Eu sei muito bem disso – diz Austin.

É eu sei que sabe, só queria falar mesmo – fala Dez.

Por que ela saiu? – pergunta Austin.

Olha eu não sei, talvez porque você beijou ela? – pergunta Trish irônica.

Trish foi só um selinho – fala Austin.

Eu quero te bater agora – diz Trish se levantando e batendo na porta do banheiro.

Ally posso entrar? – pergunta Trish.

A porta se abre devagar e a Trish entra.

O que houve? – pergunta Trish.

Eu não sei, só não quis ficar lá – digo.

Tá tudo bem? – pergunta Trish.

Não, está tudo tão confuso Trish – respondo.

Eu entendo – Trish me abraça.

Ninguém entende. Eu sou só mais uma garota bipolar a procura de alguém que não existe.

Trish vamos, não quero ser dramática – digo no ouvido dela.

Por que é sempre assim, qualquer sinal de tristeza espalhado às pessoas vão lá dizer que é drama, uma cena, seja lá o que for.

Ok – sussurra ela.

Voltamos para a sala, e lá estavam eles, conversando e me observando.

Oi, como está? – pergunta Austin.

Estou bem – falo.

Então vamos terminar o trabalho – diz Dez.

Certo – fala Trish.

...

Logo depois que a gente terminou o trabalho, cada um foi pra casa, Trish tinha me chamado para passar um dia na casa dela, mas eu não estava bem para conversar e nem nada do tipo.

Tem certeza que não quer vir? Está tudo bem? – pergunta Trish.

Sim – respondo.

Tudo bem então – fala Trish.

Tchau – falo.

Se cuida Ally, tchau – diz Trish.

Antes de chegar em casa compro uma raspadinha de morango e vou direto para casa, eu estava meio apressada e muito cansada, eu queria um momento sozinha, para pensar sobre tudo.

Entro em casa, tranco a porta e deixo a chave em cima da mesa, vou pro meu quarto, encosto a porta, deixo minha raspadinha em cima da minha escrivaninha e procuro meu diário, preciso saber uma coisa.

‘’eu me lembro da última vez que conversei com meu pai, ele falou para mim se afastar daqueles que me machucam, mas eu não entendi, ele falou que eu sou criança e não entendo isso, um dia eu vi meu papai e minha mamãe discutindo, isso é machucar diário? Ele se afastou porque a mamãe machucava o papai? Diário eu estou tão confusa... Até mais’’

Olho para cima fecho os meus olhos e sussurro:

‘’agora eu sei pai, o que é machucar’’.

Pov Austin

Quando as meninas fui embora eu e o Dez ficamos conversando assuntos aleatórios e bem bobos, mas eu não conseguia me concentrar em nada, eu só ficava pensando na Ally, no pequeno momento, simplesmente em tudo...

Cara você tá bem? – pergunta Dez.

To ótimo – falo.

Certo... – diz Dez.

Então... E a Trish? Tá dando tudo certo, não é? – pergunto querendo desviar um pouco do assunto.

Sim, eu sentia falta dela, sabe? – fala Dez.

Na verdade, eu não sei... – digo rindo.

Tudo bem... Um dia todos vão passar por isso – diz Dez.

É – respondo

Você um dia já sentiu como se estivesse fazendo tudo errado? – pergunto.

Sim, todo dia – fala Dez rindo.

É sério – digo.

Às vezes não é a gente que está fazendo tudo errado – diz Dez.

Eu sei, mas sei lá – digo.

Complicado não é? – pergunta Dez.

Sim – respondo.

É sempre complicado cara, mas olha não se deixe abater por nada disso, ok? – diz Dez.

Ok, mas olha eu só queria que a gente fosse amigos – falo.

Não é tão simples – fala Dez.

Claro que é cara – digo.

Não Austin... Para ela não é – diz Dez.

Você já parou pra pensar que talvez as pessoas já machucaram tanto ela que ela na confia mais em ninguém – diz Dez.

Mas ela tá sendo amiga da Trish – digo.

Não, a Trish tá sendo amiga dela, ela não – fala Dez.

Como assim? – pergunto confuso.

A Ally... Hum... Não confia muito na Trish, elas são amigas, mas para a Ally, eu não sei – fala Dez.

Porque você tá falando isso? - pergunto.

Cara é a verdade! – diz Dez.

Não estou entendo mais nada – digo.

Austin ninguém nunca te machucou, não é? – pergunta Dez.

Não... – digo.

Por isso você não sabe o que é sofrer... Mas é sério, nunca? – pergunta Dez.

Eu tinha uns amigos e tal, mas eles nunca me machucaram – digo.

Certeza? A amizade também machuca – diz Dez.

Sim, nos afastamos, e foi só isso – explico.

Você está gostando da Ally, não é cara?- pergunta Dez.

Sim – respondo.

Mas como? Por quê? – pergunta Dez.

Eu não sei explicar, só sei que estou gostando dela... Como nunca gostei de ninguém – digo.

Vamos parar de falar nisso que minha cabeça já tá doendo – diz Dez.

Ok – digo.

Espero que ela não te machuque... E se machucar, se mantenha forte – fala Dez.

Pov Ally

Meu pai sempre me dizia como o mundo era cruel,mas eu não concordava, sabe? Por que não é o mundo que é ruim, são as pessoas que o tornam ruim.

Eu nunca entendi meu pai, sei lá, minha mãe fala que ele é um louco e que me influenciava a se matar, mas eu nunca ouvi nenhum dos dois, eu queria batalhar sozinha... Eu queria perder essa guerra sozinha.

Depois de várias noites em claro pensando no que fazer, no que sentir, eu não parava de pensar no Austin, ele não fez nada para eu trata-lo assim, mas é isso, eu machuco as pessoas mesmo quando não quero.

Leio mais um trecho:

‘’hoje foi bem divertido, meus pais me levaram para passear, meu pai disse que ia ser a nossa última diversão juntos, o que ele quis dizer com isso diário? Ele vai viajar? Eu quis perguntar... Mas eu ia estragar o passeio, então fiquei calada’’.

Eu já estava chorando, naquele quarto... Lembranças me atormentavam...

‘’meu pai viajou, foi o que a mamãe disse, não vejo a hora de ele chegar’’.

Passo a mão pelo meu cabelo.

‘’hoje eu brinquei com um garoto muito legal, o nome dele é Austin, nunca mais vamos se ver, mas pelo menos brincamos’’.

O quê? Como assim? Austin? Eu já conheci o Austin? Como?

Volto algumas páginas.

‘’aquele passeio... Melhor viajem diário... Você gostou?’’

Por que a vida fez isso comigo? Por que pessoas boas se dão mal na vida? Eu estou de mau humor, porque eu sei que mesmo eu não querendo eu vou machuca-lo, essa é minha vida, é como se e fosse amaldiçoado a isso... E eu não sei se vou ser capaz de fazer isso com ele, não vou conseguir desligar os meus sentimentos... Por ele.

‘’Se duas pessoas são feitas para ficar juntas, acharão o caminho de volta’’.