Sara saiu do banheiro e o viu sentado na cama, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça entre as mãos, parecia muito cansado.

- Griss – ela chamou.

- Oi querida.

Aproximou-se dele, olhando-o com uma expressão carinhosa. Postou-se entre suas pernas, ele deitou a cabeça em sua barriga e abraçou-a pela cintura.

- Parece tão cansado amor – ela acariciava os cabelos, a nuca e os ombros dele.

- Eu estou realmente cansado. Ecklie não largou do meu pé nos últimos dias.

- Vá tomar um banho e depois farei uma massagem para você relaxar.

Ele ergueu os olhos para ela.

- Eu adoraria amor, mas você também está cansada.

- Não se preocupe com isso. Agora vá.

Ele levantou-se da cama esfregando seu corpo no dela e a beijou. Um beijo leve, gostoso que ele logo quis aprofundar. Porém, antes que fossem longe demais ela interrompeu o contato e o empurrou em direção ao banheiro.

Sara se recostou na cama com um livro nas mãos, esperando-o sair do banho, mas sua mente não prestava atenção nas palavras escritas naquelas páginas, ela estava maquinando um jeito de fazê-lo aceitar sua vontade.

Grissom saiu do banheiro vestindo apenas uma cueca boxe preta e Sara o instruiu a deitar-se de bruços na cama, enquanto ia buscar um óleo para massagens. Ela se acomodou de joelhos na cama e começou a massagea-lo na nuca, depois ombros e costas.

Quando percebeu que ele já estava totalmente relaxado e quase dormindo ela parou, foi até o banheiro, lavou as mãos e voltou a deitar-se ao lado dele, que logo se virou e encaixou seu corpo no dela e assim adormeceram.

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Quando Sara acordou ele não estava na cama. Ela sentiu um delicioso cheiro de comida invadindo o quarto, vestiu seu robe curto e foi até ele. Grissom estava na cozinha, de costas, mexendo em uma panela. Ela o abraçou por trás e beijou seu pescoço, fazendo-o se arrepiar.

- Está melhor querido?

- Estou ótimo, obrigado.

- O que tem aí? – olhou curiosa para a panela fumegante.

- Yakisoba de legumes. Seu prato preferido.

- Hum. Tudo isso por que eu lhe fiz uma massagem? Fico imaginado qual seria minha recompensa se tivesse feito outras coisas também.

Ele virou-se em seu abraço e apertou-a com força.

- Nós podemos descobrir isso depois - ele lhe lançou um sorriso malicioso e depois tomou seus lábios com paixão.

As mãos dele passeavam por seu corpo, deixando-a completamente entregue a seus carinhos.

- Amor, a comida vai queimar – ela murmurou contra sua boca.

Ele suspirou e soltou-a, indo verificar o conteúdo da panela. Sara aproveitou para arrumar a mesa e logo depois estavam almoçando.

- Humm. Está uma delicia amor – elogiou ela.

- Que bom que gostou.

- Eu gosto de tudo o que você faz, por que você faz tudo com perfeição.

Eles trocaram um sorriso intimo.

- Sabe Gil, eu estava pensando. Você poderia fazer um almoço aqui em casa para os nossos amigos, para comemorar o seu aniversário.

- Acho que não é uma boa ideia.

- Por que? O que poderia dar errado?

- Eles poderiam perceber alguma coisa entre nós e Hank poderia nos entregar, você sabe que ele adora você – ele desviou o olhar do dela.

Sara estudou a expressão dele, ela sabia que havia outro motivo para ele não querer aquele almoço.

- Ora, isso não vai acontecer. Basta recolhermos qualquer objeto que possa denunciar minha presença aqui e manter Hank trancado na lavanderia.

- Não sei querida, acho que...

- Gil? Nós dois sabemos que não é por isso que não quer comemorar, há outro motivo. Então fale logo – insistiu.

Ele parou de comer e olhou para ela.

- Não quero comemorar, por quefaz com que me sinta velho. Parece que fazer cinquenta anos vai aumentar ainda mais a diferença entre nós.

Ele viu a expressão dela mudar de carinhosa para irritada, muito irritada em um segundo. Ela odiava aquele assunto sobre diferença de idade entre eles, mas era inevitável que ele pensasse assim. Ela era jovem e linda e ele um homem que já vivera meio século.

- Não acredito que está pensando nisso de novo. Sabe que não me importo com isso, não é só você que fica mais velho a cada ano Gil, eu também já não sou nenhuma jovenzinha. Se esse era o motivo, então ele já não existe mais.

- Desculpe querida, não vou mais tocar nesse assunto, eu prometo – ele segurou a mão dela por cima da mesa.

- É bom mesmo. Então podemos oferecer o almoço? Melhor você pode oferecer. Além do mais, será uma maneira deles participarem da nossa vida juntos, mesmo que não saibam disso. Por favor amor – pediu com um olhar meigo e um biquinho de lado que derretia seu coração apaixonado.

- Isso é covardia Sara Sidle. Sabe que não resisto quando faz essa carinha.

- Isso é um sim? – perguntou já sabendo que ganhara.

- Sim. Vamos fazer o almoço – ele suspirou resignado e balançou a cabeça sorrindo.

Ela sorriu, deu a volta na mesa, sentou-se no colo dele e distribuiu vários beijos em seu rosto bonito.

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Mais tarde naquele dia ele fez o convite aos amigos, logo depois de distribuir os casos. Eles estavam reunidos na sala de descanso.

- Antes de sairmos eu gostaria de fazer um convite a vocês – Grissom começou, sentia-se um tanto estranho, nunca havia feito aquilo antes. – Bom, como todos já sabem amanhã é meu aniversário e eu gostaria muito que vocês fossem almoçar comigo, na minha casa.

Eles olharam surpresos para ele, Sara lhe enviou um sorriso discreto.

- Você vai cozinhar para nós, é isso?

- Sim Greg, eu vou.

- Almoço na casa do chefe, eu estou dentro – disse Warrick.

- Eu também. Não perderia esse almoço por nada – emendou Greg.

Nick, Cath e Sara também concordaram e eles se foram para os casos da noite. Brass também ficou surpreso com o convite, quando Grissom o fez, alguma horas depois, mas confirmou que estaria lá.

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Todos foram para suas casas assim que o turno terminou, precisavam descansar antes do “grande almoço”, pois apenas Sara e Grissom estariam de folga naquela noite. Os dois decidiram descansar algumas horas também, para estarem bem dispostos para mais tarde.

Quando Sara acordou, Grissom já estava na cozinha começando a preparar o almoço. Ela tomou um longo banho e logo depois de dar um beijo apaixonado e seu namorado ela saiu.

Eles haviam combinado assim. No dia anterior haviam tirado qualquer objeto que pudesse sugerir que ela morava ali, do alcance das vistas dos visitantes. Hank ficaria trancado na lavanderia e Sara fora do campo de visão dele, pois se não fosse assim ele com certeza estragaria tudo. Ele adorava Sara. Então antes do almoço ela sairia e voltaria apenas no horário combinado. Ninguém desconfiaria de nada. O plano era perfeito.

Sara aproveitou aquele tempo para buscar o presente de Grissom na livraria de um amigo. Ela havia comprado uma trilogia de livros de Entomologia, que ele estava querendo há tempos, mas que estava sempre esgotada. Então ela encomendou com seu amigo que, em uma de suas viagens a Nova York, conseguiu os livros autografados pelo autor, do qual Grissom era fã.

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Ele estava dando os retoques finais na salada quando a campainha tocou, secou as mãos em um pano de prato e foi atender. Abriu a porta e viu Cath, Greg, Nick e Warrick todos com um sorriso aberto nos lábios.

- Olá pessoal. Entrem por favor – convidou.

Eles entraram cumprimentando-o e entregando seus presentes. Grissom agradeceu e começou a abri-los assim que se acomodaram na sala. Cath lhe deu uma coleção de filmes antigos, de suspense, que ela sabia que ele gostava. Greg lhe deu um livro bem interessante que contava a história de Vegas. Nick e Warrick dividiram o presente, uma camisa oficial, uma luva e uma bola do time de baseball para o qual Grissom torcia.

- Obrigado pessoal, eu adorei os presentes.

Ele ouviram Hank latir e Nick olhou-o surpreso.

- Você tem um cachorro?

- Tenho sim, Nick. É um boxer, adestrado.

- Gostaria muito de conecê-lo, se for possível.

- É Grissom, porque não traz o Hank para conhecer os meninos, eles vão adorar – incentivou Cath.

Mesmo apreensivo com a situação ele concordou e levou o cão até a sala. Talvez Sara ainda demorasse um pouco a chegar. Assim que Hank entrou na sala todos se encantaram com ele. Era um cão dócil, brincalhão e carinhoso, apesar do seu tamanho avantajado.

O tempo foi passando e a apreensão de Grissom aumentando, ela chegaria a qualquer momento, precisava levar Hank de volta a lavanderia.

- Acho melhor leva-lo de volta a sua cama, ele não está acostumado a tantas brincadeiras, pode ficar muito agitado.

A desculpa soou falsa até para seus próprios ouvidos. Hank adorava brincar e jamais ficava agitado por isso.

- Ah, que isso Grissom, deixe ele aqui mais um pouquinho, pelo menos até Sara chegar. Ela vai adorar conhecer o Hank – pediu Greg.

Ele não teve como negar poderia parecer estranho ele querer tanto tirar Hank da sala sem deixar Sara vê-lo.

- Tudo bem, vou dar uma olhada no forno então.

Foi para cozinha, pegou o celular e ligou para ela. Tinha que avisa-la e pedir que demorasse um pouco mais, até que ele conseguisse inventar qualquer outra desculpa mais convincente e prender Hank.

- Oi amor, tudo certo? – ela atendeu.

- Oi querida. Você precisa... – não terminou a frase pois a ligação caiu.

Tentou novamente e só dava caixa postal.

- Que droga!

A campainha tocou poucos minutos depois, enquanto ele ainda tentava falar com Sara. Foi atender rezando para que fosse Jim e não ela. Ele abriu a porta e lá estava o capitão. Ia dar um suspiro de alivio quando viu quem estava logo atrás dele.

- Oi Gil, parabéns velho amigo – Jim o cumprimentou com um abraço e pôs um embrulho em suas mãos.

Grissom arregalou os olhos para Sara por sobre o ombro de Jim, tentando uma comunicação muda, mas ela não entendeu.

- Olha só quem eu encontrei lá embaixo – disse Jim dando um passo para dentro do apartamento e deixando o caminho livre para Sara.

- Oi Griss – disse com um sorriso cúmplice.

Tudo aconteceu muito rápido, tanto que ninguém teve tempo de reagir e segurar o cão que corria alegremente em direção à morena. Ele derrubou-a no chão e ficando por cima dela, tentava lamber seu rosto. Sara ria e tentava desviar o rosto daquela língua enorme.

- Hank pare! Hank....

Os amigos olhavam para a cena boquiabertos. Então ela conhecia o cão? Grissom se recuperou da surpresa e foi ajuda-la, puxando o cachorro de cima dela, pela coleira.

- Hank! Saia de cima dela agora! – ordenou com a voz firme e ele obedeceu se afastando.

Gil estendeu a mão para Sara.

- Você está bem amor? – perguntou preocupado.

- Grissom! – Sara arregalou os olhos assustada com as palavras dele.

- Amor??? – perguntaram os amigos em uníssono.

Ele soltou um suspiro e sua cabeça pendeu para frente. Droga! Ele revelara o segredo deles, agora só havia uma coisa a fazer. Então ele entrelaçou os dedos nos dedos dela e puxou-a para dentro, fechando a porta e encarando cinco pares de olhos estupefatos e curiosos sobre o eles. Sara não tinha ideia do que eles iam fazer agora, mas com certeza não esperava o que veio a seguir.

- Nós estamos juntos há quase dois anos – declarou Gil.

O silencio reinou na sala e ele quase podia ver os pensamentos ricocheteando na cabeça de cada um deles, enquanto Sara apertava a mão dele com força. Viram Cath fitar cada um de seus amigos com um olhar cúmplice e então ela se manifestou.

- Até que enfim vocês resolveram assumir seus sentimentos um pelo outro e tomar uma atitude.

- Como assim? - perguntou Sara confusa com a declaração da amiga.

- Todos nós sempre soubemos que existiam muito mais sentimentos entre vocês do uma simples amizade, só não sabíamos até quando negariam isso a si mesmos.

Agora foram Sara e Grissom que ficaram surpresos pelas palavras de Cath. Eles trocaram um olhar.

- Isso é uma opinião geral ou apenas sua Cath? – quis saber Gil.

- Geral – respondeu Brass seguido dos meninos.

- Bom agora temos dois motivos para comemorar – declarou Greg animado. – O aniversário do chefinho e a descoberta do relacionamento de vocês.

- Sem contar que agora temos mais um motivo para pegar no pé da Sara – disse Nick sorrindo.

- Pode crer Nick, agora ela é a mulher do chefe – Warrick riu.

- Sara olhou para os três fingindo-se de brava e depois sorriu.

- Eu e a Sara agradecemos a vocês pela compreensão. Então, vamos comer?

Eles se sentaram e se serviram conversando animadamente. Grissom observou-os por alguns momentos. Era bom estar entre seus amigos, ainda mais agora que eles sabiam de seu relacionamento com Sara.

Ele olhou para os meninos que provocavam sua namorada, embora fossem muito atenciosos e responsáveis no trabalho, fora do laboratório parecia três crianças crescidas, eram muito divertidos.

Seu olhar vagou até Cath e Jim, seus amigos de longa data. Eles sempre o incentivaram a encontrar uma namorada e pareciam muito felizes por ele finalmente ter seguido seus conselhos.

Ele segurou a mão de Sara sobre a mesa e a olhou com carinho. Ela era a mulher certa para ele, a mulher que lhe dera uma vida, amor compreensão, amizade, carinho e paixão. Ela enchera seu mundo de cor e brilho, com delicadeza e calma, sem pressão, sem cobranças.

Sorriu para ela que retribuiu. Ele a amava demais e ter uma vida com ela estava sendo melhor do ele havia sonhado um dia. Por fim, comemorar cinquenta anos fora maravilhoso.