Esquecer você escrita por Mariii


Capítulo 12
Parte II - Doncaster


Notas iniciais do capítulo

Sou uma pessoa muito legal e já estou postando o novo capítulo! o/

É um dos que mais gosto por conta dos sentimentos envolvidos. Tomara que o mesmo que senti escrevendo alcancem vocês e que imaginem a cena com a mesma intensidade. ;)



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Molly organizou tudo com agilidade. Sua mania de organização se fez valer nesse momento. Quando comprou sua passagem e reservou seu hotel torceu para que Mycroft estivesse muito ocupado e confiasse nela o suficiente para que não rastreasse tudo que estivesse em seu nome. Tinha que arriscar. Não pode usar seu verdadeiro nome, não tinha mais seus documentos reais. Odiou esse momento.

Depois que sua passagem estava comprada, ela acertou alguns detalhes com Marcos e deixou com ele o cheque que prometera. Ele lhe desejou boa sorte e garantiu que de sua parte nada sairia fora do que eles planejaram. Molly agradeceu e o abraçou. Apesar de saber que ele só estava ajudando-a pelo dinheiro, sentia-se grata.

Quando o dia da viagem chegou, Robert e Fran a levaram até o aeroporto. Isso lembrou as duas outras partidas que teve, e que foram tão importantes em sua vida. Ficou emocionada ao se despedir deles, mesmo sabendo que seria breve. Não teria muito tempo até ser rastreada.

A viagem transcorreu sem problemas. E ela suspirou de alívio quando ninguém a parou no aeroporto. Sentiu-se melhor ainda quando no hotel tudo pareceu normal. Aliás, normal não seria a palavra correta. Perto do que conhecia, agora a cidade parecia caótica. As pessoas pareciam sempre tensas como esperando um ataque a qualquer momento. Molly sabia que era isso que encontraria, mas não impediu que ela se sentisse triste.

Já tinha entrado em contato com o hospital e eles pareceram extremamente felizes em poder contar com uma médica. Estava tudo acertado com eles e no próximo dia se apresentaria para o primeiro dia de trabalho. Já era noite, se não teria ido no mesmo dia. Mal via a hora de começar.

Acordou na manhã seguinte e olhou para os lados. Uma parte medrosa dela esperava que Mycroft pulasse de dentro do armário para levá-la embora. Quando nada aconteceu e viu que seu quarto estava vazio, ela permitiu planejar seus passos para aquele dia.

Rapidamente se arrumou, tomou um rápido café no salão do hotel e correu para o hospital. Tinha que começar o quanto antes.

Chegou e foi recebida com alegria pelos funcionários, que pareciam exaustos. Vítimas estavam em todos os leitos disponíveis. O último atentado tinha acontecido fazia uma semana, em uma cidade próxima e muitos tinham sido levados para aquele hospital. Trabalham dia e noite, fazendo o possível para salvá-los.

Molly sentiu-se viva pela primeira vez em um ano. Logo começou a ajudá-los e a cuidar dos feridos. Sorria de boa vontade para os pacientes e eles retribuíam. A alegria estampada em sua face fazia com que muitos deles, mesmo na dor, encontrassem motivos para sorrirem.

Ela se dedicava ao máximo. Surpreendeu-se quando percebeu que três dias tinham se passado e ninguém a tinha procurado ainda. Começava a ficar temerosa. Seu plano dera certo, mas agora era uma contagem regressiva até alguém buscá-la.

No seu quarto dia de trabalho pequenos raios de sol invadiam as alas hospitalares. Apesar do cansaço, todos pareciam felizes. Tinham estabilizado grande parte dos pacientes, alguns até voltaram para suas casas. Tudo estava dando certo, mas de repente o chão debaixo dos pés de Molly tremeu.

Teve tempo somente de olhar para os lados antes se ser jogada no chão com a força da explosão. Sentiu-se desorientada. Ouvia gritos. Muita fumaça entrava pelas janelas. Rastejou por um curto pedaço do chão, até chegar à porta. Levantou-se com dificuldade e viu pessoas correndo pelos corredores.

Deduziu pelos gritos que um carro bomba tinha explodido na rua do hospital. Alguma enfermeira a parou no meio do caminho. Precisavam de médicos na emergência. Molly correu pra lá. A fumaça queimava seus olhos, mas ela não se importou.

Quando chegou à emergência, sentiu seu mundo desabar. Seu coração parou de funcionar e tudo a sua volta rodou.

Conhecia aquele sobretudo. Conhecia bem demais aqueles cabelos onde suas mãos se enroscaram dois anos antes. Sherlock estava desacordado, seu rosto sangrava. Molly gritou e correu em sua direção.

Faltavam apenas dois passos quando alguém apareceu em sua frente. Mycroft.

– O que VOCÊ está fazendo aqui? – Seus olhos pareciam que iriam sair das órbitas, tamanha raiva que ele sentia. Ela não saberia dizer se era por vê-la ou por Sherlock estar ferido.

– SAIA DA MINHA FRENTE! – Ficou em pânico ao vê-lo. Era a pior hora para ele encontrá-la.

– Segurem-na! – Molly percebeu tarde demais um par de braços a segurando. Começou a se debater.

– ME SOLTE! MYCROFT! MANDE ELE ME SOLTAR!

Molly já sentia as lágrimas quentes correrem por seu rosto. Se debatia tanto que começava a se machucar. Suas pernas saíam do chão e ela tentava chutar quem a segurava. Mas nada adiantava, o homem era muito mais forte que ela. Tentou morder o braço dele, mas ele percebeu e evitou. Ódio. Puro ódio. Era tudo o que ela sentia.

– Mycroft, pelo amor de Deus, me deixe vê-lo! Eu posso ajudar, Mycroft. Me deixe apenas vê-lo. Por favor... Não faça isso agora...

– Leve ela daqui. A coloque na sala no final do corredor e tranque a porta. Irei encontrá-la assim que possível.

– Me deixe vê-lo. Eu imploro, Mycroft. Por favor... Não faça isso... – Molly estava desesperada. Precisava ver Sherlock. Implorava para Mycroft, lágrimas estavam por todos seu rosto agora e ela via tudo embaçado.

Mycroft continuou impassível. Não disse nada.

Molly continuava se debater e o homem que a segurava começava a levar para fora da sala.

– Eu imploro... Por favor, Mycroft... Eu preciso vê-lo... – Sua voz começava a sumir. Com esforço, olhou uma última vez para Sherlock, na maca. Com surpresa viu quando ele a encarou por um segundo e desmaiou novamente. Aos prantos deixou-se levar e a trancaram na sala, conforme Mycroft tinha ordenado.

–- -- --

Sozinha na sala, Molly encarava a parede. Lágrimas silenciosas ainda escorriam por sua face. Seus braços doíam por ela ter se debatido, mas ela não ligava. Seu sonho tinha acabado da pior forma. Não esperava ver Sherlock, e agora estava desesperada para saber como ele estava.

Sentia-se quebrada por dentro. Nunca imaginou passar por isso. Tinha medo. Mesmo estando distante dele e ele achando que ela estava morta, não conseguia imaginar um mundo sem Sherlock Holmes.

Vazio. O silêncio estava sufocando-a. Não conseguia fazer com que as lágrimas parassem de sair. Estava exausta. Pensou em Fran e Mary, agora queria correr para elas, para ser mimada até dormir. Dor. Em seu estado mais puro.

Não se mexeu quando ouviu a porta se abrir. Sabia que era Mycroft. Ele parou em frente a ela, trazia sua bolsa.

– Vou perguntar de novo. O que você está fazendo aqui? – Molly lentamente pousou os olhos nele. Não parecia estar com a mesma raiva de antes, mas com certeza agora era ela que estava. Sentia seus olhos faiscarem ao encará-lo.

Precisava urgentemente saber como estava Sherlock. Dividia-se entre perguntar sobre a Mycroft e voar em seu pescoço.

– O que você acha que uma médica faz em um hospital, querido?

– Você sabe que não deveria estar aqui. Sabe quanto tempo levou para que John entrasse na ala logo após você sair? Menos de 30 segundos! Você sabe o inferno que seria se ele desse de cara com você? Que deveria estar MORTA?

– EU NÃO ESTOU MORTA, PORRA! – Molly sentiu-se explodir como o carro bomba.

– Cuide de sua boca. Você aceitou os termos. Me surpreende a forma como você fez tudo isso. Subornando um funcionário meu e usando meu próprio dinheiro para isso. – Mycroft olhava com indiferença para ela. Em poucos minutos ele já sabia de tudo.

– O problema é seu dinheiro? Aqui, pegue o que sobrou. – Ela abriu a bolsa que ele trouxera e preencheu rapidamente um novo cheque. – A outra metade está com seu funcionário, espero que você não se importe.

Mycroft pegou o cheque que ela lhe estendia e guardou-o no bolso. Não tinha intenção nenhuma de compensá-lo. Estava impressionado com a inteligência e audácia de Molly. Agora não era tão difícil perceber o que encantou Sherlock.

Ele viu a dor nos olhos dela. Achou que depois de todo aquele tempo ela já teria esquecido seu irmão. Enganou-se. Aquilo mexeu com ele. Não imaginava que o sentimento que ela nutria era tão grande, tão incondicional. Balançou quando Molly virou aqueles olhos castanhos cheio de lágrimas e fez a pergunta que ele sabia que era a mais importante para ela:

– Como está Sherlock? Me diga ao menos isso.

– Ele vai sobreviver, Molly. – Ela assentiu com tristeza. Mycroft aproximou-se dela. Estava sentindo-se infeliz. Agora entendia a natureza do sentimento que transformou tanto com Sherlock. Seu plano tinha funcionado, seu irmão voltara a ser como antes. Mas a que preço? Como Sherlock teria lidado com tudo isso? Será que estava tão danificado quanto Molly Hooper estava, ali, na sua frente?

– Vamos fazer mais um acordo, Molly. – Essa palavra de novo. Ela não aguentava mais. – Sherlock está sedado agora. Eu dou um jeito para você vê-lo por dois minutos, você volta para o Brasil e não me causa mais problemas até que esse inferno termine.

Ela encarou Mycroft e viu em seus olhos algo parecido com compreensão. Não esperava isso do Holmes mais velho. Assentiu, sem acreditar.

Ela veria Sherlock.


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Notas finais do capítulo

Gostaram???

Me digam no review! :D