O encanto das Estrelas escrita por Sissy Strit


Capítulo 2
Capítulo 2 - Encontro


Notas iniciais do capítulo

A história vai começando a tomar forma! Enjoy!



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O início do caminho mostrou-se mais tranquilo do que o esperado. Thorin havia mandado que os outros seguissem rumo ao Condado sem ele. Precisava fazer outras coisas antes e os encontraria lá depois de tudo resolvido.

Nenhum dos anões tinha andado por aquelas terras. Para eles, a Terra Média se resumia na parte leste e talvez ao sul, mas dificilmente se aventuravam tão a oeste para os lados do Condado com seus moradores exóticos. Alguns mais velhos já tinham visto hobbits em viagens, mas era muito raro o povo pequeno de pés peludos sair do seu amado reduto. Eles eram um povo muito peculiar. Calmo demais na opinião de Kili.

Todos se perguntavam como Thorin havia chegado à conclusão de encontrar o décimo quarto membro da comitiva naquele lugar de gente tão pacata. Não fazia sentido. Claro que depois eles descobriram que havia o dedo de um certo mago cinzento nesta história, mas enquanto atravessavam os campos entre Bri e o Condado essa pergunta martelava na cabeça de todos.

Não foi muito complicado encontrar a toca com a marca na porta. Os anões foram chegando em grupos pequenos e logo tinham tomado conta da casa do senhor Bilbo Bolseiro. Criatura integrante aquela. Quando ele abriu a porta para Fili e Kili, os irmãos se perguntaram se seria mesmo possível que aquele pequeno hobbit seria o novo membro de sua comitiva. Como já diz o ditado: quem vê cara não vê coração. Ou podemos melhorar um pouco. Ficaria algo como: quem vê tamanho, não enxerga de que fibra ele é feito.

Realmente os anões se surpreenderam com a fibra do senhor Bolseiro, que nem mesmo ele sabia que tinha. No início todos acharam suspeita a história de levá-lo como o ladrão para entrar na Montanha Solitária. Mas Gandalf, com sua conversa de mago, conseguiu convencer a todos de que aquele pequeno seria a escolha mais acertada para a missão.

Depois que saíram do Condado, desta vez no rumo definitivo para o leste, em direção ao seu destino final, as coisas começaram a ficar difíceis. Perigosas. Kili e seu irmão encaravam aquilo tudo como um treinamento para o que estava por vir, afinal de contas teriam que enfrentar um dragão. Orcs eram realmente perigosos, mas não soltavam fogo pela boca e nem tinham o couro de ferro.

Por vezes eram até um pouco relapsos e brincalhões em momentos mais sérios, o que deixava seu tio Thorin um tanto irritado, mas os outros compreendiam a empolgação dos dois jovens. Era a primeira vez que tinham uma oportunidade real de batalha e por algo que valeria a pena. Uma causa nobre.

Mas o que realmente impressionava em todas essas situações de perigo era o modo como Bilbo se demonstrava cada vez mais útil. O que lhe faltava em força e treinamento para combate sobrava em astúcia e discernimento. Do seu jeito simples ele conseguia livrar os anões de situações em que eles estariam perdidos, como aconteceu no episódio em que foram capturados pelos trolls. Em certas ocasiões a força nem sempre poderia ser a melhor solução.

No momento em que Thorin quase foi morto por Azog e Bilbo enfrentou a criatura maldita, mesmo que não tivesse a menor chance de vitória, os anões puderam ter certeza que o pequeno hobbit era o mais corajoso de todos daquela comitiva.

Quando pensava sobre como Bilbo tinha tido coragem em enfrentar o orc, Kili sentia um remorso enorme. Afinal de contas ele era da linhagem real, sobrinho de Thorin. Entretanto quando viu seu tio ali caído, parecendo sem vida, seus ossos congelaram no lugar e ele não pode se mexer até ser carregado por uma daquelas águias gigantes.

Até aquele momento ele não tinha se dado conta que todos ali corriam risco real de perecerem no caminho. Ou mesmo que chegassem até a montanha, poderiam ser facilmente transformados em carvão por Smaug.

A ideia de poder perder qualquer um de seus amigos, seu tio e até seu irmão o assombrava no fundo da alma. Kili fazia de conta que não havia esse risco, o enterrava no fundo de sua mente e dizia para si mesmo que no final das contas tudo aconteceria de modo que eles sairiam vencedores e sem perdas. Só ganhos e glórias de uma batalha vencida.

Por fim, estavam realmente perto de chegar a Erebor. Mais da metade do caminho já tinha sido vencido. Apenas a floresta das trevas e o lago os separavam de seu destino final e aquilo os deixava um pouco mais animados.

A súbita saída de Gandalf, precisando resolver alguns problemas misteriosos, fez com que Thorin ficasse preocupado. Será que o mago previa algo de ruim e estava os abandonando a própria sorte? Que problemas eram esses que o levaram para longe do grupo num momento tão importante? Agora que estavam tão perto...

Kili gostava do mago. Desconfiava que o velho Gandalf escondia muito mais do que qualquer um poderia imaginar. Já tinha ouvido histórias de mercadores e outros viajantes que se encontravam com o mago cinzento pelo caminho. Sempre com pressa, sempre correndo, mas ninguém sabia para onde ele ia e nem de onde vinha. O jovem anão tinha a impressão de que Gandalf carregava uma espécie de tinteiro com o qual escrevia uma parte da história da Terra Média.

Durante as noites que ficava de guarda na escuridão da noite, Kili sentava-se em algum lugar pouco confortável para que não dormisse, pegava seu cachimbo com o melhor tabaco das montanhas azuis e ficava contemplado o céu estrelado. Pensava no sonho que tivera antes de começar a jornada. Na linda jovem de manto estrelado e cabelo de cometa. Algumas vezes Fili acordava e perguntava por que o irmão tinha um sorriso esquisito no rosto. Kili sempre disfarçava e dizia que o irmão estava sonhando e não sabia o que falava.

Quando entraram em Mirkwood, a floresta das trevas, Gandalf os alertou que não se desviassem do caminho dos elfos, mas o ar pestilento da floresta estava forte demais e nenhum deles conseguiu resistir à loucura que pairava entre as árvores. Algo muito ruim estava dominando aquela região.

Obviamente a comitiva se distanciou do caminho certo e viraram presa fácil para as aranhas gigantes que haviam invadido a floresta. Mais uma vez o senhor Bolseiro se mostrou mais útil que todos eles e conseguiu libertá-los das teias em que estavam presos.

Como ele conseguia sempre sair de fininho sem que ninguém notasse? Enquanto se desvencilhava das teias, Kili planejava na próxima oportunidade tentar colocar em prática o jeito hobbit de escapar.

Todos começaram a lutar com as aranhas gigantes e nojentas que atacavam por todos os lados. Eles eram quatorze, um bom número, mas as aranhas surgiam como se brotassem da terra. Kili e Fili se ajudavam, de costas um para o outro, atacavam com flechas e espada aqueles monstros.

Enquanto estava no meio da luta, Thorin olhou para o alto e viu algo que não o agradou. Elfos surgiram do topo das árvores matando várias aranhas que estavam em seu caminho. Em pouco tempo as aranhas foram exterminadas e as poucas que restaram desapareceram na floresta.

Kili sabia que os elfos não gostavam de anões. A recíproca era verdadeira. Imaginou então que os síndar iriam prender a comitiva. Aquele era o seu momento para tentar uma saída no estilo Bolseiro, que a propósito não se encontrava em lugar algum. Já tinha dado um jeito de sumir.

Antes que algum elfo o notasse, o anão deu pequenos passos para trás, sempre vigiando se alguém o notaria. Quando parecia estar fora de vista, uma das aranhas restantes surgiu de repente e o atacou. Kili, pego de surpresa, foi derrubado no chão. Seu arco voou longe e suas flechas se espalharam por todo lado. Ele se viu cara a cara com os diversos olhos daquela criatura medonha.

A aranha o tinha prendido de um modo que ele não conseguiria escapar. Tomado de medo, gritou o máximo que seus pulmões conseguiam, precisava que alguém o escutasse. Nem que fosse um elfo.

Para sua surpresa, quem veio ao seu socorro não foi um de seus companheiros, nem um elfo. Não um elfo comum pelo menos. Era uma elfa de cabelos vermelhos e porte altivo. De maneira admirável ela acertou uma adaga bem entre os diversos olhos da aranha que prendia Kili e matou outras que tinham voltado. Talvez o grito do anão as tivesse atraído.

Enquanto ela lutava, Kili a observava admirado. A agilidade com a qual ela se movia era assombrosa. Cada movimento perfeito em completa harmonia. Parecia até que ela estava dançando ao invés de lutar.

O anão foi acordado de seu devaneio quando uma flecha passou voando muito perto de sua cabeça e ele pode ver que a elfa tinha acertado uma aranha que se aproximava pelas suas costas. Foi como se ele fosse acertado por um raio. A corrente de adrenalina percorreu seu corpo de alto a baixo. Precisava se mexer e lutar! O que estava fazendo ali parado?

Mas estava sem arma alguma e não poderia simplesmente lutar com as mãos.

Viu que havia mais uma aranha se aproximando rapidamente pelo seu lado esquerdo.

– Me dê uma adaga! Rápido! Tem mais uma vindo para cá! – gritou para a elfa que acertava duas aranhas num mesmo golpe.

– E dar uma arma a um anão!? Você só pode estar brincando! – gritou ela de volta terminando seu golpe e lançando uma adaga na criatura que Kili pretendia matar. A ultima que tinha sobrado.

Kili observou a elfa mais uma vez, completamente atônito. Enquanto ela o carregava pelo braço até os outros que já estavam sendo escoltados pelos demais elfos, o jovem anão pensava como seria possível existir tal tipo de síndar. Nunca em sua vida tinha imaginado algo como aquela que o escoltava.

Ela o colocou no final da fila, logo atrás de Fili que ficou aliviado por vê-lo ali são e salvo.

Qual seria o nome dela? Seria muita impertinência de sua parte perguntar? Talvez fosse melhor perguntar algo menos pessoal.

– Para onde estão nos levando?- perguntou virando-se para ela.

– Para um lugar de onde vocês provavelmente não sairão tão cedo, jovem anão. – respondeu-lhe com um sorriso um pouco sarcástico no rosto.

– Isso não foi uma resposta muito esclarecedora. – retrucou.

Ela deu um leve suspiro e quando estava prestes a responder novamente um elfo de olhar um tanto zangado aproximou-se deles.

– Tauriel! Não responda nada a esses anões. Eles saberão de tudo na hora certa. Faça apenas com que caminhem!

– Perdão Legolas. Apenas achei que não faria mal se eles soubessem para onde estão sendo levados.

Tauriel! Então esse era o nome dela! Kili sorriu levemente, mas logo refez sua expressão para algo mais apropriado a um prisioneiro.

– Certifique-se que nenhum deles fique para trás! – o outro elfo, Legolas, aparentemente, voltou para o início da fila, perto de Thorin.

Kili olhou novamente para trás e Tauriel deu de ombros para ele mostrando que a conversa tinha acabado por ali mesmo.

Um pouco frustrado, o anão voltou a olhar para frente e a seguir a fila de anões que seguiam escoltados pelos elfos no coração de uma floresta amaldiçoada.


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Notas finais do capítulo

O que acharam!? Comentários, please!!

(uma imagem que talvez traduza a imaginação de Kili: http://migre.me/i2cOV )



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