-Adeus Sheldon!

Amy virou-se e saiu do apartamento com lagrimas nos olhos. Por mais que ela não desejasse aquilo, ela não aguentava mais.

A cada degrau que ela descia, ela lembrara de como tudo começou.

POV Amy

26/05/2010

Quem diria que eu iria conseguir um acordo plausível com a minha mãe. Todo ano é a mesma coisa, ela arranja um rapaz diferente, me obriga a sair com ele e no final o rapaz sempre vai embora porque me acha "uma ameaça para o seu intelecto".

Mas dessa vez eu voltava pra casa mais calma, como se um peso enorme tivesse saído dos meus ombros. Prometi a minha mãe que assim que chegasse no meu apartamento eu iria me cadastrar em um desses sites de relacionamento que sugere parceiros aleatoriamente com base no perfil do usuário, com a esperança de que isso não iria funcionar e eu iria poder continuar focada somente em minhas pesquisas.

27/05/2010

No dia seguinte ao meu cadastro, o site obteve o resultado de um rapaz que seria, na linguagem comum, "meu par perfeito". Recebi um e-mail em resposta desse rapaz de nome Sheldon Lee Cooper. "Saudações companheira de espécie..." Achei as palavras um tanto inapropriadas para um primeiro e-mail a uma desconhecida, mas decidi responde-lo, afinal, ele tinha um doutorado também. Marcamos para nos encontrar as 16h30 na pré-noite de sábado em uma cafeteria que ficava a poucos metros do meu apartamento.

Eu não tinha nada a perder. Eu achava que os resultados adquiridos nesse tipo de site são pura asneiras.

Exatamente na hora marcada três cavalheiros adentraram a cafeteria e eu logo o reconheci. Dr. Cooper era o mais alto, mais magro e com base no que pude observar enquanto me aproximava, o mais arrogante também. Achei que uma apresentação rápida era o suficiente para acabar logo com aquela perda de tempo. Mas eu me enganei por um momento, Sheldon parecia ser mesmo compatível com o meu QI e nós compartilhávamos o mesmo desprezo por coito e qualquer outro tipo de contato físico.

-Posso te pagar uma bebida?

-Uma água natural, por favor. -Por que não arriscar? Ele parecia ser diferente de todos os outros caras.

POV Amy Off

Amy passou pela porta do Hall enxugando o caminho das lagrimas que mancharam suas bochechas. Ela pegou na maçaneta para abrir o carro, mas antes de entrar olhou para cima e observou algumas estrelas, fechou os olhos e sentiu mais algumas lagrimas escorrerem da lembrança do triste fim aquela noite.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Sheldon viu Amy sair pela porta de seu apartamento e um vazio tomou conta do seu peito. Ele sentia que num piscar de olhos estava perdendo algo muito importante e que precisava fazer alguma coisa.

Ele deu um passo a frente chamando pelo nome dela. Mas foi impedido de continuar, pois Leonard o segurou.

-SHELDON, NÃO! -Leonard largou seu braço quando ganhou a atenção total do amigo. -Deixe ela ir. Deixe ela seguir a vida dela.

-Mas eu quero que ela fique. -Sheldon choramingou.

-Não iria adiantar nada.

-Bem, -Sheldon tentou achar uma razão. -Eu posso... ser um namorado melhor. Eu já aprendi a minha lição. -Ele disse seco, sem nenhum pingo de emoção.

Leonard balançou a cabeça descrente e suspirou. -Ninguém vai acreditar mais nisso Sheldon. Ela não precisa mais de você.

-Mas..

-Sem "mas" Sheldon. Ela passou a semana toda ansiosa por essa viagem e você nem ao menos ligou pra isso.

-Ok, me desculpe por estar focado nas MINHAS pesquisas. -Ele retrucou sarcástico.

Era impossível fazer Sheldon enxergar a realidade. -Muito bem então, parabéns! Agora você vai ter o resto da sua vida para focar somente nas suas pesquisas. -Leonard desiste e sai do apartamento decepcionado.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

A viagem não era muito longa, a convenção de neurobiologia ficava na cidade vizinha e durava uma semana. A palestra que Amy iria participar era no começo da manha do primeiro dia. Ela não estava muito animada, nenhum de seus amigos iria estar lá. Agora nem mesmo Sheldon estaria lá. Se bem que "É só biologia, isso não é tão importante".

A noite chegou e Amy só queria poder descansar no quarto que ela tinha reservado no hotel onde iria ser a convenção. Ela pegou a chave, abriu a porta e se jogou na cama.

POV Amy

03/11/2011

Uma canção triste parece apropriada para hoje. Se Penny e Bernadette não querem a minha companhia, eu vou ter a companhia da minha harpa. Então eu comecei a dedilhar naquelas cordas a musica que parecia se encaixar perfeitamente naquele momento solitário.

Well, everybody hurts
Sometimes, everybody cries
And everybody hurts, sometimes
But everybody hurts, sometimes

No final daquela canção eu só queria o conforto de um ombro amigo. E foi então que eu ouvi.

Toc Toc Toc Amy

Toc Toc Toc Amy

Toc Toc Toc Amy

Aquela não parecia ser a voz de Sheldon, mas ele era o único que tinha aquela batida característica. Então eu abri a porta e ele parecia preocupado.

-Sheldon o que você faz aqui??

-Você não respondeu nenhuma das minhas mensagens eletrônicas.

Mesmo informando-lhe que eu desejava permanecer sozinha ele entrou em meu apartamento e se acomodou em meu sofá. Depois de algumas insistências a uma bebida quente ele me surpreendeu sendo um ótimo ouvinte.

Aquele dia foi a primeira vez que senti necessidade de um contato físico e Sheldon parecia estar confortável com isso apesar de dizer que nosso relacionamento era mental, eu insisti.

-Proposta. Uma noite de sexo ardente que conforte minha alma e excite minhas intanhas.

-Contraproposta. Vou gentilmente acariciar seu cabelo e repetir “Quem é a Amy boazinha?”

-Que tal isso. Beijo de língua, sete minutos no paraíso com direito a segunda base.

Ele pareceu pensar na minha nova proposta, por um minuto pensei que isso ia dar certo.

–Massagem no pescoço. Depois você me traz aquela bebida.

Fiquei tentada a aceitar. Não sabia se conseguiria algo melhor que isso, mas resolvi arriscar uma ultima vez.

-Nos abraçamos. Oferta final.

A tensão era grande, mas ele finalmente aceitou. Nos encaramos por alguns segundos esperando qual de nós iniciaria o primeiro movimento. Eu me aproximei e fui esticando os braços devagar, afinal, tudo aquilo era novo tanto para mim quanto para ele.

Parecíamos nos encaixar perfeitamente como um quebra cabeça. Naquele pequeno sofá eu me deitei em seu peito e ele me abraçou carinhosamente fazendo com que todo o meu mundo voltasse a ter sentido de novo. E então eu adormeci sentindo aquele suave cheiro de talco. Acordei as duas da manha, ainda no sofá e ainda no colo de Sheldon. Percebi a manta que normalmente ficará no encosto do meu sofá estava sobre o meu corpo, ele deveria ter colocado a manta antes de também ter pegado no sono.

POV Amy Off

Abraçada a um travesseiro e com os olhos cheios de lagrimas ela adormeceu com aquela lembrança.

O dia amanheceu e ela acordou mais cedo para se preparar para a sua palestra. Tomou um banho morno e já sem nenhum sinal de ansiedade, empolgação ou amor, ela se vestiu e olhou seu reflexo no espelho, ela não era bonita como a Penny, nem charmosa como a Bernie, um suspiro calmo para ela lembrar que aquilo não a incomodava mais. Se perfumou sem muita importância e foi para o saguão onde a palestra iria acontecer.

Sentando-se na bancada de debate junto com mais cinco neurobiólogos de diferentes universidades do país, ela se concentrou para ser o mais profissional possível naquela hora. Respondendo todas as perguntas e dando sua opinião sobre as mais variadas áreas da neurobiologia.

Depois de uma longa tarde, Amy decidiu voltar para seu quarto, ela estava exausta, mas mesmo assim seus novos colegas neurobiólogos a convidaram para um jantar em grupo. O convite foi recusado, pois Amy não tinha animo o suficiente para isso.

Ela entrou em sua suíte e foi direto tomar uma ducha. Ao terminar o banho, ela se vestiu e foi em direção a cama onde avistou um lindo buque de Ciclames e um cartão ao lado. Ela cheirou as flores e pegou o cartão.

“Nosso amor se compara a terceira lei de Newton, pois mesmo estando em sentidos contrários, a ação da força do seu amor é igualmente proporcional a força de ação do meu.

128√e980

Sheldon Cooper, Phd”

Amy entendeu o que aquela equação significava e ficou em choque ao ler aquelas palavras, ela ia começar a chorar sozinha, sobrecarregada de emoções, ela nem tinha parado para se perguntar como aquele buque foi parar em cima da cama dela. Até ouvir a voz.

-É ridiculamente fácil arrobar a porta do seu quarto, sabia?

-Sheldon... por que você veio até aqui? –Amy não sabia o que dizer, qual pergunta fazer, qual atitude tomar. Ele apareceu ali tão de repente.

-Eu não poderia perder a palestra da minha namorada. E além disso.. –Ele deu uma pausa e ficou frente a frente com Amy. -...foram três longas horas de ônibus até aqui para lhe pedir desculpas.

Amy permaneceu calada olhando nos olhos de Sheldon.

-Por isso eu escolhi Ciclames, de acordo com o florista da ProFlowers, essa é a flor ideal para um pedido de desculpas. –Sheldon tentava acabar com o silencio.

Um sorriso acanhado surgiu no rosto de Amy e ela inesperadamente colocou seus braços em torno de Sheldon dando-lhe um abraço apertado. Ele o retribuiu com uma força menor, mas aliviado por ter conseguido sua Amy de volta.

-Oh, desculpe... –Amy separou o abraço. –Eu esqueci do nosso Acordo de Relacionamento. Nada de abraços.

Ele sorriu. Sheldon adorava quando Amy lembrava das regras do Acordo de Relacionamento, isso fazia-lhe perceber que seu trabalho duro não foi em vão. –Bem, eu assisti a sua palestra e acho que um aperto de mão é bem merecedor. –Ele disse estendendo a mão para ela.

-Ooh, obrigada Sheldon.

Ela agarrou a mão dele apertando-a, mas em seguida, ele a puxou para mais perto. Foi quando seus lábios se encontraram, ambas as mãos caíram e Amy colocou as mãos em torno do pescoço de Sheldon e ele colocou as mãos em volta da cintura dela. Sheldon movimentou seus lábios lentamente tornando o beijo mais apaixonado e emocionante. Amy fez o mesmo. Eles não queriam que aquele momento chegasse ao fim, mas a necessidade humana por oxigênio era cruel.