POV Lílian

Finalmente a viagem acabou. Nunca tinha viajado de avião antes, e torci para que a viagem acabasse logo, pois, sinceramente, estava com medo. Saí do aeroporto e pensei em pegar um táxi para o endereço do hotel que Claudia havia me indicado. Quando cheguei ao ponto de táxi, dois homens altos vestidos com roupa preta e um tanto familiares vieram na minha direção. Um deles perguntou:

–Lílian?

–Sim? – perguntei com um tom de voz baixo assustado.

–Claudia nos mandou para busca-la – Claro que os membros d’A Ordem, e muito menos minha tia ficariam no meu pé – Vamos levá-la para o hotel em que você ficara hospedada. Pode vir conosco?

–E eu tenho opção? – perguntei com uma cara séria e sarcástica.

Levaram-me até uma limusine que me levaria até o maldito endereço. Eu sabia que existiam membros fora da cidade, mas nunca imaginei que fossem tão ricos. Por que eles não mandavam comida? Talvez tenham medo de voltar para cidade, mas por que permanecem fiéis ao culto se estão livres para seguir com a vida? Será que são controlados ou são simplesmente loucos?

–Chegamos – Disse um deles sorrindo (como conseguia sorrir com tanto ódio em seu passado?).

O hotel era maravilhoso. Fomos até a recepção e eu fiquei sentada, até alguém tropeçar em mim:

–Oh! Desculpe-me, como sou desastrado! – Era um garoto, bonito por sinal – acabei de chegar de viagem e estou com um pouco de sono.

–Sem problemas, eu também estou exausta...

–Ah! Onde estão minhas maneiras? – ele disse sem graça – Meu nome é Yuki (Yuki! Será esse o garoto de quem Alessa estava falando?) – Eu sei que eu não tenho características asiáticas, mas o nome foi dado por meus pais adotivos, e eu vivo no Japão desde então. E você? De onde veio?

Fiquei sem graça. Não sabia o que dizer. O que Alessa tinha dito ainda estava circulando em minha mente.

–Estados Unidos! – disse rápido e um pouco alto. Alguns hospedes olharam sérios e eu já estava ficando vermelha.

–Eu vou pra lá depois de resolver uns assuntos aqui. Bom passeio. Até mais. – Ele andou até as escadas, mas virou-se rapidamente. – Não perguntei seu nome...

–É Lílian!

–Bom até mais Lílian! Espero te reencontrar. – Mal sabe que isso realmente irá acontecer.

–Lílian. Vamos leva-la para seu quarto, evite falar com estranhos. – eu assenti com a cabeça e os segui até o quarto.

POV Yuki

Puxa, que menina bonita. Ela tinha olhos azuis brilhantes e os lábios vermelhos. Os cabelos eram longos e ruivos.

Ao chegar ao quarto, me deitei na cama. Ainda tinha que planejar como entrar na área restrita. Fiquei pensando no que a dona da loja disse...

//Flashback Yuki//

–Yuki, sempre duvidei da sua capacidade sobrenatural, mas vejo que é o único que fará bom uso dos equipamentos. Se isso realmente aconteceu... – A dona da loja parou e refletiu um pouco – Você está correndo um grande perigo. Se você realmente quer seguir com esta loucura, não irei lhe impedir, mas tome cuidado e não confie em ninguém no seu caminho.

//Presente//

Ela está certa, não devo confiar em ninguém, mas não vou conseguir fazer tudo sozinho. Por ora vou descansar um pouco e parar de pensar nisso. Dormi...

–Vamos! Acorde! O ritual deve ser realizado com você acordado!

–O quê? Que ritual? Quem são vocês? Me larguem!

Alguns homens vestidos de preto estavam amarrando cordas em meus braços, pernas e cabeça. Estas estavam ligadas a um equipamento de madeira que girava, puxando cada membro com uma força inimaginável. Eu berrava de dor.

–POR FAVOR, PAREM!! EU IMPLORO!!!!!

Eles apenas riam do meu sofrimento... Foi quando avistei uma silhueta feminina... Estava nua e pegando fogo. Era alguém familiar, e estava gritando tão alto quanto eu.

–Venha para Silent Hill... – Ouvi uma voz que se aproximava cada vez mais – Venha para Silent Hill! – Era uma mulher, loira, alta. Logo revelou sua forma verdadeira: Um monstro que me destroçou em pedaços. Tudo estava ficando escuro até que... Eu acordei...

–Que porra foi essa?! – eu estava suando. Fui até o banheiro lavar o rosto, e ao olhar o espelho, vi marcas horríveis de cordas no pescoço... – Mas que droga é essa?

Eu tenho que descobrir o que é isso e rápido. Saí do meu quarto e esbarrei com alguém... Segunda vez do dia...

–Ai! Desculpa, é que estou com pressa e... Ah... É você Yuki... Nascemos um para o outro... Quero dizer, para esbarrar um no outro. – nós dois ficamos sem graça – Bem, eu já vou, tenho muitas coisas a fazer...

–Mas o que uma mulher fará sozinha na rua uma hora dessas? Aonde você vai? Eu posso lhe acompanhar se quiser...

–Não preciso, eu sei me virar sozinha. E acho melhor ficar sozinha. Eu tento evitar pessoas para não feri-las...

–Nossa... Mas acabei de lembrar que tenho que fazer algo importante, então também não posso acompanha-la.

–Então, adeus...

–Tchau Lílian.
Segui até a recepção e pedi um táxi. Lílian entrou em uma limusine preta e misteriosa. Fui até o Louvre e fiquei analisando local, até que avistei uma placa que dizia (Obviamente em francês): “Área Restrita”. Segui pelo museu e me juntei a um grupo que estava em um tour que era organizado por um guia.

–Como podem ver, essa é apenas uma imagem de Câmera Obscura, a original está área restrita e poucas são as pessoas com permissão para entrar no local – droga!

POV Lílian

Droga! Descobri onde o Selo estava, mas não iria conseguir pegá-lo, pois estava na Área Restrita. Mas provavelmente os dois grandalhões tinham um plano maluco. Falar nisso, cadê eles?

De repente, dois homens com máscaras e o símbolo d’A Ordem encravado em seus casacos entraram e jogaram bombas de fumaça. Um deles me pegou como refém, e eu já não estava entendendo mais nada, até que ele sussurrou:

–Vamos distrair todos enquanto você pega o Artefato, colocamos uma carta na sua mala. Contem instruções do que fazer depois de roubar o Selo. Agora vá! – ele me jogou no chão e fingi estar machucada e esperei eles levarem os reféns para outra sala e fui até a parte restrita.

POV Yuki

–Que confusão é essa? – perguntou o guia. Um homem com roupas estranhas e mascara entrou no local e deu um murro no guia, que cuspiu sangue e cambaleou. Em seguida jogaram bombas de fumaça e eu aproveitei da situação para ir até a sala restrita.

Avistei a Câmera que continha uma mensagem em japonês: “Aqueles que possuírem este artefato, será capaz de enxergar o mundo sombrio através dessas lentes. Mas aqueles que não são considerados dignos para manuseá-la sofrerão grandes consequências”.

(http://img2.wikia.nocookie.net/__cb20100323023512/fatalframe/images/d/d1/FFII_camera_obscura.png)

–Só pode ser brincadeira! – ouvi uma voz feminina que vinha de longe – Onde está esse maldito Selo?

Me escondi atrás de uma pilastra e avistei a dona da voz: Lílian! Ela estava desesperada, o que ela queria naquele lugar? Tropecei em uma mesa e ela se virou bruscamente:

–Quem está aí? Droga... Sabia que seria uma péssima ideia vir aqui...

–O que faz aqui? Está me seguindo?

–Eu faço as mesmas perguntas!

–Não é da sua conta. Você não devia estar na área restrita.

–Muito menos você. – ela estava escondendo alguma coisa, e já que eu estava fazendo o mesmo, resolvi não insistir.

–Ei vocês! Essa área é proibida! Saiam daqui imediatamente ou terei que usar força!

–Venha rápido! – agarrei em seu braço e comecei a correr

–O que você está fazendo? Ele vai nos prender!

–Escuta, eu preciso dessa maldita Câmera para ir pra Silent Hill! Se você cooperar eu lhe ajudo a achar o que está procurando, mas agora você só precisa ficar quieta e fazer o que eu disser. – Ela assentiu com a cabeça e começou a correr mais rápido, entramos em uma área que continha itens velhos. – Acho que despistamos ele...

–Ufa! Não aguentava mais correr – disse ofegante enquanto tirava o casaco. Quando o fez, não pude deixar de ver seus seios que eram... – Vai babar muito? – Ela perguntou com raiva.

–O que? – disfarcei – Bem, é... O que estava procurando mesmo, um Selo... Mas não faço ideia de onde ele está... Mas agora preste atenção! Você está correndo um grande perigo. Você não pode ir para Silent Hill...

–Por que a preocupação comigo agora? Você não sabe nada sobre mim, e garanto que não sabe nada sobre a cidade! – disse com um tom grosseiro

–Como não sei nada sobre a cidade em que nasci? – O quê?!

–Achei que fosse uma cidade fantasma...

–Todos acham. – Ela disse desanimada – Você vai achar que é loucura, mas eu não posso deixar você voltar para lá...

–Como sabe que irei “voltar”?

POV Lílian

Contei toda a história da cidade, principalmente a relação dela com o ritual...

–... e é por isso que você não pode voltar! Eles vão te usar para libertar Samael...

–E o que o Selo que você procura tem a ver com isso?

–Eles precisam desta metade que está aqui para unir a outra que está na cidade. Assim poderão sair da cidade e “purificar” o mundo – fiz aspas com os dedos.

–Que loucura!

–Achei que você não iria acreditar...

–Acredite, muitas pessoas duvidam do meu passado e das coisas que presenciei... Esta Câmera exorciza espíritos que me perseguem... Mas vamos achar o Selo e dar o fora daqui!

Depois de muito tempo, achamos o artefato. Quando abrimos a porta, o guarda nos avistou e correu em nossa direção:

–Voltem aqui malditos!

Me agarrei em Yuki, e ao fazer isso, o Selo e a Câmera começaram a vibrar e misteriosamente se juntaram e quando o guarda nos alcançou, tocou acidentalmente nos Artefatos. Ouvimos um estouro e um grito de dor que parecia vir do guarda... De repente, tudo escureceu...