Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 25
Zeit - Chamada de longa distância


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo já estava escrito a algum tempo por isso foi rapidinho =)

Não gostei muito dele, mas vai assim mesmo. Espero que gostem!

As frases em itálico são referentes a pensamentos.



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Ryuuseigai – 15 ano atrás

– Droga, não encontrei quase nada que prestasse hoje – resmungou a garota

Apesar de ter vasculhado mais de uma vez todo o local, Maia não conseguiu encontrar muita coisa que lhe agradasse. Sabia distinguir perfeitamente um material de boa qualidade de uma imitação barata, sendo assim, não poderia se contentar com qualquer porcaria, mesmo porque seria ela mesma quem utilizaria o material recolhido. Desde que pode se lembrar, sempre possuiu a habilidade de montar, desmontar e remontar qualquer tipo de coisa. Conseguia aproveitar ao máximo cada material, fazendo-o desempenhar sua função de maneira correta. Era quase como um dom natural. Mal sabia ela se tratar de algo presente em seu próprio gene.

Maia não tinha qualquer outra lembrança de sua vida a não ser da maneira como é hoje. Até pouco tempo não tinha ciência de como era o mundo para além de sua cela de aproximadamente 2m². Os únicos odores que tinha registrado em seu cérebro eram os piores possíveis, como fezes, sangue, suor e carniça. Tanto que, por certo tempo, ela nem sabia que esses odores eram considerados ruins, uma vez que nunca havia sentido nenhum outro cheiro bom para comparar. Por muito tempo também não sabia o que era a luz do sol, nem tinha noção de dia e noite, pois em sua cela não havia janela. A única coisa que Maia tinha certeza quando acordava era que seria torturada, fora isso, nem comida era uma garantia. Comida essa que muitas vezes ficava dias sem ver, sendo forçada a se alimentar de ratos e insetos que apareciam para chafurdar em seus dejetos que permaneciam em sua cela por dias a fio até que algum carcereiro se cansasse do cheiro e ordenasse que ela removesse todo aquele monte de merda. Adoeceu um bocado de vezes por comer ratos contaminados ou por pegar friagem demais, já que só vestia um trapo velho como roupa. Mas quem se importava? Se morresse, seria dada de comida aos porcos.

Mas a realidade da nossa pequena amiga estava começando a mudar. Certo dia, um dos carcereiros deixou cair sua arma que se quebrou por completo. Aparentemente não havia mais conserto para ela, até que Maia a pegou e a deixou como nova. Ao perceberem suas habilidades, começaram a utilizá-la. Maia nunca se esqueceu da primeira vez que saiu daquele lugar. Precisou fechar os olhos quando foi exposta a luz do dia. Sua tarefa naquele dia seria vasculhar os destroços de uma vila saqueada. Obviamente todos do local haviam sido mortos por seus “companheiros”. Ela, que nem noção de vida ou morte ainda tinha, apenas fez o que lhe foi ordenado, afinal, não queria que seus castigos fossem piores do que já eram. Pouco a pouco começou a ser cada vez mais requisitada, ficando assim menos tempo presa em sua cela. Mesmo quando não estava saqueando alguma vila, estava trabalhando com o material coletado, o que melhorou consideravelmente seu desenvolvimento. Sua especialidade claro, armas. Ninguém conseguia fabricar uma espada com um corte tão limpo e perfeito quanto ela.

Com materiais tão bons, como as pessoas dessa cidade conseguem produzir armas tão ruins? – pensou ela enquanto terminava de empilhar o material recolhido.

Maia não conhecia seus pais, na verdade nem sabia o que era isso. Até então nunca havia pensado de onde tinha vindo, qual significado de sua existência e muito menos para onde iria após suas funções biológicas parassem de funcionar. Não sabia o conceito de família e amigos, não sabia qual a extensão do mundo, não sabia como funcionava uma sociedade, não sabia nem seu nome. Não é preciso dizer como sua vida mudou após encontrar Kuroro e seus outros companheiros. Novos horizontes se abriram em sua mente. Sabedoria que poderia levá-la a ruína ou a libertação, porém nesse momento, não poderíamos prever o que o futuro reservava para a pequena Maia.

Cansada de continuar procurando, decidiu partir rumo ao costumeiro barraco. Surpreendeu-se quando chegou em frete ao local e não foi recebida pelo garotinho loiro de expressão alegre. Mesmo estranhando, resolveu entrar para procurar pelos outros. A surpresa foi ainda maior quando deparou-se com o barraco vazio. Vasculhou o local em busca de pistas que pudessem ajudá-la a desvendar esse estranho mistério, porém não encontrou nada que indicasse o paradeiro dos moradores da casa. Decidiu por fim sair pela parte dos fundos do barraco. Apesar de quase passar despercebido, Maia conseguiu localizar o pequeno garoto loiro encolhido em um canto qualquer. A medida que foi se aproximando notou que os ombros do garoto subiam e desciam, e agora, tendo adquirido a habilidade de entender melhor o comportamento das pessoas, deduziu que o garoto deveria estar chorando. Tendo ciência disso, ficou curiosa em saber o motivo gerador dessa reação.

– Tá chorando por quê? - perguntou ela já bem próxima.

O garoto que não havia notado sua presença se assustou com a aproximação repentina da garota. Sentindo-se envergonhado por ter sido pego no flagra, passou rapidamente as mãos nos olhos para tentar evitar que ela visse suas lágrimas.

– Eu não to chorando, eu to só com poeira nos olhos – tentou justificar o menino.

Ela o fitou por um instante para depois olhar em direção onde o garoto estava agachado. No chão estava depositado o objeto que o garoto costumava levar sempre para cima e para baixo como se fosse um talismã. O fone velho de telefone estava completamente destruído.

– Por que ta quebrado? – perguntou ela apontando para o objeto.

Shalnark tremeu os lábios. Queria segurar o choro mas estava começando a ficar difícil de se conter. Segundo depois estava chorando copiosamente.

– Foi o Uvo, foi ele que fez isso! – dizia o garoto aos berros

Maia olhava para ele sem entender. O que era certo fazer em uma situação dessas? Naquele momento ela só queria que ele parasse com aquilo.

– Eu conserto pra você. – disse a garota com objetivo de fazê-lo para de chorar.

No mesmo momento Shalnark parou.

– Sério? – perguntou ele soluçando

– Sim – respondeu a garota pegando os pedaços do objeto espalhados pelo chão.

Tendo recolhido tudo, partiu em direção ao barraco novamente, sendo seguida de perto pelo garoto curioso. Procurou em todo cômodo algo que pudesse auxiliá-la no conserto, mas não encontrou nada de útil.

– Espere aqui – anunciou ela enquanto saia do barraco

– Espera, aonde você vai? - perguntou o garoto enquanto segurava em sua manga.

– Preciso encontrar peças – respondeu ela secamente.

– Mas você promete que vai voltar, né? - perguntou com cara de choro.

– Promete? O que é isso? – questionou ela.

– Significa que você vai voltar não importa o que aconteça – explicou ele seriamente.

– Sim, eu vou voltar – respondeu por fim

O garoto então sorriu e soltou sua veste.

– Tá bom, vou te esperar aqui – disse alegremente.

Não demorou muito até encontrar as peças que estavam faltando. Ali mesmo, no meio dos entulhos, começou a reparar o objeto quebrado. O conserto foi rápido e em seguida já marchava de volta para o barraco. Shalnark, que esperava ansiosamente por seu retorno, não conseguiu se conter ao ver a garota retornando com seu fone reconstruído em mãos.

– Você conseguiu! – exclamou radiante de felicidade

– Eu disse que consertava. Você achou que eu tava mentindo? – perguntou ela.

– Não, afinal você prometeu, né? - respondeu ele pegando o precioso objeto das mãos da garota.

Sem qualquer aviso prévio, o garoto envolveu a menina em um carinhoso abraço. Ela, por sua vez, permaneceu estática por um momento, sem saber como reagir. Por instinto, afastou o garoto com seus braços, deixando claro seu incomodo com o gesto. Shalnark no entanto pareceu não se importar e agradeceu com um grande sorriso.

– Obrigado! – disse ele antes de sair correndo para dentro do barraco

A garota decidiu segui-lo, afinal, não sabia onde os outros estavam e por isso não tinha nada para fazer naquele momento. Encontrou o menino remexendo seus pertences em um canto do barraco. Resolveu se aproximar.

– O que você tem ai? – perguntou à ele

– São as minhas coisas oras – respondeu ele enquanto organizava seus poucos pertences

A garota observou os objetos que eram manipulados por ele. Não havia nada que ela achasse interessante a ponto de questioná-lo sobre. Estava ficando entediada de ficar ali. Notou quando o garotinho limpava o aparelho com muito cuidado e enfim perguntou:

– Por que carrega isso pra todo o lugar?

– Estou esperando uma ligação! – respondeu ele entusiasmado.

– O que é uma ligação? – perguntou ela

– Quando uma pessoa que está longe quer falar com você ela faz uma ligação – explicou ele com o dedo indicador para cima.

– Dá pra fazer isso? – perguntou ela parecendo se interessar.

– Sim. Ta vendo esse aparelho aqui? – disse apontando para seu fone – Então, você coloca ele assim na sua orelha e então pode escutar outra pessoa falando! – respondeu animadamente

– E tem alguém falando agora? – perguntou novamente

– Agora não, tem que esperar ele tocar! – respondeu ele como se fosse a coisa mais obvia do mundo

– E quando ele vai tocar? – insistiu ela

– Não sei, por isso eu sempre ando com ele né. – disse enquanto se levantava. – Quando meu pai me deixou aqui ele me deu esse fone e disse que iria me ligar quando fosse me buscar! – explicou ele

– E onde ele achou esse fone?

– Tava no lixo oras. Ele disse pra eu ficar sempre com ele que uma hora ia me ligar pra me buscar. – disse animado

– E quando ele te buscar ele vai te levar pra onde? – continuou perguntando

– Pra casa! Quando a mamãe foi embora, papai ficou muito estranho. Acho que ele me deixou aqui pra procurar a mamãe! E quando ele ligar pra me buscar eu tenho certeza que a mamãe vem junto! – explicou ele.

– Casa? – sussurrou ela

– Você não tem casa? – foi a vez do garoto perguntar.

– Eu não sei – respondeu Maia.

– Como assim você...

Antes de completar a pergunta, Shalnark foi interrompido com a chegada abrupta de seus companheiros. Uvo foi o primeiro a entrar.

– Ah então vocês estão ai. O que estavam fazendo, hein? – perguntou ele em tom malicioso

– Deixa disso, eles são crianças! – repreendeu Machi, que chegava logo atrás.

– Tsc que bobagem. – resmungou Uvo.

Foi a vez de Kuroro adentrar ao recinto.

– Hoje eu não vou dar aulas pra vocês, tenho que resolver umas coisas – explicou ao notar as duas crianças olhando em sua direção.

Shalnark fez cara de desanimo.

– Ei, eu tinha quebrado isso aqui! – disse Uvo enquanto pegava o objeto das mãos do garoto.

– Me devolve Uvo! Me dá! – gritou o garoto enquanto brigava para tentar pegar o fone de volta

– Não deve ser o mesmo. Ele deve ter achado outro no lixão – respondeu Machi.

– Não é não, foi a Maia que consertou! – respondeu ainda lutando com Uvo.

– Impossível! Eu deixei ele em pedacinhos! – exclamou o homem gigante.

Kuroro que observava tudo apenas pegou o objeto das mãos do companheiro, examinando-o minuciosamente.

– É verdade? Foi você que fez isso? – perguntou Kuroro à garota.

Ela apenas gesticulou positivamente.

– Bom, acho que teremos muito o que fazer nesses próximos dias – declarou ele sombriamente.


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Notas finais do capítulo

Tadinho do Shalnark, todo empolgadão =/
Ou será que deveria ter dó da Maia? Infelizmente, isso é apenas o começo! Acho que tenho um veia meio sádica! rs u.u

Comentem ai! Quero saber o que estão achando!

Até a próxima!



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