O Cavaleiro dos Lírios escrita por Kuro Neko


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Há certas informações que são ocultas (como o nome do irmão de Almur) neste capítulo. Portanto, tenha em mente que tais informações serão citadas em capítulos posteriores.



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Um homem corpulento andava lentamente na chuva. Fora ele, a rua em que estava parecia deserta, com apenas o chão de pedras, os casebres de madeira, os castelões ao longe, as estrelas e seus deuses a observá-lo. A cada passo, uma fúnebre melodia se repercutia pela noite. Seguiu, olhando para cada construção, procurando algo ou alguém. E, ao fim dessa rua, uma rotatória onde o caminho se bifurcava em seis direções, um açougue e uma estalagem, cujo a qual se destinava. Não havia ruído algum vindo de lá, até que ao chegar até ela, abriu a porta e adentrou.

Seu traje era negro, cintilando pela luz do luar refletida nas gotas da chuva. De acessórios, usava luvas e capuz, todos negros. Sobre sua cota de aço negro e sua grã foice, respingos avermelhados de sangue. Uma sugestão de sorriso fez várias pessoas correrem e gritarem e rezarem em conjunto. Um jovem rapaz e seus amigos, sentados à uma das uniformes mesas arredondadas de madeira observaram-no atônitos, enquanto este elevava a grã foice ao ombro.

— Tenho que fazer alguma coisa - Disse o mais velho entre eles, de modo bem discreto - Ninguém poderá pará-lo, exceto eu.

— M-mas — Disse o jovem rapaz — Não vá, Almur, e se...

— CORRAM! — Gritou um dos quarto integrantes.

O homem encapuzado olhou para eles. Seus olhos vermelhos apareceram e, após decapitar uma pessoa qualquer, puxou uma adaga e a atirou na direção deles, que encravou no ombro de um dos amigos do rapaz, fazendo-o cair de costas. Ninguém sabia o que fazer. “Movam-se, pernas”, ordenou o jovem rapaz, sem sucesso.

Almur, o mais velho, mesmo que com trajes simples de algodão, previu o ataque do homem trajado em negro e, com sua espada de cavaleiro, deteu-o facilmente. O golpe teria atingido o pescoço do seu irmão, o jovem rapaz.

Uma dança de armas começara. Aço contra aço. Almur liderava ataques sucessivos que vez ou outra cortava seu oponente, que ainda assim não sangrava. Já a foice possuía uma menor sequencia de golpes, porém mais fortes. Nenhum dos ataques conseguiram acertar Almur, uma vez que eram mais lentos. Em maioria, esquivou-se deles e, quando defendeu com a sua espada, foi atirado ao chão com o impacto.

Enquanto a luta continuava, o jovem rapaz, irmão de Almur, estava perdido ante ao pandemônio da cena. Muitos passavam por ele, empurrando-o para mais longe de seu irmão. Ele gritava seu nome, chamando-o, tentava abrir caminho mas nada teve efeito, até que uma estante de bebidas caiu em cima dele e foi apagado por ela.

— Almur? Acorde, você lutou bravamente. Como se sente?

A voz não lhe era familiar, mas o fez abrir os olhos.

Encontrava-se em um quarto circular bem comum, feito de pedra, deitado em um colchão de penas. O sol que entrava por uma janela acima de si mostrava pequeninos pontos de poeira no ar, provavelmente provenientes da estante de livros e da tapeçaria que ali estavam. Havia apenas uma porta, de madeira, que estava aberta e através dela era possível enxergar uma escadaria espiral de pedra que tanto subia quanto descia. O homem que o tinha confundido com o irmão era idoso, mas com compostura honrosa. Trajava uma manta branca, que chegava ao chão, com uma faixa azul e preta pendurada envolta do pescoço, passando pelos ombros. As mãos estavam ocultas pelas mangas longas da manta.

— Estou... bem — Respondeu por fim — Acho que estou. — Levou a mão a testa, apalpando uma faixa úmida e quente que tinha na testa, debaixo dos seus cabelos negros.

— Ótimo — O homem deu um sorriso — Fico feliz que esteja bem.

E então, voltou a si. Lembrou-se da estalagem, da chuva, do sangue, da confusão e, acima de tudo, do irmão. Com olhos esbugalhados, respirou fundo rápida e subitamente e tentou se levantar, mas a dor o puxou de volta a cama. Fechou os olhos e comprimiu a boca para não gritar de dor.

— Você foi treinado para ser cavaleiro, não herói — Começou o homem — E será um, em breve. Seu juramento e o torneio de nomeação começam em dois dias. Mas lembre-se que um cavaleiro tem que aprender a perder. Não acharam seu irmão, sinto muito. Mas você ficou com ele, lutou por ele, e isso é o que importa. Ah, e também acharam isso — Ergueu um lírio meio avermelhado e fino e o entregou — Poderia ter sido dele, nada se sabe. Mas fique com ele e lembre-se que, enquanto o tiver, ele sempre estará contigo.

“Meu irmão seria um cavaleiro”, pensou, com o lírio em mãos. "Mas eu serei um herói. E, quando for um, o entregarei esse lírio. De agora em diante, serei Almur Highwood, o herói. O Cavaleiro dos Lírios".


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Notas finais do capítulo

Os irmãos Highwood são bem parecidos, por isso foram confundidos. Mas se são gêmeos... bem... podem tanto ser quanto não ser, *drama*.
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