– Uma vez aprendi uma habilidade muito especial, em um sonho meio esquecido. Ainda lembro o cara que me ensinou isso. O espião mais temido do mundo...

– Senhor Coob. – completei o interrompendo.

– Sim. – o albino a minha frente confirmou. – Ele mesmo. Como sabe?

– Digamos que houve um pequeno "incidente" entre ele e o meu avô.

– Oh... – ele deu um sorriso tranquilizador e completou: – Espero que não guarde rancor senhor Hiccup.

– Primeiro, eu não sou um senhor, só tenho 16 anos. Segundo, não guardo rancor senhor Frost. Mas sei que isso é ilegal, e sinceramente eu quero chegar a faculdade sem ser procurado internacionalmente.

Me levantei da cadeira e segui em direção a saída, mas antes que eu chegasse a porta, a voz do albino me chamou a atenção.

– O "incidente" foi a famosa inserção, senhor Hiccup?

– Não. – respondi me voltando novamente para a mesa. – Se tivesse sido eu seria milionário hoje!

– Você sabe que Saito acabou dominando metade do mundo e Fisher a outra metade, mas ambos estão ganhando tanto poder, que podem acabar virando a próxima potência.

– O que isso tem a ver?

– Algo me incomoda...

– Por que as duas maiores companhias de energia te incomodariam?

– Minha mãe.

– Ela trabalha para algum dos dois?

– Ela morreu!

Desfaleci. Minha mãe não estava mais comigo. Ela morreu quando eu tinha 5 anos, e eu sei o quanto dói não ter sua presença nos momentos mais difíceis da nossa vida...

– O isso tem a ver com a inserção, com o senhor Coob, com as duas maiores empresas de energia do mundo... E principalmente. Com sonhos?

– Porque a última pergunta? – ele perguntou apoiando os braços na mesa e se aproximando.

– Eu perguntei primeiro. Mereço uma resposta!

– Ok. – ele concordou se encostando novamente a cadeira. – Em uma aula com Dom...

– Quem é Dom? – indaguei confuso.

– O senhor Coob.

– Ha, sim... Continue.

– Bom... Em uma aula com ele, num sonho compartilhado, eu abri o cofre de segredos dele...

– Você fez o que?! – arregalei os olhos surpreso. – Você roubou algo do melhor extrator do mundo?

– Ele estava me ensinando a fazer isso, e que maneira melhor de provar que aprendi, do que roubando isso do melhor...

– Você tem noção do que fez? Ele guarda segredos de todas as pessoas importantes do planeta!

– Não estava interessado nisso! – respondeu dando de ombros. – Mas descobri que é possível aprisionar uma pessoa em sua mente, e que Fisher fez isso com alguém.

– "Com alguém" não é motivo para fazer algo ilegal Jack!

– Você faz alguma ideia de quem seja esse alguém? – ele questionou arqueando uma sobrancelha.

Mordi o lábio tentando chegar a uma conclusão. Até que minha mente se iluminou com uma ideia.

– Sua mãe...

– Sim. Clary Frost.

– Eu compreendo sua dor, mas... – me levantei. – Não posso fazer isso. Tenho uma vida, que não quero que acabe. Não posso me separar de quem amo.

– Sei disso. – o albino respondeu despreocupado se levantado e deixando o dinheiro sobre a mesa. – Dom sofreu muito por perder quem amava.

– Não posso correr o risco de perder tudo.

– Será apenas um trabalho. Que suponho que será rápido e sem riscos.

– Está baseando tudo em suas suposições? Não seja pretencioso Jack. – parei na porta, com ele ao meu lado. – Quem não conhece seu inimigo, não pode ir para o campo de batalha. A menos, é claro, que queira morrer!

– Tirando todo esse papo que foi jogado fora... – ele disse enquanto saiamos do café. – Qual sua resposta final senhor Hiccup?

– Não vou fazer algo ilegal sem ter a mínima prova de um sequestro! Eu recuso Jack... E PARA DE ME CHAMAR DE SENHOR!

– Parece entender os sonhos Hiccup... -– ele sussurrou enquanto eu parava no sinal.

– Pode se dizer que sim... – respondi dando de ombros.

Ouvi um riso vindo de Jack.

– Então pode me explicar como chegamos aquele café?

– Bom, a gente...

Eu... Eu não consigo lembrar!

Olhei ao meu redor surpreso. Várias explosões começaram a acontecer e os estilhaços paravam no ar como se o tempo tivesse parado. Uma bomba atingiu a pista e um carro começou a voar na minha direção. Tentei me proteger, mas já era tarde...

Apenas pude sentir todo o peso do carro me atingir e me jogar contra a parede. Meu último momento foi sentir a dor dilacerante de todos os meus ossos sendo quebrados e meu corpo sendo completamente esmagado...