Minerva estava sozinha em um bar, um daqueles bares onde ninguém vai porque não é recomendado, aqueles bares onde mãe nenhuma iria querer sua filha. Mas essa era Minerva, que vai onde deseja e faz o que bem entende.

Por mais que seja uma mulher muito atraente, nenhum homem se atreve a abordá-la, já que parecia extremamente irritada e segurava o copo de vinho com firmeza.

-Nem pra ter uma taça neste lugar. Bom, o que eu esperava? Isso aqui é como a minha vida. O final de tudo, mas é cheio de potencial, como eu era, como Sting era...como a Sabertooth era. O que aconteceu? Em que furacão perdemos nossa essência? Onde está a vitória que sempre nos presenteou?

A jovem nem falava. Os sinais singelos faziam com que ela e o garçom se entendessem relativamente bem, alguém que a entendesse sem falar...que sonho.

-Sonho....interessante. Eu tinha sonhos, sonhos de grandeza. Sonhos que não cabiam em livros ou ainda em histórias para crianças dormirem. Eram sonhos poderosos, capazes de conquistar e destruir. E no final, eu que fui a destruída. Destruída em tudo...nos meus sonhos..no meu desejo e no meu amor.

Ela não sabia o que pensar. Sonhar sempre tinha sido fácil e indolor. Era praticamente realidade. E por mais que lhe doesse admitir...Sting tinha lhe despertado sonhos. Coisa que ela detestava. Era uma rainha. Podia não ter um reino ainda, mas Fiore sucumbiria à sua vontade, porque assim lhe era de direito.

Como lhe era de direito aquele homem.

Na verdade, Sting nunca seria completamente homem nos padrões de Minerva. Ele era um menino, um menino que continha todos os sonhos do mundo e ousou fazer dela um mero sonho. Idiota! Como alguém da magnitude de Minerva pode ser contida em um único sonho? Ela era O sonho! Nada poderia superá-la.

Sonho...eu era um sonho ou o sonho? O que é sonhar? Sonhar não é o prelúdio da vitória? Por que eu só perdi? Por que existem sonhos melhores do que os meus? O que faz um sonho ser melhor do que o outro? Será que são as estrelas? Existe isso de nascer sob estrela de sorte e estrela de azar?

A mulher...jovem...se sentia ferida e continuava sua comunicação silenciosa com o garçom que enchia seu copo trincado de um vinho decadente, mas que ela sorvia com fervor. Cada gole daquela mistura que se passava por vinho, queimava em sua garganta, como os sonhos perdidos e as derrotas. Uma pior do que a outra.

Perder para Erza, a mulher-gato ter conseguido resgatar Lector, sua Gilda ter perdido os jogos mágicos. Aquilo não era pra ter acontecido. O seu único sonho era de vitória, em todos os campos da sua vida e não tinha nada de ruim nisso.

Sentia que a derrota começou quando aquele loiro que tinha péssimo senso estético chegou à sua gilda. Começou a sonhar...com ele...

Da mesma maneira em que ele sonhava com ela.

Entretanto, ela não se conformava em ser somente um sonho e essas sensações que a tiravam de seu caminho de vitória sem precedentes. O racionalizou. Prendeu seu sonho em um potinho de dominação e dali só saia quando o sonho era demais pra ela prender.

Louca, era isso que se dizia da senhorita. Louca por poder, louca por vencer, louca por não sonhar, porque o sonho enfraquece e ela se esquece...que nasceu pra brilhar.

Nem mesmo o garçom a entende mais. Deixa a garrafa ao seu lado e acena em direção à porta. A mulher, pela primeira vez nesse blues envelhecido, não entende o que ele quer dizer e quando olha para a mesma direção, vê Sting ao lado da porta, parecendo que tinha acabado de acordar.

Sem trocar nenhuma palavra, o diálogo é apenas feito com o olhar.

“O que faz aqui Sting? Não deveria estar com o pessoal da Fairy Tail?”

“O meu sonho não está lá, meu sonho é você.”