Fate/Legends - Ashe escrita por Lanko


Capítulo 3
Ashe - Reminiscências I: Pensamentos


Notas iniciais do capítulo

Enquanto comemora sua vitória com as pessoas que lhe são próximas, Ashe também relembra um pouco sobre os valores que a fizeram ser a pessoa que ela é hoje, especialmente em relação à Tryndamere.
Mas a Guerra do Santo Graal irá envolvê-la, e esses valores serão testados ao máximo...

P.S: Eu disse que Assassin apareceria nesse capítulo, mas vai ficar para o próximo ou o capítulo ficaria gigantesco. Mas não se preocupem, ele logo será postado.



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O som de copos tilitando e um grande “hurrah!” ecoaram pelo camarote. O brinde e a cantoria à vitória de Ashe eram liderados por Gragas e a animação contagiava a sala.

– Ashe, foi sensacional! A melhor parte foi quando você esmagou aquela barata! – Ria Tryndamere.

– Haha, obrigada, querido. Baratas do Vazio não são problema pra mim, mas ainda bem que tenho você pra lidar com as de Valoran! – Disse Ashe com seu jeito calmo e elegante.

Risadas ecoaram pelo camarote. Obviamente não haviam baratas na fria Freljord, mas todos entenderam a piada. Tryndamere olhava pra ela, curioso.

– O que foi ? – Perguntou Ashe.

– N-nada… - Respondeu Tryndamere.

Mas ela sabia. Quando o viu a observando enquanto passava pela passarela, ela tinha ficado extremamente feliz. Se não fosse o brinde, ela adoraria estar envolta em seus braços, beijando-o e deitada com ele na cama pra muito mais. Mas seria uma grande injustiça para com os que estavam aqui por ela.

Nunu era apenas um garoto, mas estava amadurecendo a cada dia, e era extremamente leal. Ele bebia apenas suco, assim como seu yeti, Willop. Ashe imaginou como seria um yeti bêbado.

Anivia trocara algumas palavras com ela e estava apenas se divertindo com as piadas e cantorias. Ao contrário de Willop, Anivia já estivera bêbada. Ela resolvera experimentar as tão famosas bebidas de Gragas e meia hora mais tarde não conseguia nem sequer levantar suas asas. Por sorte, a confraternização tinha sido na residência de Ashe e haviam poucos presentes e mesmo eles não descobriram porque Anivia parecia tão cansada. Afinal quem imaginaria uma criofênix imortal, guardiã de Frejlord contra os Observadores, dormindo no chão aninhada em suas asas porque estava bêbada? Apenas Ashe, Tryndamere e Gragas perceberam e nunca ninguém mais soube do fato.

Lembrando disso, Ashe tratou de trocar sua cerveja por um suco. Ela também não era forte em bebidas, ainda mais tendo Gragas como destilador. Os membros da tribo de Tryndamere, assim como o próprio, pareciam não ter problema algum em beber uma dose atrás da outra. Reparou que os membros da sua tribo já haviam parado a um certo tempo.

– Ei, Ashe, o que aconteceu depois da batalha? Pelas imagens o clima tava tenso entre você e o Kha’Zix. – Perguntou Nunu.

– Depois eu conto a vocês. Já tive o bastante de baratas pra um dia. – Respondeu Ashe gentilmente.

Mais risadas. Todos ali tinham vínculos com ela e esse sentimento era reconfortante. Depois de anos de batalhas solitárias, Ashe agora colhia os frutos. Com Tryndamere, acabou colhendo muito mais.

– Acabou meu estoque, haha! Foi ótimo pessoal, mas agora eu vou indo! – Disse Gragas.

Se as bebidas de Gragas acabavam, então a festa também terminava. Normalmente era sempre assim. Alguns dos bárbaros estavam aliviados, pois não iriam agüentar mais uma rodada.

– Vou no banheiro, já volto. – Tryndamere saiu, acompanhado de dois dos seus e quatro dos da tribo de Ashe.

– Rainha, iremos preparar os transportes de volta para Freljord. – Disse um dos seus e saiu com o sexto e último membro de sua comitiva. Os outros quatro membros de Tryndamere também se retiraram.

Enquanto esperava Tryndamere, Ashe explicou a Nunu e Anivia o que acontecera depois da batalha do dia.

– Nossa, que desgraçado! Ele ficou mesmo provocando a Sona? – Nunu estava furioso.

Ashe assentiu. Anivia, embora mais reservada, também mostrava seu repúdio. Conversaram mais um pouco, principalmente sobre a questionável moral dos últimos membros e o que diabos a League poderia estar pensando em aceitá-los. Quando menos perceberam, já havia passado mais de meia hora, quando um dos homens de Tryndamere entrou no camarote.

– Rainha Ashe, não encontramos o rei Tryndamere. Ele passou por aqui?

– Não, que estranho. Bem, não podemos nos atrasar, então irei atrás dele também. – Ashe disse.

O homem assentiu e se retirou. Ashe se despediu de Nunu e Anivia e vagou pelo amplo anfiteatro do Instituto da Guerra. Estava animada com Tryndamere hoje, mas agora uma pontada de desapontamento a atingia.

Será que ele caiu bêbado por aí? Era só o que me faltava…

Isso nunca acontecera ( pelo menos com ela presente ou que tenha ficado sabendo ) e seria vergonhoso logo depois de sua estrondosa vitória e com parte da mídia de Valoran ainda rondando por aí.

Mais dez minutos de procura e nada. Ela e mais três homens de Tryndamere se reuniram. Os bárbaros estavam aflitos.

– Rainha, não conseguimos nada. Ninguém sequer viu o rei. Nós já reviramos o banheiro que ele usou e nada.

Isso era estranho. Tryndamere só tinha ido ao banheiro depois de algumas rodadas de bebida, embora seus homens também não estivessem totalmente sóbrios. Ela não acreditava que o dia acabaria assim, não quando ela tinha olhado ele e visto a reciprocidade de seus desejos e…. Então algo estalou na mente de Ashe.

– Rapazes, acredito que sei exatamente onde o rei está. – Disse calmamente.

– Sério? Que bom… - Um dos homens transpirou de alívio e em seguida percebeu o que aquelas palavra significavam. – Hm…bem, nós estaremos realizando os últimos ajustes nos transportes e esperaremos até que o rei e a rainha estejam prontos para partirem.

Ashe assentiu e os quatro se retiraram. Ela então caminhou de volta ao andar dos camarotes. O camarote onde os brindes foram realizados tinha sido alugado por Tryndamere exatamente para aquele dia. Porém, o de Ashe, que ela usara pra esfriar a cabeça depois da pergunta ridícula do repórter da “Caras da League”, era praticamente seu. Ela gostava do ângulo em que se encontrava, de frente para a passarela, o que denotava uma posição de poder, como se uma rainha olhasse para seus súditos desfilando para ela, e o mantinha permanentemente alugado.

Tryndamere só poderia estar ali. Paciência não era exatamente a virtude do bárbaro, mas o fato que ele estava esse tempo todo apenas fazendo um jogo com ela a deixou cheia de expectativas. Seria uma ótima surpresa entrar em seu camarote e ser imediatamente surpreendida por ele. Seus homens provavelmente tinham entrado no esquema, esperando até que ela percebesse o jogo, o que demorou bastante, admitiu Ashe, levemente ruborizada.

Brincadeiras e jogos românticos nunca foram seu ponto forte. Tryndamere os realizava com certa freqüência, para “apimentar os encontros”, o que Ashe acreditava ser uma maneira afetuosa e educada de dizer que ela era meio fria.

Esse era um de seus grandes problemas. Sua frieza e seriedade intimidavam e impunham respeito em muita gente, especialmente aqueles que importavam para decidir o futuro de Freljord. Mas também afastava diversas outras pessoas, incluindo potenciais amigos…ou amantes.

Não era exatamente culpa dela que isso acontecesse. Ela era a filha da líder da tribo de Avarosa, a lendária arqueira da antiga mitologia freljordiana. Com 15 anos, sua mãe morreu e ela foi forçada a assumir o comando da tribo. A transição não foi nem um pouco pacífica e ela teve que se impor à força. Era de se esperar propostas para a jovem garota, mas ninguém acreditava que ela fosse sobreviver por muito tempo, e possíveis pretendentes não queriam se arriscar a serem alvos também.

Entretanto, anos se passaram e eventualmente ela foi aceita, e jovem como era, flertes e propostas se tornaram mais freqüentes. Ela recusava, com a desculpa que isso a distrairia da missão de unir Freljord, dos problemas da tribo, das constantes batalhas e disputas, de suas missões diplomáticas, entre diversas outras coisas.

A expectativa de vida era baixíssima na Freljord de sua época. As pessoas casavam cedo e procuravam não ter mais que um filho, e isso quando tinham, devido a escassez de comida, as condições de vida, as freqüentes batalhas e muito mais. E quando Ashe finalmente foi aceita, depois de anos de tentativas de golpes e assassinatos, ela tinha a idade de mulheres que já tinham filhos crescendo, embora estivesse no auge da beleza e forma física.

Além disso, durante esses anos de consolidação de poder, as intrigas políticas, os estudos e treinamentos de combate consumiram a maior parte de seu tempo, que geraram uma rainha sem igual em toda Valoran, assim como uma guerreira temida e extremamente habilidosa. Porém, deixaram uma pessoa em dúvida sobre suas próprias emoções e sentimentos.

Pra não ser injusta consigo mesma, Ashe até que tentou. Por sorte, não era ela que precisava ter a iniciativa, o que fez com que alguns mais corajosos se aproximassem. Mas nenhum a convencia. Ela tinha uma missão grandiosa, e não encontrou em nenhum desses poucos audaciosos alguém que pudesse acompanhá-la na jornada. Nem lutar a seu lado, nem aconselhá-la e nem ao menos confortá-la. Não era apenas na tribo de Avarosa, mas em toda Freljord, que o conformismo, os objetivos pequenos, o cinismo diante da situação dominava o espírito das pessoas. Incluindo aqueles que tinham potencial para fazerem algo.

Ashe logo desistiu e pensou, com medo no início, de que teria que percorrer seu tortuoso caminho por si mesma. Depois aceitou isso como seu fardo em vida, e endureceu seu espírito ainda mais.

Eventualmente, mais anos se passaram e ela foi realizando conquistas importantes. Ela começou a mudar as mentes e corações de seu povo e de outros que até se integraram à sua tribo. Homens e mulheres mais dispostos, mais sonhadores, mais fortes, começaram a surgir.

Alguns desses homens quase a conquistaram. Mas Ashe não sabia como reagir e os afastava. No fundo, ela desejava que não desistissem dela tão rápido, mas sua frieza e seriedade eram o único escudo que possuía frente a esse desconhecido. Mas foi isso que a fez amar Tryndamere ainda mais, pois ele nunca se intimidou, se constrangeu ou hesitou em quebrar esses escudos.

Eles se casaram por pura necessidade de unir suas tribos diante da ofensiva de Noxus, liderados pela Lâmina Sinistra, Katarina Du Couteau. Um casamento que tinha tudo pra ser apenas mais uma fachada política, onde por fora ambos eram felizes e por dentro dormiam virados de lados opostos ou até mesmo em camas separadas, virou algo mais. Tryndamere foi o grande responsável.

Era inevitável que algum tipo de sentimento surgiria com o convívio diário, as lutas e intrigas. Ela sempre se afastava, correndo desse sentimento tão desconhecido. E Tryndamere corria atrás em resposta. Novamente Ashe corria, de formas bem ríspidas, às vezes. Mesmo assim ele não desistia e continuava correndo. Até que ela parou de correr e o deixou alcançá-la e levá-la. E Tryndamere lhe deu aquilo que Ashe pensou que jamais fosse conseguir em vida. Ela jamais esqueceria disso, não importasse o que acontecesse.

Ela parou em frente a porta de seu camarote particular. Abriu a porta devagar e adentrou lentamente na escura sala, que com as cortinas fechadas, demonstrava o que iria acontecer ali. Mas nada aconteceu.

– Tryn?

Ela esperava por uma surpresa, mas apenas silêncio a confrontou. Ninguém estava ali. Nunca estivera.

Já se passava mais de uma hora desde o sumiço de Tryndamere, e aflição a percorreu. Aquilo não era uma brincadeira, Tryndamere realmente tinha desaparecido. Mas como e por quê?

Ashe andava em direção a porta, quando uma luz azul, cercada de pequenos raios a prendeu. Era um ataque.

– Quem está aí? – Gritou.

Então a luz ficou mais forte e o corpo de Ashe começou a ser puxado, e ela sentiu como se estivesse sendo levada a algum lugar. Algum lugar muito longe. Terror puro percorreu sua mente e corpo, pois se viu distanciando-se do camarote, do Instituto, de Valoran, da própria Runeterra…


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Notas finais do capítulo

A seguir : O invocador de Ashe e a aparição de Assassin.