Pov Merida

– Volte já aqui! – gritou o cara ao longe.

Minha moto já estava em movimento, ele nunca iria me alcançar!

O vento bagunçava meus cabelos, eu estava sem capacete, minha cabeleira ruiva indomável impedia que eu usasse um...

Sairia daquela cidade rapidinho, até porque eu prometi para minha mãe superprotetora e certinha, que estaria de volta para casa em uma semana, se eu chegasse antes ela me deixaria ir ao show de rock que ia ter na minha cidade.

E como eu vou chegar quatro dias antes do combinado... Paramore, Esvanecence e Linkin Park me aguardem!

A placa de “Você está saindo de Ohio” já era vista ao longe. Agora era só atravessar o estado do Penns, chegar a New York antes do combinado e esperar mais uma semana para o show! Vai valer a pena...

Me perdi em meus pensamentos e quando me dei conta de que tinha um carro de lado tomando toda a pista de ida e volta, só deu tempo de eu virar a moto e ser atirada para cima do “capô” do Chevrolet Impala vermelho.

Rolei sobre o carro e fui parar no chão. Estava dolorida e devagar virei minha cabeça dando de cara com um cabelo branco bem familiar...

– Iceberg? – questionei dolorida.

– E aí Tochinha? – ele respondeu com um sorriso de canto.

Me sentei na pista e encarei a roda do carro vermelho na minha frente.

– Pergunta. – falei para o Picolé. – Esse carro é seu?

– Sim, por quê? – ele respondeu encostando-se ao Impala.

– Então a culpa é sua? – gritei me levantando e tentando agarrar o pescoço de Jack, mas do nada a porta abriu e eu bati com tudo nela, indo de novo ao chão.

– Punzie... – sussurrou Jack. – Não foi uma boa ideia abrir a porta nesse momento.

– Eu tô avisando que é perigoso deixar o carro assim. – fitei uma cabeleira loira saindo do banco do motorista. Uma Patty?! Que maravilha! – Se alguém bater nesse carro eu não existo ok?

– Alguém, tipo eu? – perguntei me levantando e limpando minha blusa.

A loira me encarou e então encarou Jack, aí lançou um olhar ameaçador pra ele e voltou a me encarar.

– É. Tipo você. – ela respondeu e saiu completamente do carro fechando a porta em seguida. – Se for depor contra ele, eu não existo!

Dei um sorriso e estendi a mão para a loira.

– Você não existe. – concordei e ela apertou minha mão num cumprimento. – Gostei de você loirinha. Não é uma patty como eu pensei...

– Patty?! – ela gritou assustada. – Porque eu seria uma Patty?

– O Jack só anda com Pattys e pela roupa rosa eu pensei que você fosse, mas me enganei...

– Desculpa pela sua moto Tochinha. – falou Jack se aproximando de nós.

Peraí... CADÊ A MINHA MOTO???

– Cadê ela?? – gritei olhando ao redor.

Pulei o “capô” do carro do Jack e a avistei caída no chão.

– Se estiver arranhada você me paga Jack!! – gritei brava correndo em direção a ela.

– Ruivinha... – ele me chamou enquanto eu levantava minha moto. – Preciso de sua ajuda.

– Não pode ser tão sério assim. – falei rolando os olhos.

– Acredite! – chamou a loira. – Ele me arrastou de Washington até aqui. É sério!

– Tá bom. – falei me aproximando com minha moto. – Se vocês estão falando...

– Tenho novidades sobre minha mãe... – ele falou sério.

– Que bom Iceberg! – falei animada. – Mas porque está tão sério?

– Ela foi sequestrada! – ele exclamou me fitando.

– Então vai até a polícia. – falei dando a volta no carro dele e parando ao lado dos dois. – Não entendo o que eu posso fazer para você arrastar a loira até aqui.

– Não é esse tipo de sequestro. – ele falou segurando meu braço. O fitei e ele estava mesmo sério. Tinha alguma coisa errada... – Preciso que venha comigo...

Me sentei em minha moto e falei firme:

– Tem um dia para me convencer e mais dois para terminar o serviço, caso consiga me convencer. Se fizer isso, pode contar comigo.

– Então vamos. – ele falou entrando em seu carro, com a loira no banco do carona.

Seguimos pela estrada durante longas horas até chegarmos à New York. 1 hora depois paramos em um depósito abandonado.

– Essa é a sua casa Iceberg? – gritei descendo da moto. – Que dó! – comecei a rir dele.

– Engraçadinha! – ele gritou de volta e entrou no depósito seguido pela loira e por mim.

O depósito até que não estava tão bagunçado. A maioria das caixas estava empilhada em um canto do depósito enquanto outras permaneciam jogadas no chão cobertas por panos velhos e rasgados, um conjunto de mesas estava no cento do espaço vazio formando uma mesa gigante. Cadeiras estavam espalhadas por todos os cantos e malas de aço empilhadas uma em cima da outra ao lado de uma coluna de concreto.

– Você está mais organizado do que quando eu te conheci Iceberg... – elogiei encarando o local.

– Obrigado. – ele agradeceu com uma reverência falsa.

– Continua sendo um bom mentiroso Jack. – uma voz soou atrás das caixas jogadas ao nosso lado.

Um garoto que parecia ter uns 17 anos apareceu carregando uma caixa que tampava o seu rosto. Algo que por acaso acabei notando, é que ele tem uma prótese de ferro no lugar da perna esquerda.

Aquilo me deixou um pouco chocada...

– Não foi ele que arrumou isso garota. – ela falou se dirigindo a mim.

– Acho que já percebi que não... – respondi o encarando, na verdade encarando a caixa em suas mãos. – E meu nome não é “garota” é Merida.

– É Tochinha. – discordou Jack na maior cara de pau.

O garoto da caixa riu e começou a descer a mesma. Ele era moreno e seus olhos intensamente verdes, devo admitir que ele era bonito, mas eu sou Merida! Esquece o que eu falei! Você não lembra disso! A menos que queira morrer!!!

– Prazer Merida. – sorri para ele por não me chamar de Tochinha. – Vem cá Jack. – chamou o moreno. – Sua equipe, do trabalho super importante que vai por nossas vidas em risco, tem... 3 pessoas?

Me virei e notei que a loira não estava mais no depósito. Onde ela se meteu?

– Não. – respondi no lugar de Jack. – Também tem uma loirinha que ele arrastou até Ohio para me buscar e...

– Loira?! – o moreno gritou deixando a caixa cair. – Jack!

Ele começou a dar passos firmes na direção do albino. O que o Picolé aprontou dessa vez?

– Calma Hiccup. – ele pediu andando para trás. – Eu posso explicar.

– Eu só preciso de uma informação. – o moreno falou segurando Jack pela gola da camisa. – Quem você trouxe?

Olhei ao redor e vi algumas mechas loiras no chão saindo de detrás de uma caixa. Sorrateira eu fui lentamente até a caixa e garrei o cabelo loiro, então chamei o moreno:

– Hiccup! – ele e Jack se viraram para mim. – Achei a quarta integrante do grupo. – falei balançando os fios de cabelo loiros na minha mão.

Puxei o cabelo com força e um “Ai” foi ouvido por todos. A loira apareceu segurando seu couro-cabeludo com uma expressão brava.

– Puxar o cabelo não vale! – ela gritou com raiva.

– Não mexo com regras. – afirmei soltando o cabelo dela.

Me virei novamente para os meninos e o moreno, Hiccup, estava paralisado. Incrédulo. O que deu nele?

Ele soltou Jack que caiu sentado no chão, não aguentei e comecei a rir, mas ai eu vi o moreno vindo em minha direção, completamente sério.

– Opa, opa! – falei chegando para trás. – É brincadeira! Não precisa ficar assim...

Mas ele passou por mim e foi em direção à loira, que estava com uma cara de medo tão grande que dava até dó dela...

– O que. Você. Está. Fazendo. Aqui? – o moreno perguntou pausadamente prendendo a loira contra a parede.