Eu estava com medo,eu não conseguia entender.Claro que o que eu li no diário poderia ser apenas coincidência,não podia ser verdade.

Só algo que por acaso aconteceu...Ah eu estou com medo.E o pior,eu não posso contar a minha avó,sabe ela me falou pra deixar o diário da mamãe,mas eu não deixei e isso pode acabar comigo se eu contar para ela.Por tanto vou manter segredos até descobrir o que eu sou realmente.

Vou dormir um pouco assim eu posso tentar sonhar com Iran,quem sabe ele virá aqui.É o único jeito que eu consigo falar com ele quando eu quero.É meio complicado quando ele vem do nada.Eu não sei como reagir e fico toda sem graça,infelizmente.

Eu me deitei afim de ter um bom sono.

Eu não sabia onde estava.Parecia que algo estava no meu quarto.Mas eu não sei se era ou não o meu quarto.Era um lugar bem parecido com a minha casa,ou pelo menos antiga casa.Era grande e pintada de azul.Dentro,onde eu estava,o quarto era pequeno e pintado de rosa claro.Parecia muito com o antigo quarto da minha mãe,pelo menos nos relatos dela.

Eu fiquei a observar os quadros contidos nas paredes,tinha muitas bailarinas de todas as cores.Nas prateleiras livros e mais livros de várias matérias.O chão brilhava tanto,era lindo.

Quando me sentei para olhar um caderno que estava em cima da mesa de cabeceira uma menina entrou no quarto bufando.Ela era linda,usava um vestido azul e branco e uma sandália branca com fitinhas azuis claras.Ela estava chorando e parecia estar com raiva.Seu cabelo era preto e estava amarrado com fitas ,parecia penteado de professora.

Ela chorava tanto que aquilo me comoveu muito,muito mesmo.Eu fui até a menina e a toquei no ombro,ela pareceu olhar para mim,mas não me ver.Seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas.Então ela falou:

-Você esta aqui?Eu sei que esta.Eu posso sentir você me tocar.Não minta para mim Damien.

Eu fiquei extremamente assustada.Como assim?Quem era essa menina?Como que ela conhecia o pai de Iran?Ou pelo menos eu achava que era o pai dele,podia ser só coincidência.Não tinha certeza.Mas mesmo assim o fato dela não me ver mais me sentir me deixou com medo.O que eu era?Uma fantasma?Eu não sei dizer como,mas ela parecia com o retrato que tinha em cima da cabeceira da minha avó.

Eu não acredito.Era...era....a minha mãe com a minha idade.Não tinha certeza,mas só podia ser ela.Não tinha outro jeito,era ela.Era a minha mãe.

Ninguém respondeu pelo seu chamado.Acho que o tal de Damien não estava no quarto,bom e quem estava era eu.Mas ela não podia me sentir.Então ela se sentou em sua cama e pegou seu caderno que estava em cima da cabeceira.Então eu pude ter certeza de que era um diário.

Ela começou a escrever pela data e depois escreveu :

18.08.1970

Diário,eu tive uma baita briga com a minha mãe.Ela quer me proibir de me encontrar com Damien.Ela não pode fazer isso.Eu sei que ainda não sou maior de 18,mas eu tenho 16 anos e posso muito bem escolher o amor da minha vida.Eu não quero que ela fique cuidando da minha vida.Nossa,eu amo Damien e não vou deixar que ninguém,nem mesmo ela ou papai,estragar isso.

Linda

Depois da assinatura eu tive a certeza de que a minha mãe queria ele.Queriam Damien.Sim,Damien era meu pai.E com certeza seu filho,metade meu irmão,Irian viria atrás de mim para me matar.Ou sei lá o que.

Eu estava com medo.Foi quando eu vi um homem,muito lindo entrar pela janela do quarto de minha mãe e a puxá-la para longe,para longe mesmo.Eu cheguei perto da janela e vi os dois no telhado da vizinha.Ele estava beijando ela,a beijando intensamente,assim como Irian fez comigo.

Eu estava olhando para os dois intensamente quando vi a minha mãe sendo mordida por Damien e seu barriga...sua barriga estava grande.Grande mesmo,parecia que ela estava esperando um filho ou algo assim.Então os dois me olharam  fixamente com olhos vermelhos.

De repente ouvi aquele arrepio,aquela estranha sensação de novo.Eu já sabia que era ele,mas mesmo assim preferi ser acordada.Ele veio em meu ouvido e chamou Sam.

Eu acordei assustada,mas não era Irian,era minha avó.Eu estava gritando muito,pelo menos foi o que ela me disse.

A visão da minha mãe só me deixou mais e mais intrigada.