Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 86
Natal... De novo não! -- parte 3


Notas iniciais do capítulo

Penúltima parte.
Não é só Fabrício quem vem para o natal...



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Fabrício havia acabado de ligar para os pais para dizer que estava voltando da viagem frustrada. Como chegaria a tempo de curtir a ceia de natal junto com os papis, Niko se perguntava como faria se já era noite de antevéspera de natal e nada havia sido preparado para comemorar a data.

– Ai Félix, e agora?!

– Agora... Agora você prepara alguma coisa, carneirinho! Não precisa fazer drama! Não vai ser aquela ceia de natal... É só algo pra nós três! Então, sem desespero...

O telefone tocou de novo. Niko atendeu já deixando no viva-voz.

– Alô... Pai?

– Jayme, filho! Oi!

– Oi, pai Niko! Tudo bem aí?

– Tudo e com você?

– É... Mais ou menos... Cadê o pai Félix?

– Tá aqui do meu lado, tá te ouvindo...

– Oi Jayme! – Falou Félix. – Por que você disse que está mais ou menos?

– É... Nada demais... É que... Eu liguei pra saber como vocês estão, como está indo a arrumação da casa... Decidiram por fazer a festa aí esse ano ou na casa da vó Pilar?

Niko e Félix se olharam. O loiro falou: - Bom, filho... Sobre essa festa de natal... É uma longa história sabe... Mas, nós vamos ficar em casa mesmo. Por quê?

Ouviram Jayme suspirar do outro lado da linha. – Então... Eu vou passar o natal aí com vocês!

– O quê?! – Indagaram os dois.

– Algum problema?

–... Não, não filho... Mas, por quê? Você tinha dito desde julho quando veio que este ano passaria o natal aí em Floripa com sua noiva...

– Eu sei, pai Niko, mas... Não dá mais!

– Por quê?

– A Angélica e eu... Nos separamos!

– Como?! – Novamente indagaram os dois ao mesmo tempo.

– Nós tivemos uma briga... Ela anda muito nervosa ultimamente e... Decidimos dar um tempo na nossa relação! Estamos separados! É isso... Se eu ficar aqui vou passar o natal sozinho... Eu soube que ela já viajou com as mães e... Eu quero ir pra aí ficar com vocês!

Eles se olharam de novo.

– Oh meu filho, pode vir sim! Não vamos te deixar sozinho! – Disse Niko.

– É isso mesmo, Jayme! Pega um avião e vem! Estamos mesmo com saudade! – Argumentou Félix.

– Obrigado! Vocês são os melhores pais do mundo! Eu vou... Pelos horários dos voos acho que chego aí por volta das seis ou sete da noite ok?!

– Tá, filho. Venha, estaremos esperando!

Desligaram.

– Eu vou repetir a pergunta, Félix!... E agora?!

– Ah... Agora nós vamos dar uma arrumada na casa e preparar algumas coisas para termos um jantar decente no natal né?!

– Você tá vendo, Félix?! E pensar que essa hora nós já estaríamos pegando um avião para a Grécia, e olha agora... Mais do que nunca nossos filhos precisam de nós no natal! O Fabrício por que teve a viagem frustrada, e o Jayme, tadinho, brigou com a Angélica, o amor da vida dele... Deu pra sentir que ele está sofrendo pela voz dele...

– É, eu também senti isso... Mas, vamos, carneirinho. Não se estressa, vai dar tudo certo.

– Como que vai dar tudo certo? A casa está uma bagunça, não temos nada na geladeira para uma ceia de natal...

– Não é pra tanto! Eu já disse, não precisa ser uma ceia enorme... Será só nós quatro agora... Você assa um peru, eu monto a árvore de natal... Pronto! Simples!

– Você vê tudo assim...

– E como eu vou ver? Será o natal mais simples que já tivemos, mas é o que temos, fazer o quê? A não ser que nos convidemos de última hora para ir à casa de mami ou da Paloma, por que sua família mora muito longe, carneirinho!

– Não sei... Podia ser né?!

– Ótimo! Será melhor assim... Vamos ligar para mami.

Mas, pouco depois...

– Sério, mami?... Não, imagina, claro que não esqueci... Tá... Esperamos vocês amanhã... Tchau!...

Desligou.

– Por que você fez essa cara, Félix? Como assim “esperamos vocês amanhã”?

– É... Carneirinho...

Niko cruzou os braços.

– Félix, você está com cara de quem fez alguma besteira!

– Pelas contas do rosário, Niko... Eu só... Esqueci o combinado no ano passado...

– Que combinado?

– Eu combinei com a mami de fazer a festa de natal aqui este ano... Com toda a família... E... É isso... Eles vêm!... Todos!

Niko fez cara de susto quando entendeu.

– Félix! Não me diga que todo mundo está se preparando para vir para cá e nós não temos nada preparado?!

– Tá bem, eu não digo, carneirinho, mas... É!

– Félix! Vem toda a família Khoury?! Mas é muita gente...

– Isso por que você não está contando com os parentes e agregados. Mami disse que me mandou a lista por e-mail. Deixa eu ver...

Abriu o e-mail no tablet e os dois começaram a ler.

– Mami, Maciel e Júnior... Paloma e família... Tio Amadeu e família... Márcia e família... Jonathan e família... Seus pais também, carneirinho!...

– Meus pais também vêm?!

– Mami deve ter ligado para eles... E já confirmaram!

– Não acredito!... Eu tô feliz por isso, mas também... Tô desesperado! O que vamos fazer agora, Félix?!

Félix olhava para a tela do computador como se estivesse hipnotizado.

– Félix! Tô falando!

– Espera... – Pensou e virou para Niko. – Niko! Serão... Mais de vinte pessoas!

– Félix... O que vamos fazer?!

– Correr!

– Vai fugir agora é?

– Não, Niko! Vamos correr para arrumar essa casa! Posso ter perdido a viagem, mas não vou perder o bom gosto! Essa casa tem que ficar linda, a ceia maravilhosa! Então, mãos à massa! Vamos!

...

Depois...

Félix chegava do shopping que ficara aberto até tarde para os compradores atrasados.

– Nunca vi tanta gente! Esse povo nunca ouviu falar de compras online?! É o apocalipse isso! Por que todo mundo deixa pra comprar os presentes de última hora hein?!

– Para de reclamar, Félix. Você estava fazendo o mesmo.

– Eu devo ter trocado o pão por panetone mofado na santa ceia pra ouvir uma coisa dessas! Eu só estou na mesma situação, carneirinho, por que nossa viagem foi para o brejo!

– Tá bom, tá bom... Agora, guarda tudo que você comprou e me ajuda aqui! Eu já limpei os nossos enfeites de natal, agora temos que montar a árvore, pôr as luzes...

– Essa é a pior parte. Desenrolar essas luzinhas! Ah não... Tantos avanços da ciência e ninguém ainda inventou um jeito mais fácil de fazer isso?!

Começaram a desenrolar meio enrolados, quando Félix ouviu um apito vindo da cozinha.

– O que é isso?

– Ah, o bolo que eu deixei no forno!

– Você fez um bolo nesse instante em que eu fui ao shopping?! Tá bom que tinha muita gente, mas eu não demorei nem uma hora...

– Na verdade, fiz mais umas coisinhas que podem ser guardadas para amanhã... Claro que... Não vai ser igual aos que eu faço sempre, por que... Ai Félix, eu tive que ir contra meus princípios de chef e fazer a sobremesa com massa pré-pronta!

– Ah... Tomara que fique bom né?!... Vai, vai lá que eu termino isso aqui...

Niko deixou a decoração da casa com ele enquanto corria para a cozinha.

Estava lá a algum tempo fazendo algumas coisas, quando gritou:

– Sabe Félix... Acho que não é pra tanto desespero... Vamos conseguir fazer uma festa bonita e acolhedora para nossas famílias! O mais importante é que estaremos todos juntos, reunidos... Esse é o espírito do natal... – Foi quando ouviu o barulho de muitas coisas caindo no chão e se assustou. Largou tudo e correu para a sala.

Félix estava com a mão no peito e a árvore já com alguns enfeites e as luzinhas no chão. Algumas coisas quebradas.

– Félix, o que houve?

– Eu... Fui... Ligar tudo de uma vez e... Levei um choque!

– Amor, você podia ter se machucado! – Sentou-se no braço do sofá perto dele e levou sua cabeça ao seu colo. – Tá tudo bem?

– Tô... Foi... Só o susto... Eu acabei empurrando a árvore com tudo...

Niko pôs a mão em seu peito.

– Seu coração tá acelerado! É melhor você descansar enquanto o susto passa!

Félix logo levantou. – Não, não, nada disso! Já passou! Vamos, que temos que preparar tudo senão amanhã será uma correria só...

– Nada disso, Félix. Vem! É uma ordem! – Niko o puxou para o quarto.

– Carneirinho, eu não preciso ficar aqui, é sério! Tô bem...

– Só um pouquinho... – O loiro sentou e o puxou para sentar em seu colo. – Ai meu amor, que susto que eu levei quando ouvi o barulho de tudo caindo! Pensei que você tivesse derrubado tudo em cima de você...

Félix riu. – Ai carneirinho, que exagerado! Seu coração tá mais acelerado que o meu e fui eu que levei um choque!

– Oh tadinho de você...

– Não faz essa carinha com pena de mim que eu não resisto...

Eles começaram trocando beijos e carinhos. Do quarto não dava para ouvir o barulho da campainha do forno avisando que os pratos que Niko havia deixado lá já estavam prontos.

Alguns poucos minutos depois, Niko parou de beijar o marido e jogou-o na cama, levantando-se.

– Nossa, carneirinho! Que fogo é esse?

– Não... Não é fogo, Félix... É... É fumaça!

– Fumaça?

– É, não tá sentindo? Fumaça... – Então lembrou. – Ah caramba! As coisas que eu deixei no forno!

Desceu correndo para a cozinha. Félix foi atrás. Ao chegarem o estrago já estava feito. Três dos pratos que Niko havia preparado estavam queimados.

O jeito foi tomarem outra estratégia.

.

.

.

Depois...

– Ok, Félix... Eu vou comprar algumas coisas para a ceia. Tomara que ainda encontre essa hora... Você tem certeza que consegue fazer isso aqui seguindo essas instruções?

Era um caderno de Niko com algumas receitas bem fáceis para Félix recriar os pratos que haviam se queimado.

– Claro que consigo, carneirinho! É muito fácil! E lembre-se que não é a primeira vez que cozinho! Afinal, o melhor chef da cidade me ensinou alguns truques né?! – Disse piscando para ele.

– Hum... Eu quero saber direitinho quem é esse tal chef... – Brincou.

– Ah, eu amo esse chef! Ele adora quando o chamo de meu carneirinho! – Riu.

Os dois se beijaram e Niko saiu, afinal, Félix já tinha ido às compras pouco tempo atrás para comprar os enfeites que haviam se quebrado com o choque que ele tomou, agora era a vez de Niko ir comprar, pelo menos, a comida para complementar a ceia.

Em casa, Félix começou seu trabalho na cozinha.

– Bom, vamos ver... Se eu não salguei a santa ceia eu vou conseguir fazer nem que sejam dois pratos dessa ceia aqui... Vamos lá... – Foi vendo as instruções que Niko havia deixado anotado e seguindo. Estava indo tudo bem até que deu por falta de alguns ingredientes em sua geladeira.

– Ótimo... Quem mandou eu inventar de não fazer compras nesse natal?! Nunca mais invento viagens nessa época do ano, não! Só em setembro, outubro, ou no comecinho, em fevereiro, março, por aí... E agora?! Será que tem alguma coisa na despensa?

Félix abriu a despensa e logo pegou uma caixa onde havia exatamente o que ele precisava para a receita.

– Ah! Que bom... O carneirinho já tinha comprado...

.

.

.

Algum tempo depois, Niko voltava com as compras.

– Amor, cheguei! Quase que eu não achava mais um peru, nem o resto das coisas... Não são as melhores compras que já fiz, mas foi o que deu pra trazer...

Assim que entrou na cozinha, Niko se surpreendeu. Havia três pratos prontos, de boa aparência, e pareciam saborosos.

– Félix! O que é isso?! – Perguntou com um sorriso surpreso.

– Ué, o que você me mandou fazer! Eu fiz e fiz ainda melhor! Não ficou lindo?

– Ficou... Estão com uma cara ótima! Ai, deu até vontade de experimentar!

– Nada disso, não seja guloso, carneirinho!

– Mas Félix, eu tenho que provar se está bom mesmo...

– Ah, está duvidando da minha capacidade como cozinheiro?!

– Não amor, mas... Esses pratos estão melhores do que os que eu estava fazendo antes!

– Pra você ver!... Como o Fabrício disse, a criatura se torna melhor que o criador!

– Quando nosso filho disse isso?

– Quando falamos com ele por telefone da outra vez... Bom, carneirinho, deixa de conversa. Vamos guardar o que já está pronto, e o resto você apronta amanhã né?!

– É, o resto da comida não fica bom se deixada de um dia para o outro...

– Então, ótimo. Dá tempo de você fazer isso amanhã... É só acordarmos cedo, como, aliás, todos os anos... E hoje vamos acabar a decoração, por que depois do choque ficou tudo bagunçado lá na sala... A árvore dá até pena...

– Tá bom, vamos arrumar lá então... Ai Félix, que stress viu?! Se tivéssemos arrumado tudo desde aquele dia que eu queria, poderíamos estar relaxando agora, só esperando por amanhã!

– Relaxa, carneirinho... Vai dar tudo certo! Já tenho tudo planejado...

– Você e seus planos... O último deu nisso! Fez a gente ficar como estamos agora, super estressados!

– Eu sei uma maneira de acabar com o seu e com o meu stress de uma vez só!

Eles guardaram no freezer os pratos que Félix havia feito e foram para a sala, mas em vez de encontrar uma bagunça, Niko teve mais uma surpresa. Félix já havia recolhido os enfeites quebrados, porém não havia enfeitado nada ainda. Apenas no chão havia um lençol branco com uma garrafa de vinho, uvas e duas taças.

Ele riu e olhou para o marido.

– O que significa isso, Félix?

– Uma coisinha que eu preparei... Já que não pudemos ir para a Grécia... Eu fiz aqui um pouquinho do que a gente poderia curtir lá...

– Hum... Lençóis de seda... Vinho... Uvas?

– É... – Félix pegou um dos cachos de uva, arrancou uma e pôs na boca de Niko com um sorriso malicioso. – Depois que dermos uma geral na casa... Você quer ser meu Dionísio?... Eu posso ser seu Hércules se você quiser...

– Pode?... E você vai fazer doze trabalhos pra mim? Do jeito que eu quiser?...

– Tudo que você quiser!...

– Então, vamos fazer uma coisa... – Niko pegou uma das uvas e pôs na boca do marido com um sorriso mais malicioso que o outro. – Eu tenho uma proposta...

– Ah tem?

– Aham... Deixamos a casa pra depois e vamos logo ao que interessa... Hoje, nós dois chegaremos ao Olimpo!

Niko segurou uma das uvas com os dentes e chegou perto da boca de Félix oferecendo-o. Félix logo atacou a boca do loiro sedenta por beijos. Logo os dois estavam no chão, envoltos nos lençóis, e a garrafa de vinho se esvaziando cada vez mais.

...


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Notas finais do capítulo

Tudo que podia dar errado nesse natal deu! Mas esses dois sempre encontram uma maneira de sair dos problemas... E do stress, por que ninguém é de ferro! Mas, será que vão conseguir comemorar o natal como deve ser?

(Queria que essa fosse a última parte, mas também queria postar hoje, então dividi em duas. Espero postar o fim antes do fim do ano!)