Os Instrumentos Mortais: Cidade das Águas Sombrias escrita por Clary Morgenstern Herondale


Capítulo 10
Calliope


Notas iniciais do capítulo

Oiiee é domingo de Páscoa! Não achei que fosse postar hoje, mas ai vai um cap especial para vcs! até lá embaixo!



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Estavam todos reunidos na mesa de jantar, discutindo se deveriam mesmo se reunir com Maureen, quando um chamado os assusta. Alguém estava solicitando entrada ao Instituto.

Max observava cautelosamente enquanto seus pais se dirigiam ao elevador. Dele saiu um homem, mundano, com roupas ensanguentadas. Ele tinha os olhos opacos, como se não enxergasse, mas conseguia andar pelas colunas com facilidade.

O homem abriu a boca e um sussurro dela saiu:

– A senhora Vivian, Dama Vermelha e Rainha do Fogo, me mandou dar-lhes um recado.

Jace perguntou rispidamente:

– Que recado essa traidora mandou?!

O homem tossiu e água negra saiu de sua boca. Ele disse:

– Sal et veni ignis, ignis et usque ad primam ad mare.

E então, o homem explodiu em uma massa de carne cinzenta, sal e água. Todos estavam com os olhos arregalados. Simon perguntou:

– O que significa isso que ele disse?

– Significa: Eu vim do fogo e do sal, e pelo fogo irei queimá-los, até que A Primeira retorne ao mar– Foi Syrena quem respondeu, para a surpresa de todos- Isso é magia antiga, magia negra.

Jace atirou a lâmina serafim no chão frio e disse:

– Que ótimo, agora além de sereia e rebelde, sua irmã também é feiticeira?

Syrena balançou a cabeça e disse:

– Não foi Vivian quem fez isso. Ela deve estar recebendo ajuda de algum feiticeiro poderoso.

– E quem é ‘A Primeira’ de quem ela fala?- Clary pergunta.

Syrena encara todos na sala e diz:

– Calliope, a primeira sereia a surgir.

– Está falando da sua mãe, a tal de Calliosa, ou sei lá?- Simon pergunta confuso.

– Não, o nome da minha mãe era Callesa. Calliope é outra pessoa, infinitamente mais poderosa e perigosa que todas as outras sereias que já conheceu, vampiro- Syrena diz.

Isabelle balança a cabeça, incrédula e diz:

– Isso é impossível! Calliope está morta há centenas de anos, transformada em pedra em uma caverna submersa no canto mais secreto do mundo. Ninguém sabe exatamente onde fica.

– Vivian vai descobrir, isso se já não souber- Syrena diz.

Um silencio avassalador cobre a sala. Simon resolve dizer alguma coisa:

– Então... quem vai limpar isso aqui?

Todos olham diretamente para Simon, que os fita com confusão.

– Não, não, de jeito nenhum! Só porque sou um vampiro, não quer dizer que todos os trabalhos sanguinários cabem a mim!- Simon protesta.

Jace pega uma vassoura e entrega a Simon, que a pega relutante e começa a limpeza.

Clary pergunta:

– E por quê Vivian quer despertar Calliope?

– Porque Calliope é a sereia mais poderosa que já existiu e a que mais tem ódio dos Nephilim- Jace responde.

– Como assim?- Max pergunta, sem entender o que uma sereia teria a ver com os Nephilim.

– É melhor se sentarem, vai ser uma história bem longa- Jace diz- Tudo começou com o nascimento de Calliope. As sereias são uma espécie degenerada de fadas, oriundas da união de ninfas e duendes. Foi uma união assim que trouxe Calliope ao mundo. No começo, ela era uma alma bondosa, dedicada a cuidar da vida submarina e garantir a segurança dos seres vivos.

“Mas passado um tempo, as coisas mudaram. O coração de Calliope se tornou gélido e ela parou de se importar com as vidas alheias e começou a praticar torturas nas criaturas menores. O que incluía os mundanos. A Clave, é claro, teve que intervir, mas eles não sabiam o que estavam criando. Calliope, suprida de ódio pela audácia dos Nephilim, começou a criar mais sereias ao redor do mundo e a treiná-las para combater os Nephilim.”

“Muitos dos nossos morreram nesses combates, mas também muitas sereias foram aniquiladas, chegando a serem extintas em algumas partes do mundo. Os Nephilim da época viram que só havia uma forma de manter as sereias sobre controle: matar a líder. Após muitas tentativas fracassadas, um Caçador de Sombras anônimo bolou um plano: usar a cobiça de Calliope contra ela mesma. Ele depositou uma enorme estátua de ouro puro em uma caverna perto da Cidadela Submersa, onde Calliope reunia suas forças, e esperou pacientemente que o desejo por poder e riqueza se apossasse de Calliope. Passados sete dias, Calliope adentrou à caverna, onde encontrou a estátua e também o jovem Nephilim. Ele estava desarmado, só possuía uma coisa: um espelho de sal. Ao olhar o próprio reflexo no espelho, Calliope se transformou em uma estátua de sal e pedra, presa pela eternidade nas paredes escuras da caverna.”

“Desde então, diversos curiosos tentam encontrar os restos mortais da Primeira Sereia, mas todos acabam se perdendo entre os infinitos labirintos de cavernas ou acabam nas mãos das Sereias Guardiãs da Cidadela.”

Depois de ouvirem a história, todos se entreolharam cautelosos. Isabelle se pronunciou:

– Isso não importa! Mesmo que Vivian encontre a estatua, como poderia acordá-la?

– Existe uma forma- Syrena disse lentamente.

Max a olhou como se fosse uma estranha. Como podia não ter percebido os conhecimentos ocultos de Syrena?

Ela continuou:

– Há um ritual, muito antigo, no nosso povo, que diz que se uma sereia de linhagem direta com Calliope despejar um pouco de seu sangue no Cálice Negro, e então proferir um encantamento, a estátua se dissolveria e Calliope voltaria a vida novamente.

– E como vamos encontrar alguém da linhagem de Calliope?- pergunta Jace- Se é que existe alguém.

Syrena fechou com força os olhos e disse:

Se existir alguém, Vivian já deve ter encontrado. Ela não seria tola o bastante para começar uma rebelião sem ter alguma carta na manga.

– E o que vamos fazer, então?- Max pergunta.

– Antes de agir, temos que descobrir qual é o plano delas- Isabelle diz.

– E como é que vamos fazer isso?- Max diz.

Jace sorri levemente e diz:

– Ora essa, não é obvio? Tudo de que precisamos está aqui- ele aponta para Syrena- Só precisamos que ela veja algo, que ela consiga atravessar o bloqueio da mente de Vivian.

Syrena os olha com receio e Max a tranquiliza:

– Não precisa fazer se não quiser.

Ela balança a cabeça e diz:

– Vamos começar.

* * *

Raphael andava sem rumo à luz das estrelas. Estava esperando alguém.

Uma figura com longos cabelos loiros e olhos azuis apareceu, com um vestido preto e um sorriso nos lábios. Mary, Raphael pensou. Ou M.K, como gostava de ser chamada. Ela se aproximou e disse:

– Se atrasou, meu amor.

Raphael a pegou pela cintura e a beijou fervorosamente. Ele disse:

– Te esperei na festa mais cedo, por que não veio?

Ela engoliu em seco e disse:

– Me desculpe, eu tive um pequeno contratempo.

Ele a olhou com preocupação, mas ela apenas disse que estava tudo bem. Eles entraram no casarão abandonado e começaram sua habitual troca de carícias, quando alguém os surpreende. Allyson para ao lado da porta, com um sorriso maroto no rosto e pergunta:

– Estou interrompendo algo?

Raphael bufa e se afasta ligeiramente de Mary. Ele diz:

– O quê você quer, Allyson?

– Só quero avisar que Maureen o espera trazendo noticias de Simon e da reunião- Allyson diz e se senta em um dos bancos.

– Está bem, entendi o recado. Pode sair agora!- Raphael diz, incomodado.

Allyson o olha com divertimento e diz:

– Ela disse agora. E você sabe que ela não é muito paciente.

Raphael a encara com ódio e se despede de Mary, deixando-a sozinha com Allyson. Mary diz:

– Acho que não fomos apresentadas, me chamo Mary Kolbert, ou M.K.

Allyson diz indiferente:

– Sei exatamente quem você é. Você é a garota que roubou meu único irmão vivo de mim.

Mary a olhou com confusão e culpa e disse:

– Eu não o roubei, eu o amo.

– E eu também, à minha maneira- Allyson retruca.

– Por que estamos sequer tendo esta conversa?- Mary pergunta.

– Porque eu estou entediada e te provocar parece divertido no momento- Allyson diz com um sorriso.

Mary revira os olhos e diz:

– Mas eu tenho coisas a fazer em casa agora, então até mais, Allyson.

Mary sai apressadamente deixando Allyson sozinha com seus pensamentos.

* * *

Jennifer estava sozinha em seu quarto, rasgando todas as fotos que tinha com Jake. A conversa com sua mãe mais cedo não havia ajudado muito.

Jake a traíra, traíra sua confiança e isso não tinha perdão. Ela agora nutria um ódio profundo por Mia, Jake e todos aqueles falsos.

Estava com Jake desde os doze anos de idade e ele era tudo o que amava e conhecia. Mas agora havia acabado, e Jennifer não fazia ideia de como esquecer tudo o que ambos viveram.

De repente, ouviu um barulho em sua janela. Jake estava lá, pendurado em uma viga de madeira saliente. Ele a chamou, cutucando o vidro levemente.

Ela correu até a janela e a abriu, mas não permitiu que ele entrasse. Ele disse:

– Por favor, Jen! Eu posso explicar!

Ela o olhou friamente e disse:

– Não há o que explicar. Eu vi tudo, não se faça de inocente.

Ele segurou seus ombros e disse:

– Eu te amo! Com toda a minha alma!

– Você não tem alma. Você é um homem sem honra- Jennifer disse.

Ele a olhou surpreso e ofendido, e disse:

– Você não acredita nisso. Não pode acreditar! Você é minha, e eu sou seu, lembra?

– Foram só palavras, Jake. Você anulou o sentido delas quando fez o que fez- Ela dizia com frieza.

– Mas, eu te amo, não pode me ignorar!- Ele agora gritava.

Ela manteve o mesmo tom baixo e gelado ao dizer:

– Posso sim. Agora saia daqui antes que eu chame o Conclave e o entregue às autoridades por invasão de propriedade privada!

Ele a olhou com deboche e disse:

– Propriedade privada? Isso é um Instituto, não uma casa de campo! Qualquer Nephilim pode entrar.

– No Instituto, sim. Mas não no meu quarto. Eu moro aqui, e não você- Ela diz- Saia daqui, agora.

Ele não se move e Jennifer faz o impensável: o empurra. Ele cai no gramado logo abaixo com uma careta de dor. Provavelmente quebrou alguma coisa.

Ele se levanta com dificuldade e a encara, se sentindo traído. Mas Jennifer não se importava, tudo estava acabado. Ela joga as chaves do apartamento dele pela janela e fecha as cortinas.

Ela sabia que corações eram frágeis, mas temos que procurar quem os conserte. Era exatamente o que faria. Procuraria um novo amor.

E faria isso na frente dele, para ele sofrer tanto quanto a fizera sofrer.

* * *

A escuridão pairava na Cidadela, apenas as luzes azuis bruxuleantes iluminavam o abismo submerso. Vivian estava sentada em seu trono improvisado, quando Alarah, sua mais leal serva, apareceu. Ela disse:

– A mensagem foi entregue, Milady. O Víbora Vermelha certificou que o pescador não se desviasse de seu destino.

Vivian assentiu. Seu plano estava dando certo, agora os Nephilim tinham um enigma em suas mãos e até se darem conta da resposta, será tarde.

Ela ergueu os braços e gritou para suas seguidoras:

– O fogo do abismo afogado irá brilhar sobre a carne dos homens uma vez mais!

Gritos de concordância ecoaram pelas águas. Ela continuou:

– Logo, os Nephilim provarão o gosto da derrota! Eles pagarão por todo o mal que nos causaram! Quando a Primeira retornar!

– Quando a Primeira retornar- todos gritaram em uníssono.

Agora faltava pouco. A ira de Calliope iria atingir o mundo dos homens antes do fim das fases da lua.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo, gostaram do cap? então comentem! bjoss gigamensos e feliz páscoa!



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