Em Família escrita por Aline Herondale


Capítulo 13
A Ira da Rosa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítuloo.
Obrigado a todos que comentam e estão acompanhando a história.
Espero que gostem!



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Imaginei que, com o tempo, tio Charlie desistiria mas ele estava convicto de que, um dia, eu pegaria carona com ele de volta para casa.

Dessa vez havia ficado escondida, atrás de uma pilastra, num ângulo em que somente eu conseguia vê-lo. E lá estava ele, apoiado no capô do seu conversível azul celeste, com as mãos nos bolsos da calça, usando seus óculos escuros. Dessa vez não tinha nenhum sorriso no rosto e mesmo quando garotas passavam na sua frente, jogando-lhe charme ou tentando chamar sua atenção ele permanecia sério, olhando reto.

Esperei até que apenas uma pequena quantidade de alunos ainda esperava pelos pais para descobrir que ele não iria sair dali. Decidi sair pelos fundos da escola e pegar um caminho mais longo, mesmo estando exausta demais para andar.

Empurrei a porta de emergência e no momento em que ela se abriu xinguei mentalmente, parando no lugar.

Era verdade que o universo não se cansava de brincar com a minha cara.

Encostados num dos lados da parede, Pette e sua turma de amigos fumavam e conversavam sobre algo. Pararam de rir no momento em que me viram e escutei comentários maldosos sobre mim.

Respirei fundo e empinei a cabeça – só precisava passar por eles, não deveria ser tão difícil. Prestando atenção ao meu sexto sentindo, enfiei a mão na minha bolsa de ombro e procurei pelo lápis que havia colocado ali. Quando o encontrei, fechei os dedos firmes em volta dele e tirei, discretamente, minha mão da bolsa. Voltei a caminhar e passei por ele sem virar o rosto.

Estava quase deixando-os para trás quando um dos amigos de Pette ficou no meu caminho e jogou uma baforada de fumaça de cigarro no meu rosto. Fechei o rosto mais ainda e tentei desviar dele mas, como um exímio irritante, continuou ficando na minha frente por mais que eu tentasse me esquivar.

“Biltmore”, “Biltmore”, me chamavam mas eu continuei ignorando-os.

– Ou agora você atende por “vadia” ? – Petter que não havia saído do lugar, se pronunciou. Não olhei para ele e parei no lugar. – Soube que é isso que sua mãe tem sido...com seu tio. Você também entrou nessa? – Senti meu sangue começar a ferver nas veias. Risinhos de deboche dos seus amigos ecoaram à minha volta.

Virei meu rosto na direção do loiro idiota que estava encostado na parede: - O que você disse? – Tentei soar ameaçadora.

– “O que você disse.” Eu acho que você me ouviu, ò vadia. – Pette me imitou num tom de deboche.

– Repete o que disse. – Ameacei.

Ele desceu da lata de lixo verde em que estava sentado e estufou o peito, para falar num tom cheio de superioridade: - Acho melhor você tomar cuidado, vadia. Sabe o que acontece quando garotinhas se metem comigo?

Caminhei até ele, empinando meu nariz. Pette olhou para os amigos, confuso.

Ficamos a dois passos de distância e acreditei estar transmitindo a medida de ódio certa pelo olhar. Não disse nada e Pette bufou irônico. Se virou, parecendo que ia embora mas no segundo seguinte torceu o corpo, trazendo o punho fechado na minha direção. Meu sexto sentindo não poderia estar mais certo. E num movimento igualmente rápido levantei a mão que segurava o lápis e o enfiei na mão do loiro.

Ele gritou de dor e se afastou para o lado, apertando a lateral da mão que jorrava sangue pela ferida. Olhei seus amigos o rodearem, observando com olhos arregalados sua ferida circular. O loiro balançou a mão e tentou vir para cima de mim, mas foi impedido pelos amigos que o seguraram.

– Para com isso, Pette. Já chega. – Uma voz masculina, totalmente avulsa à roda de amigos do loiro, surgiu atrás de mim. Virei-me e encontrei um moreno de olhos verdes, carregando uma mochila num dos ombros, se aproximando sem cerimônias.

– Some daqui, Whip. – Pette falou nervoso e voltou e observar a própria ferida.

Whip sentou sobre a lata em que Pette estava, jogando a mochila no chão: - Cala boca e sai daqui, seu imbeciu. Ela não ta afim. – Ele disse, olhando para mim.

– Aí. Vamo cair fora. – Falou um dos amigos de Pette.

– É, até parece que eu ia perder meu tempo com essa vadia mesmo. – Pette se virou e saiu acompanhado dos seus amigos. Whip observou eles se afastarem e tornou a olhar para mim.

– Não liga, deixa para lá. Ele é um canalha, sabe. É só ignorar.

Joguei meu lápis de volta na bolsa e voltei pelo mesmo caminho que havia chegado ali. Escutei Whip me chamar enquanto me afastava. Ignorei-o.

Antes de chegar na porta da escola encontrei meu tio apoiando as costas numa das portas de vidro da saída da escola, com os óculos em mãos. Diminui o passo até finalmente parar um pouco próximo a ele.

Charlie levantou seu olhar, lentamente até mim e enxerguei um brilho estranho misturado ao seu cinza. Assim como seus olhos, sua expressão estava fria e séria – como se estivesse com raiva de algo mas...do quê?

Foi quando a suposição de que ele havia visto o que eu acabara de passar veio na minha cabeça. Devo ter deixado escapar uma pequena quantidade de surpresa no olhar pois, de repente, Charlie piscou fazendo sumir aquele brilho de raiva dos seus olhos e uma elevação num dos cantos dos seus lábios tirou a tensão do seu rosto.

Ele tornou a colocar os óculos escuros e abriu a porta em que estava apoiado. Sai de cabeça baixa e andei até o único conversível de modelo antigo estacionado ali.

Entrei e afundei no banco de couro bege.


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Notas finais do capítulo

Não me matem, ok? Se esse capítulo tiver mais comentários do que o usual postarei o próximo na quarta feira. E sim, o próximo já está prontinho. o/

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XOXO



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