Clichê escrita por desjeitos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fic. Espero que gostem.



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Era um dia ensolarado e sem nuvens no céu Californiano. Morava lá haviam 2 anos, e aquele se tornara o meu lugar preferido no mundo. Logo depois do meu aniversario de 15 anos meus pais tiveram que sair do Brasil à trabalho e eu e minha irmã mais velha viemos junto. Barbara, minha irmã, foi a que mais sofreu com isso, não queria deixar namorado e amigos pra trás, ela amava sua vida em São Paulo e não queria sair de lá por nada. Mas pra mim, essa viagem não veio em melhor hora.

Poucos meses antes da data da vigem eu me descobri bissexual. Comecei a ficar com uma menina e quando os meus amigos do colégio descobriram, minha vida virou um inferno. Ninguém mais falava comigo e quando falavam era pra me humilhar ou pra me colocar pra baixo de um algum jeito. Eu chorava todos os dias, me tornei um pessoa frágil sem vontade de nada. Quando meus pais me informaram da mudança comecei a contar os dias para me mudar e deixar aquilo tudo para trás.

Nos Estados Unidos. Eu acabei contando pra minha família sobre minha opção sexual e tudo que passei na escola, eles me apoiaram de uma maneira que eu nem podia sonhar que aconteceria. Como eu e minha irmã temos apenas 2 anos de diferença de idade estávamos sempre juntas apoiando uma a outra. Acho que se não fossemos próximas do jeito que somos, se adaptar a nova rotina seria muito mais difícil. Não pude estar mais grata pela família compreensiva e companheira que tinha.

Em Los Angeles eu me tornei uma pessoa diferente do que era. Não me abalava com qualquer comentário, pelo contrario, tinha sempre respostas secas na ponta da língua. Fiquei com algumas meninas e meninos também, mas nenhum mexeu comigo, nenhum me fez sentir diferente, muitas das vezes eu nem gostava do beijo e no dia seguinte acabava fingindo que nada havia acontecido. Apesar de tudo eu amava aquele lugar, me sentia bem lá e tinha uma liberdade que nunca tive no Brasil. Por mim viveria naquela cidade praiana pra sempre, mas infelizmente, isso não sou eu que decido.

Como sempre eu fui a primeira a ficar pronta, não que eu fosse organizada porque não era, eu simplesmente achava que não havia complexidade muito grande em arrumar algumas malas. Meu pai estava descendo a escada com uma mala em cada braço quando minha irmã começou a gritar comigo do seu quarto:

- GIOVANA!

- Que foi escandalosa?

- Cadê meu secador de cabelo?

- Como é que eu vou saber? Eu nunca nem usei aquela coisa cor de rosa.

- Esta comigo -minha mãe gritou do outro quarto- eu já coloquei em alguma mala.

- Vamos logo! – Foi a vez de meu pai interferir – Já estamos atrasados.

- Eu avisei para começarem a arrumar as coisa antes, mas ninguém me escuta. Se fossem como eu estariam aqui, prontinhos.

- Cala a boca pirralha! – Minha irmã disse jogando suas bagagens e caindo em cima de mim me fazendo rir.

Hoje era o dia em que voltaríamos para São Paulo, nosso voo sairá em três horas e começamos agora a carregar o carro.

Chegamos no aeroporto faltando um hora e meia para o embarque. Aproveite o tempo para compra alguma ultimas lembranças da américa, comida. Passei quase uma hora escolhendo doces e acabei comprando o suficiente para aguentar as 10 horas de voo e mais algumas semanas no Brasil.

Eu adoro voar, mas voos longos são sempre muito cansativos, foi um alivio sair do avião. Assim que colocamos os pés pra fora do aeroporto paulista, avistamos os dois carros que nós esperavam, dois porque meu pai achou que um não seria suficiente para levar toda a bagagem que trouxemos. Ele estava corretíssimo, quase faltou espaço.

Graças ao conhecido transito paulistano levamos o dobro do tempo necessário para chegar em casa. Só quando entramos no nosso condômino me dei conta da falta que eu senti de lá, eu achava que iria odiar voltar e a falta que sentiria da minha casa americana iria ser imensa, mas aquele era o meu lar e eu estava feliz por estar de volta. Aquela piscina que refrescava meu corpo todos os dias depois das aulas cansativas, o jardim que por muitas vezes ouviu meus desabafos, o meu quarto com aquela parede roxa cheia garranchos e desenhos aleatórios. Aquele costumava ser meu lugar preferido do mundo tudo, pra onde eu podia fugir e ser eu mesma sem me preocupar com o olhar de ninguém.

Subi minha coisas pro meu quarto e fui pra área externa da casa, sentei na beira da piscina e ao mesmo tempo que as boas lembranças vieram até mim as ruins me atingiram fazendo-me pensar em tudo que passei. Estava quase começando a chorar quando senti a presença de Barbara ao meu lado:

- Eu senti falta daqui.

- Já eu não tenho tanta certeza.

- Gi, do mesmo jeito que a gente mudou as pessoas que conhecíamos aqui também mudaram, talvez nunca os veremos mais.

- Você sente falta do seu ex-namorado?

- É meio estranho estar aqui e ele não, acho que vai ser difícil me acostumar a ficar nessa casa sem ele, mas esta tudo bem. E você esta pensando no que?

- Eu não queria ter que ir pra escola, falta só um ano! Papai podia ter esperado pra voltarmos.

- Credo, que mimada!

- Não é isso Barbie... Eu só não quero que volte a ser como antes...

- Eu te prometo que nunca ninguém vai te trada como te tratavam.

- Se não o que?

- Se não vão ter que se ver comigo!

Comecei a rir, minha irmã me fazia tão bem.

- Cadê a graça que eu não estou vendo?

- Em lugar nenhum.

- Sabe o que é engraçado?

Antes que eu pudesse responder, Barbara me empurrou para dentro da agua. Eu fique sem reação, não estava esperando por aquilo. Quando ela me estendeu a mão para me tirar de lá eu puxei fazendo-a cair. Ficamos as duas de roupa brincando de guerra d’agua feito crianças. Eu estava feliz e talvez realmente não fosse problema nenhum voltar a estudar no Brasil, talvez, mas mesmo assim a ideia de ter uma certeza me assustava.


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