Fate/Legends - Ashe escrita por Lanko


Capítulo 5
Ashe - Reminiscências II: Fragmentos


Notas iniciais do capítulo

Enquanto se recupera do grave ferimento inflingido por Katarina, John Donovan tem estranhas visões da vida de uma certa arqueira...



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Montanhas de gelo cercavam uma vasta planície de neve, com algumas florestas ao redor. O próprio Sol parecia branco enquanto irradiava sua luz à esse lugar dominado pelo inverno.

John observava toda essa paisagem magnífica, mas não sentia e nem via seu corpo, flutuando como se não houvesse gravidade, um fantasma vagando sem rumo.

Isso é um sonho?

“Mergulhou” para a superfície, mas não controlava totalmente seus movimentos. Estava sendo atraído para uma clareira na floresta, onde quatro pessoas estavam reunidos.

Ficou com medo conforme se aproximava delas, mas percebeu que não podiam vê-lo. Havia uma mulher loira, coberta de roupas de lã e uma capa branca, com um arco nas costas e uma espada na cintura. Os outros dois homens carregavam arcos também, mas estavam equipados com machados. E a quarta pessoa era uma criança, que parecia um boneco de pelúcia de tanta lã que a cobria.

A mulher e a criança eram loiras, um dos homens tinha cabelo preto e outro castanho e uma barba enorme. Tinham a pele bem clara. Se era natural ou pelo frio, John não sabia responder. A adulta tinha olhos azuis extremamente claros, quase transparentes. Mas a criança chamava a atenção, com olhos azuis com uma tonalidade muito mais forte, um azul-turquesa que brilhava intensamente. Certamente eram mãe e filha.

A adulta pegou o arco e apontou pra alguma coisa que John não podia ver. A criança acompanhava tudo com atenção.

– Segure a base com a mão esquerda e puxe a flecha com a direita, até a corda se esticar ao máximo. Agora miramos onde queremos acertar. A parte mais importante é manter o equilíbrio do corpo. Se seu dedo desviar um milímetro sequer, a direção da flecha vai mudar. Está vendo? Então agora eu vou segurar a respiração, justamente pro corpo se manter fixo.

A mulher esperou alguns segundos, e então a flecha penetrou mata adentro. Os dois homens então entraram na floresta e pouco depois voltaram com um pequeno veado com uma flecha no pescoço.

– Uau! – A menina exclamou.

– Quer dar um disparo, Ashe? – Perguntou a mulher.

– Quero! Quero!

– Então vamos lá! Eu te ajudo!

A mulher ajudou a criança a segurar o arco, que era muito grande para ela. Segurando a mão da menina, juntas dispararam uma flecha, acertando uma árvore.

– Haha, muito bom, você leva jeito! – Exclamou a mulher.

– Vou ser igual Avarosa! – A menina riu.

– Ela tinha cinco anos, igual você, quando começou a praticar. – Disse a mulher.

– Então já tá na hora de eu fazer um arco. Me ajuda quando chegarmos em casa! – A criança respondeu.

– Vamos fazer um arco pequeno pra você praticar. Mas cuidado com as janelas dos vizinhos, hein! – Riu a mulher.

O grupo começou a andar, se afastando da floresta. Os dois homens levavam o veado abatido, amarrado em um pedaço de madeira.

– Tio Bjorn, me conta uma história quando chegarmos? – Perguntou a menina ao homem de barba castanha.

– Uma história? – O homem riu – Ashe, nós dois sabemos que “uma história” vão virar umas três ou quatro. Da última vez ficamos o dia inteiro nisso e só percebi que era noite quando minha mulher veio atrás da gente e perguntou porque eu ainda não tinha trazido a lenha. Não tive janta naquela noite.

Todos riram.

– Avarosa contra a Bruxa de Gelo! – Exclamou a menina.

– De novo? – Suspirou o homem, mas sorrindo – Tudo bem, tudo bem. Mas dessa vez vai ser só uma mesmo, hein?

E depois vou fazer meu arco e treinar bastante! Mamãe vai gostar!

John se assustou por um segundo. Ele podia jurar que ouvira algo dentro de sua própria mente. Ele percebeu que de alguma maneira, tinha captado os pensamentos da menina.

Então uma forte dor o atingiu. Ele não tinha corpo, mas a dor era imensa. O grupo que ele seguia continuava a caminhar, mas as vozes e palavras eram indecifráveis. A paisagem começou a ficar turva e um enorme chiado, que lembrou uma televisão sem sinal, era a única coisa que ouvia. Em seguida tudo ficou escuro.

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John não sabia quanto tempo se passou, mas encontrou-se novamente naquela terra de gelo. Mas essa região era diferente. Era um terreno íngreme e inclinado, parecia uma montanha. Não haviam florestas perto e um vento carregado de neve soprava a uma velocidade impressionante.

Novamente ele se sentia puxado à uma certa região, e lá viu dois grupos travando uma violenta batalha. Deviam ter duzentas ou trezentas pessoas. John mergulhou até lá em sua forma invisível e incorpórea.

Flechas voavam tentando atingir os soldados do outro exército, alguns pequenos grupos lutavam corpo a corpo, mas a grande maioria tentava avançar ou recuar com grande dificuldade. Ninguém tentava subir ou descer.

Temos que pegá-los pelos flancos, mas com esse vento e essas armaduras é impossível subir. Descer significa dar terreno alto aos arqueiros do inimigo. O que faço?

Novamente tinha captado os pensamentos de alguém. Ele sentiu de onde veio e caminhou no meio de um dos exércitos pra saber o que estava acontecendo.

Todos ali estavam usando armaduras e cobertos de lã, e as barbas dos homens estavam cobertas de gelo. Foi grande o choque quando avistou no meio deles uma mulher com um fino vestido, capuz e capa brancas, ordenadas de dourado, com protetores nas pernas. A cabeça estava descoberta, os cabelos loiros esvoaçando violentamente pela velocidade do vento.

– MANDE O GRUPO DO EMRIK VOLTAR! NÃO VÃO CONSEGUIR QUEBRAR AS LINHAS DELES! – A mulher gritou.

– IMEDIATAMENTE! – Um dos homens fez um sinal e uma enorme bandeira foi levantada.

Ordens eram gritadas e bandeiras as distribuíam para as tropas, porque ninguém conseguia ouvir nada com o som de metal contra metal e o vento uivando.

John continuou reparando na mulher que não dava a mínima para o frio glacial. Ela tinha um magnífico arco azul, que parecia feito de gelo.

Deve ser aquela mulher que vi antes. A que matou o veado na floresta.

Então ela se virou e John viu mais claramente seu rosto. Os olhos não eram azuis claros quase transparentes, mas olhos azul-turquesa brilhantes. Era a menina.

O que é isso? Ela era uma criança há algum tempo atrás.

Se lembrou da viagem através das eras que o Santo Graal lhe mostrara. Com certeza essa era a mesma menina que ele vira na clareira, pedindo uma história quando chegasse em casa. Ela agora era uma adulta, ou pelo menos estava perto disso. Ainda parecia muito jovem, com certeza muito mais que a mãe que ele vira antes.

Novamente John ouvia os pensamentos dela:

Temos que pará-los aqui ou eles vão atacar a cidade pela parte leste, que ainda não conseguimos reparar. Enquanto estivermos defendendo ali, Anuir vai levar o restante da tribo para atacar pelo oeste. Não temos como defender os dois lados e eles vão entrar. Temos que aproveitar agora enquanto estão separados. Derrotando eles aqui, teremos tempo pra voltar e defender apenas um lado da cidade.

– Eu e mais uns arqueiros precisamos subir a montanha. – Disse a mulher.

– De jeito nenhum! Olha esse vento! Vão ser arremessados da montanha! – Disse um dos soldados.

– Vamos demorar muito para derrotá-los assim. Podemos até perder. Nós TEMOS que atacá-los por cima! Irei sozinha se necessário. – A jovem loira de branco abriu caminho e começou a caminhar na direção da subida.

– Espere, princesa Ashe! Nós vamos com você! – Dois homens se puseram logo atrás dela. Mais três arqueiros a seguiram.

– Muito bem. Vamos. E não morram. Capitão, você tem o comando enquanto eu estiver fora – Disse Ashe.

Um dos homens assentiu e o pequeno grupo começou a difícil subida. John percebeu o que ela queria fazer. Mesmo não entendendo assuntos militares, ele sabia que quem atacava de cima para baixo tinha uma imensa vantagem. Seria impossível uma descida de infantaria naquela montanha de gelo e com aquele vento. Mas as flechas ficariam ainda mais mortais.

O vento está ficando ainda mais forte. Isso não é normal.

A arqueira estava correta. John viu que mesmo os soldados de armaduras pesadas tinham dificuldade de se manterem no lugar. Então viu horrorizado um dos arqueiros do grupo de Ashe simplesmente perder o equilíbrio e ser levado pela corrente de vento para o outro lado da montanha.

Alguns dos homens estavam desesperados, mas o pequeno grupo continuou subindo, até estarem bem distantes, pequenos corpos vistos de longe. Mas o plano dera certo. Agora que tinham subido, Ashe e os outros dois arqueiros tinham muito mais visão e conseguiam disparar com muito mais potência por causa do vento.

O outro exército viu isso. Um outro grupo tentou subir para contra-atacar, mas não conseguiram superar o vento. Dois foram jogados da montanha e um rolou pra baixo de volta a seus companheiros. Outros cinco desistiram e também voltaram. As flechas do grupo de Ashe eram focadas nos pequenos grupos que lutavam corpo a corpo. Conforme elas caíam, os soldados inimigos desistiam do combate e começavam a recuar.

E ela ainda tinha outra vantagem. Agora que sua posição estava fixa e não precisava mais subir contra o vento, podiam avançar horizontalmente ao invés de verticalmente, cobrindo mais terreno. Os dois homens de armadura iam na frente, com escudos levantados para proteger os três arqueiros.

A batalha foi prosseguindo até um vento muito mais forte fazer a montanha tremer e uma pequena avalanche ser formada. Os dois homens de armadura rolaram encosta abaixo. Os dois exércitos perderam o equilíbrio. Até a jovem de branco estava com medo.

O vento ficou ainda mais forte e os arqueiros perderam o equilíbrio. A jovem também rolou montanha abaixo por alguns metros antes de fincar seu arco azul no chão e se equilibrar novamente.

Então a montanha desabou, o vento virou um furacão e a temperatura caiu ainda mais. Muitos começaram a fugir e outros estavam paralisados de medo ou frio.

Novamente John começou a sentir uma forte dor. A visão turvou, o chiado de uma televisão sem sinal voltou e tudo ficou escuro de novo.

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Passaram-se horas, mas sua visão voltou. Novamente era um fantasma, mas dessa vez não estava naquela terra de gelo. Pelo menos não do lado de fora.

Estava em um corredor, iluminado por esferas que emanavam uma luz azul, mas de maneira alguma aquilo parecia eletricidade. As paredes eram roxas, com diversos adornos e desenhos elaborados. Não havia nada assim na Terra.

John ouviu vozes e passos, e seguiu naquela direção.

– ….. e é isso que eu gostaria de discutir. – Disse uma voz feminina.

– Entendo. Vamos ver os detalhes no meu aposento particular. – Uma voz masculina replicou.

John viu as duas figuras passarem por ele, de lado. O primeiro que passou era um homem, em uma túnica roxa muito parecida com o homem da Sala de Vidro onde foram introduzidos ao Santo Graal. Mas não era o mesmo. Esse era mais baixo e também um pouco gordo, sua barriga formava uma curva na sua túnica. Tinha o cabelo curto e um bigode, de cores castanhas.

Em seguida veio a mulher, que deixou John aturdido. Ele não viu o rosto dela, que estava coberto por um capuz, mas não teve como não reconhecer o arco azul, que visto de tão perto parecia mesmo feito de gelo. As roupas eram quase idênticas a da arqueira que ele vira antes, mas agora eram pretas e não brancas.Os mesmos adornos dourados estavam lá.

John os seguiu até pararem e o homem destrancar uma porta. A arqueira removeu o capuz e John se surpreendeu com o que viu. O cabelo da mulher era de um branco incrivelmente puro. Ele se perguntou se era a mesma arqueira de antes, ou pior, quanto tempo tinha passado agora.

– Entre, sinta-se a vontade. – Disse o homem.

A mulher entrou e se virou para fechar a porta e agora John viu seu rosto. Era o mesmo rosto de antes, mas o que o fez ter certeza que era a mesma mulher da montanha foram os mesmos penetrantes olhos azul-turquesa.

É ela mesma. Ashe é o nome. Mas o que aconteceu com ela?

John atravessou a parede do quarto e viu o homem servindo uma taça de vinho à Ashe.

– Não, obrigada, acho que já tive o bastante durante a transmissão.

– Como queira, mas aproveite, é uma ótima safra.

Ashe deu um leve gole e tornou a falar.

– Bem, Alto Conselheiro Karlon, como eu disse, gostaria de discutir a questão de Freljord ser reconhecida como uma Cidade-Estado de Valoran. Consegui fazer com que o Conselho abordasse a questão, mas muitos não parecem apoiar a idéia…

– Por favor, Ashe, apenas Edran basta. – Disse o homem com um enorme sorriso no rosto.

– Então….Edran, basicamente eu gostaria de seu apoio nesse votação. Eu preparei um memorando sobre os benefícios de Freljord ser reconhecida. Isso poderia acabar com os conflitos na região e…

O homem levantou a mão num sinal de pausa e Ashe parou de falar. Ele se levantou, virou de costas pra ela e disse:

– Ashe. Você sabe que essa é uma questão bem complicada, não é mesmo? Como já foi dito antes, Freljord não tem um governo, mesmo sua tribo não possui a população necessária e nem força militar ou econômica pra um reconhecimento desses.

– Sim, eu sei, mas com o reconhecimento eu teria mais influência com as outras tribos, eu teria mais poder de barganha para uma unificação, que atenderia as condições do Alto Conselho.

– Mesmo assim isso seria muito demorado e incerto. Outros poderiam pedir o mesmo reconhecimento baseado nas mesmas alegações. Demacia e Noxus certamente protestarão. Sinto muito, Ashe, mas não vejo como o Conselho votaria a favor.

Ashe baixou os olhos. O que quer que estivesse acontecendo, ela fracassara em obter o que queria. Mas o homem se virou pra ela, sorriu e disse:

– Mas eu simpatizo bastante com sua causa, Ashe. E isso é mesmo muito importante pra você, não é?

– Sim! É o motivo de eu lutar tanto e por todo esse tempo! Por favor considere, Alto…Edran. – Responde Ashe vigorosamente.

– Entendo. Você é confiável e poderia nos ajudar em outras questões também. Ainda assim eu teria muito trabalho em convencer os outros. Mas seria possível realizar esse favor.

– Muito obrigada, Alto Conselheiro Karlon!

– Edran. Mas assim como eu, outros podem manter suas dúvidas. Eu precisaria ter um favor ou algo em troca para poder barganhar com mais…motivação e convicção. – Disse o homem chamado Edran Karlon. Ele parecia estar se divertindo com a situação.

– Qualquer coisa que o senhor desejar, mas por favor, compreenda nossa situação atual. Estamos em muitas dificuldades. A fome ainda assola nossas terras, o inverno é rigoroso e como o senhor mesmo disse, temos poucos recursos econômicos e militares, mas se eu unificar…. – Disse a mulher.

– Levante-se. – Interrompeu o homem.

Ashe obedeceu e se levantou. Edran Karlon se aproximou dela.

– Sempre se pode negociar um acordo, não é mesmo? – Disse o homem calmamente, e John percebeu que ele encarava a arqueira com um olhar malicioso.

– Ah…sim, claro. – A jovem estranhou o comportamento do homem e estava confusa.

Ele se aproximou ainda mais perto de Ashe, que se assustou.

– Uma troca de favores selaria nosso acordo, e eu convenceria outros a sua causa. – Disse o homem, bem baixo devido a proximidade.

A jovem de cabelos brancos abriu a boca para responder, mas não disse nada, claramente tentando compreender porque Edran Karlon estava agindo daquele jeito.

Então ele pôs uma mão sobre o ombro esquerdo de Ashe, que arregalou os olhos de surpresa, mas não disse nem fez nada.

John sentiu novamente a mesma pontada de dor de antes. Isso significava que a visão ia acabar logo. O chiado já começava a surgir e sua vista começou a ficar turva.

Edran Karlon então colocou a outra mão sobre a coxa esquerda de Ashe e lentamente subiu por dentro de sua saia, enquanto descia a mão no ombro em direção a seu seio.

Antes de tudo ficar escuro novamente, John conseguiu ouvir o homem falar:

– Então, um favor por um favor….

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Um longo tempo se passou até a visão voltar novamente.

Ainda tem mais? – Pensou John, ainda chocado com o que vira na visão anterior.

Agora ele estava em um lugar totalmente diferente. O céu estava azul, o clima agradável. Estava dentro de algo que parecia uma fortaleza térrea, com muros para impedir a entrada de invasores. Havia uma construção quadrada com um cristal roxo flutuando, com uma enorme estátua que estava atirando bolas de energia em pequenas criaturas que se aproximavam.

– Rápido ou eles vão pegar o inibidor! – Gritou uma voz.

John se virou e viu três pessoas correndo. Reconheceu imediatamente Ashe, com seu arco de gelo e cabelos brancos, acompanhada de uma mulher loira com pouquíssimas roupas e flutuava no ar. O que gritou parecia ser um samurai, mas seu capacete era estranho, coberto de lentes que pareciam ter sido tiradas de um óculos de visão noturna da Terra.

A estátua começou a ser atacada por alguém que vinha do lado de fora da fortaleza térrea. Uma mulher com óculos de lentes vermelhas disparava algo dos pulsos e era a que mais destruía a estátua. O homem que atacava com uma lança tinha uma aparência surpreendentemente asiática, com um longo rabo de cavalo. Mas o que deixou John estupefato foi a visão da sereia que acompanhava os dois.

Os três invasores destruíram a estátua e começavam a atacar o cristal roxo. John viu um flecha gigantesca de gelo passar por todos e congelar o asiático. A sereia respondeu lançando uma gigantesca onda de água, que foi partida ao meio por um tornado invocado pela loira ao lado de Ashe. Ainda assim o samurai e a arqueira foram jogados pra trás pelo impacto.

Ashe disparou algumas flechas e o samurai realizou um ataque tão rápido que John nem sequer o viu, até que ele apareceu novamente em cima do lanceiro asiático. Em seguida ele foi preso em uma bolha de água e morto pela mulher de óculos vermelhos. Enquanto isso Ashe tinha matado o lanceiro.

A sereia e a mulher de óculos avançaram. A loira criou uma barreira em torno de Ashe e afastou a mulher de óculos com mais um tornado. A sereia morreu com duas flechas.

A mulher de lentes vermelhas deu uma cambalhota, desviando de uma flecha e lançou dois dardos prateados em direção de Ashe, que pararam na barreira. Então ela pegou uma enorme besta e disparou um dardo gigantesco em Ashe, que foi acertada na barriga e jogada no cristal roxo. Ela cuspiu sangue, imobilizada pelo ferimento. Em seguida, dois dardos prateados a atingiram no pescoço e a jovem de cabelos brancos caiu no chão, tossiu sangue duas vezes e morreu.

Meu Deus…ela morreu? O que diabos está acontecendo?

A loira também foi morta pela mulher de óculos vermelhos, que começou a atacar o cristal roxo, mas logo fugiu quando viu uma tartaruga rodando igual a um pneu ir em sua direção.

John sentiu outra forte dor, e a visão da paisagem se distorceu, mas não hove chiado nem escuridão. Minutos depois ele estava em outra área, mas reconheceu que era o mesmo cenário do combate que tinha acontecido antes.

Olhou para trás e não acreditou no que viu. Ashe e os outros dois que tinham sido mortos estavam correndo pra um rio, acompanhados por outros dois, um macaco com um bastão e um homem com uma máscara de ferro e uma mão mecânica em suas costas.

Mas eles não tinham morrido? O que diabos é isso?

John os seguiu e viu outros cinco lutando contra uma criatura roxa gigantesca, com vários olhos e que estava cuspindo uma gosma verde pra todos os lados.

Outra batalha começou. A flecha gigante de gelo foi atirada, depois surgiu uma nuvem de eletricidade, o macaco começou a rodopiar e várias outras coisas aconteceram ao mesmo tempo. Mas John se focou em seguir a arqueira que ele tinha acompanhado diversas vezes.

Ela desviou de algumas coisas e disparava freneticamente suas flechas. Três já estavam mortos: o lanceiro asiático, a loira que gerava tornados e a sereia. Então ela foi atingida por uma esfera roxa que a jogou de costas em uma parede. Ela se preparou para atirar outra flecha, quando houve um tremor no chão que a lançou pra cima.

Ashe caiu de bruços no chão, e uma criatura enorme apareceu diante dela. Era vermelha, com manchas roxas e rugiu tão forte que sangue escorria do nariz de Ashe. O samurai tentou ajudá-la atacando o monstro, mas outra mulher flutuante, toda de preto e com cabelos tão brancos como o de Ashe apareceu e apontou para ele. Cerca de meia dúzia de esferas negras destroçaram o samurai.

A arqueira lançou uma rajada de flechas contra a criatura, que não sentiu nada. Então ele abriu a enorme boca e mordeu Ashe, que foi dilacerada do ombro esquerdo até a cintura. Ela gritou, com a marca dos dentes na pele e sangue escorrendo pelo torso. A criatura a mordeu de novo, a ergueu e começou a mastigá-la, e John ouviu horrorizado o som de carne e sangue sendo espirrado, assim como de ossos se partindo.

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John se levantou abruptamente da cama. Sentado, estava ofegante e suando.

– Mas que porra foi aquilo?

Estava em seu apartamento, em seu quarto mais especificamente. Então se lembrou de tudo: o Graal, a tentativa de assassinato e a invocação. Olhou para o braço esquerdo e ele estava enfaixado com uma toalha branca, agora com várias manchas de sangue.

Cuidadosamente ele retirou a toalha e viu que estava totalmente curado. O homem de túnica da Sala de Vidro não mentira que a “base” poderia curar qualquer ferimento.

Mas agora tinha outro problema: Pra criar a “base”, ele precisou invocar o Campeão. Olhou para o chão e os restos da gema azul ainda estavam lá. Ele desmaiara antes de ver quem ou pior, o quê, ele tinha invocado.

John respirou e se levantou da cama. Estava feito e ele teria que lidar com o que quer que tivesse aparecido. Limpou o suor do rosto com a parte limpa da toalha e saiu do quarto, indo em direção a sala. Não viu ninguém e não havia barulho algum. Então tomou coragem:

– Olá! Tem alguém ai?

Nenhuma resposta. Então foi até a sala, quando foi surpreendido.

– Vejo que você acordou.

John se virou e não acreditou quando viu o arco azul de gelo e a mulher vestida com uma túnica preta e a cabeça coberta por um capuz. Ela estava de costas e aparentemente observava a cidade do lado de dentro do apartamento, através da porta de vidro da sacada.

Ela se virou de frente e John ficou boquiaberto. O mesmo cabelo branco e os mesmos olhos azul-turquesa intensos. Ashe, a arqueira de gelo, estava ali.

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado dos vislumbres do passado de Ashe!