Acordei com a luz do sol nascente em meu rosto, não me privei de olhar ao redor, estava em meu quarto. Acordei completamente suada e assustada. Haveria sido um sonho ou eu realmente tenho asas? Toda aquela luz me fez parar por um tempo e pensar sobre isso. Minha cabeça realmente doía, eu ainda sentia tudo girar. E todas as imagens da noite anterior passavam e repassavam em meus olhos. Eu precisava saber o que tinha acontecido, e se alguém sabia esse alguém era a Madge. Levantei-me rapidamente e fui vestir uma roupa apropriada para aquela manhã de sábado. Linda e ensolarada manhã. Pus então, meu vestido amarelo com delicadas flores alaranjadas, que sempre caía bem em meu corpo ossudo. Desci rapidamente as escadas da mansão. E encontrei Noah dormindo no sofá, não quis acordá-lo, então segui até a cozinha. Madge estava lá, como sempre. Sentada em sua cadeira de balanço feita de madeira, tricotando.

– Bom dia, pequena. Como foi a noite? - Ela me perguntou

– Bem, eu queria conversar sobre isso com você - Falei, ela me olhou e fez um gesto com a cabeça, indicando-me para prosseguir. Eu não sabia se eu deveria ao certo dizer, mas prossegui. – Você sabe como eu cheguei em casa? Como eu voltei? Eu estava bem, acordada? – Eram muitas perguntas, respirei, para ela responder pelo menos uma.

– Bem, criança... Você chegou bem tarde. Não estava muito acordada, mas você pareceu bem consciente. – Ela me disse Detalhes, eu quero detalhes pensei. Olhei para ela franzindo a testa. Ela ainda me olhava por cima dos óculos redondos. – Olhe, se você quer saber mesmo o que aconteceu – Disse ela, sussurrando. Eu inclinei-me para frente, a fim de ouvir melhor. – Se, se você quer saber mesmo o que aconteceu, criança – Ela gaguejou – Você deveria perguntar a pessoa com a qual você falou no telefone noite passada. – Ela terminou. Eu? No telefone noite passada? Não lembro nem de ter chegado em casa! Murmurei em minha mente. Mas contentei-me com a resposta. Dei um beijo na testa da velha Madge e fui para o quarto.

Ligações da noite passada... Fui checar no celular.

10:00 PM

CHAMADA RECEBIDA

HALEY

02:00 AM

CHAMADA REALIZADA

CATHERINE

03:30

CHAMADA PERDIDA

CATHERINE

Quem seria Catherine? Não lembro-me desse nome. Senti marteladas na cabeça. E o sol nascente da manhã de sábado passou a atormentar-me mais e mais a cada segundo. Caminhei até a mini varanda do meu quarto e fechei as persianas. Daí consegui respirar. A partir daí, a luz passou a me incomodar profundamente até o fim do dia. Até o sol se pôr. Passei o dia a tocar minha velha guitarra, escrever poesia e levar marteladas dos meus pensamentos. E foi aí que me dei conta que não havia pensado na Menina Dos Olhos De Mel o dia inteiro. E que não sabia seu nome. E que ela poderia muito bem ser a Catherine. Então eu decidi ligar.

– Alô – Falei, de forma nervosa. Mas a resposta foi doce e sutil

– Oi Glammy, está melhor? – Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar mesmo tendo-a ouvido apenas uma vez. Era ela.

– Então, era sobre isso que eu queria conversar com você. Eu não lembro de nada. E queria que você me ajudasse a lembrar do que aconteceu. – Houve um longo silêncio e logo após, ela falou:

– É melhor tratarmos disso pessoalmente. Você não deve mais saber chegar no meu apartamento né? Bem, tem um café perto da sua casa. Te vejo lá em... Meia hora?

– Claro! Tudo bem! Te vejo lá...