O Meu Muro Caiu, literalmente escrita por Carol Araujo


Capítulo 21
Capítulo 21 - Uma caminhada pela praia




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Duas semanas depois...

 

O tempo passou após aquele dia. Ele ia passar de todo jeito, eu sei disso.  Dizem que o tempo cura feridas, tomara que seja verdade.  Por que eu não fazia idéia que ia ser tão difícil, tipo, enfrentar um funeral. É umas das coisas mais tristes que eu já fiz.  A pessoa morta fica num caixão, exposta, pálido e sem vida. Pessoas choram atrás de você, e é impossível você não chorar também. Ainda bem que Mateus foi comigo, o que me auxiliou muito.  Ele ficou do meu lado com um lenço, que secava minhas lágrimas, e fica ou calado ou me consolando. A Sabrina? Não foi. Os pais delas resolveram viajar por um tempo para ela esfriar a cabeça, eu achei melhor mesmo, é bom ela respirar outros ares. Ocorreu tudo bem, de tempos em tempos eu me conformei. A vida é assim mesmo, uma trapaceira.  Só o que eu não me liguei é que o casamento da minha mãe está tão perto, quer dizer. Falta um mês. Isso mesmo, só um mês. O que me dá pouco tempo para destruir esse casamento de uma vez. Que merda.

- Alexandra! Vamos logo com isso! Eu nunca soube que você demorava tanto para vestir um vestido! – Minha mãe gritou do lado de fora da cabine.

É isso mesmo. Eu fui raptada por minha própria mãe para uma loja de aluguel de vestidos para festa. Que dizer, eu e ela estávamos escolhendo os vestidos para o casamento.  Não pense que eu vim com muita facilidade. Eu fui literalmente arrastada para cá. Eu estava enrolando na cabine trocando mensagens com Mateus, fazer o que?

- Mãe, espera – Eu falei quando eu terminei de mandar uma mensagem. Fiquei esperando,até receber de volta.

“Alexandra, atenda a sua mãe, deus.” Eu ri quando li. Voltei a guardar o celular na bolsa e saí da cabine. Minha mãe estava impaciente esperando.

- Tô aqui – Falei.

-Alex! Você está linda! – Minha mãe quase pulou de felicidade, que cafonice. Eu me virei para me olhar no espelho, curiosa.

Eu estava com um vestido roxo, não aquele roxo claro brega. Era um escuro que quase chegava a preto. Era pequeno, que ia até meus joelhos. Fazia um X nas minhas costas, que contrastava com minha pele clara, tinha a cintura bem marcada, uma coisa que eu tinha, pelo menos. Ficava até legal em mim, sabe?

- Hm – Foi só o que eu disse.

- Quer ficar com esse para usar no casamento?

- Que casamento? – Fingi surpresa, minha mãe fez cara feia para mim. Revirei os olhos.

- Pode ser. Só não pense que eu vou aceitar esse casamento e aquele porco ser meu padrasto.

- ALEXANDRA!

- Só estou falando – Falei e entrei na cabine para tirar o vestido, eu sabia ser dramática.

Tirei o vestido e coloquei minhas roupas normais, quer dizer, jeans e camiseta. Saí da cabine com o vestido nos braços e dei para minha mãe segurar, eu que não vou segurar peso, pois é, continuo a mesma de sempre. Depois de guardar meu vestido, fomos cuidar do vestido da minha mãe.  Eu nunca fui fã de vestidos de noiva, mas, o 5º que minha mãe provou... Estava lindo.  Era um tomara que caia branco (fala sério, Alex. Por que não é preto? Desculpe, estou sendo retórica comigo mesma) com pedrinhas que brilhavam a cada movimento dela, era longo. Era simplesmente... Maravilhoso. Eu quase queria me casar com ele, e imagino até com quem... PARA ALEX! Eu tenho que parar de pensar em besteira.

- E aí Alexandra? Você não falou nada – Minha mãe falou em frente ao espelho enorme, enquanto eu estava num sofá branco, sentada, jogando Tetris no celular, eu estava entediada ok?

- Ah, mãe, você está linda – Falei e voltei a minha atenção no jogo.

- Então, eu acho que eu vou ficar com esse – Minha mãe falou, eu assenti.

Depois de uns minutos, fomos embora, com os vestidos do casamento reservados. A viagem de volta para casa foi silenciosa, até o toque estridente do meu celular. Revirei os olhos e atendi.

- Alô?

- Alex – Mateus falou, eu olhei para minha mãe dirigindo que ficou olhando para mim, eu ri.

- Oi Mateus - Falei

- Oie, acabou a sua sessão de tortura de vestidos? –Ele perguntou.

- Aleluia, que acabou – Eu falei.

- Vai fazer o quê de tarde?

- Mofar em casa – Eu ri – E você?

- Ah, eu queria perguntar se você quer sair. Tomar um sorvete, assistir um filme – Eu ri, cara, vou até o inferno com ele. Só se for com ele.

- Claro – Eu ri – Da onde você pensou que eu ia recusar?

- Você é imprevisível. Não tem como prever uma reação sua.- Ele riu - Vamos andar pela praia, a gente pode ir a pé até. Fica apenas a duas quadras daqui. Não vai dar uma de Alana e dizer que fica com câimbra no meio do caminho – Ele riu.

- Ah, é claro que não – Eu ri.

- Ok, combinado daqui a uma hora. Até mais.

- Tchau, beijos – Falei e desliguei. Já tínhamos chegado em casa... Eu estava no carro sozinha. Que estranho, eu ri.

Eram duas horas. De três horas a gente ia sair.Fui até na meu carro e dei um pulo na minha cama, me deitando, exausta. Liguei meu som e cantarolei a música até o banheiro para tomar banho.  E troquei minha roupa por um short e uma blusa azul escura. Coloquei meus óculos wayfarer preto na gola e peguei o meu celular mandando um torpedo para ele dizendo que eu estou pronta, no mesmo minuto escutei a campainha. Sorri e corri para porta. Meu anjo pessoal apareceu. Eu sorri e tranquei a porta e corri para os braços dele, sentindo seu cheiro estranhamente  agradável para mim.

- Tá desesperada assim? – Ele riu.

- Ah, não tire minha felicidade momentânea – Eu ri

- Tudo bem, então, está querendo mesmo ir apé até a praia. Eu não vou querer te carregar – Ele riu – Você deve ser pesada – Eu dei um soco nele,54 quilos é bom, eu acho.

- Não esquenta. Eu acho que agüento – Eu ri, ele colocou o braço na minha cintura enquanto caminhávamos, o que provocou um arrepio em mim. Respirei agradecida.

Enquanto caminhávamos para chegar a praia, nós conversamos como dois bobos, rindo alto e chamando a atenção de velhinhas que conversavam sentadas na rua, ouvi até uma falar: “ Amor juvenil desgraçado”  Eu ri baixinho e continuei conversando com Mateus. Isso era uma coisa que eu dizia para Leonardo e Sabrina, e agora... Eu estou metida num! Isso me parece tão irônico. Nós chegamos uns bons vinte minutos depois, com a calçada da praia lotada de pessoas e vendedores de trecos gritando ao longe. Corremos atravessando o trânsito, para chegar ao outro lado da rua, que já era a praia. Eu arfei.

- Tá cansada? – Mateus perguntou rindo. Revirei os olhos.

- Não – Eu falei.

- Hm. Não parece – Ele riu e pegou minha mão. – Vamos

-Vamos...

Andamos pela praia com a areia fofa quase subterrando meus tênis que eu tive que tirar a força. Senti a areia quente da praia nos meus pés que formigaram, era tão bom. Eu admito, eu estava ficando cansada. Ninguém é de ferro, ok?

- Que tal se... – Eu murmurei – Descansássemos um pouco? – Eu sorri culpada para Mateus.

- Eu sabia – Ele riu – Sente – Ele sentou de bunda no chão de areia, e ele me puxou para baixo com um golpe, caindo em cima dele.

- Ai – Eu murmurei – Não precisava ser assim, ok?

- Precisava - Ele murmurou olhando para o mar, coloquei meus óculos, para não incomodar minha vista. O sol estava quase batendo no mar, aquela tarde passou mais rápido do que eu esperava.

- ALEXANDRA! – Ouvi um grito, muito, muito familiar. Tirei meus óculos do rosto e olhei a criatura do meu outro lado.

Era Alana.

E Pedro.

Eram duas criaturas.

Meu ex-namorado e a ex-namorada de Mateus.

De mãos dadas.

Vamos para com isso, ok?

Só faltei gritar. – A-Alana? – Gaguejei e me levantei, e Mateus já estava em pé, e de repente segurou a minha mão com determinação.

- Alexandra... Você está tão mudada! – Alana falou. Seu cabelo estava cortado curto, sem o mega-hair que eu estraguei, estava ainda mais alta que eu. E por incrível, parecia... Mais normal. Com uma pólo preta e um short. Totalmente mudada e... Sem nada de maquiagem. Essa é Alana? A vaca?A nojenta? Depois foi eu que mudei.

- Oi Alex – Ouvi Pedro, bom, ele continua o mesmo. Eu estava totalmente perdida.

- Oi... Vocês dois – Eu falei.

- Olá – Mateus falou perplexo.

- Vocês dois estão tão... Lindos juntos. Quem diria que tudo acabaria bem? – Alana riu.

- Eu com certeza... não – Eu falei.

- Sim, Alexandra, é claro que você conhece o Pedro! Ele me falou tanta coisa de você. E Mateus, eu acho que você também o conhece. –Alana falou sorrindo, uma coisa que estava me dando medo.

- Bom, a gente nunca se falou na verdade – Mateus coçou atrás da cabeça.

- Quem diria? – Pedro falou, com um sorriso irônico, só que ainda com os olhos fixos em mim. Me agarrei mais a mão de Mateus.

- Bom, ele agora é meu... Namorado. – Ela sorriu e olhou para Pedro – Sabe aquele dia? Que nós duas brigamos e eu fui obrigada a cortar meu cabelo. Nós dois nos encontramos e conversamos... Conversamos, e bom, uma coisa levou a outra. – Ela riu. – Parece ironia, quer dizer, ele foi o seu namorado, e eu já fui namorada de Mateus, bom, parece coisa do destino! Não é Pedro? – Ela olhou para ele, e ele respondeu automaticamente um “É claro”. Estava todo mundo tenso, bom, menos Alana. Ela parecia a Poliana em pessoa.

- Que ótimo – Falei.

- Muito bom – Mateus falou.

- A gente estava indo a um restaurante aqui em beira mar, só fazer um lanchinho rápido. Quer ir conosco?

Eu olhei para Mateus, ele assentiu.

- Vamos – Eu dei o melhor sorriso que eu pude dar, deve ter saído horrível.

Andamos em silêncio, eu com o Mateus atrás e Alana com Pedro na frente.

- Que medo – Eu sussurrei no ouvido de Mateus, ele riu.

Quando chegamos nos sentamos numa mesa de quatro cadeiras num restaurante  pequeno na beira da praia. O clima ainda estava tenso. Pedimos uns sanduíches simples com coca-cola, o que incrível que Alana também iria comer.

- Eu desisti das dietas – Ela disse para mim quando eu perguntei o que aconteceu.

Será possível as pessoas mudarem tanto assim? Eu nem sei. Me levantei e disse que eu ia ao banheiro, e caminhei até o outro lado do restaurante, que tinha uns banheiros, ouvi alguém também se levantar da mesa, mas eu não queria saber muito quem era, continuei andando mesmo assim, sem me virar. Só não esperava me encurralarem na parede, com uma brutalidade, que quase quebrava meu ombro com o golpe, se fosse possível. Era Pedro, com os olhos castanhos lotados de ódio.

- P-Pedro? – Gaguejei. Ele me largou e andou para trás, balançando a cabeça.

- Por que Alexandra, Por quê? – Ele falou me encarando.

- Por que o quê Pedro? – Eu perguntei – O que aconteceu com você?

- Você ficou com... Ele, e me traiu, me trocou por aquilo? - Ele perguntou.

- Ah. Pedro, eu não gosto de você. Quer, dizer. Eu gosto de você. Mas é só amizade!

- Então por que com ele é diferente?                                     

- Eu não sei Pedro! Eu nunca pensei que eu ia me apaixonar por alguém na vida – Eu falei, me controlando para não gritar. Eu não queria perder a cabeça.

- Eu era apaixonado por você Alexandra. E ainda sou – Ele falou baixo – Você acha que não? Era tão evidente!

Eu fiquei calada por uns minutos. – E Alana?

- ELA SE JOGOU EM MIM! Eu estava arrasado aquele dia, eu ia fazer o que? Alana é só curtição. É você que eu quero ficar. Com você – Ele falou. O que eu iria fazer?

- Eu... Eu... Eu acho que é melhor não Pedro – Eu falei. – Eu acho que Alana já está caidinha por você e eu estou ótima com Mateus.

- E eu? Como é que eu fico? Eu não vou agüentar ficar fingindo que eu não gosto de você, e que eu gosto de Alana o tempo todo. Eu sou humano

Parece eu. Quer dizer, eu com Pedro. E eu gostando é de Mateus. Eu o entendo mais do que imagina.

- Bom Pedro. Eu também não posso fingir que eu gosto de você como namorado, eu não te amo.

Ele ficou calado.

- Fui eu, você sabe né? – Ele sussurrou

- O que?

- A montagem... Sabe, aquela de você com aquele corpo – Pedro falou. Eu não consegui fechar minha boca.

- Eu... Eu pensei que fosse Alana.

- Alana é muito idiota para sequer saber ligar um computador! Eu que fiz, pensando que o lesado do seu namorado ia te largar. Mas quem pensou que não? Eu tive tanto ódio quando eu vi que vocês estavam aqui, juntos. - Ele rugiu.

 Eu me afastei incrédula - Mas... Você era meu amigo! Eu... Você não deveria ter feito isso – Falei com minha voz falhando.

- Eu não consigo admitir isso. Eu... Alexandra, por favor – Ele se aproximou de mim, até demais. – Largue aquele idiota.

Idiota?

- Quem? – Perguntei, eu estava meio que não acreditando que ele chamou Mateus de idiota.

- A merda que é seu namorado. O tal de Mateus. Aquele... Aquele... – Ele não pôde completar a frase, que foi interrompida por um soco bem dado. Do meu idiota. Quer dizer, do Mateus. Ele caiu retorcido no chão. Com um nariz sangrando. Olhei para Mateus, ele estava diferente... Cheio de fúria. Eu o segurei para não o bater mais, aquele ainda era meu amigo Pedro.

- Mateus, calma – Eu falei.

- Merda é você – Mateus falou olhando para Pedro contorcido no chão. O que aconteceu com minha vida?

- Pode soltar Alexandra. – Ele sorriu, o que era assustador com o nariz sangrando, quer dizer, deu medo.- Ele não agüenta uma competição saudável  - Ele riu e se levantou.

Mateus tentou sair dos meus braços, mas eu não deixei. Pedro se virou e foi embora. Talvez fosse atrás de Alana, ou limpar o nariz, eu não sei.

- Alexandra – Mateus sussurrou, eu o soltei e cai sentada no chão, e comecei a chorar debilmente, cobrindo meu rosto. Senti Mateus se ajoelhar na minha frente.

- Sua vida é muito doida – Mateus falou tentando me animar. Olhei para ele, e sorri fraco. – Eu não sei se vou agüentar.

- Você sabe que eu amo é você, né? - Eu falei. Ele assentiu.

- E eu sou louco por você – Ele riu e me beijou docemente.

Apesar de todas as minhas complicações e problemas intrometidos na minha vida. Minha implicância e teimosia, era incrível saber que ele ainda me amava.


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Notas finais do capítulo

VIVENDO LA VIDA LOCA (8) rs, é, hoje eu estou assim.