Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 38
Quanto mais mudamos, menos percebemos


Notas iniciais do capítulo

A quem ainda estiver lendo...Enjoy.



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09/04 – Trem em direção a capital de Faleq

O chacoalhar constante e o barulho da fricção entre as rodas e o trilho faziam do trem um ambiente perfeito para dormir. Já havia se passado dois dias desde que Kurapika e Maia se despediram de Gon e os outros.

2 dias atrás - 07/04 – Tribo Ubuh

                Havia um clima pesado entre todos após o incidente na floresta. Até mesmo Gon e Leório pareciam estar perdidos em seus próprios pensamentos. Killua por sua vez continuava impassível. Kurapika parecia estar aéreo, o que era raro de se ver se tratando do Kuruta. Maia estava calada....mais do que o normal. A garota demorou a reaparecer da festa após todos já terem retornado. Ela sustentava um semblante pesado, parecia cansada.

                Os aldeões continuaram a celebração durante madrugada a dentro. Nenhum deles parece ter percebido a ausência dos demais convidados, talvez por estarem envolvidos demais com a festa ou talvez por simplesmente acharem que estariam se ocupando com alguma outra coisa. Assim, quando todos reapareceram, não houve nenhum tipo de questionamento quanto a ausência de todos.

Pouco a pouco as pessoas foram se retirando da praça central, marchando em direção a suas moradias para enfim aproveitar o descanso merecido. Alguns dormiram a céus aberto, outros insistiram em ficar comemorando até quando seus corpos aguentassem. Saito estava rodeado por crianças que se aproximaram para se aquecer e acabaram por dormir em cima do canino, que parecia não se importar com o peso extra. Quanto a nossos amigos, estes voltaram para casa do Sr. Kouta já que a idéia de ficar ao relento não lhes parecia tão tentadora. Maia porém preferiu ficar do lado de fora.

— Você não vai entrar Maia? – perguntou Gon ao perceber que a garota havia cessado o passo.

— Não – limitou-se a responder

Gon olhou para ela com um semblante preocupado, mas preferiu não insistir no assunto e apenas lhe desejou boa noite antes de entrar. Killua passou sem dizer uma palavra, assim como Leório, que aparentemente evitava olhar em direção da garota. Kurapika apenas desejou-lhe bom descanso, antes de fechar a porta a sua frente.

.....

Apesar de todos terem dormido tarde, a maioria dos aldeões acordaram cedo na manhã seguinte, incluindo Gon e os outros.

— Bom dia Sr. Kouta – cumprimentou Gon ao encontrar o velho senhor tomando café na mesa da sala

— Bom dia meu jovem. Se divertiram ontem? – perguntou ele com sorriso caloroso.

— Sim, muito. Eu e o Killua participamos de todas as competições e até mesmo dançamos. – comentou alegremente.

— Fico contente – respondeu ele.

— Gon, você é um péssimo dançarino alias – comentou Killua aparecendo atrás de Gon, seguido de perto por Léorio com uma cara sonolenta.

— Bom dia – cumprimentou Leório.

— Bom dia Leório, Killua. Eu não danço mal, é você que não sabe dançar e fica inventando essas coisas – falou o garoto se defendendo.

— Mexer os braços pra cima e pra baixo como se fosse um macaco está longe de ser uma boa maneira de dançar. – comentou Killua zombando do amigo.

— Eu não fiz isso – retrucou Gon mostrando a língua

— Sério garotos? Estou com a maior ressaca aqui, poderiam mostrar respeito a minha dor de cabeça e pararem de discutir, por favor? – interrompeu Leório massageando a cabeça

— Quem mandou ser um velho pinguço, agora sofra as conseqüências – comentou Killua cruzando os braços

— Ora seu...- Leório respondeu rangendo os dentes para o garoto debochado.

— Hahaha fico feliz que tenham aproveitado. Vejo que gostou da nossa bebida especial, Leório. Nós mesmos a produzimos. Após prepararmos o vinho, deixamos as cobras dentro dos recipiente até pegar bem o sabor. – explicou ele.

— Cobra? – perguntou o homem mudando a coloração em seu rosto.

— Sim. Nosso ancestrais acreditavam que isso ajudava os homens a ficaram mais “másculos”, se é que me entende. – respondeu o ancião piscando para ele.

— Bem, e eu que pensei que o enjoo era por conta do álcool...acho que vou vomitar – disse ele antes de sair correndo em direção ao banheiro.

— Hahaha – riu Gon com a cena

Todos continuaram conversando animadamente. Leório retornou a sala após uma longa permanência ao lado do vaso sanitário. Quando voltou, todos já haviam terminado de comer. Todos exceto um certo Kuruta.

— Onde está Kurapika? – perguntou o homem de terno

— Seu outro amigo? Bem ele saiu bem cedo e não disse pra onde ia – respondeu o velho.

— Esse menino é mesmo um saco – falou Leório suspirando – Agora teremos que esperar a gracinha voltar do passeio para podermos ir embora.

— Não se preocupe Leório, acho que ele não vai demorar – comentou Gon otimista – Enquanto isso podemos fazer uns bonecos de neve! O que acha Killua? – perguntou ao amigo.

— Bom, já vamos esperar, estou dentro – respondeu ele já caminhando para fora da casa.

....

Kurapika caminhava por entre as casas da aldeia. Se surpreendeu ao ser saudado com entusiasmo pelos moradores que o reconheceram e o cumprimentaram pelo nome.

Eles até mesmo se lembram do meu nome – pensou sorrindo

O garoto não tinha nenhum lugar especifico aonde planejava ir, apenas sentiu vontade de caminhar. Ficar naquela casa estava deixando-o impaciente, já que havia acordado a um bom tempo e seus amigos não davam sinal algum de que despertariam tão cedo.

Logo o som de gargalhadas invadiu seus ouvidos. Muitas crianças estavam brincando na praça central da vila. Algumas corriam de um lado para outro, outras brincavam de forma mais tranquila. Notou que Maia estava observando as crianças. Ela estava sentada com as costas encostadas na parede de uma das casas e acariciava a cabeça de Saito, que estava confortavelmente ajeitada em seu colo. Percebeu que ela estava com uma expressão estranha, parecia refletir sobre algo.

Resolveu se aproximar. Assim que chegou próximo, decidiu sentar-se do seu lado e passou a observar as crianças também. A maioria delas eram crianças pequenas, com 6 ou 7 anos. Havia outras mais velhas, 10 anos talvez. Mas o que chamava a atenção era a maneira como interagiam entre si. Independente da idade, elas pareciam estar intimamente ligadas. Um tipo de laço que só se cria quando se vive em um ambiente em que esse tipo de relação é a coisa mais valorizada. Elas se tratavam como família.

O Kuruta ao pode deixar de se sentir entristecido. Achava aquilo maravilhoso, mas odiava perceber o quanto aquilo lhe remetia a ele mesmo. Sentia falta daquele sentimento e sentia mais ainda por saber que nunca mais o teria de volta. Mesmo envolto em pensamentos, notou uma movimentação estranha vindo da garota ao lado. Olhou em direção a ela e só então percebeu que Maia havia pegado no sono. Se o fato em si já não fosse estranho, se tornou mais ainda pela forma como ocorreu. A garota havia entrado num sono tão profundo que a fez pender sua cabeça para o lado até encontrar algo que a bloqueasse, o que no caso, era o ombro do garoto loiro. Ela dormia tranquilamente, com o semblante sereno. O garoto ficou olhando-a por cima de seus ombros. Estava surpreendido, mas não queria atrapalhar aquele momento, sentia que era único. Não sabia o porquê de a garota estar tão esgotada.

Parece que passou a noite em claro.

Deixou que ela continuasse a descansar em seu ombro. Saito também estava dormindo serenamente em seu colo. Se a garota passou a noite em claro era muito provável que o canino também tenha passado. Ele era um bom companheiro afinal. Talvez o único que a garota possuía. Kurapika sabia que a maneira como a garota agia e pensava era resultado de experiências provavelmente não muito positivas. Queria poder ser mais paciente, queria poder ajudá-la. Mostrar uma outra alternativa. Mas as vezes era tão difícil. Eram tão diferentes assim? Não poderiam se entender? O Kuruta suspirou, apoiando lentamente sua cabeça na da garota enquanto levava seu braço mais próximo por trás da cabeça dela, apoiando sua mão lá.

Sempre quis saber o quão macio poderiam ser.

Mexeu os dedos por seu cabelo, fazendo um carinho suave. Sentia a musculatura da garota relaxar, ao contrário do que esperava. Ele sabia que Maia continuava em seu sono profundo, mas também já não se importava se ela iria ou não acordar com seu gesto. Fechou os olhos e respirou fundo. Sentiu um cheiro doce invadir seu nariz. Adorava o cheiro dela e agora havia descoberto que também adora mexer em seus cabelos. Mas o que mais adorou, foi sentir o calor do seu corpo perto ao seu.

Você poderia ser sempre assim. – pensou ele antes de cair num sono também tranqüilo.

....

Maia abriu os olhos vagarosamente. Sentia-se quente. Olhou para o colo e percebeu Saito dormindo ali. Sabia que ele a esquentava, porém estava mais quente que o normal. Tentou mexer a cabeça até perceber que havia algo bloqueando seu movimento. Percebeu também que estava encostada em alguém. Observou pelas roupas que se tratava de Kurapika. Ele estava dormindo apoiado nela. Uma de suas mãos estava delicadamente apoiada na cabeça da garota. Ela continuou imóvel por um tempo até que Saito também despertou. O movimento do lobo despertou Kurapika, que levantou a cabeça.

Kurapika não havia notado que pegara no sono. Tentou se mexer mas percebeu que um de seus braços estava ocupado e foi então que olhou em sua direção. Maia levantou a cabeça no mesmo momento e seus olhos se encontraram. Ela não fez nenhum movimento para se afastar dele e ele não fez menção alguma de tirar o braço que envolvia seu pescoço. Ao invés disso, girou um pouco o tronco, voltando-se em direção a ela. Engoliu a seco e suspirou. Levantou o braço livre e aproximou-o de seu rosto. Usou o dedo indicador para acariciar levemente a bochecha da garota. Maia permanecia olhando-o. Não fez nenhum sinal de que estava furiosa ou qualquer coisa parecida. Ela parecia, cansada. E aquilo entristecia o garoto, que a olhava cabisbaixo.

— Kurapika. Onde você está? -  ouvia-se Gon gritando a distancia.

O som do garoto se aproximando despertou os dois. Afastaram-se para se levantar e não disseram uma palavra ao outro. Kurapika suspirou novamente antes de  Gon aparecer no seu campo de visão.

— Ei Kurapika, Maia. – cumprimentou o garoto – A gente estava esperando vocês, mas estavam demorando muito. Então viemos procurar. – explicou ele

Killua apareceu logo em seguida

— Precisamos sair logo para conseguirmos chegar até a cidade antes de escurecer. – disse Killua alternando o olhar entre eles.

— Leório está esperando a gente na casa do Sr. Kouta. Suas coisas ainda estão lá né? – perguntou Gon a Kurapika.

— Sim, estão – respondeu ele concordando com um aceno.

— Então vamos. Estou louco para chegarmos a cidade de novo. Da última vez não tivemos tempo pra explorá-la, né Killua? – falou Gon entusiasmado

— Sim. – concordou o amigo.

Assim caminharam em silêncio até a casa do ancião.

 

De volta ao presente

 

Depois que foram buscar os pertences de Kurapika, logo partiram. Não demoraram em chegar até a próxima cidade, onde se despediram. Cada um seguiu para um lado, rumo a seus objetivos. Gon e Killua continuavam em busca de Ging. Leório poderia voltar a se concentrar em seus estudos. Kurapika iria levar Maia até Neon. Tudo estava voltando ao que deveria ser. Ou algo havia mudado?

O Kuruta olhou para a garota sentada no banco logo a sua frente. Ela tinha um olhar perdido, parecendo nem notar os pingos de chuva que batiam no vidro do vagão em que estavam. Eles não trocaram muitas palavras desde que saíram do vilarejo, fora o que manda o protocolo. Ele sentia que a garota estava diferente. Mas e ele, sentia-se diferente?

O que mudou? – pensou ele antes de se virar para encarar os pingos de chuva com o mesmo interesse que a garota fazia.


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Notas finais do capítulo

E ai?

Devem pensar que sou uma cara-de-pau ao aparecer aqui do nada postando kkk. Bom, desculpem por isso, mas acho que já me conhecem no fim das contas. Prometi não abandonar, mas também disse que poderia demorar bastante, as vezes.

Indo ao que interessa. O que acharam? Agora todos se separaram e irei focar, claro, em Kurapika, já que a história se trata dele. Pretendo avançar até um ponto em que alcance a história original, que para alegria geral da nação, finalmente voltou o//\o

O que vai acontecer na Mansão Nostrade? Hein? Hein? Tia Buch aqui já sabe, mas não vai dar nenhuma dica não, ela é ruim. rs

Valeu gente. Espero que tenham gostado e não desistam de mim T-T



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