Teenage Runaway escrita por Bridget Black


Capítulo 25
Trouble in Paradise


Notas iniciais do capítulo

Olá monstrengos (não sei de onde tirei esse apelido, mas olha, eu gostei),

Então, tia Bri demorou mas aqui estou eu, com um capítulo no capricho somente e exclusivamente para vocês, leitores amados do meu core! Espero mais comentários nesse capítulo, pelo amor de Deus né monstrengos, temos 112 leitores, vamos animar isso ai.

Capítulo inteiramente dedicado às minhas lindas BahBlackSnapeMalfoyWeasley e Amy Jackson, que alegraram meus dias com maravilhosas recomendações. Muito obrigada, amores!

Enjoy it!

— B.B.



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“Se você é muito fácil, torna-se facilmente descartável. Se você é difícil, torna-se altamente desejável” — Gossip Girl

P.O.V.'s Kayla (Soberana) Jackson

Segui para as arquibancadas sendo observada por algumas pessoas, com Lexi, Dominique e Lucy Weasley, a prima da loira — que até agora eu não havia entendido o que estava fazendo ali. As duas não paravam de tagarelar sobre coisas fúteis e aquilo estava realmente me dando nos nervos, mas me controlei. Era o dia de treino de Quadribol da Grifinória, James — que era o capitão — estaria treinando o time que há pouco tempo tinha sido escolhido. Vários alunos da Grifinória e alguns de outras casas se encontravam no campo, alguns por realmente querer ver, outros porque não tinham nada melhor para fazer.

Resolvemos nos sentar mais em baixo, apenas algumas fileiras acima do campo. Roxy, que também era do time, estava conversando animadamente com Rose Weasley alguns bancos acima do nosso. Lucy Weasley conversava animadamente com Dominique, e quando viu as primas acenou animadamente. Uma garota feliz demais, em minha opinião. Insuportavelmente feliz. Logo depois voltou à sua conversa com Dominique, as duas colocando a fofoca em dia.

Do campo, Fred finalmente nos viu e cutucou os amigos, avisando sobre nossa chegada. James olhou para nós e deu um sorriso malicioso, o que eu estranhei. Mas assim que virei para comentar com Lexi e a vi tão vermelha quanto os seus cabelos, comecei a entender. Alexia Dursley vai ter que me falar sobre isso.

Falaram alguma coisa com Frank , que estava num canto discutindo com uma garota baixinha de cabelos castanhos claros, provavelmente mais nova que Lily, e vieram na nossa direção, o que pareceu causar certa raiva em algumas garotas. Não demorou muito e eles já haviam chegado, o que pareceu causar certo desconforto na ruiva.

— Então, vocês vieram. — disse Fred sorrindo. Dei um sorriso de lado, retribuindo. O olhei discretamente, e não pude evitar morder o lábio. Deus, como esse garoto fica gostoso de uniforme! Ele não pareceu perceber, e cumprimentou as outras garotas. Deixou-me por último, com um “minha gata” — apelido que eu havia quase implorado para ele não usar, mas ele parecia ignorar todos os meus pedidos e continuava a usar.

— Não sabia que gostava de Quadribol, ruiva. — perguntou James, tentando puxar assunto com a garota. Bom, eu particularmente acho que sua tentativa não vai certo. Quadribol era um assunto que Lexi não gostava muito de falar.

— Eu não gosto muito. — respondeu, contragosto. Resolvi tirar sarro da mesma, afinal essa era minha função.

— Não mais, claro. — Isso fez com que ela me olhasse com tanta raiva que eu pensei que fosse pular no meu pescoço. O rosto de James pareceu se iluminar com isso, e ele prosseguiu.

— Como assim? — questionou, e depois pareceu entender o que eu quis dizer. — Você jogava?

Ela ergueu a correntinha que fora da sua mãe e finalmente foi possível ver o pingente.

— Esse pomo de ouro não te diz algo? — Mostrou o pingente, um pomo de ouro um tanto pequeno e bem delicado. Fred ergueu a sobrancelha, surpreso.

— Apanhadora? — perguntou, já suspeitando da resposta.

— Uma das melhores. — respondeu, com orgulho.

— Então por que parou? — James parecia realmente curioso com isso. Lexi murchou no lugar e eu sorri de lado.

— Bom, acho que cair de uma altura de quase 20 metros e quebrar tantos ossos que nem ela mesmo lembra quantos, não é um grande incentivo para continuar a jogar. — disse e ela me olhou com raiva. — Teve sorte de nossa treinadora ter conseguido lançar em você um feitiço para te desacelerar antes de você alcançar o chão, mas ainda sim, o estrago foi grande.

— Nossa, muito obrigada por me recordar sobre esse dia maravilhoso. — ironizou e eu ri, levando como resposta uma cotovelada. — E você também jogava!

Agora fora minha vez de murchar no lugar onde estava. Eu e minha maldita língua.

— Você jogava? — gritou Dominique, surpresa, e eu tive vontade de mata-la. Algumas pessoas olharam em nossa direção e só então a loira pareceu perceber o que havia feito, murmurando um “desculpa”.

— Jogava, algo contra? — Me virei pra ela, irritada, e ela ficou sem-graça.

— Não, é só que... — Hesitou, antes de continuar. — Você não tem cara de quem joga Quadribol. — disse, por fim.

— Mas é porque eu jogava, no passado. — retruquei.

— E em qual posição? — Fred perguntou, curioso. Olhei para ele, e sorri de lado.

— Qual posição vocês acham que eu jogava? — perguntei. Ele pareceu pensar um pouco, mas James não hesitou.

— Goleira. Sabe, sempre na defensiva. — brincou, e eu o olhei mortalmente. Meus amigos riam, e eu soltei uma risada irônica.

— Nossa Potter, você é tão engraçado. Já pensou em trabalhar como comediante?

Ele pareceu pensar um pouco e disse, parecendo realmente desapontado.

— Sabe que eu já pensei mesmo, Jackson. O único problema é que a vaga já é sua. — Puxei minha varinha nesse exato momento, determinada a azará-lo, porém Lexi segurou meu braço e me mandou relaxar.

— Pra sua informação eu era artilheira. E uma bem melhor que você. — ataquei, e ele sorriu de lado, como se duvidasse. Fred ria descaradamente, e assim que viu minha raiva parou quase imediatamente. — E teria continuado a ser se não tivesse parado, a idiota que me substituiu era tão ruim que no primeiro jogo perdemos por culpa dela.

— E por que você parou de jogar, então? — questionou Fred, e eu bufei. Odiava aquele assunto.

— Vamos dizer que ela teve um... — Lexi começou, e parecendo procurar uma expressão adequada, prosseguiu. — pequeno desentendimento com o capitão do time.

Dominique pareceu surpresa.

— Só por isso?

— Ele era meu namorado. — Resolvi soltar tudo de uma vez, e acho que isso chocou mais do que qualquer coisa que eu já fiz antes.

— Você já namorou? — Fred parecia mais interessado ao perguntar isso.

— Uma vez para nunca mais. — Lexi respondeu por mim, e eu concordei.

— Um erro que não precisa se repetir. — afirmei convicta, e vi que Fred olhava para outro lugar.

— E por que vocês brigaram? — Lucy me perguntou.

— Detalhes sobre o meu passado frustrante não dizer respeito a mentes fúteis, como a sua. — respondi, fazendo Lexi segurar uma risada e James murmurar um “doeu eu mim”.

— Grossa! — gritou antes de sair, pisando duro. Lexi não se aguentou e começou a rir, e eu apenas dei um sorriso de lado, levando uma forte cotovelada de Dominique.

— Também não precisava falar desse jeito, Jackson. — Se irritou, e eu rolei os olhos.

— Observe quão preocupada eu estou com os sentimentos da pobre Lucy! — disse em resposta, e fiz a expressão mais tediosa que consegui. James riu e Dominique apenas suspirou.

— Desisto de você.

— Poxa, Nicki, vai desistir de mim assim, tão fácil? — retruquei do jeito mais falsamente meloso que consegui. — E meus sentimentos? E nossa relação? Isso não representa nada pra você? — Fiz voz de choro e Fred apenas observava, com os braços cruzados e uma expressão divertida no rosto.

— Meu Deus, garota, você é insuportável! — respondeu, sua voz saindo mais estridente que o normal. — E não me chame de Nicki.

— Tudo bem, Nicki. — Dei ênfase no apelido, o que a fez quase me jogar no campo. Ela ia responder quando alguém do campo chamou os garotos para o treino.

— Temos que ir. — anunciou James e, virou-se para Lexi com um sorriso de lado. — Não ganho um beijinho de boa sorte? — questionou, respondendo à todas as minhas dúvidas sobre o jeito estranho que ela estava agindo.

— Não. — Foi curta e grossa, mas James não pareceu se incomodar; na verdade, seu sorriso aumentou. Fred riu do fora que o amigo ganhou e se aproximou de mim, provavelmente no intuito de ganhar o que James não ganhou. Deixei que seu rosto tivesse perto do meu para por minha mão em sua boca e apertar forte, o fazendo soltar um gemido de dor. Ainda com minhas mãos presas lá, balancei sua cabeça em negativa enquanto dizia devagar, como se estivesse ensinando algo à uma criança.

— Nem sonhando, gatinho. — Dominique, Lexi e James gargalharam ao meu lado e eu finalmente o soltei. Gargalhei quando ele fez uma cara de criança que não ganhou doce e ficou mexendo a boca de um jeito estranho.

— Vamos logo. — chamou James, e eles foram em direção aos outros jogadores, o Potter ainda tirando sarro do amigo.

— Você não presta, Jackson. — falou a ruiva, convicta. Sorri minimamente antes de responder.

— Eu sei.

[...]

Corri pelos arredores do castelo, esbarrando em alguns alunos que xingavam em resposta. Grandes idiotas. Eu realmente precisava parar de me esquecer tanto das coisas! Havia recebido um aviso do diretor da Grifinória, dizendo que se eu matasse mais alguma aula eu levaria uma detenção.

Merlin, isso era tão injusto. Parece que essas coisas só acontecem comigo, a inocente Kayla. Rolei os olhos com meu próprio pensamento, e quando avistei as estufas de Herbologia parei de correr, para me recompor. Por pura ironia, agora eu teria aula com o professor Longbottom, e por puro azar eu estava extremamente atrasada.

Parei no batente da porta, vendo a sala já lotada com alunos da Grifinória e da Lufa-Lufa, e o professor parecia dar as instruções do que fazer quando me avistou e me olhou, sorrindo de lado.

— Olha só quem resolveu finalmente comparecer a uma de minhas aulas. Pode entrar, senhorita Jackson, mesmo estando incrivelmente atrasada. — Destilou sarcasmo ao me dizer isso, fazendo vários olhares serem dirigidos a mim.

Sentei-me entre Fred e Frank, ficando de frente para Dominique, Lexi e James. A ruiva apontou silenciosamente para os objetos e proteção, indicando que eu deveria coloca-los. Calcei primeiro as luvas de proteção, depois coloquei os óculos e os protetores de gengivas e fomos em direção então a um dos tocos nodosos de Arapucosos, para começar a tarefa.

Comecei a me arrepender de ter ido àquela aula. Assim que tocamos o toco nodoso, a planta imediatamente ganhou vida; seus galhos longos, urticantes e espinhosos saíram da planta. James repeliu alguns galhos com uma tesoura, enquanto Dominique lutava contra um que puxava impetuosamente seu cabelo. Ri com aquilo, e com a ajuda de Fred, fiz um nó forte com dois dos galhos, fazendo assim um buraco se abrir em meio aos tentáculos. Enojada e reunindo toda coragem que tinha dentro de mim, enfiei minha mão ali dentro, puxando de lá com dificuldade uma vagem totalmente repugnante. Lexi se aproximou rapidamente de mim com uma das tigelas e eu a coloquei lá, completamente aliviada. Na mesma hora, os galhos se recolheram para dentro do toco, soltando assim o cabelo de Dominique.

Dominique estava completamente descabelada e com uma expressão mortífera no rosto. Frank tirava sarro da mesma, que tentava arrumar o cabelo. Observei que outros grupos já tinham mais vagem que o nosso. Lexi também pareceu perceber isso, pois soltou um muxoxo de frustração e se dirigiu à vagem.

— Acho que agora é a minha vez. — E com isso, repetimos o processo várias vezes, nos revezando. Em uma das vezes o galho acabou atingindo o meu braço, rasgando a manga da minha blusa; várias vezes o meu cabelo foi atacado, e tentando me ajudar em uma das vezes, Fred acabou ganhando um corte no braço esquerdo.

Quando pegamos algumas poucas vagens, eu, Dominique e Lexi decidimos nos afastar silenciosamente de perto do toco e começar a abri-las. Em uma das tentativas, Lexi acabou deixando a vagem escapar de suas mãos e voar em direção à cabeça de James, o que nos fez gargalhar alto.

Passado o tempo, a aula finalmente acabou e eu pude tirar todas aquelas proteções. Soltei meu cabelo do rabo-de-cavalo — que estava completamente arruinado — e tentei arrumá-lo, prendendo-o de qualquer modo logo em seguida. Dominique fez um coque apertado para arrumar os longos fios loiros, e Lexi fez uma trança mal feita. Fred amarrou um pedaço de pano qualquer no corte em seu braço, dizendo que iria passar na enfermaria logo depois.

Saímos quase correndo da estufada, todos suados e bagunçados. Passamos pela horta e finalmente saímos daquela área, agora andando pelos jardins. James e Frank foram atrás, conversando com alguns colegas da Lufa-Lufa. Dominique simplesmente saiu correndo, dizendo que precisava urgentemente de um banho. Sobrou assim apenas eu, Fred e Lexi.

— Quais pecados eu cometi pra merecer isso? — falei para mim mesma, vendo a manga da minha blusa quase destruída. Dobrei ambas até os cotovelos, para poder esconder os rasgados. Lexi riu.

— Quer uma lista? — perguntou, divertida. Dei-lhe o pior dos meus olhares e ela riu.

— Pensei que aquela tortura nunca iria acabar. — Fred disse e eu acenei com a cabeça, concordando. Já era possível ver uma das entradas do castelo, e apressamos o passo, loucos para nos livrar de qualquer vestígio de nossa pequena tortura.

— Ei, Kayla! — Ouvi uma voz nada conhecida me chamar e me vire para ver quem era. Atrás de mim, um garoto de cabelos cor de areia e orbes escuras com o uniforme da Lufa-Lufa vinha em minha direção com um sorriso totalmente patético no rosto. Oh, Merlin. Coisa boa não vai vir.

— Oi. — cumprimentei, e seu sorriso fraquejou um pouco. Talvez eu tenha sido grossa, mas acho que era só minha impressão mesmo.

— Uh... Podemos conversar? — perguntou, e olhando para as duas pessoas ao meu lado, completou. — Em particular.

Quis gargalhar na frente dele. Que tipo de assuntos essa criatura acha que tem comigo? Tudo bem, tinha a impressão de que o conhecia, mas... Ah, não. Eu realmente o conhecia, e tinha quase certeza do assunto que ele queria tratar comigo.

— E por que você acha que eu iria querer conversar em particular com você? — indaguei, e Lexi me deu uma cotovelada de lado. Não entendi.

— Bom, porque até pouco tempo atrás, nós fizemos muito mais do que conversar. — Bingo! Sua pequena persistência já me fez saber, de longe, que ele queria algo a mais de mim. Algo muito além do que ele já havia recebido, aliás. Lembro-me um pouco dele... Seus toques eram realmente muito amadores e seu beijo era tão ruim que eu preferia ter mais uma aula daquela de Herbologia a ter um contato mais íntimo com ele. Qual era seu nome? David... Devan... Damon...

— Damien? — questionei em voz alta. Seu sorriso murchou completamente, e só ali eu percebi meu erro. Fred, que antes parecia completamente incomodado ao meu lado, segurou um riso, e Lexi só fez aquela expressão de “oh Deus, de novo não”.

— É Derek. — Olha, eu quase acertei! ‘Tô ficando boa nisso, confesso. Daqui a pouco vou, finalmente, conseguir decorar o nome do motorista de Kimberly. Tudo bem que eu o conheço a pouco tempo, afinal ele só trabalha conosco há... Sei lá, uns oito anos.

— Ah, sim. Derek. — repeti para mim mesma, antes que me esquecesse totalmente.

— Então... Podemos conversar?

— Tudo o que você tiver pra falar comigo, pode falar na frente deles. Eu não ligo.

— ‘Tá. — Ele parecia desconfortável, e por um momento ficou apenas olhando para mim. Mais necessariamente para o meu decote.

— Sabe, o meu rosto fico mais em cima. — falei, e Lexi riu ao meu lado. Fred não pareceu achar graça. O garoto finalmente pareceu se tocar e olhou para mim. Ou pelo menos tentou, afinal ele desviava o olhar toda hora.

— Então... Sabe, quando a gente ficou foi muito bom e... Sei lá, queria saber se você queria sair comigo. — Direto ao ponto, como eu gosto. Fingi pensar antes de responder.

— Não, obrigada. — E com isso me virei para continuar meu caminho. Poderia ter continuado, se ele não tivesse segurado meu braço. Virei-me devagar e olhei para sua mão, ainda apertando o meu braço. Sabia que meus olhos cintilavam de raiva e disse, pausadamente. — Eu acho melhor você me largar.

Olhou fixamente em meus olhos, e sem desviar o olhar, foi soltando devagar.

— Mas nós nos demos tão bem... — começou, e eu me segurei para não gargalhar. Que idiota. Vamos lá, Kay, seja legal.

— Olha, supera isso, foi legal mas já faz tanto tempo e...

— Isso foi anteontem! — Me cortou, e eu quis soca-lo. Será que ele não percebia que eu só queria me livrar dele?

— Exatamente, anteontem, olha quanto tempo já se passou. — Agora meus dois amigos seguravam a risada. Pousei a mão em seu ombro e disse, teatralmente. — Eu sei que é duro, mas você vai ter que lidar com isso. Sem mim! Au revoir. — Me virei, mas novamente ele me segurou. Antes que eu pudesse dizer algo, Fred puxou sua mão.

— Ela já disse que não te quer. — Que diabos ele estava fazendo? Ou melhor, eles. Resolvi tomar as rédeas da situação.

— Que inferno. Larga ele, Fred. — mandei, e ele hesitou por um momento, me olhando como se eu fosse doida. — Anda logo, idiota. — Enfim ele soltou.

— Mas Kay, esse cara... — começou, mas eu o interrompi.

— Eu resolvo isso, gatinho. — disse, e Lexi fez uma cara de “você não pode estar fazendo isso”. — Se ele faz tanta questão de saber a verdade, eu digo.

Virei-me pra ele e comecei, impaciente.

— Olha só, David...

— É Derek. — interrompeu-me e eu rolei os olhos.

— Que se dane. Eu não me importo em falar seu nome corretamente, nem me importo com sua insignificante vida. Tentei ser legal, mas parece que você não entende. — comecei, e Lexi me olhava com dureza, desaprovando. — Eu não quero saber de você, e esse “nós” que você tanto quer... Nunca vai rolar. Passar bem.

Virei-me agora, sem ser impedida, mas ele ainda perguntou.

— Por que? Quer dizer, você está solteira e...

— Eu prefiro ruivos, entende? Nada pessoal. — As palavras saíram antes que eu pudesse contê-las e Lexi faltou me bater. Olhei sugestivamente para Fred depois disso e, finalmente, o tal David parou de insistir.

— Oh meu Deus, Kayla, coitado do garoto! — Lexi disse assim que já não era mais possível vê-lo.

— Você já viu foras piores, não se esqueça disso. — lembrei e ela assentiu, fazendo uma pequena careta.

— Acho que nunca vou me acostumar com isso. — murmurou e eu ri. Fred estava estranhamente mais sorridente depois daquilo, mas preferi não comentar nada.

— Sim, você vai. — informei-a, e ela me olhou, incrédula. — Só não sabe quando.

[...]

Enrolei uma toalha em meu corpo e sai do banheiro, dando de cara com uma Lexi esparramada em sua cama e uma Dominique mais arrumada do que o normal. A loira ajeitava pateticamente um laço rosa nos longos cabelos platinados, usando-o como uma tiara que passava no alto da cabeça e era amarrado a cima da nuca.

— Vai ter uma festa e eu não fui convidada? — brinquei, vendo-a borrifar seu perfume inconfundivelmente doce. Por Merlin, como eu detestava aquele cheiro. Fiz uma nota mental sobre me livrar daquela coisa.

Dominique me olhou confusa, e Lexi riu.

— Na verdade você está mais do que convidada. A sua presença, na verdade, é uma obrigação. — informou Lexi, mas eu continuei sem entender. Dominique revirou os olhos e calçou suas sapatilhas, antes de dizer.

— Hoje é a reunião do time de organizadores do baile de Halloween.

— Nossa, isso explica tanta coisa. — murmurei, procurando um roupa para usar. Dominique estalou a língua, um típico sinal de impaciência.

— Você está no time da Grifinória. — disse, calmamente. Aquelas palavras não demoraram muito para chegar até meu consciente, e eu paralisei no lugar assim que processei o significado daquilo. Merda, merda, merda! Eu não estava nem lembrando mais disso. Na verdade, minha ira havia sumido no mesmo dia em que recebi aquele maldito comunicado. Não fazia questão de lembrar, na verdade.

— Que inferno. — praguejei e ouvi a gargalhada de Lexi.

— Eu nunca, em toda a minha vida, me senti tão sortuda como agora. — comentou brincalhona. Peguei a primeira coisa que vi pela frente — que para o seu azar era minha bota — e taquei na mesma. Infelizmente ela conseguiu desviar a tempo, e a bota bateu com força na cabeceira da cama. Malditos reflexos! Lexi apenas gargalhava, e Dominique bufou impaciente.

— Anda logo, Jackson, a reunião é daqui menos de quinze minutos. — informou e eu dei de ombros.

— É tempo mais que o suficiente. — Na verdade o que eu queria dizer mesmo era “Como se eu me importasse em ser pontual.”

— Não para você, que é mais lenta que uma lesma morta. — disse baixinho, mas eu ainda pude ouvir. Olhei para a minha outra bota.

Por sorte, Dominique Weasley não tinha reflexos tão bons como o de Lexi.

— Finalmente as duas donzelas ficaram prontas, pensei que ia mofar aqui. — caçoou Frank, e eu o assassinei mentalmente. Ele usava uma calça jeans surrada com uma camisa clara e, nos pés, calçava um par de tênis preto.

— Problemas técnicos. — informou Dominique, me olhando raivosamente. Ela ainda não havia superado o fato de eu ter jogado uma bota em suas costas e queria me matar. Acho melhor ela entrar na fila.

Passou por nós pisando duro, e Frank me olhou, divertido.

— O que você aprontou com ela? — questionou, enquanto nós acompanhávamos a loira.

— Nada que ela não seja capaz de lidar. — esclareci e ele riu de lado, provavelmente imaginando as piores coisas.

Descemos muitas — e gigantescas — escadas e seguimos por vários corredores até, finalmente, chegarmos ao lugar da reunião, que era nada mais nada menos que uma sala de aula abandonada. Era uma sala bastante grande e ampla, com cadeiras suficientes apenas para os organizadores do baile. Alguma caixas estavam empilhadas num canto e, provavelmente o resto do espaço era para colocarmos alguns enfeites ou algo do tipo. As cadeiras eram forradas de acordo com as cores de cada casa e, num canto da parede, o grande símbolo de Hogwarts estava pendurado. Um grande tapete estava no meio das cadeiras e no teto, um simples lustre estava pendurado, com todas as velas já acenas.

A diretora Mcgonagall nos aguardava e pelo visto, o time da Grifinória fora o último a chegar. Ela nos recebeu com seu típico olhar frio e nos dirigimos aos nossos lugares. Antes de nos deixar, explicou sobre o quão importante aquilo era e suplicou para que levássemos a sério — com seu olhar pousado especificamente em mim.

Olhei para o restante dos alunos: Lysander Scamander estava incrivelmente mais mal humorada do que o normal, e Cher não parecia muito diferente. Um garoto loiro — que tinha no sobrenome algo como Baker — se sentava entre as duas e parecia desconfortável. Lucy Weasley estava sentada do lado de Dominique, me olhando com puro ódio. Seus colegas de casa se sentavam ao seu lado. Os de Lufa-Lufa pareciam indiferentes àquele clima tenso que havia se instalado desde que a diretora havia deixado o local. Dominique finalmente resolveu tomar as rédeas da situação.

— Acho que deveríamos começar pelo tema, certo? — comunicou, jogando seus cabelos platinados para trás. A Scamander revirou os olhos.

— E desde quando você decide as coisas? — resmungou, com puro ódio. Estava claro o seu descontento em ter de dividir o ambiente com pessoas que odiava — e sem nenhum apoio moral.

— Eu acho que ela está certa. — revidou Lucy, e as primas trocaram um olhar cúmplice. Oh Deus, eu acho que vou vomitar.

— Já que todos concordam com isso, exceto você, vamos começar logo. — Uma animada Dominique disse e bateu palminhas de animação. Lysander jogou a cabeça pra trás de puro desgosto e a ignorou. Dominique puxou a varinha e apontou para o grande quadro que estava na parede central — e que eu não havia reparado nele até agora — e escreveu “Temas”. — Vamos fazer uma votação, o tema que mais tiver votos será o escolhido. Vamos começar. Anna, qual você acha?

A tal Anna, da Lufa-Lufa, uma garota de cabelos curtos e castanhos, parou para pensar por alguns segundos antes de respondeu.

— Que tal... Baile a fantasia? — sugeriu, hesitante. Agora eu é quem tive que opinar.

— Sério? Baile a fantasia? Existe coisa menos criativa do que isso? — esbravejei, vendo todos os olhares sendo dirigidos para mim. — Tudo bem que é o objetivo do Halloween mas, cara, vamos inovar!

Burburinhos de confirmação preencheram a sala, fazendo com que a tal Anna ficasse completamente envergonhada.

— Odeio ter que dizer isso, mas essa idiota está certa. — A Scamander se pronunciou, parecendo preferir engolir um sapo ao invés de dizer aquilo. — Todo ano fazemos a mesma coisa, isso já ficou sem-graça.

— Tudo bem, então baile a fantasia já está fora de cogitação. — confirmou, e ficou andando de um lado para o outro, parecendo pensar.

— E se nós estabelecêssemos um tema para todos? — Cher sugeriu, chamando a atenção de Dominique. Ela parou por alguns instantes para refletir a proposta.

— Eu concordo com isso. — Lucy se pronunciou a respeito. — Todos os anos o Halloween mais parece carnaval de tão ridículos que são os figurinos.

— Bem, nisso você tem razão. — Um garoto de cabelos muito pretos, que acho que se chamava Logan disse. — Ano passado o meu par colocou frutas na cabeça como enfeite. Ridícula.

— Certo, vocês tem razão. Devemos ter um tema. — anunciou Dominique. — Qual tema?

Alguns minutos de muita conversa se iniciou. Pessoas com ideias umas piores que as outras, e eu já estava ficando cansada de tudo aquilo, até que Dominique dei um gritinho de excitação que assustou a todos.

— Tive uma ideia! — exclamou, animada.

— Foi o que pareceu. — murmurou Scamander, que foi completamente ignorada.

— E se fosse um baile de máscaras? — propôs, animada. Todos a olharam, sem saber o que dizer. — Feito os de antigamente, sabe? Vestidos longos, ternos e gravatas! Ia ser tão maravilhoso!

Lucy logo concordou, e logo a votação começou. Basicamente todas as meninas concordaram, e os meninos perceberam que a opinião deles não iria contar muito. A aceitação era geral... Exceto a minha.

— Sério? Baile de máscaras? — falei, incrédula. Por Deus, em que séculos eles acham que nós estamos?

— Sim, baile de máscaras! Qual é o problema? — perguntou a loira, desafiante.

— Já parou pra pensar o quão clichê e antiquado isso é? — questionei, impaciente. Eu simplesmente me negava a usar um daqueles vestidos rodados e sufocantes com saltos irritantemente apertados.

— Só você está discordando!

— Eu também não concordo. — informou Lysander, e eu resolvi dar moral àquela cobra, pelo menos uma única vez na vida.

— Viu? A vadia também não concorda. — A Scamander me fuzilou com o olhar, porém eu ignorei. — E... Frank ainda não disse nada!

— Primeiramente, a opinião da loira é irrelevante. — Dominique se pronunciou, e a outra loira já ia se pronunciar, mas a Weasley continuou. — Mas você está certa, Frank ainda não disse nada. E então, Frank? — perguntou, se dirigindo a ele. O coitado pareceu confuso, e olhava de mim para a loira. Por fim, respondeu.

— Acho uma boa ideia.

— Perfeito! Agora são só as duas contra o resto, então o tema já está decidido. — comemorou a loira, batendo palmas e escrevendo no quadro com a varinha “Baile de Máscaras”. Me virei para o Longbottom, irritada.

— Só concordou porque quer a sua língua fazendo um passeio pela boca dela. — sussurrei, raivosa. Ele sorriu de lado, mas nada disse. Desgraçado.

Dominique chamou a diretora para dar o aviso, e a mesma adorou o tema. Disse que amanhã mesmo iria comunicar a todos, para que as devidas providências pudessem ser tomadas.

A reunião se encerrou, o tema foi decidido, e eu assinei minha sentença de morte.


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Notas finais do capítulo

Aviso rápido: Era pra eu estar entregando o capítulo 3 reescrito para vocês, porém eu ainda não o terminei. Nas respostas dos reviews desse capítulo eu aviso quando postar.

Então guys, gostaram? Haha, acho que não era exatamente isso que vocês estavam esperando nesse capítulo, mas muitos já haviam pedido um capítulo com os preparativos pro baile, e enfim, basicamente esse é um dos únicos. Se tiver mais um ou dois, vocês estarão no lucro!

Gostaram do capítulo? Essa Kayla é realmente uma figura! Quem aqui poderia imaginar que ela e a Lexi jogavam Quadribol? Difícil imaginar, eu sei, mas de Kayla Rachelle Jackson vocês podem esperar TUDO! Pobre David, ops, Derek, mais um coitado que caiu nos encantos da Jackson. E sobre as reuniões... Acho que a Dominique ainda vai sofrer bastante, haha. Não tenham vergonha de comentar, eu não mordo! Comentem guys, favoritem e recomende. É sempre bom saber o que vocês acham.

Se quiserem falar comigo: @strongerdiley (ask) e @driveluxo (twitter).