Clichê escrita por desjeitos


Capítulo 12
Capitulo 12




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Sexta feira finalmente chegou, eu até que gostava de aprender, mas acordar cedo todo dia me matava! Era cansativo demais, mesmo não sendo suficiente para acabar com todo meu sono, os finas de semana até que ajudavam. Faltava pouco para acabar a aula e meu merecido descanso chegar.

O sinal bateu e eu senti uma vontade de ir ao banheiro, que nunca sentira antes. Mesmo não gostando de usar o da escola, acabei me rendendo a ele já que iria de skate pra casa, não haveria outro jeito.

Eu já estava lavando as mãos quando comecei a ouvir um choro bem baixinho. Por um momento eu até achei que fosse imaginação minha mas quando me aproximei da cabine ocupada comecei a ouvir o choro mais nitidamente. Eu me abaixei um pouco tentando ver quem era e assim que vi a mochila reconheci a dona, era Bruna, ela que estava lá dentro trancada sozinha, chorando. Eu bati na porta algumas vezes e ela não se manifestou. Pensei ter ouvido uma tentativa frustrada dela tentando engolir o choro para que eu não ouvisse.

– Bruna, sou eu, a Giovana. - me identifiquei - Você não quer sair dai pra gente conversar?

Ela nada respondeu.

– Bom, eu vou ficar aqui esperando até que você esteja pronta pra conversar.

Sei que nessas horas algumas pessoas precisam apenas de espaço para pensar no que quer que esteja incomodando, mas eu não queria sair de lá, não queria deixa-la sozinha. Tranquei a porta de entrada e me sentei apoiando as costas nela, peguei meu celular e comecei a me distrair com qualquer coisa, estava disposta a ficar esperando o tempo que fosse.

Não esperei por muito tempo, foi pouco mais de 20 minutos, acho que ela deve ter esperado algum tempo para ver se eu ia embora, mas quando viu que eu não iria saiu de lá com a cara toda inchada e os olhos vermelhos e pequenos. O rosto de choro dela era com certeza o mais lindo do mundo. Ela me olhou por algum segundos antes de caminhar até mim, se sentou do meu lado, abraçou os joelhos e lá ficou. Eu a encarei até tomar coragem de passar meu braço por cima dos seus ombros e a puxei pra mais perto, ela deito a cabeça pouco a baixo do meu ombro e começou a chorar compulsivamente, sem tentar se esconder ou se controlar. Eu não sabia o porque daquilo, mas eu não ia sair de lá a menos que ela me pedisse.

Ficamos abraçadas no chão do banheiro sem dizer uma palavra por muito tempo, mais de uma hora talvez, não sei bem. Foi ela que tomou a atitude de sair dali, depois de levantar ela me deu a mão me ajudando a ficar de pé e me perguntou de cabeça baixa:

– Posso ir embora com você?

Eu concordei com a cabeça e ela só lavou o rosto antes de sairmos em direção a nosso condomínio. Passamos metade do caminho sem dizer uma palavra antes d'eu perguntar:

– Quer falar sobre o que aconteceu? - ela não me respondeu e eu continuei - sabe, tem dias que eu também não fico bem, eu não sei o porque de você estar assim, mas você tem que fazer alguma coisa que te acalme, que te deixe melhor. Eu não sei o que te causa essa sensação, mas pra mim não tem coisa melhor no mundo do que ficar em baixo d'agua, piscinas me acalmam de um jeito que nenhuma outra coisa faz.

Ela levantou a cabeça e me olhou:

– Será que eu posso ir pra sua casa? - Eu virei pra ela um pouco confusa - meus pais não vão estar em casa e eu não queria ficar sozinha...

– Claro.

Chegamos no nosso condomínio e passas direto pela casa dela indo em direção a minha que estaria vazia se não fosse pela Rita, que questionou meu atraso assim que entrei na cozinha. O almoço estava na mesa mas como Bruna não queria comer eu acabei rejeitando também.

Fomos para parte externa da casa.

– Acho que vou seguir seu conselho - ela me disse - será que eu posso usar sua piscina?

– Claro que pode! Quer alguma roupa emprestada?

– Acho que vou fazer igual você, quero só uma toalha.

Eu fui buscar as toalhas e quando voltei Bruna estava de calcinha e camiseta.

– Pronto. - eu disse.

– Obrigada. - ela sorriu meio torto e começou a tirar a camiseta lentamente, do mesmo jeito que eu fiz aquele dia em sua casa. Eu a encarei com a boca entreaberta.

Ela largou a camiseta no chão e se jogou de cabeça na água. Atravessou a piscina e parou do outro lado, para respirar talvez, eu fiquei a admirando, esperando ela voltar. De costas mesmo, ela veio nadando em minha direção, encostou os braços na beira d`agua sorriu pra mim e perguntou:

– Você não vem?

– Acho que não - eu disse- vou esperar você aqui fora.

– Por favor... - Ela pediu com uma cara que eu juro que ninguém conseguiria resistir.

– Tudo bem. - eu disse um pouco contrariada.

Tirei a roupa sem demoras e pulei de bomba perto demais dela.

– Desculpa. - fiquei um pouco envergonhada.

– Não tem problema. - ela disse rindo. - Obrigada por ficar lá do meu lado no banheiro, e por ter me deixado vir pra cá e....

Joguei agua nela interrompendo-a.

– Ei, não tem problema.

– Tem problema sim! - Ela começou a jogar agua em mim, sem parar.

– Para! - afundei ela

Começamos um guerra d`agua, ora eu a afundava, ora ela me afundava. Ficamos assim por um tempo antes de rirmos uma da outra. Minha barriga começou a doer de tanto rir, eu me diverti ali com ela. Paramos quando minha irmã chegou chamando nossa atenção.

– Olá - ela limpou a garganta.

– Oi irmã.

– Oi você, eu sou a Barbara, prazer! - Ela se apresentou a Bruna.

– Sou a Bruna, prazer. - a loira sorriu me fazendo sorrir também.

– Bom, vou entrar então, tchau pra vocês.

Eu acenei para Barbara ainda sorrindo, enquanto ela entrava.

Minha barriga reclamou da falta de comida e só então percebi que estava com fome e cansada graças as brincadeiras com Bruna.

– Então... - chamei a atenção da loira. - eu acho que estou com fome.

– Nossa! Ainda bem que você falou isso porque meu estomago esta aqui roncando!

– Era só você ter falado. - disse enquanto impulsionava meu corpo para fora d`agua.

Nós nos secamos e entramos na cozinha enroladas em nossas toalhas. Optamos por esquentar o macarrão do almoço mesmo. Comemos em silencio. Eu não sabia o que dizer, estava mordendo a língua de curiosidade sobre o motivo de tanto choro mas eu não queria pressiona-la de maneira nenhuma então optei por me calar e esperar alguma atitude dela. Que só veio depois que terminamos nossa refeição.

– Realmente nadar me deixou melhor - ela disse - mas também me cansou demais...

– Vem, eu quero te mostrar uma coisa.

Eu a peguei pela mão e arrastei para os fundos da minha casa onde se encontrava o jardim. Minha mãe amava aquele lugar, cuidava daquelas flores com todo carinho então tudo estava sempre lindo e bem cuidado.

– Uau.... - Bruna disse boquiaberta.

– Eu sei.

Peguei minha toalha e a estiquei no chão embaixo de uma arvore pra poder ter sombra. Deitei nela de barriga pra cima e comecei a admirar o céu. Bruna logo fez o mesmo. Deitou do meu lado e entrelaçou sua mão na minha:

– Sabe, eu poderia ficar aqui pra sempre!

Ela disse e eu sorri . Acabamos cochilando ali mesmo, na sombra da arvore de mãos dadas olhando as nuvem se mexendo.


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