Não vejo teus olhos, vejo tua alma escrita por YenemasteZannelatto


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/478028/chapter/1

O amanhecer era gélido como todos os outros que se foram, nesta manhã de inverno, Mônica se remexia inquietamente em sua espaçosa cama de casal, inquisição que ganhou com muitas lágrimas de crocodilo e depressões fingidas, o que as pessoas não fazem por mais conforto? Além de ser uma pessoa que gosta de bastante espaço.

O motivo de sua inquietação obviamente era o frio intenso, um dos mais intensos nos últimos oitenta anos, no Brasil, estavam cerca de -23 graus negativos, aquela temperatura jamais foi alcançada naquele país famoso pelo sol ardente, e quem sofria eram seus moradores.

Mônica mesmo estava enrolada em sete cobertas, sendo duas de uma grossura inacreditável, onde ela arranjou tantas cobertas? A resposta estava em seus pais no quarto visinho, rangendo os dentes de frio; o que não faziam pelos filhos?

---Credo! Parece uma segunda era do gelo... – Lembrou-se de seu filme preferido de quando era criança, “A era do gelo”, não chegava nem perto ao frio que lá se compara, mas para uma Brasileira, aquilo era o fim do mundo.

Ela rodopiou os olhos rapidamente para o pequeno aparelho em cima do criado-mudo, que diziam ser exatamente dez da manhã. Mônica tinha um compromisso ás onze, mais com aquele frio, até se arrepiou em pensar estar longe daquelas maravilhosas cobertas, que a mantinham aquecida.

Nada melhor do que o aconchego de seu lar, pensou ela. É, seria o primeiro cano que daria, para tudo tinha uma primeira vez, não?

Mas, se lembrou nervosa que era com Cebola, e logo contestou qual seria a melhor opção; Sair com o amor de sua vida e passar frio, ou ficar naquele quentinho agradável. Olhando por outro lado, haviam dias que não o via, e estava muito ansiosa.

Com uma coragem tirada de não sei de onde, se levantou temerosa, tocando o chão gélido com o dedinho, deixando escapar um gemido, resultado de um choque térmico. Maldito frio.

De uma vez só, estufada de atitude, levantou-se bruscamente correndo como uma gazela fugindo de uma leoa feroz, indo direto para o banheiro.

Por sorte lá ainda continha o vapor de seu recente banho, então não foi muito difícil permanecer lá, o problema é que se esqueceu de sua roupa. Estágio de Marina estava ligado naquele momento.

Preguiçosa, observou uma roupa mais ou menos elegante pendurada ali, não hesitou e vestiu-a desajeitadamente, ela era muito cuidadosa e tinha uma grande auto-estima, mas quando se tratava de inverno, ela perdia tudo isso e um pouco mais.

Depois de alguns retoques, desceu as escadas tropeçando várias vezes, resultado daquele choque novamente, se ele fosse uma pessoa, sansão acuda.

---Aonde vai mocinha? – Questionou sua mãe observando a agitação da filha.

---Sair com o Cebola ué! Já falei pra você mãe... Ontem... – Ponderou pensativa

. ---Ah é mesmo, não se esqueça de levar um casaco, e também de... – Foi cortada bruscamente pelo barulho estridente de uma porta batendo. Mônica não tinha tempo para recomendações maternas.

Já para fora, notou que até neve caia, em pouca quantidade, mas ainda assim caia lentamente na rua pavimentada.

Expirou forte e quando estava pronta para dar um passo para o mundo de neve, seus olhos caiam sobre a figura de bermuda e camisa cavada. Claro... Dc.

Quando os olhos dele repousaram sobre os dela, a única coisa que ela sentiu foi um frio imenso em seus olhos, ainda mais frios do que aquela manhã de inverno, ainda mais frios que a era do gelo. Nunca viu os olhos de Dc assim, antes cheios de sonhos.

Ele a olhou intensamente, como se pudesse ler sua alma.

Mônica sentiu uma pequena dor em seus olhos, e quando ele se virou, sentiu saudade de suas órbitas, eles mesmo que opacos, a deixaram hipnotizada.

Hipnotizada demais, pensava ela, ele andava muito distante ultimamente, e , nas raras vezes que o via, sentia aquela sensação agradável e horripilante ao mesmo tempo. Aquilo estava começando á assustá-la.

Balançou a cabeça bruscamente, e se encaminhou para o restaurante que marcou com Cebola, aquilo a ajudaria á esquecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!