Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 31
O Primeiro Dia de Nossas Vidas -- parte 5


Notas iniciais do capítulo

O primeiro dia... Depois daquela inesquecível noite!



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Assim que Félix saiu da minha casa, eu dei alguns passos e caí no sofá. Fiquei com os olhos fechados, sorrindo, ainda tentando assimilar todo aquele sonho que estava se realizando.

– Seu Niko? Seu Niko!

Adriana teve que me chamar mais alto para me tirar dos meus pensamentos.

– Oi?! O quê?!

Ela riu. – Tava distraído hein, seu Niko! Eu vi o seu Félix indo embora, pensei que ele ia ficar o dia todo aqui com o senhor...

– Ah, bem que eu queria, sabe, Adriana! Mas, o Félix ainda tem muita coisa para fazer... Para pensar... Mas, sei que ele vai fazer parte da minha família, que é tudo que eu mais quero! Eu vou lutar por ele... Mas, deixa eu levantar, que eu também tenho muito o que fazer, né?!

Fui ficar um pouquinho com meu Fabrício antes de ir ao restaurante...

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Eu parei o carro no sinal e avistei aquela lojinha em que havia comprado o buquê de flores para o carneirinho... Fiquei pensando em como a noite passada começou e como terminou maravilhosamente bem... Distraí-me e o carro atrás de mim buzinou, o sinal já estava verde... Isso nunca aconteceu comigo antes... Que loucura, eu só conseguia ver o carneirinho no meu pensamento! Mas, tinha que acordar, já estava chegando em casa.

Entrei, corri direto para a escada, mas fui interrompido por mami poderosa que estava no sofá.

– Félix... Posso saber de onde você está chegando só agora?!

Por que será que eu notei um tanto de ironia na voz de mami? Pelo jeito ela sabia exatamente de onde eu estava vindo.

– É... Mami poderosa, você nem imagina de onde... – Falei no mesmo tom.

– Hum... Imagino Félix! Meu filho, você está com um brilho nos olhos...

– Dá pra notar é, mami?! – Acho que qualquer um notaria.

– Dá sim, meu filho! – Mami sorriu e me fez um carinho no rosto. – Agora vai que você tem que levar seu pai para o hospital, mas, depois você vai me contar tudo, viu!

– Ai mami... – Dei um beijo em mami e um abraço apertado. Lembrei que ela tinha sido responsável por falar para o Niko sobre o que eu tinha feito para o Anjinho e foi isso que me rendeu o convite para jantar. – Muito obrigado! Você é a mami mais poderosa do mundo, mas, sinto muito... Tudo, tudo mesmo, não dá pra contar! – Subi as escadas correndo. Acho que era bem visível minha felicidade.

Claro que depois eu falaria para mami que eu tinha me acertado com o carneirinho, mas, agora só dava tempo de eu trocar de roupa e levar o papi.

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No quarto, eu dava a mamadeira do meu bebê enquanto lembrava os detalhes daquela noite maravilhosa. Nem sabia se ia conseguir fazer alguma coisa quando fosse ao restaurante. No meu pensamento só existia Félix.

Eu estava ali naquele momento de pai e filho, brincando com meu pequeno Fabrício e imaginava Félix ali conosco... Como uma verdadeira família. Eu já estava sentindo saudade, mas, era melhor esperar um tempinho para ligar para ele, afinal, ele devia estar cuidando do pai e eu sabia o quanto isso era importante para ele.

E Félix era importante para mim! Não me importava como, ele ficaria comigo! Eu faria de tudo para ir com ele para onde ele fosse como havia dito; por que eu não lhe disse apenas palavras num momento de emoção... Aquilo foi uma promessa!

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Papi estava fazendo os exames e eu não sairia do seu lado nem por um minuto. Mas, Paloma precisava de uma requisição para uns medicamentos e me pediu para ir, já que Lutero já tinha pedido para a enfermeira Joana ir buscar outras coisas para os exames.

– Essa requisição deve estar com a Patrícia, porque o Eron tinha que assinar também! É para um medicamento especial que eu mandei comprar para o hospital e vai servir para o tratamento do papai! – Me dizia Paloma.

– Mas, Paloma, porque não vai você? Você é a presidente... – Tentava convencê-la, tanto para não deixar papi, quanto para não ter que ver a cara daquela lacraia do olho furta-cor.

Mas, papi interveio e, praticamente, ordenou.

– Vá Félix! Você é o único aqui que não é médico e não está fazendo nada de útil! Vá logo!

Apesar de EU tê-lo levado, ele não reconhecia... E dizer que eu não estava sendo útil já era demais... Mas, meu coração estava tão bem que, dessa vez, eu não me deixaria abater pelas palavras de papi.

Fui até a sala daquela lacraia e pedi a tal requisição para Patrícia. Enquanto ela procurava, eu me sentei, bocejei e me espreguicei. Estava sentindo os primeiros sinais de sono... Já que praticamente não havia dormido...

Ela disse que ainda faltava imprimir e o Eron assinar. Virei os olhos para não chamá-los de incompetentes. Ela pôs o documento para imprimir e eu bocejei outra vez.

– Ai, que cansaço! – Exclamei para quebrar o silêncio, ou melhor, o barulhinho daquela impressora chata. Foi quando ouvi atrás de mim...

– Por que tanto cansaço, Félix?

Era a voz do Eron! Dei um sorriso de vitória como se tivesse ganhado na mega-sena. Não era por que eu tinha mudado que eu ia perder a oportunidade de sambar na cara daquela lacraia.

– É que eu não dormi a noite... – Me espreguicei para demonstrar, mas continuava sorrindo e sentindo muito prazer em continuar falando. – Não vai me perguntar por que eu não dormi, lacraia?

– Não me interessa...

Nesse momento Patrícia entregou o documento para ele assinar.

– Tá, então eu conto para a sua secretária aqui... – Continuei falando num tom de voz para ele ouvir, claro que aquela lacraia também estava se mordendo de curiosidade. – Sabe, Patrícia, todo mundo tem uma história de contar carneirinhos para dormir não é?! Pois, comigo é ao contrário... Eu passei a noite toda acordado e contei apenas um carneirinho... A noite toda!

Pude ouvir a lacraia do olho colorido derrubar uns documentos no chão. É claro que ele entendeu... E eu, ADOREI!

Me levantei, peguei o papel que ele já tinha assinado e saí sorrindo muito da cara que o Eron fez: um misto de “hã?” com “o quê?!”. Não era por que o carneirinho dizia que eu era bom, que eu tinha que me tornar tão bonzinho assim...

A confirmação do que havia dito e meu êxtase veio quando eu tinha acabado de sair da sala e meu celular tocou. Era ele! Atendi, claro, em voz alta:

– Niko, querido... Já está com saudades de mim?!

Eu não tinha visão de raio-x, mas podia quase ver através da porta aquela lacraia torcendo o nariz e batendo a porta da outra sala que pude ouvir... Eu ri sozinho! Eu ainda tinha algum veneno guardado!

–--

Estranhei o Félix ter me atendido daquela maneira, mas, gostei...

– Como você sabe que eu já estou com saudades, Félix?!

–--

Agora eu já podia falar normalmente. Depois daquilo, não tinha mais porque provocar a lacraia, afinal, o carneirinho já era todo meu!

–--

– Ah, eu deduzi, carneirinho!

Como se isso não fosse óbvio! Eu também já estava com saudades dele.

– Você ainda está no hospital com seu pai?

– Estou, acho que os exames vão demorar...

– Ah... – Senti uma pontinha de decepção. Queria muito ver o Félix logo. – Será que não daria para você vir almoçar comigo aqui no restaurante?

– Não sei, carneirinho! Bem que eu gostaria, mas não sei que horas vou sair daqui com o papi! E também, acho que mami quer que eu almoce em casa, porque ela já me convocou para falar sobre tudo que aconteceu! – Eu também queria contar as novidades para mami. E precisava descansar também, se quisesse ver o carneirinho de novo hoje à noite.

– Ah Félix... Eu tenho muito que agradecer a dona Pilar... Sabe, que sua mãe disse que eu era o genro que ela pediu a Deus?!

Eu achei engraçado o que Niko disse, ao mesmo tempo, soou bonito! Respondi meio sem pensar...

– Isso é uma cantada ou um pedido de casamento, carneirinho?

Gelei quando ouvi Félix falar assim, nem sei explicar bem por quê. Também não soube o que responder. Ainda bem que ele continuou falando.

– Não precisa mais me passar cantadas né, carneirinho! Eu já caí na sua rede... – Outra vez comecei com uma piadinha o que iria terminar sério. Nesse hora eu já havia saído do elevador e me dirigia para a sala onde papi estava para entregar o documento à Paloma.

– Hum... Então, eu te pesquei Félix?! Você é um peixão, hein! – Entrei na brincadeira.

– É... Quer saber, Niko, você pode me pescar todos os dias, pode até fazer sushi comigo... – Meus olhos encheram de lágrimas quando meu coração começou a falar por mim outra vez. – Por que... Da sua rede, carneirinho... Eu não quero sair nunca mais! – Eu nunca tinha deixado meu coração falar tão alto nem tantas vezes como agora. Acho que a voz da consciência não daria razão para ele... Mas, não podia deixar de declarar ao carneirinho o que meu coração gritava.

Meus olhos encheram de lágrimas quando ouvi Félix dizer isso... NUNCA MAIS! NUNCA, antônimo de SEMPRE, que era como eu o queria: PARA SEMPRE comigo, pois, eu NUNCA MAIS o deixaria ir sem mim!

– Que lindo Félix... Nos vemos à noite?

– Á noite!

Desliguei. Mal posso esperar para anoitecer...

Desligou. Mal posso esperar para anoitecer...

–--

Quando terminei de falar com o carneirinho, me virei e dei de cara com a Paloma, que olhava estranhamente para mim. Percebi logo que ela ouviu o final da conversa...

– É... Félix, você demorou, eu já ia te procurar...

– Ah Paloma, não foi culpa minha! A incompetente da Patrícia ainda foi imprimir isto para a lacra... Quer dizer, o Eron poder assinar! – Entreguei os papéis a ela. Mas, senti que Paloma ainda queria me perguntar alguma coisa.

– Félix... Eu não pude deixar de ouvir... Você tem um encontro esta noite?

Fiquei corado como em poucas vezes na vida... A Paloma me pegou desprevenido, não sabia o que dizer...

– É... Paloma, meu doce, pra que quer saber hein?!

– Félix, eu já te pedi para não me chamar de "meu doce"! Foi uma simples pergunta...

– Desculpa, desculpa Paloma, esqueci... Não te chamo mais assim, tá! E quanto a pergunta... Sim! Eu tenho um encontro!

– Com aquele "amigo" de quem você falou naquele dia quando ia saindo da minha casa?

– É, com ele mesmo... - Nós já voltávamos para a sala, mas ela parou antes de entrarmos.

– Félix, você pode fazer o que quiser da sua vida, mas... Por acaso, esse "amigo" é o Niko?

Gelei e respirei... Como ela sabia? Desde quando ela estava desconfiada? Acho que meu silêncio respondeu mais que qualquer palavra...

– Eu já tinha notado que o Niko, talvez, estivesse gostando de você... Mas, e você, Félix? Você gosta do Niko? Você finalmente conseguiu gostar de verdade de alguém?

Quando ela me perguntou isso senti meu coração apertar... Mas, eu tinha que apertá-lo mais e espremer até a última gota de verdade.

– Paloma... Eu sei que eu nunca fui capaz de ter sentimentos verdadeiros por ninguém, mas... O Niko está me proporcionando viver uma coisa que eu nunca havia vivido... Um sentimento que eu não sei explicar! Mas, o carneirinho me ensinou que sentimento não tem explicação, só existe! E... Sim, Paloma! Existe um sentimento verdadeiro em mim... Por ele!

Eu sentia que ia chorar... Paloma ficou me olhando com uma expressão indefinida por alguns segundos, mas, depois, me disse algo que me fez soltar de vez as lágrimas.

– Eu fico surpresa com isso, Félix! Você e o Niko são tão diferentes... Mas... Se o Niko for a pessoa que vai te fazer ser alguém melhor, até mesmo te fazer sentir algo forte e verdadeiro... Não o afaste de você!

Uma lágrima e um sorriso... Era o que tinha no meu rosto. Duas emoções: pela sinceridade em nossas palavras e por ter sido nossa primeira conversa calma e sincera entre irmãos! A Paloma entrou e eu fiquei ali algum tempo enxugando as lágrimas... Eu senti que ela podia me perdoar um dia... E também, que eu podia seguir seu conselho: não afastar o carneirinho de mim!

–--

–--

Cheguei com papi do hospital otimista de que ele logo se livraria de toda a intoxicação provocada por aquela piranha da Aline e recobraria aos poucos a visão.

Depois do almoço, mami me chamou no quarto para conversarmos. Tentei dar uma fugidinha, dizendo que estava cansado, e realmente estava, mas, fui falar com mami. Contei que Niko e eu tínhamos, finalmente, nos acertado, que estávamos juntos... Ainda não era um namoro mesmo, mas, eu disse para ela que estávamos nos conhecendo, sei lá, “ficando”; apesar de que o carneirinho me conhecia como ninguém! Ela achou graça, disse que para ela, ficando, tentando, pegando, namorando, era tudo a mesma coisa. Também achei graça, ela não deixava de estar certa, no fundo era tudo a mesma coisa mesmo. No fim, não importava a nomenclatura desse relacionamento, mas, o sentimento envolvido... Aquele sentimento ainda inexplicável dentro de mim, porque eu não sabia nomeá-lo, apenas senti-lo!

Mami me abraçou e me parabenizou...

– Ah, mami, e eu soube que a senhora disse para o carneirinho que o queria como genro?! Que história é essa...

– Foi, meu filho! Na verdade, você não vai acreditar... – Mami parecia que ia me contar uma gafe. E era... – Eu disse que ele era o genro que eu pedi a Deus... Ou, a nora! Sei lá, eu não sabia como dizer...

– Mami poderosa, não acredito! – Arregalei os olhos e me segurei para não rir de mami.

– Ah, Félix... Mas, o Niko me disse como era para chamar, e eu achei lindo! Ele é o COMPANHEIRO que eu pedi para você! Não poderia ser alguém melhor né, meu filho?!

Ela não podia estar mais certa. – Por isso que você é poderosa, mami! Tem toda razão... Nunca nem imaginei encontrar alguém tão bom... E não poderia ser melhor!

–--

Lá estava eu no restaurante, mas, estava mais perdido em meus pensamentos que nunca...

– Seu Niko, aqui tem outro pedido... Seu Niko!

– Hã?! Ah, sim Edgar, eu ouvi... Desculpa, hoje estou nas nuvens...

Aposto que nem precisava dizer... Meus colegas de trabalho já haviam notado que desde que cheguei não parei de sorrir à toa e voar...

Fui servir uma mesa quando alguém na mesa vizinha agarrou minha mão.

– Eron?!

– Niko, eu vim apenas para confirmar uma dúvida!

– Que dúvida, Eron?

– Você e o Félix estão juntos?

Como ele sabia? Ah... Lembrei que o Eron trabalhava no hospital, provavelmente, devia ter encontrado com Félix. Eu já tinha deixado claro para ele que tinha que ser sincero com meus sentimentos e por isso não o quis de volta, então, eu só precisava ser sincero de novo, ainda mais agora que estava realizando meus sonhos.

– Sim! Sim, Eron... O Félix e eu estamos juntos!

– Mas... Niko, eu já havia notado há muito tempo que você tinha se interessado pelo Félix, mas, e o Félix, hein? Ele gosta de você, por acaso?! Por que você deve lembrar que eu te levei para vê-lo com aquele Anjinho...

O interrompi na hora! Não queria mais ouvir falar disso e, pelo tom de voz do Eron, eu o conhecia muito bem para saber que ele só me levou para ver quando Félix foi buscar o Anjinho na cadeia para me desiludir... Sem se importar se eu estava sofrendo com aquela cena. Mas, isso não me importava mais... Eu ia fazer valer minha felicidade...

– Chega Eron! – Fui calmo e sério, como sempre, mas, com um sorriso que não saía de mim. Acho que nem em todos os anos que ficamos juntos, ele nunca me viu tão feliz. – Olha, nada do que aconteceu antes me importa, o que importa agora é o presente! Eu deixei claro que não podia voltar com você, porque, antes de tudo, tinha que ser sincero com meus sentimentos! – Sentei de frente para ele. – Eu não quero te magoar Eron, mas, serei mais sincero que nunca... Eu me apaixonei pelo Félix! E mais, eu AMO o Félix! Amo, como nunca amei ninguém!

– Então... Você nunca me amou, Niko?!

Ele estava contrariado, um tanto confuso, mas, tive a impressão de que aquilo não era ciúme, era raiva pela derrota. Eu não era o troféu de uma competição, mas o Félix havia me ganhado... E ganhado meu coração!

– Amei... Mas, eu nunca senti um sentimento tão forte, tão sublime, quanto o que eu sinto pelo Félix! Vê se entende uma coisa, Eron... As pessoas podem se apaixonar várias vezes, até podem amar mais de uma vez, mas, apenas uma vez na vida se ama para sempre! Eu estou e vou ficar com o Félix, por que ele é o amor da minha vida! Um amor sem medidas e sem precedentes!

Eu sei que não podia ter sido mais claro. Eron levantou-se, paenas balançou a cabeça demonstrando ter compreendido e, sem dizer nada, saiu. Eu me lembrei nesse momento de quando perguntei ao Félix se ele queria que eu voltasse com a morar com o Eron, e Félix me disse que só queria que eu fosse feliz. Então, eu entendi a diferença de um amor para um amor verdadeiro! E meu amor verdadeiro era o Félix, tive certeza mais do que já tinha, mais que nunca, mais que sempre!

–--

Depois de conversar com mami, fui para meu quarto. Me estirei na cama pelo cansaço. Ali, eu deitado, olhando para o teto, parecia que a imagem do carneirinho estampava cada milímetro do lugar. Fechei os olhos e o imaginei... Quase podia tocá-lo... Adormeci e sonhei com ele!

Sonhei que passava o dia inteiro com ele, brincava com seus filhos, o Fabrício tão lindo sorria para mim, o Jayminho tão esperto me chamava para jogar bola, brincávamos como se eu tivesse a idade dele, de repente, ele parava de me chamar de Félix e me chamava de... Pai! Pai... Pai... Eu me sentia pleno ao ouvir essa palavra... Pai... Chamava-me outra vez... E Fabrício sorria para mim... E Niko também... E eu sorria... Pai?... Espera, essa não é a voz do Jayminho...

– Pai?!

Acordei de repente, com aquele chamado. Fiquei confuso por um segundo... Percebi que misturei sonho com realidade.

– Jonathan?! O que... O que foi?!

Meu filho sentou do meu lado na cama.

– Ah, que é eu cheguei e não te vi... Desde ontem que não te vejo, então, vim ver como você estava, pai! Desculpa se te acordei...

– Não, imagina filho! – Bocejei. – É que eu não dormi direito à noite!

– Hum... Você passou a noite fora, não foi?!

Aquele seu tom de voz pareceu com o de mami quando eu cheguei de manhã.

– Hum... Foi, espertinho! Por acaso, você andou falando com mami poderosa?!

– Não pai, eu só sei que você saiu ontem à noite e só voltou hoje de manhã...

– Eu fui convidado para um jantar, Jonathan!

– Aham... E, esse jantar foi, por acaso, na casa do Niko?!

Tinha que admitir que Jonathan é tão esperto quanto eu! Ah, pra quê esconder?!

– Ah ah... Sim, Jonathan, foi na casa do Niko sim! E eu dormi lá... No quarto de hóspedes... Se é isso que você quer saber!

– No quarto de hóspedes, sei... Você e o Niko finalmente vão assumir?

– Assumir o quê, criatura?!

– Ué, que se gostam e vão ficar juntos! Vai dizer que você não passou a noite com ele?! Me conta...

– Olha aqui Jonathan, nem que eu tivesse virado a Arca de Noé eu contaria para meu próprio filho o que aconteceu essa noite!

– Ah, Félix! Então... Conta para seu irmão mais novo!

Jonathan era mais parecido comigo do que pensei... Às vezes, seu senso de humor era igual ao meu!

– Jonathan, não tem graça, tá! Irmão nada, você é meu filho, vai ser sempre meu filho! E, de qualquer jeito, o meu irmãozinho mais novo é o César Júnior, tá!

– Desculpa, você sabe que também vai ser sempre meu pai... Mas, eu fiquei curioso...

– Pois vai continuar na curiosidade! Só vou te dar uma informação para você me deixar em paz! Sim, o Niko e eu estamos... Nos conhecendo melhor! Satisfeito?! Agora me deixa dormir mais um pouco...

Ele deu um sorriso largo e saiu. Acho que gostou de saber. Ele simpatiza com o Niko... Também, quem não simpatizaria?! Agora, o que eu quero é voltar a dormir e sonhar com o carneirinho... Mais tarde, o verei pessoalmente!

–--

–--

No carro, eu voltava para casa contando as horas, os minutos, os segundos para voltar a ver Félix...

Ele disse que nos encontraríamos à noite... Tomara que seja logo... Como quero vê-lo de novo!

–--

No carro, eu ia em direção à casa do carneirinho quando passei por aquela lojinha de flores... Vi um buquê imenso, formado por diversas flores diferentes... Tive uma ideia!

–--

Cheguei em casa e tamanha foi minha alegria quando entrei e Félix já estava lá. Sentado na poltrona, ele jogava a bola de um lado para outro com o Jayminho, brincando com ele, enquanto Fabrício estava no carrinho ao seu lado.

Era a imagem que eu sempre sonhara em ver...

–--

Eu cheguei e Adriana abriu a porta para mim. Enquanto esperava por Niko, Jayminho me perguntou se eu sabia jogar bola... Como no meu sonho...

– Você sabe bater gols Félix? Eu quero treinar para ser goleiro!

– É mesmo Jayminho, que bom! Olha, eu sei bater gols sim, mas eu jogo sentado, porque dentro de casa pode quebrar alguma coisa!

– Tudo bem! O papai Niko também joga sentado quando chega do restaurante, porque ele fica cansado!

Ele queria eu brincasse com ele como o pai brincava... Como no meu sonho...

– Oh, seu Félix, pode ficar dando uma olhadinha no Fabrício aqui no carrinho enquanto eu arrumo as coisas na cozinha?!

– Claro, Adriana, deixa o Fabrício aqui do meu lado que eu cuido dele...

– Eu também cuido do meu irmãozinho!

Lá estava eu, na casa do carneirinho, com os filhos dele... Como no meu sonho...

–--

Aquela imagem era o meu maior sonho virando realidade! Eu, Félix e as crianças! A família que eu queria!

Todos nós jantamos e brincamos com os meninos, até que deu a hora de eles dormirem... Depois que eu fui cobrir o Jayminho, voltei de mansinho para o quarto do Fabrício e vi Félix ninando ele... Tentei disfarçar, mas as lágrimas rolaram desenfreadas pelo meu rosto. Era emocionante e muito lindo ver aquela cena!

Depois, eu o levei para MEU quarto dessa vez. MEU que poderia ser NOSSO se ele quisesse! Ficamos a sós...

–--

– Você acredita que quando sonhos se repetem podem se tornar reais?

– Por que tá me perguntando isso Félix?

Só eu sabia por que estava perguntando isso ao carneirinho. Aquele sonho que tive durante a tarde se repetiu... Várias vezes... Quando voltei a dormir... E quando acordei... Quando estava lá na casa dele, brincando com seus filhos... Era como no meu sonho...

Existiria a possibilidade de, um dia, os filhos dele me chamarem de pai? Existiria a possibilidade de eu ter uma família com o Niko? Existiria a possibilidade de eu ser a pessoa certa para ele? Existiria a possibilidade de eu amar, pela primeira vez na minha vida?

Ainda havia muitas interrogações na minha mente, mas, todas me levavam a um só caminho... Olhar fundo nos olhos do carneirinho e descobrir que ele era minha maior resposta!

Entreguei-o uma flor que havia comprado naquela lojinha.

–--

– Que flor linda, Félix!

– Eu sei que não é um arranjo como o que eu te trouxe ontem, mas...

– Não importa... Você não precisa me dar nada... Nada além de você!

Era tudo que eu queria... Ele!

Eu sei que para o carneirinho, o valor do presente era o de menos, mas, eu queria demonstrar o valor que uma simples flor poderia ter para nós...

– Essa flor faz parte de um imenso buquê, mas eu só vou te trazer uma por uma...

– Hum... Uma flor cada dia?

– É! Você vai preenchendo o buquê a cada dia que eu te trouxer uma flor e eu, assim, tenho tempo para decidir se posso te dar algo mais que uma flor...

– E o que seria esse algo mais, Félix?

...

– Minha vida!


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Notas finais do capítulo

FIM!... Mas era só o primeiro dia...



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