Amanhecer Sombrio escrita por Amanda Santos


Capítulo 6
Um Acordo Lucrativo


Notas iniciais do capítulo

Hey, desculpe de verdade pela demora em postar.
Final de bimestre, muitas provas e um,a suspeita de recuperação e não deu mesmo para postar.
Bem, aproveite a leitura!



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O bar não passava de um porão subterrâneo com menos de dez metros quadrados, havia apenas algumas mesas e um balcão no fundo. Pedi duas doses de uísque e me sentei em uma mesa afastada, não queria que me vissem ali e muito menos com Esther. Apesar de ter a certeza de que não haveria ninguém que eu conhecia ali, sabia que se me vissem com Esther Greegrass num lugar como aquele, daria muita fofoca.

– Espero não estar muito atrasada. - sua voz era melódica. Estava com um vestido vermelho que combinava com o batom cor de sangue em seus lábios, um sorriso perfeito brilhava em seus olhos. - Obrigada por pedir para mim.

– Você está mais bonita do que eu me lembrava. - disse com uma cordialidade meio forçada, ela assentiu sorrindo.

– Não seria surpresa se você me visse com mais frequência. - suspirou. - A última vez que você foi a uma festa na casa dos meus pais, nós dois tinhámos doze anos.

– E naquela época elas já eram um porre, mal posso imaginar como são agora. - resmunguei.

– Tem razão, mas mesmo assim lamento por termos nos afastado. E, acho que minha irmã tem uma parcela muito grande de culpa por isso. - ela me olhava com atenção, preparada para analisar minha reação ao mencionar Astória.

– Não quero falar sobre Astória, não vim aqui para isso. E muito menos para remexer no passado. - falei, tentando não ser rude. - Você disse que queria me encontrar e estou aqui, então poupe nosso tempo e fale de uma vez o que quer comigo.

Ela sorriu e se inclinou ainda mais sobre a mesa se aproximando. Tomou a dose de uísque toda de uma vez e observou enquanto o copo se enchia sozinho outra vez.

– Direto, gosto disso. - ela respirou fundo e levantou os olhos, fixando-os nos meus. - Quero você para mim, simples assim.

Isso estava ficando cada vez mais divertido, pensei.

– Por que eu? Afinal, minha reputação não é a das melhores. - ergui uma sobrancelha, desconfiado.

– Pode estar em baixa agora, mas você vem de uma família antiga. Tem uma fortuna considerável mesmo depois da guerra e não vamos esquecer o óbvio. Você é lindo, e isso não é algo que pretendo negar. - não havia nenhum traço de humor na sua voz, apenas um tom sensual em cada palavra que escorria de sua boca.

– Agradeço o elogio, mas e se hipotéticamente eu estiver inclinado a recusar. - sussurrei tão baixo que ela foi obrigada a quase colar seu rosto ao meu para ouvir.

– Não vou forçá-lo se é isso que se passa pela sua cabeça, mas também não sou uma garota de desitir fácil. - seus lábios roçavam nos meus agora, ela brincava comigo. Jogava com meu desejo, sabia que era bonita e não tinha medo de usar isso ao seu favor.

– Eu tenho uma larga experiência com a persistência da sua família, posso dizer que seu pai fez um ótimo trabalho lhes dando esperança além da conta.

– Astória é uma menina tola, fascinada com o que não pode ter. - ela se levantou e deu a volta na mesa se sentando ao meu lado. Os olhos verdes dela faíscavam, não havia nenhuma ponta de hesitação em nehuma parte de seu corpo e eu gostava disso. - Mas eu sou diferente, sei o que está ao meu alcance. Você me quer Draco, não negue. Vi isso assim que colocou os olhos em mim, e sei que precisa de algo para recuperar o respeito de sua família. E o que é melhor que uma boa namorada para deixar todos com inveja?

Ela sorriu quando percebeu que eu não recuara nem questionara seus argumentos. E por mais que eu odiasse admitir, ela tinha razão. Qualquer chance que eu tinha de conseguir meu prestígio de volta seria com uma garota poderosa ao meu lado, e Esther era o poder em pessoa. Era como se meu lado negro estivesse presente em uma garota, ela queria algo e pegava sem piedade ou remorso. Não havia barreiras ou limites, nem bem ou mal e Esther sabia disso.

– Então, o que me diz? - ela perguntou com os olhos vasculhando meu rosto que se mantinha impassível.

Não respodi, apenas quebrei os centímetros que nos separavam. Minha mão alcançou sua cintura trazendo-a para meu colo, a outra pendia em sua nuca pressionando-a àvido por contato. Seus lábios eram macios e envolventes, seu beijo assim com sua personalidade era controlador e voraz, não havia reservas ou proibições. Me afastei procurando ar, sentindo seu corpo arfando por cima do meu. Podia sentir os olhares pousados sobre nós, mas ela não parecia se importar.

– Acho que isso foi um sim... - sua voz se perdeu em meio a ruído incessante. Porque bem na minha frente uma garota me observava com um olhar curioso, tinha os cabelos castanhos cacheados e os olhos cor de avelã. Era Hermione Granger que me encarava como um espelho de reprovação, recuei tentando fechar os olhos.

– Draco? Draco, o que foi? - Esther saiu do meu colo e passou a mão no meu rosto, certificando-se que não havia nada comigo.

– Nada, eu só achei ter visto uma pessoa. - respondi, quando abri os olhos não vi Hermione ou qualquer sinal de que outra pessoa tinha a visto. - Eu preciso ir agora.

– Espero que venha ao baile na minha casa. - ela disse com um sorriso adulador.

– É, quem sabe... - não esperei sua resposta, saí do bar para o frio da tarde. Um arrepio percorreu meu corpo quando lembrei do modo como Granger olhava pra mim, e de respente já não havia ninguém.

E isso só queria dizer duas coisas: ou a metida sangue-ruim estava me seguindo, ou eu estava ficando louco.

As regras contra fazer magia na frente de trouxas ainda eram rigorosamente controladas, o que me forçou a andar até a casa de meus pais. Era uma casa de dois andares sem nada de especial ou que a diferenciasse das outras centenas ao redor. Esther havia me convidado para um baile em sua casa daqui duas noites e por razões óbvias eu não estava nem um pouco animado para ir, mas é claro que meus pais não teriam essa mesma reação.

– 357 , 359 ... 361 . - contei os números das casas até ficar em frente ao sobrado. Começava a nevar, mas o ar estava diferente de alguma forma.

Era como se o tempo houvesse parado por um momento, e tudo estivesse suspenso. Senti meu corpo ficar pesado e impossível de se mexer, tentei gritar ou murmurar algum feitiço mas as palavras se recusavam a sair. Um sussurro rouco ecoava em meus ouvidos, eu reconhecia aquela voz dos meus pesadelos. Ele me achara.

Draco, não tenha medo.– a voz era melosa, apesar de transmitir o efeito contrário de calmante. Me contorcia ainda mais tentando sair daquele transe, mas tudo que consegui foi apertar ainda mais o efeito paralisante. - Eu vim por você.

– Me deixa em paz. - gritei em minha mente. - Estou cansado de seus joguinhos estúpidos, quer me matar? Boa sorte, vá em frente. Eu não me importo.

Ah, vejo que precisa de uma demonstração para que acredite que estou falando sério. – suas palavras me percorreram enchendo meu corpo com um medo irracional. Olhei para a casa a tempo de ver meus pais pela janela, estavam na sala brigando como sempre e ainda assim havia um sorriso disfarçado nos olhos de minha mãe. Vi quando a casa se contorceu em chamas até que elas engoliram tudo de uma vez. - Não me despreze, garoto. Sou sua única chance de sobreviver, e não subestime o poder que está atrás de você.

– Sei que pode me ouvir, então escute com atenção. Você me queria, pois conseguiu. - a raiva borbulhava em mim, sobrepujando todo medo que eu poderia sentir. - Eu vou encontrá-lo e matá-lo.

Quero que a raiva consuma você, mas saiba que não sou eu o culpado. Estou aqui para protegê-lo.– a voz se perdia aos poucos em minha mente, ele estava partindo. - Há muitas coisas sobre o seu passado que você ainda não sabe.

A força que me prendia sumiu tão rápido quanto apareceu, corri em direção a casa que ainda queimava em chamas. Não havia espaço que não estava ocupado pelo fogo e a fumaça negra, a rua começou a se encher de trouxas e ouvi o barulho de uma sirene soando ao longe. Eu sabia que não era um incêndio comum pois as labaredas eram verdes brilhantes, não havia nada o que se podia fazer, as chamas só iriam cessar até queimar toda a casa.

Foi quando vi as almas de meus pais flutuarem até mim. Eles não falavam nem expressavam dor, um sorriso pacífico se espalhava na face de minha mãe. Os olhos de meu pai brilhavam com um desejo ardente e cruel, que entendi assim que vi. Ele queria vingança e seria eu quem a traria.


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Notas finais do capítulo

Como modo de me desculpar pela demora, vou postar com um intervalo menor. Talvez essa semana mesmo posto o próximo.
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