Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 68
Learning How To Love -- IV


Notas iniciais do capítulo

Continuação...



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Félix e Niko estavam dando voltas no shopping e já haviam comprado algumas coisas, menos o terno que Niko precisava. Félix lhe dava palpites sobre as roupas que via nas vitrines e que achava que ficariam lindas em Niko e o loiro acabava comprando uma coisa ou outra. Já carregavam algumas sacolas, Niko bem mais, e não estavam mais andando de mãos dadas.

Almoçaram no shopping. Durante o almoço, entre conversas e risos, Niko acabou bebendo um pouco a mais de vinho do que era de seu costume. Ele nem percebeu, mas parou quando Félix comentou que ele já havia bebido três taças.

Um pouco mais alegrinho depois do almoço, Niko tentava andar abraçado com Félix ou, pelo menos, de mãos dadas de novo, mas o moreno não queria.

– Niko, você vai pegar na minha mão e vai atrapalhar para carregarmos as sacolas, criatura! Fica quietinho e vamos andar normalmente como qualquer pessoa!

– Não somos quaisquer pessoas, Félix, somos um casal! – Ele viu ao longe um casal andando abraçados. Cada um com o braço enlaçando a cintura do outro e reclamou apontando para eles. – Tá vendo?! Eu queria andar assim com você!

– Ai carneirinho... Olha, da próxima vez a gente anda assim juntinhos tá?!

Niko se conformou com a promessa de Félix e sorriu, olhando-o daquele jeito que deixava Félix louco. – Tá bom! Mas, eu vou querer que você me abrace e não me largue por nada!

– Ok, Niko! – Félix sorriu hipnotizado por seus olhos verdes. – Sabe que isso eu faço com todo prazer do mundo!

Os dois continuaram o passeio e a tarde ia caindo. Saindo da última loja, Félix viu de relance alguém olhando para eles. Desconfiou quem fosse e por isso não deu tanta importância. Já iam embora quando lembraram:

– Carneirinho! Nós acabamos comprando outras coisas, andamos a tarde toda e não encontramos um terno pra você!

– Ah eu... Até vi um que achei lindo, mas não quis te mostrar porque achei que... Sei lá... Talvez fosse muito caro ou chique demais para a ocasião!

– Que é isso, criatura?! Chique demais?! Pelas barbas do profeta, já que vamos, eu quero que você vá chiquérrimo, parecendo um príncipe!

– Hum... Então, tá! Podemos voltar e eu te mostro o que eu vi na vitrine...

– Ai não, vai me fazer voltar?! Meus pezinhos já estão sofrendo...

O loiro começou a rir. – Pezinhos?!

Félix também riu. – Que é?! Não ri, eu sei que tenho o pé grande... Aliás, o pé, a mão, o nariz, e... Você sabe...

– Eu sei... E como sei... – Ambos riam e se dirigiam para a saída quando o loiro viu a loja de brinquedos e lembrou que tinha prometido algo a Jayminho.

– Ah Félix, eu lembrei que fiquei de ver se tinha um jogo de vídeo game novo pra o Jayminho! Quer vir comigo?

– Não, carneirinho... Vai lá e enquanto isso eu fico aqui descansando um pouquinho, já que não vou comprar terno nenhum, por que a mami me convenceu a poupar minha mesada e ir com um dos que já tenho... Enfim, eu já te falei...

– Já, já falou, amor... Umas mil vezes! Eu vou, é rapidinho, não demoro viu?!

Niko foi para a loja infantil e Félix se pôs a caminho das de roupas masculinas novamente quando alguém apareceu a sua frente.

– Félix! Oi!

– Edith... Oi!

– Vai aonde?

– Não vou, já fui... Fazer compras, não está vendo?

– Hum... E você já está com dinheiro suficiente pra sair fazendo compras?

– Não criatura! Mas não posso passear pelo shopping mesmo assim?!

– Pode... Você adora bater perna né?!

– Ah ah... Adoro mesmo! E você não é ninguém para falar do quanto eu gosto de andar e gastar, não acha?!

– Eu sei... Eu também adoro bater perna no shopping!

– Oh criatura, você não estava com o tapete persa? Cadê o bofe?

– Estou! Estamos super bem! Mas, ele não veio comigo... Eu vim andar um pouco aqui pra matar a saudade...

– Nossa... – Seu tom foi de quem não estava se importando nem um pouco com a conversa. – Bom, que bom pra você! Agora eu tenho que ir, Edith! Tchau!

Foi saindo, porém ela o interceptou. – Espera Félix... Eu também posso te fazer a mesma pergunta?

– Que pergunta?

– Você não estava com aquele loirinho, dono do restaurante japonês? Cadê o bofe? – Ela foi totalmente cínica ao perguntar isso e obviamente Félix notou.

No mesmo tom cínico, ele lhe respondeu: - Estava não, estou! E o meu bofe está muito bem, obrigado! E você sabe muito bem disso, não pense que eu não vi você nos espiando dali... – Apontou para onde a havia visto de relance.

– Ok, eu vi mesmo vocês saindo de uma loja e fiquei olhando... Vem cá, quem está pagando as compras? Você ou ele?

Apesar da conversa parecer uma grande provocação, os dois falavam em tom amigável.

– Olha aqui, minha querida ex... Você está a par da minha situação financeira há tempos, afinal isso não é segredo para ninguém! Portanto, atualmente apenas o Niko poderia pagar alguma coisa pra mim... Se fosse o caso, claro, por que eu não peço nada a ele... E eu, bem, não disponho de tanto dinheiro quanto costumava ter nem mais dos cartões de crédito, então...

– Entendi! Não precisa explicar!

– Não, não se preocupe que eu não pretendia te explicar muito mesmo!

– Sim, claro... Bom, manda um beijo pra o nosso filho, tá?!

– Mando!

Ela suspirou. – É incrível como você está mudado... Parece tão alegre, tem uma expressão tão leve... Você... Gosta mesmo desse cara né?!

– Quer que eu seja sincero, Edith? Gosto! Gosto dele... Como nunca gostei de ninguém na minha vida... Nem de mim mesmo!

Ela suspirou de novo. – É... Mais sincero que isso... Impossível! Bom, foi bom te encontrar, Félix... Fala pra o Jonathan pra ele ir me ver mais vezes, eu fico com saudade...

– Sim, eu digo!

Ela pôs a mão em seu ombro e se aproximou. – Um beijo pra você também! – E lhe deu um beijo na bochecha. – Tchau!

– Você não tem jeito, Edith... Continua tarada por mim, né?!

Ela falou mais baixo: - Você é muito gostoso! Não posso evitar!

Quando ia sair, um homem se aproximou.

– Félix?! Olha só, há quanto tempo!

Félix virou surpreso.

O homem continuou: - Tudo bom?! Não vai dizer que não se lembra de mim?! Fizemos o curso de administração juntos... Bom, pelo menos alguns semestres até que... Eu tive que sair da faculdade né?!

Félix ficou pálido.

– A-Alonso?!

– Ah... Pensei que não fosse lembrar! – O homem bonito, alto e elegante como Félix, o abraçou e Félix quase não se mexeu, nem falou nada. Ficou extremamente desconfiado. O cara virou para Edith.

– Você é a esposa dele, não é?! Eu me lembro de você na formatura... Apesar de que eu não estudava mais lá... – Virou propositalmente para Félix ao dizer isso. – Eu fui à formatura da minha antiga turma e lembro-me do rosto da senhora Khoury...

Edith riu e respondeu: - Senhora Khoury? Não existe mais nenhuma senhora Khoury! Félix e eu estamos divorciados...

– Ah que coisa! – O tal Alonso dava a impressão de estar sendo cínico a cada coisa que falava.

Félix pigarreou e interrompeu: - Também não é assim Edith... Isso de não existir mais nenhuma senhora Khoury... E minha mãe é o quê?!

– A Pilar e seu pai também se divorciaram, Félix, e há muito mais tempo que nós... E pelo que eu saiba, o César é que tem o sobrenome Khoury, não ela!

Vendo que ela tinha razão, Félix baixou a cabeça. Alonso, ao seu lado, balançava a cabeça em negativo olhando para ele. Mas, logo Félix lembrou: - Ah, mas tem a minha tia Priscila, irmã do papi, portanto ainda tem uma senhora Khoury tá?!

– Ai Félix, nisso você não mudou, sempre quer estar com a razão... Bom, eu vou embora! Tchau... E... – Olhou para o lado e rapidamente viu Niko que já estava perto da porta da loja de brinquedos, então concluiu: - Boa sorte!

Félix olhava para o outro lado e não viu Niko. Niko, porém, os viu de lá. Viu que Félix provavelmente conversava com Edith que estava indo embora e que havia outro homem com ele. Edith notou que aquele ex-colega de Félix parecia querer falar com ele e que o ex-marido ficara nervoso ao vê-lo, então saiu deixando-os a sós, sem falar para Félix que Niko já estava saindo da loja.

O colega de Félix, então, de frente para ele, começou: - Então, Félix... Quer dizer que você acabou se divorciando?!

– S-sim...

– E... Está solteiro agora? Ou já tem outro alguém?

– O-outro?

– É! Outra mulher?

– Não! Claro que não!

– Você falou com tanta certeza... Qualquer um diria que você enjoou de mulher...

– Eu... – Pigarreou e respirou: - Pelas rugas de Matusalém, o que realmente você quer, Alonso?

Ele deu uma risada cínica. – Eu, Félix?! Eu só queria conversar com um velho amigo!

– Conversar... Sei! Eu devo ter salgado a santa ceia pra você querer conversar como se fossemos grandes amigos!

Alonso riu. – Você ainda diz essas piadinhas bíblicas?! Félix...

– Ah ah... É, eu sou assim! Como você pode ver não mudei muito desde a época de faculdade... Falo mais externamente, claro...

– É... Você continua bonito! Até parece mais jovem do que é!

Félix se surpreendeu, mas como adora elogios deu um meio sorriso. – Obrigado! É... Eu preciso ir...

– Você não respondeu o que perguntei!

– Responder o quê?!

– Você fez um sacrifício horrendo para ficar com a Edith e, no entanto, agora está divorciado... – Exagerou sarcasticamente no “horrendo”. – O que foi? Finalmente, encontrou alguém de quem gostasse de verdade ou está solteiro?

Titubeou, gaguejou, mas acabou respondendo: - E-eu... É... Eu... Eu estou... Solteiro! – Sentiu medo de dizer que tinha alguém e que esse alguém era um ser tão especial e que pela primeira vez na vida estava realmente apaixonado. Ele tinha suas razões para isso.

– Ah! Então você não tem outro... Alguém?

– Não...

Alonso se aproximou mais. – Tem certeza?

– Do quê?

– De que não tem outra pessoa! É um homem, por acaso? Você finalmente se assumiu?

Félix ficou claramente nervoso e nada respondeu. O outro ficou sério e perguntou:

– Já que não quer responder isso, me diz só uma coisa Félix... Você continua tendo medo do seu papai?

Félix ficou mais nervoso ainda.

– D-do que você está...

– Não se faça de idiota, Félix, por favor, que isso nunca combinou com você! Olha, não precisa ficar nervosinho desse jeito, por que se você acha que eu ainda tenho raiva de você pelo que aconteceu dezoito anos atrás, está muito enganado! Eu não guardo rancor dessa maneira... Não por todo esse tempo! Admito que fiquei morrendo de raiva de você, na verdade do seu pai, mas de você também por ter sido tão covarde... Mas, eu acabei entendendo e não pensei mais nisso! Além disso, faz tanto tempo que não valeria mais a pena guardar nenhum ressentimento... Nem sentimento, se é que me entende! Eu só fiquei curioso ao te encontrar aqui!

Um pouco mais calmo, Félix perguntou: - Curioso? Curioso por quê?

– Eu volto para São Paulo para participar do baile dos ex-alunos, venho no shopping e primeiro te vejo conversando muito intimamente com um rapaz, depois te vejo aqui com a Edith e ela te dá um beijo... Eu fiquei curioso para saber qual é o verdadeiro Félix!

– O... Verdadeiro Félix? Como assim?

– Você me disse uma vez que era um sacrifício se casar com a Edith, mas que estava com ela por que seu pai queria e por que ela estava esperando um filho teu!

– Isso era verdade...

– Sim, mas você não era apaixonado pela Edith... Nem poderia se apaixonar por mulher nenhuma e nós sabemos bem por que, não é Félix?!

– É...

– Pois então... Mesmo assim... Depois de tudo... Você fez tudo que seu pai queria! E hoje, Félix? Depois desse tempo todo? Seus sacrifícios valeram a pena?

Veio à mente de Félix o rosto do seu carneirinho e ele respondeu com mais coragem: - Sim... Valeram a pena! Mesmo que hoje eu não tenha o que eu pensava que queria, eu tenho o que eu preciso! Eu tenho um filho lindo de dezoito anos que me ama e um... E eu sou feliz!

– Hum! E seu pai te aceitou?

Félix respirou profundamente. – Não... O doutor César nunca vai aceitar um filho gay! Ele nunca gostou nem nunca vai gostar de mim, Alonso! Com meu pai eu já estou quase perdendo as esperanças!

Alonso parou por um minuto e então, como se tivesse se comovido com a confissão de Félix, falou: - Seu pai já foi muito poderoso, mas agora... Passaram-se tantos anos... E ele ainda te faz sofrer?

– É... A vida deu muitas voltas, Alonso! Aconteceu tanta coisa...

– Mas hoje você está bem? Digo, bem consigo mesmo?

– Acho que... Sim... Talvez...

Alonso se aproximou ainda mais de Félix com um meio sorriso. – Pelo menos, você não se esconde mais no armário não é?!

Félix riu: - Não, não, isso não! Todo mundo já sabe... Eu não pretendo entrar no meu armário nunca mais!

Ambos riram e o outro chegou ainda mais perto. Foi quando Félix percebeu o quão perto ele estava.

– Já que você está livre agora, me fala... Não está saindo com ninguém mesmo?

Ainda um tanto receoso pela reação do ex-colega e já que já havia mentido antes, continuou com a mentira. – N-não...

–Sério?! Então, quem era aquele loirinho com quem você conversava hein?! É só um peguete?! Não me diga que estava te ajudando a carregar as sacolas?!

Ele ria cínico e Félix acabou rindo também. Mas, antes que Félix conseguisse falar o que Niko realmente significa para ele, o loiro saiu de onde estava ouvindo toda a conversa e jogou as sacolas que segurava aos pés de Félix. Ele o olhou confuso e Niko estava com os olhos marejados. Olhou para ele com raiva e tristeza e falou muito sério:

– Aqui estão suas sacolas, senhor Khoury! Creio que não precise mais de mim para nada! Com licença!

Falou isso quase chorando e foi em direção à saída do shopping.

– Ca-carneirinho... – Arrependido, Félix não pensou duas vezes antes de ir atrás dele. Alonso o seguiu já notando que aquele loiro significava mais do que Félix quis contar.

Para Niko, a questão já era outra, que martelava em sua cabeça enquanto se dirigia à saída:

– Quem é esse cara? E o que ele significou na vida do Félix?

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Notas finais do capítulo

Hum... Quem terá sido esse tal Alonso na vida do nosso querido Félix?!
Continua...



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