“Por vezes eu a amei. Amei-a com toda minha alma e coração. Amei com a mais impossível das possibilidades admissíveis. Você deve estar pensando ‘Isso é apenas mais uma declaração de amor escrita por um bobo apaixonado’, e seria isso se fosse ‘apenas uma declaração de amor’. Os cientistas dizem ser loucura, poetas afirmam ser tortura e os loucos como eu falam que é amor. ‘Amor – Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração’. Eu classificaria o ‘Amor’ mais como o caminho mais prático para a insanidade.

E foi isso que aconteceu...

A sensação de loucura me tomou por completo a partir do momento em que me perdi naqueles olhos cor de oliva (n/a: de oliva porque me induziram a colocar de oliva. Eu iria colocar cor de azeitona aushuahsuha) pela primeira vez. Minha garganta fechou e meu coração bateu mais rápido que um carro de Fórmula 1 na linha de chegada. Minhas mãos tremeram ao mesmo que minha boca secou. E por um único instante tudo o que eu conseguia fazer era imaginar como seria tê-la. Como seria beijar aqueles lábios que, a meu ver, pareciam tão macios quanto às nuvens. Poder sentir de perto o cheiro de baunilha que exalava de seus cabelos quando ela se aproximava.

Houve momentos em que eu não me lembrava de próprio nome...

Tudo o que eu fazia, ou pensava em fazer, era para ela nunca para mim [...]

Cinco anos... E eu poderia esperar mais que a eternidade, só para ouvi-la falar as três palavras mais doces que poderiam sair de sua boca perfeita. Por cinco anos o café foi desculpa para vê-la sorrir. Porque de algum jeito isso me fazia bem, vê-la feliz me fazia bem.

A minha vida inteira esperei por alguém para amar. Então ela apareceu transboradando força e confiança, iluminando o mundo com seu sorriso de menina má, fazendo-me suspirar. “Detetive Kate Beckett” foi assim que ela se apresentou, era assim que a chamavam e assim que a temiam. Mas para mim era apenas Kate, e não tinha nada de apenas, minha Kate.

Pensar nela nunca foi uma obrigação, mas sim uma válvula de escape. Pensar em Kate era ter a sensação de ser aconchegado após um pesadelo. Era ser abraçado por uma lareira em uma nevasca. Era reconfortante.

Não demorou muito para saber que eu estava viciado nessa coisa de amor. Estava viciado no amor dela, da mesma forma que estava viciado no cheiro de cereja do hidratante que ela passava após o banho. Katherine Houghton Beckett era meu vício e eu não estava disposto a largá-lo em minhas resoluções de ano novo. A partir do momento em que me infiltrei em todas as suas camadas, nunca a deixaria fugir. Ela se tornou meu elo com a vida. Ela se tornou a minha vida.

Vê-la todos os dias e não poder nem ao mesmo tocá-la era um sacrifício terrível. Olhar como seus cabelos castanhos caíam perfeitamente em seu colo, e como ela sorria e revirava os olhos quando eu palpitava minhas teorias místicas.

Posso mentir para vocês falando que nunca senti ciúmes, mas, como já afirmei antes, todos saberiam da mentira. Como não sentir ciúmes da mulher que desde o príncipio estava destinada a mim? É inevitável.

A ternura dela para com os familiares das vítimas me fascinava. Beckett sabia o que dizer. Ela sempre sabia.

Pedi-la em casamento nem sempre esteve em meus ‘planos para agora’, mas não podia perdê-la. Perdê-la seria um fardo muito grande que não aguentaria suportar.

O destino nos prega peças, nos faz dar voltas longas, mas sempre nos coloca em nosso devido lugar. E isso é uma lição que jamais esquecerei. Ele colocou-a em meu caminho, nos fez andar lado a lado durante anos, e então finalmente pude alcançá-la e chamá-la de minha. Minha Kate. A mulher que me fazia suspirar antes mesmo de conhecê-la, digo conhecê-la realmente, por dentro de seu coração.

Por vezes eu a amei. E ela também me amava. Um amor doce. Um furacão. Daqueles que assolam nosso coração e faz nosso peito arder de tanto amar.

Como já disse isso seria apenas uma declaração de amor, mas não é. Nenhuma declaração de amor é ‘apenas uma declaração de amor’ essa, principalmente, foi escrita para a mulher de meus sonhos. Ela é a mulher mais magnífica de toda a face dessa terra, então nunca poderia receber apenas uma declaração de amor, mas sim, a declaração do meu amor.

Always

Your

R.C.”

Beckett dobrou o papel amarelado e o colocou de volta na gaveta da mesinha do escritório. As lágrimas que transbordavam de seus olhos não deixaram-a ver Richard chegar. Ele sabia que Kate acharia, sempre soube. Abraçou-a e instantaneamente sentiu o perfume de cerejas. Entre sussurros, de ambas as partes, Castle beijou-a no mesmo instante em que ela sussurou um último “Eu te amo Richard Castle”.