Luas de Sangue escrita por Fallen


Capítulo 1
Sem crimes. Só castigos.




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Essas caras feias me encarando como se eu
fosse uma criminosa perversa; e isso garanto que não sou. O sótão está lotado, aliás ultrapassou a capacidade de lotação. As pessoas estão de pé nos corredores, nas escadarias, e algumas estão quase caindo dentro da rinha.
Essa coisa abominável está sendo transmitida pela internet. É, estou vendo os apostadores sentados em vários pontos do sótão. Tem até uma daquelas câmeras de controle remoto, que desliza por fios acima da rinha. Mas são esses, que estão aqui dentro, que partem meu coração, ou oque resta dele. Ser confrontada por dezenas de rostos curiosos, maldosos ou pelo menos indiferentes...Isso sim dá medo.
E não há um único olho marejado, muito menos lágrimas.
Nenhuma palavra de protesto.
Nenhum pé batendo com força no chão.
Nenhum punho erguido em solidariedade.
Nenhum indício de que alguém esteja pelo menos andando em frente, quebrando o cordão de isolamento e tentando me levar para um lugar seguro.
Está na cara que não é um bom dia para mim. Na verdade, enquanto o dinheiro passa de mão em mão, parece que esse será meu ultimo dia aqui.
Essa suspeita é confirmada pelo homem careca e muito alto sentado em uma espécie de trono.Eu sei quem ele é. Na verdade, já o conheci. Ele é o cara que bate nas grades da minha jaula toda noite, e, logo em seguida me joga um pedaço de carne.
Bem atrás dele está uma faixa enorme escrita. The Death.
E, então, a multidão começa a berrar, quase cantando The Death! The Death! The Death!.
Imperiosamente, O Homem, cujo todos chamavam de Mão Negra,levanta a mão e seus capangas encapuzados me empurram empurram para frente, pelo menos até onde as cordas ao redor do meu pescoço permitem. Vejo o outro cachorro. Ouvi alguns comentários de que ele é um lutador ótimo. Um Dog alemão, preto. Cheio de cicatrizes em todo o corpo.
Ele está me olhando, babando e latindo como se não houvesse amanhã. E, para um de nós dois, não haverá.
Fiquei pensando em algo para amenizar a dor que eu iria sentir logo logo. Vejo Thunder. Ele está chorando. Não por ele mesmo, é claro, mas por mim.


Vejo o Mão negra, agora curvado em resignação, sorrindo para mim. O simples fato de ele me olhar fazia meu corpo estremecer de raiva. Eu respirava e levava o pensamento novamente ao meu lar, tentando lembrar de que de nada vale ficar arrasada em meus prováveis últimos momentos nesse planeta.
Mas estou me adiantando muito. Eu deveria estar fazendo uma introdução
aqui, e não descrevendo os detalhes da minha execução em uma rinha qualquer. Então, vamos voltar um pouco no tempo...


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