Capítulo 6

Um Novo Inimigo

Tudo o que eu sonhei aconteceu, exceto eu estar no meio da floresta e minha família ter sido morta na Capital. Neste momento estou no meio da festa na mansão da presidente Coin, a festa se iniciou a meia hora e a única coisa que vi foram pessoas comendo como se fosse o último dia de suas vidas. Uma orquestra toca uma música próximo a porta principal da mansão. Rosanne e minha irmã não param de falar, Rosanne esta com um vestido cumprido e justo preto e azul claro e minha irmã com um vestido parecido só que na cor verde musgo. Minha mãe não para de sorrir, ela esta com um vestido folgado, na cor creme (horrível na minha opinião), e eu e Allant estamos de terno, exceto minha gravata borboleta extraordinariamente chamativa amarela e Allant está com um suspensório verde florescente.
“Sorte á de Jhanna que não veio.” Penso.
Durante a festa minha mãe me arrasta até a mesa aonde se encontra todo tipo de comida que nunca vi. Uma bandeja com crustáceos coloridos, canecas cheias de bebidas e vários tipos de bolos e tortas.
— Você não está se divertindo? — Pergunta ela.
— Porque eu estaria me divertindo?
— Isso é uma festa, por mais que moremos no 7 é quase raro termos alguma comemoração. — Diz minha mãe. Ela realmente está feliz com tudo aquilo. — Pode pelo menos fingir?
— Posso tentar.
— Sei que não vai me desapontar.
Vou em sua direção para lhe dar um abraço mas ela me bloqueia com os braços e solta um berro com que faz que todos olhem para nossa direção.
— O que diabos você pensa que esta fazendo? Vai amassar meu vestido todo! — Diz ela com um tom de voz alto o suficiente para todos ouvirem.
Eu me afasto o mais rápido de um modo que não seja notado, e vejo Rosanne e Allant próximo a mesa de bebidas explodindo em gargalhadas.
— Não acredito que vocês conseguem rir disso — Digo.
— Você não riu porque não foi você quem viu. — Diz Rosanne se apoiando na mesa.
Allant é pálido mas seu rosto estava corado como um camarão, depois de ficar sem fôlego.
— Você já experimentou isso? — Pergunta ele repondo o ar dos pulmões, pegando uma taça sob a mesa.
— Não, e você também não vai. — Retruca Rosanne tomando a taça de sua mão com um líquido amarelo com uma espuma azul.
— O que vocês acham que vai acontecer de especial hoje? — Rosanne pergunta.
— Porque aconteceria algo de especial? — Respondo.
— Idiota, é a Capital que esta organizando, você acha que depois de toda essa cerimonia vão nos jogar nos trens com um jarro como lembrança da festa?
— Acho que se você me chamar de idiota de novo eu sou capaz de dar um soco na sua cara aqui na frente de todos. — Respondo.
— Acho que se as mocinhas não calarem a boca eu vou dar um soco nos dois. — Diz Rosanne.
— Enfim, Coin está preparando alguma coisa, eu sei disso, essa palhaçada toda não é em vão. — Diz Allant
Por um momento percebo que Rosanne perdeu totalmente o foco da conversa, deveria esta vagando com os pensamentos em uma dimensão totalmente longe da que estamos agora. Mas me dou conta que seu pensamento está em um garoto de pele marrom clara, com um cabelo diferente de todos, raspado nas laterais da cabeça e amplo na parte de cima.
— Já sei qual é o motivo dos seus pensamentos. — Digo.
— É o Dashner, ele é lindo, perfeito para se casar comigo.
Faço uma careta, Allant tenta olhar discretamente mas vira com um impulso e ainda aponta para o garoto que aparenta ter uns 17 anos. Rosanne lhe da um tapa na altura de sua mão com o indicador apontado para o jovem.
Passam-se mais 2 horas de festa e continuamos na mesma, eu, Allant e Rosanne estamos sentados próximo ao centro das mesas, minha mãe esta conversando com umas senhoras e minha irmã está do outro lado do quintal da mansão com duas garotas e um cara. A música para do nada e de repente a presidente Coin aparece na sacada, por mais que isso seja clássico do Presidente Snow.
Ela nos cumprimenta, da as boas vindas e diz o quão ardo foi a conquista pela Capital. Enquanto ela fala Katniss Everdeen e Peeta Mellark chegam e retiram toda a atenção da presidente, que com ciúmes desaparece da sacada.
— Gente aquele é o Peeta! Nossa ele é muito melhor pessoalmente, preciso de alguma coisa para beber. — Diz Rosanne que vai até a mesa e pega um copo retangular com água.
— Grande coisa, eu não gosto muito dele, graças a ele aquela senhora do distrito 4, a Mags está morta. Eu sei que provavelmente ela morreria depois de qualquer jeito no Massacre mas mesmo assim. — Diz Allant.
Rosanne não ouviu, o que foi bom, pois ela faria um escândalo.
— Vamos lá falar com eles? — Suponho.
— Vamos esperar a multidão sair de cima deles. — Diz Rosanne, mas entra em pânico ao perceber que Peeta vem em nossa direção.
Ele passa por nós, nos cumprimenta e vai ao encontro da mesa que está a minha frente aonde tem doces e guloseimas.
— O que tem de bom? — Pergunta ele.
Ninguém sabe o que fazer, se a pergunta foi direta ou se é que ele perguntou mesmo.
— Ei vocês! — Ele chama nossa atenção. — Estou falando com vocês três.
— Nós? — Perguntamos simultaneamente.
— Sim — Diz ele.
Nos aproximamos da mesa próximo a ele mas antes que possamos interagir, a presidente Coin o chama e chama Katniss também e os dois se posicionam próximo a entrada da mansão enquanto a presidente volta para a sacada.
— Ai meu Deus! — Diz Rosanne quase gritando. — Ele é lindo e tem cheiro de frutas e pão recém assado.
— Nossa que romântico. — Diz Allant com sarcasmo.

A presidente interrompe a música mais uma vez, desta vez da para ouvi-la melhor pois estamos logo abaixo da sacada. Todos ficam em silêncio. Ela começa a falar, provavelmente estará encerrando a festa.

— Eu pessoalmente gostaria de agradecer a presença de todos, fico feliz em saber que os 13 distritos puderam comparecer. — Por mais que não parecesse grande parte de cada distrito estava por lá, até do 13. — Bem essa, festa é para a nossa comemoração como vocês já sabem e principalmente gostaria de pedir uma salva de palmas para o nosso casal Katniss e Peeta que estão conosco hoje.
Todos começam a aplaudir, percebo que minha mãe e minha irmã estão juntas e estão acenando para que nos juntemos a elas. Chamo a atenção de Allant e Rosanne e nos encaminhamos até elas do outro lado do quintal.

— Enfim, gostaria de lembrar a todos que por mais que vivêssemos um momento difícil tínhamos momentos de triúnfo, e gostaríamos de reviver esses momentos. É uma ideia que sei que não será aceita por muitos, mas achamos que seria muito interessante relembrar os velhos tempos. Que por mais que sofríamos tínhamos vitória.
Todos começam a murmurar indignados, alguns não conseguiram absorver tudo o que a presidente estava dizendo mas Allant, Rosanne ,eu e vejo que Katniss a 2 metros de distância, também entendeu. Ela quer fazer mais uma edição dos Jogos Vorazes.

— É isso mesmo o que estamos entendendo? — Pergunta um homem em alto e bom som, ele aparentava ser do distrito 3, com seus óculos grandes e vestes sociais.
Alguns ainda tentam entender, até que a presidente quebra o silêncio e manda na lata a informação que deixa todos em choque, um verdadeiro baque.

— Nós realizaremos uma última edição dos Jogos Vorazes! — Diz a presidente.
Todos indignados começam a xingar em alto e bom som a presidente. Alguém lança uma taça em direção a sacada mas um pacificador bloqueia a presidente e a encaminha para dentro da mansão, enquanto aponta para um homem magro que estava no meio de todos. Dois pacificadores chegam e o arrastam até os fundos do quintal.

Minha mãe nos arrasta para longe, tudo vira o palco de um confronto entre civis e pacificadores. A mesa de comida é derrubada e pedaços de vidro voam pelo ar, um estilhaço voa em nossa direção mas percebo antes que seja tarde e empurro minha irmã de um modo que ela caia no chão. Uma arma é disparada e todos correm em direção aos trens. Não pude ver muita coisa só vejo que todos correm incessantemente e que ao chegarmos nos trens pessoas são empurradas e caem nos vagões, minha mãe e minha irmã estão bem, assim como Allant, Rosanne e eu. Me dou conta que Katniss e Peeta estão no mesmo vagão que o nosso e também percebo que a guerra vai voltar, não tivemos um verdadeiro fim, só um breve descanso, mas coisas piores estão por vir.