Castiel, o anjo que resgatara Dean do inferno, parado à sua frente.

- Cas...

- Dean. – fala Castiel naquele jeito pausado e calmo. Até que ele pára e vê o bebê nos braços de Bobby.

- É do Dean. – fala Sam.

- Dean, nós temos um problema, o Apocalipse...

- Agora não, Cas. Nós estamos com um problema bem maior aqui. – fala Dean.

- O Apocalipse pode matar sua filha, Dean. – fala Cas como se estivesse olhando para o nada.

- Quer parar de dizer isso!! Fica quieto aí, Cas. Bobby, precisamos de ajuda. É sério. Você é a única pessoa que podemos deixá-la...

- Agora você arruma um filho e quer que eu cuide dele... – reclama Bobby.

- Bobby, se a mãe dela não tivesse largado ela na minha porta...

- Isso que dá, você ficar por aí com essas vadias...

- É sério! O mundo tá acabando! O Armageddon está vindo! Eu tenho uma filha! E eu não sei mais o que fazer! – falava Dean aumentando sua voz.

- Eu não sei se você reparou, mas isso aqui não tem cara de uma casa de família!

- Eu sei Bobby! Mas é o único jeito! Eu sei que sua casa não é bem a casa do “American way of life” e ela nem tem cerca branca. Ao invés de grama tem é visgo, e tá cheia de carros velhos e sua parafernália de livros demoníacos e tudo mais! E eu sei que ela não vai ser uma garotinha normal, e nem vai ler Cinderella quando tiver maior. Mas Bobby, eu estou pedindo pra você cuidar dela. Pelo menos até isso tudo acabar...

- Até você morrer nessa sua idiotice de salvar o mundo, você quer dizer. – disse Bobby.

- Bobby, por favor... nós vamos encontrar a mãe dela. – tentou Sam.

- E vão entregá-la pra mãe pra depois ela dar a criança pra adoção. – disse Bobby. – Vocês acham que a mãe dessa menina vai aceitar numa boa o Dean devolvê-la?! Se ela quisesse a filha não teria deixado na porta do quarto de vocês.

- Dean, Bobby tem razão. – falou Castiel. – Muita gente já sabe da existência dela.

- O que você quer dizer com isso, Cas? Que aqueles anjos psicopatas agora vão tentar usar minha filha contra mim? Já bastava os demônios, agora eu tenho que aturar aqueles anjos filhos da mãe!

- Dean, é verdade. Eles irão usar de todas as maneiras para fazer você aceitar a proposta para ser o receptáculo.

- Bobby, por isso... Eu estou te pedindo para que cuide dela. Sua casa é o lugar mais seguro que conhecemos. – disse Dean quase que implorando.

- Você tem que saber que eles virão atrás dela aqui também. – falou Bobby.

- Você é a única pessoa em quem podemos confiar. – disse Sam.

- Garotos... fala sério. Eu? Cuidar dela? Era mais fácil deixá-la com a Ellen... ela leva mais jeito...

- E deixar a guria ser criada naquele saloon horroroso? Nem morto que eu vou deixar aquela louca transformar minha filha numa garçonete de beira de estrada! – falou Dean inconformado.

- Mas, filho, eu não tenho nem ideia de como se cuida de um bebê... Nem um berço eu tenho aqui... – falou Bobby.

- Nós daremos um jeito... E aí, o que me diz? – perguntou Dean.

- Acho que primeiro temos que dar um nome pra ela. – falou Bobby finalmente.

Dean sorriu. Sabia que Bobby aceitaria cuidar da pequena nova Winchester.