No Reason To Continue... Or Yes escrita por Brenda


Capítulo 1
And I let her go.




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Tyreese e Carl já voltaram para o bloco C há algum tempo. Mas eu continuo aqui, sem vontade de me arrastar para lá. Não quero ver o medo e a dor estampada no rosto de cada um. Quero apenas ficar aqui, com o meu medo e a minha dor.

Desde que soube que ela morreu, percebi que joguei fora todas as minhas chances de ser feliz. Agora, sem ela, não há mais motivo algum para continuar. Mas eu não vou desistir. Não posso fazer isso. Eu tenho que continuar. Não por mim, nem pelo grupo. Mas por ela. Porque eu sei que ela nunca me deixaria desistir.

Posso sentir o buraco em meu peito se abrindo mais e mais cada vez que eu penso nela. A dor da nostalgia me abraça quando lembro de suas piadas inapropriadas que sempre me deixavam envergonhado. De seu sorriso, sua gargalhada. Do mar azul de seus olhos. Ah, como eu adorava me perder naquele olhar. Mas agora não há mais nada. Nada.

Aqui, as únicas coisas que podem ser ouvidas são o som de minha respiração e o barulho que um zumbi idiota está fazendo. Ele fica fazendo com que o metal da porta fique batendo ritmadamente contra o concreto da parede. Isso está acabando com o resquício da minha paciência. Mas eu não tenho forças para me levantar e ir lá acabar com ele. Sinto que se eu me mexer, mesmo que apenas alguns milímetros, eu vou me desfazer por completo.

Eu bem que poderia ficar aqui até a dor passar, mas isso não vai acontecer. Porque a dor não vai passar nunca. Ela irá ficar em mim para sempre agora. Não é como se eu não levasse a dor e o trauma de minha relação fracassada com meu pai e Merle como um objeto inseparável em meu peito. Mas a dor de perder Carol é diferente, muito mais intensa.

Eu a rejeitei diversas vezes. Apenas por medo de me magoar e de magoá-la. Não queria sofrer novamente, mas olhe agora, sofrer é pouco para mim. Mesmo sabendo que Carol era diferente de todas as pessoas que eu já conheci, eu tentei afasta-la. Mas é claro que eu não consegui. Carol era igual á mim, uma pessoa cheia de traumas e cicatrizes. Ela me dava todo o espaço necessário, mas sempre mostrava-me que estava ali quando eu precisasse.

E eu a deixei ir.

Se eu estivesse com ela, protegendo-a como ela deveria ser protegida, ela estaria bem, estaria viva. E quem sabe, até T-Dog estivesse vivo. Mas eu falhei.

Minha mente levou-me até a primeira vez que a vi, ainda no acampamento. Ela estava com seu marido, Ed e sua pequena Sophia.

Sophia. Outro erro meu. Outra falha.

Quando ela desapareceu, eu prometi a Carol que traria ela de volta. Mas não consegui. Eu não a encontrei. E Carol ficou sem a sua garotinha. Mas agora elas estão juntas, eu sei que estão.

Por alguns instantes lembro-me de quando ela me olhava e eu ficava sem palavras, ou de quando ela sorria e eu ficava sem ar. Sempre que ela estava longe, eu tentava achar uma maneira de me aproximar sem parecer desesperado por sua companhia. Pois era assim que eu estava.

E agora, eu não irei mais sentir a necessidade de saber se ela está bem. Não ficarei mais ansioso para vê-la de manhã. Não sentirei meu coração disparar cada vez que ela sorrir para mim, ou apenas me olhar. Agora, eu serei como antes.

O barulho da porta batendo novamente me tirou de meus pensamentos. Aquilo estava me irritando mais do que eu achava que era possível. Mas eu iria ignorar.

Todas as minhas pequenas chances de felicidade foram levadas juntamente com ela.

Tudo o que eu estou sentindo nesse momento é pior do que todas as sensações ruins da minha vida toda. O medo, a dor, a infelicidade, nada se compara.

Olhando ao meu redor, percebo que adoraria que um bando de zumbis entrassem pelo corredor, dezenas deles. Assim, eu teria um modo de extravasar todo o meu ódio, meu sofrimento. E talvez eu morresse. Não iria desistir, morreria lutando. E assim, poderia quem sabe, me juntar á Carol em qualquer lugar que ela esteja. Se é que isso é possível.

Eu posso sentir o ódio aumentando cada vez mais pelo barulho ensurdecedor que aquele zumbi idiota está fazendo.

Posso sentir isso se misturando aos meus sentimentos mais recentes. E isso me deixa fraco mentalmente.

Levanto-me e começo a andar de um lado para o outro em frente á porta ainda ruidosa.

Empunhando á faca, abro a porta com um chute e em vez de me deparar com um zumbi, lá está ela. Carol ainda está comigo.

Sim, eu tenho novamente um motivo para continuar.


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Notas finais do capítulo

Então era isso, pessoal. Espero que tenham gostado da fanfic. Comentem e me deixem saber o que acharam. Beijos, xXx.