Fate/Legends - Ashe escrita por Lanko


Capítulo 13
Ashe - Reminiscências VII: Inimigo às Portas


Notas iniciais do capítulo

Ashe luta em sua primeira batalha, uma de vida ou morte para sua tribo. Quais serão as consequências?



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Ashe viu a primeira onda de atacantes avançar, empurrando um aríete com o claro propósito de derrubar os portões de ferro. Ela ficou aflita quando sua mãe havia ido sozinha ao encontro do líder inimigo. Foram minutos angustiantes, que viraram alívio quando ela retornara para a tribo. O capitão Emrik pedia a atenção de todos. Francesca se pronunciou:

– Tribo dos Arqueiros de Gelo! Conversei com Krahäer. Sabem como ele conseguiu um exército tão grande? Forçando a irmã a se casar com um nortenho que fugia do conquistador do Norte! E ainda os obrigou a deixarem os velhos para trás! Quantos pais, mães, avôs e avós não foram simplesmente abandonados? Acreditam nisso?

Ashe estava chocada. Os homens murmuravam entre si.

– Não acabou aí! Ele marchou com os nortenhos para uma tribo vizinha e matou o líder deles. E sabem o que ele fez depois? Assassinou a mulher e os filhos dele, ainda crianças, para que não se vingassem no futuro!

Alguns xingamentos ecoavam no ar.

– Sabem o que ele me pediu? Pra que nos aliássemos a ele. Como? Entregando os estoques de comida e lenha que trabalhamos tão duramente por meses para juntar, para passarmos o inverno sem dificuldades. Agora ele quer tudo para alimentar essa horda! Eu pergunto a vocês: Quem deve morrer de fome? Nós? Ou eles?

Um rugido furioso gritando “ELES” foi ouvido até das linhas inimigas.

– Eu também respondi isso a Krahäer! Ele então prometeu um massacre. Pois eu digo: Vamos afogá-lo no sangue de seus mil homens!

Todos ergueram as armas, batendo-as nas armaduras e nos escudos, gritando em concordância com Francesca. Até Ashe levantou seu arco. Não apreciava o fato de ter que matar pessoas, mas teria que fazer isso para ajudar a salvar todos ali.

– Irmãos e irmãs! – Continuou Francesca. – Eles não tem como alimentarem todos esses homens aí fora! Nós limpamos o lago Arëndal e as tribos deles estão longe! Então aguentem! Eles terão que recuar! Aguentem! Nós vamos vencer!

Ashe viu os guerreiros murmurando em aprovação, com sorrisos e olhares esperançosos nos rostos. “É verdade, eles não tem como alimentar tanta gente!” , “vão ter que recuar e o inverno está chegando” , “só temos que aguentar!”.

Era algo totalmente diferente de alguns momentos atrás, onde todos estavam em pânico ao verem o gigantesco exército. Agora havia confiança e esperança de vencerem e viverem outro dia.

– Arqueiros do lado oeste! Vocês seguirão os meus comandos! Sei que muitos aqui nunca treinaram isso, mas prestem atenção! “Preparar” quer dizer que vocês levam uma flecha ao arco. “Apontar” vocês miram no alvo e “Disparar” vocês matam! – Gritou o capitão Emrik. Francesca comandava o lado leste, Bjorn os homens no portão e Emrik o lado oeste.

Ashe não tinha treinado esses comandos. Mas seguiria as ordens do capitão.

– Preparar!

Ashe e os outros arqueiros levaram uma flecha ao arco e tensionaram a corda.

– Apontar! Esperem eles chegarem mais perto!

Haviam cerca de trezentos guerreiros se cobrindo com escudos, protegendo o aríete e os homens que a empurravam. Ela escolheu um onde poderia atirar numa abertura lateral.

– Disparar!

Ashe e os outros dispararam. Ela se assustou com o som de mais de oitenta flechas sendo disparadas ao mesmo tempo, mas viu sua flecha acertar o alvo, derrubando o homem atingido. Porém, várias outras flechas apenas ricochetearam nos escudos e outras não acertaram nem isso. Lembrou-se que haviam poucos arqueiros realmente treinados ali.

– De novo! Preparar! Apontar! Disparar!

Ela novamente acertou, fazendo sua flecha cair por cima de um escudo, atingindo o homem na cabeça. Dessa vez mais homens tombaram, o que era um progresso.

– Cuidado! Arqueiros inimigos! – Gritou Emrik.

Alvin imediatamente se colocou na frente de Ashe e cobriu ambos com o escudo de aço. Duas bateram no enorme escudo. Quatro pessoas próximas foram atingidas e caíram mortas. Ashe estremeceu.

– Preparar!Apontar!Disparar!

Ashe foi uma das poucas que disparou no momento certo, acertando outro homem no pescoço. Muitos ainda estavam voltando às suas posições depois de se protegerem.

– Tem uns trezentos homens ali! Acho que não derrubamos nem cinquenta! – Disse um homem próximo.

– Calem a boca e se concentrem! – Gritou Emrik. – Preparar!Apontar!Disparar!

Dessa vez Ashe esperou um pouco, esperando que abaixassem os escudos depois de se defenderem de algumas flechas. Ela atirou no peito de um homem que empurrava o aríete. Ele caiu, causando uma pausa no progresso dos atacantes, que só foi retomado quando removeram o corpo e outro homem o substituiu.

Outra chuva de flechas inimigas foi disparada. Ashe e Alvin se protegeram atrás do escudo de aço. Mesmo assim ainda tinham que tomar cuidado para que uma flecha não fosse mirada pra cair por cima em vez de vir em linha reta, o que atingiria suas cabeças. Mais alguns aliados tombaram. Casas também eram atingidas pelas flechas.

– Disparem! - Gritou Emrik

Ashe e outros rapidamente atenderam a ordem, matando mais alguns homens. Então um fortíssimo estrondo balançou a passarela.

– É uma catapulta! – Gritou Emrik.

Ashe não fazia a menor idéia do que era isso. Continuou a atirar nos homens que empurravam o aríete em direção ao portão, sem precisar das ordens do capitão. Olhou para o outro lado da passarela e encontrou sua mãe, atirando ainda mais rápido do que ela. Viu Bjorn gritando instruções do que os homens deveriam fazer caso o portão fosse derrubado.

Uma chuva de flechas estava vindo.

– Alvin! Aquelas flechas vão cair por cima de nós!

O rapaz então trouxe Ashe pra perto, quase abrançando-a e a puxou pro o chão, cobrindo-os com o escudo. Ouviram o barulho de várias flechas batendo no escudo de aço. Quando o barulho passou, eles se olharam por vários segundos, os rostos colados e a respiração batendo na face do outro. Foram levados de volta à realidade pelo capitão Emrik.

– Vocês dois estão bem?

Ambos levantaram e acenaram com a cabeça. – Então continuem atirando!

Outra rocha atingiu a barreira, quase derrubando Alvin da passarela. Ashe agora viu o que aconteceu. Uma catapulta era um objeto que jogava pedras e toras de madeira de uma distância enorme, tentando quebrar defesas pela força do impacto, o que abriria outra passagem para o exército de Krahäer. Era impossível revidar com flechas daquela distância.

Por outro lado, os atacantes claramente não sabiam usá-la. Os disparos saíam a esmo, hora atingindo o chão bem longe das muralhas de madeira, levantando enormes montes de neve. Outras vezes passavam por cima, atingindo casas.

– Não é tão fácil usar uma catapulta. Poucos nessa região sabem utilizá-la corretamente. Mas uma hora eles vão começar a mirar certo. – Disse o capitão.

Ashe passou a disparar ainda mais rápido. Passou a errar mais também, mas o que importava agora era reduzir ao máximo os números dos homens que avançavam em direção ao portão. Viu mais homens avançarem das fileiras de Krahäer. Eles traziam escadas.

Uma chuva de flechas inimigas novamente choveu sobre eles. Um ataque da catapulta passou sobre o portão e atingiu cinco homens. Dois gritavam de agonia. Alguém ao seu lado vomitou, mas Ashe continuou disparando.

A catapulta acertou alguns homens que estavam aglomerados para defender o portão. Três foram esmagados e os um agonizava, ainda vivo mas com perna esmagada. Ashe e Alvin estremeceram, pensando no que aconteceria caso fossem atingidos.

– Não temam, pirralhos! – Gritava Emrik pra todos. – Continuem atirando!

Falar era fácil. Ashe percebeu que até ele estava com medo. Quem não estaria?

Então os portões de ferro se abriram. Bjorn e dezenas de homens foram para o lado de fora dar combate, pois o aríete agora estava razoavelmente próxima. Ashe tinha que tomar cuidado redobrado para não matar nenhum aliado. Decidiu atirar no miolo traseiro dos atacantes, o que evitaria acidentes.

Uma rocha atingiu a forja, causando um incêndio. O capitão Emrik berrou para que quem não estivesse lutando tratasse de apagar o fogo antes que ele se espalhasse. Os homens com escadas estavam se aproximando da direção leste, onde estavam sua mãe e um punhado de arqueiros, que ainda estavam dando trabalho para os atacantes.

Enquanto isso, a ofensiva de Bjorn foi um sucesso. Os atacantes quebraram e fugiram, largando o aríete, mesmo estando em um número semelhante ou até maior. Alguns ainda morreram pros arqueiros. O aríete foi empurrado pra dentro da aldeia, para que não fosse utilizado novamente. Alguns morreram por flechas enquanto faziam isso e os portões foram trancados. Ashe viu Francesca dizendo e sinalizando algo para Bjorn, que ordenou vários homens de armas para subirem a passarela leste.

Outra rocha foi arremessada pela catapulta, dessa vez abrindo uma brecha na barreira de madeira do lado oeste. Todos os homens que estavam guardando o portão foram para lá defender a abertura, já que os atacantes não tinham mais o aríete para quebrar o portão. Uma multidão de homens ainda maior do que a primeira onda começou a avançar para invadir a brecha na barreira.

– Devem estar vindo uns seiscentos agora. – Disse alguém próximo.

Os homens que traziam escadas para a passarela leste foram repelidos. Ashe observava maravilhada sua mãe disparando flechas a uma velocidade absurda, numa proporção de duas flechas pra cada uma dos outros arqueiros.

A catapulta agora tentava bombardear a passarela leste, numa tentativa de tirar aqueles arqueiros dali. As flechas inimigas choviam sobre os homens de Bjorn. Alguns eram atingidos mesmo com escudos e outros mal tinham proteção.

Então o choque dos atacantes com os defensores ocorreu, um gigantesco estrondo de metal contra metal junto a gritos. Ashe e os outros arqueiros disparavam na horda inimiga, matando vários. Mas eram muitos. O capitão Emrik se aproximou.

– Vocês dois devem descer imediatamente! – Gritou ele.

– Por quê? – Perguntou Ashe.

– Eles estão trazendo escadas. Vão atacar de dois pontos. Saiam! AGORA!

Ashe olhou ao redor e viu que os outros não tinham recebido ordens de deixar o local.

– Não posso fazer isso, capitão.

– O QUÊ? Eu sou o capitão, mocinha e você faz o que eu mandar!

– Foram ordens da minha mãe, não é mesmo?

Emrik ficou em silêncio.

– Capitão, não posso ser a única a fazer isso quando todos os outros vão ficar.

– Eu…admiro o que você está tentando fazer, menina. Mas vocês dois não tem a menor chance no corpo a corpo. Deixem que nós adultos cuidemos disso. Os outros garotos também vão sair daqui.

– Mesmo assim não posso fazer isso.

Ashe achou que Emrik iria simplesmente arremessá-los da passarela pelo modo como a olhou, mas o homem lhe respondeu calmamente:

– Tudo bem. Mas quando eu ver que é impossível pra vocês permanecerem aqui, vocês saem. Certo?

– Certo. – Isso Ashe podia aceitar.

Enquanto isso Francesca e os outros arqueiros abandonaram o lado leste, cuja barreira fora destruída pela catapulta. Vários invasores se dirigiram à nova brecha, encontrando novos defensores que também se moveram para lá.

Os melhores e mais equipados homens estavam na frente, enquanto os improvisados e desequipados ficavam espalhados entre os guerreiros. Isso era pra evitar que ficassem concentrados demais e se tornassem alvos fáceis, o que permitiria ganho de terreno rápido pelo inimigo, assim como uma enorme desmoralização caso muitos morressem de uma vez, o que poderia levar à uma fuga generalizada.

Ashe passou mais alguns minutos disparando flechas antes que precisasse abandonar a passarela pelas ordens de Emrik.

– Desçam agora!

Ashe, Alvin e outros que eram muito jovens e inexperientes deixaram a passarela. Ashe viu o combate corpo a corpo acontecer, e o capitão Emrik foi surpreendido por três homens, que o cercaram.

Ele matou um, mas o segundo o desequilibrou. O terceiro o derrubou e se preparava para matá-lo, quando uma flecha o atingiu no pescoço. O outro homem tentou finalizar o serviço, mas foi atingido por uma flecha no olho. O capitão Emrik estava deitado no chão, respirando ofegante. Ele se virou e viu Ashe, ainda de arco empunhado. Ele sorriu e acenou com a cabeça, como se dissesse “obrigado”. Ashe retribuiu com outro aceno.

– Nossa, Ashe, o que foi isso… - Alvin estava impressionado.

– Iam matar ele. Vem, vamos recuar um pouco pra continuarmos ajudando. – Respondeu Ashe.

O combate acontecia agora pelo chão e pelo alto, com invasores escalando a barreira de ambos os lados com escadas. O lado leste era o mais fraco, já que tinha que lidar com invasores pelo chão, mas não havia ninguém para defender a passarela das escadas inimigas.

E foi por aí que alguns invasores finalmente colocaram os pés dentro da tribo. Nervosismo se espalhou entre os defensores do lado leste, que começaram a fugir, dando terreno livre para dezenas de invasores. Até Francesca aparecer.

– Voltem e matem eles! – Gritou Francesca.

Os invasores a viram. – É a líder deles! Matem-na! Capturem-na se possível!

Alguns homens voltaram para defender sua líder. Ashe correu para ajudá-la, mas então viu algo assombroso. Sua mãe correu e disparou numa velocidade alucinante, abatendo três homens logo de cara. Mas não foi isso que a assustou. O rosto de Francesca era uma mistura de concentração fria com ódio puro, um olhar assassino contrastando com a leveza e rapidez de seus movimentos. Ela nem mesmo respirava. Mais três disparos. Seis mortos no total. Dois vieram rapidamente em sua direção. Francesca correu para o lado, disparando e acertando um deles na barriga, atravessando a armadura. O outro quase a alcançou, mas no último momento Francesca saltou para trás, levou uma flecha ao arco antes de aterrisar e disparou ao pisar no chão, acertando a testa do atacante.

Oito mortos, num piscar de olhos. Ashe, Alvin, Emrik, todos, até os invasores, estavam boquiabertos.

Um grito de comemoração ecoou dos defensores, que ganharam muito mais moral ao verem sua líder realizar um ato tão excepcional. Mais arqueiros apareceram ao redor e os defensores começaram a correr em direção ao inimigo para dar combate. Os invasores fugiram, e Francesca matou mais dois com flechas nas costas, o que gerou mais comemoração.

Ashe estava paralisada de choque e fascinação. Chocada pois nunca vira sua mãe daquele jeito, tão feroz. E fascinada pela habilidade dela. Imaginou se um dia chegaria a disparar de maneira tão magnífica.

A parte leste estava a salvo e Francesca ordenou que homens fossem por ali flanquear os invasores que atacavam o lado oeste. Homens de armas corriam para a batalha. Francesca e mais arqueiros disparavam nos flancos dos atacantes. Pegos de surpresa, os homens de Krahäer entraram em pânico e quebraram, fugindo. Os arqueiros inimigos disparavam para tentar dar cobertura às suas tropas, mas acabaram até mesmo atingindo-as.

Os arqueiros junto de Francesca responderam aos atiradores inimigos, lançando uma chuva de flechas que matou vários. Então voltaram para dentro da aldeia, gerando uma pausa no conflito. Ashe viu o mar de corpos de guerreiros de ambos os lados na brecha do lado oeste. Eles seguraram os invasores, sofrendo baixas, mas infligindo ainda mais no inimigo.

Os corpos não seriam removidos, pois atrapalhariam os atacantes, que teriam que pisar entre centenas de cadáveres para avançarem. Muito útil também caso Krahäer decidisse atacar com seus cavalos. Armaduras e armas eram recolhidas e entregues a quem estava mal equipado. Os Arqueiros de Gelo atendiam os feridos e iniciaram reparos imediatos na barreira do lado leste.

Vinte minutos depois o ataque recomeçou. A catapulta agora atirava mirando as casas, pela altura que as rochas eram disparadas. O exército inteiro de Krahäer avançou para o lado leste. Era o único ponto possível de ataque. O aríete para destruir o portão foi capturado e o lado oeste tinha um mar de cadáveres que facilitaria a defesa.

Todos os defensores formaram uma muralha humana para proteger a brecha. Ashe e todos os arqueiros, incluindo Francesca, estavam no que restou das passarelas.

As casas e construções continuavam a ser atingidas pela catapulta, que não podia atirar nos defensores sem arriscar atingir seus próprios aliados. Ashe ficou boquiaberta ao ver telhado de sua casa ser destruído por uma rocha. Se lembrou que tinha deixado Sejka dormindo em seu quarto. Balançou a cabeça. Era melhor não pensar em nada agora.

O exército de Krahäer parou a alguns metros da brecha, provocando os defensores. Arqueiros dos dois lados trocavam disparos. Os homens estavam tensos vendo suas casas serem atingidas e queriam iniciar o combate.

– Fiquem calmos! – Gritou Francesca. – Ele quer nos provocar para que abandonemos as defesas! Temos que lutar aqui ou vamos ser cercados!

Agora Ashe entendeu a estratégia do inimigo. Ou todos permaneciam nas defesas vendo seus lares sendo arrasados ou abandonavam as posições para darem combate. Mas a catapulta estava muito mais longe, e mesmo que avançassem, não poderiam alcançá-la sem passar pelo exército inimigo, que tinha números suficientes para cercá-los. Ao lutarem do lado de dentro, forçariam o inimigo a entrar por uma passagem estreita, reduzindo a importância dos números a mais que dispunham.

O pior era que os arqueiros dos dois lados mal conseguiam fazer diferença. Todos estavam em formação de parede de escudos, para máxima proteção contra flechas. Poucos tombavam por um disparo.

O impasse permaneceu por mais algum tempo, até que começaram a cair as primeiras gotas de chuva. Os dois lados se assustaram. Chuvas em Freljord eram mortais, pois a temperatura caía ainda mais, além dos fortes ventos que vinham junto.

Para a tribo dos Arqueiros de Gelo significava que mesmo que vencessem, teriam que correr para repararem suas casas. Para os Auroques Boreais, que as linhas de suprimento ficariam seriamente comprometidas, pois os transportes seriam enormemente atrasados pelas condições do terreno, o que geraria fome no exército caso a batalha se prolongasse pro dia seguinte. Pior, estavam ao ar livre e longe de casa, e caso tivessem que recuar, tanto pra dormir pro dia seguinte ou pra fugir, o frio seria ainda mais imperdoável.

Krahäer ordenou o ataque. Atacantes e defensores novamente se chocaram num terremoto de metal. Os arqueiros de ambos os lados trocavam disparos entre si. Alguns homens conseguiram levantar escadas e começaram a escalar. Os arqueiros saíram dali e deram lugar a homens de armas.

– Arqueiros! Vamos pro lado oeste! – Gritou Francesca.

O lado oeste não estava sendo atacado devido ao mar de cadáveres. Ashe, Francesca, os arqueiros e alguns poucos homens de armas saíram por ali, atirando flechas nos flancos dos atacantes. Alguns homens empilhavam os corpos, para fazerem uma barreira contra flechas inimigas. Ashe quase vomitou pelo cheiro dos corpos. Alguns não conseguiram segurar suas ânsias.

A chuva ficou mais forte, grossos pingos de água que encharcavam todos, aumentando o peso das roupas e dificultando ainda mais a movimentação. Os ventos que começavam a soprar faziam todos tremerem.

– Quem diria, Ashe, até você está tremendo. – Zombou Alvin.

– Agora sim está frio de verdade. – Retrucou ela.

A batalha prosseguiu por longos minutos, com a chuva agora caindo violentamente. Bloqueados frontalmente, atacados à distância pelo flanco e ainda debaixo da gélida chuva freljordiana, os atacantes decidiram recuar novamente. Um novo mar de cadáveres agora se espalhava pelo lado leste da tribo dos Arqueiros de Gelo. O exército inimigo se reuniu, e por fim, marcharam, desistindo de um novo ataque.

Ashe e todos os outros comemoraram. Sobrevivemos! Alvin e Ashe se abraçaram, assim como vários outros. Ninguém parecia se importar mais com a chuva gélida.

– Conseguimos! – Disse ele.

– Sim. Sim!

Eles se entreolharam e Alvin a beijou. Ashe aceitou, um beijo bem melhor do que os dois anteriores. Alvin acariciou seus cabelos. Ambos tremiam de frio.

– Estou exausto.

– Eu também. Minhas pernas estão doendo. Meus braços estão pesando uma tonelada.

Alvin viu o sangue escorrendo pelos dedos da mão direita de Ashe graças aos inúmeros disparos que ela realizara. Ele põs sua mão sobre a dela.

– Ashe!Alvin! – Alguém gritou.

Imediatamente os dois se separaram. Era o capitão Emrik.

– Ainda bem que vocês estão bem. Melhor encontrarem seus pais, eles devem estar preocupados.

Os dois jovens arregalaram os olhos de surpresa. Estavam tão concentrados que até esqueceram disso.

– E Ashe…obrigado. Mesmo. – Disse o capitão.

Ashe sorriu e foi junto com Alvin na direção da multidão.

Francesca estava rodeada de guerreiros gritando seu nome. Bjorn também estava lá.

– Ashe! Por Avarosa, venha cá! – Disse Francesca.

As duas se abraçaram, assim como Bjorn e Alvin. Os dois jovens viraram o centro das atenções. Ashe ouvia comentários, exageros, elogios e outras coisas.

– Eu vi ela salvar a vida do capitão Emrik!

– O garoto matou três com o escudo!

– Ouvi dizer que a senhora Francesca matou um terço do inimigo sozinha!

– A filha tava do meu lado durante a batalha! Matou dezenas!

– Imagina quando for adulta!

– Se ficar tão bonita quanto a mãe…

Francesca levantou a mão, pedindo silêncio. Ela manteve Ashe encostada ao seu corpo e começou a falar:

– Tribo dos Arqueiros de Gelo! Irmãos e irmãs! Sobrevivemos a maior dificuldade que enfrentamos desde que essa tribo foi fundada, centenas de anos atrás. Nossa própria existência estava em jogo. Mas superamos tudo!

Os homens responderam com gritos de aprovação.

– Porém, nossas perdas foram altas. E nunca devemos esquecê-las. O sacrifício dos que lutaram e deram a vida para que vivêssemos mais um dia será honrado! E quando chegar a hora, teremos vingança por eles!

Aplausos e gritos vieram da multidão. Ashe não gostou da última parte. Ela não conseguia explicar o que sentia, mas não haviam dúvidas em sua mente que isso não resolveria os problemas da tribo. Pelo contrário, gerariam até mais. Francesca distribuiu ordens para verificarem os estragos na aldeia e levou Ashe para casa, que tinha escombros na pequena sala, devido a uma rocha que acertara o telhado.

– Precisamos consertar isso ou vamos congelar no inverno. Mas primeiro você vai dormir. Você parece que vai cair, Ashe.

Era verdade. Ashe sentia cãimbras nas pernas, dores nos braços e dedos, estava encharcada e tremendo por causa da chuva. Ela queria dormir.

– Seu quarto está intacto, Ashe. Vai vir um pouco de friagem pelo buraco no teto da sala. Mas nada que mais uns cobertores não resolvam.

Sua mãe a ajudou a se secar, a se trocar e enfaixou seus dedos ensanguentados. Ela a cobriu com quatro cobertores quando se deitou. Ashe normalmente só dormia com um, mas dessa vez aceitou de bom grado as quatro camadas de lã.

– Durma bem, querida. Quando eu sair vou colocar alguns tecidos embaixo da porta pra não entrar vento aqui.

Ashe apenas acenou com a cabeça. Francesca a beijou na testa. A sombra de um pano cobrindo as frestas da porta foi a última coisa que viu antes de adormecer.

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Quando Ashe acordou, ouviu o barulho dos homens fazendo reparos na aldeia. Se levantou pra ver o que estava acontecendo, encontrando Sejka na sala.

– Ashe! Que bom que acordou! Você dormiu tanto que fiquei preocupada!

– Sejka! A catapulta atingiu aqui, você se feriu?

– Não, não! Eu não estava aqui quando a rocha caiu, ainda bem. Eu acordei quando a batalha começou e como não sabia onde você estava, fui ajudar os curandeiros com os feridos. Veja, já consertaram seu telhado. Bem, mais ou menos.

Ashe viu que a parte destruída do telhado fora coberta com peles e lãs, sustentadas por tábuas de madeira. Era uma improvisação, já que o telhado era de pedra, mas serviria.

– Sua mãe disse pra eu esquentar comida pra você quando acordasse. Tem sopa e carne de lobo. Espera aí!

A garota serviu Ashe, que estava morrendo de fome e começou a comer rapidamente.

– Quanto tempo fiquei dormindo?

– Um dia inteiro.

Ashe estava incrédula. – O quê? Tudo isso?

– Eu fiquei preocupada, mas sua mãe disse que era normal. Afinal, você tem treze invernos, Ashe! Você ficou lutando por quatro horas e ficou esgotada.

– Quatro horas? – Pra Ashe tudo tinha acontecido tão rápido.

– Todos falam que você é uma heroína.

– Eu não fiz tanto assim…

– Você matou inimigos, Ashe. Todos sabem que não foi a que mais fez isso, mas o que importa é que você é muito jovem e a filha da líder. Você podia ter simplesmente ficado escondida, mas arriscou sua vida por todos. Isso é o que conta. Todos estão orgulhosos de você!

– Ah…agora entendi. As aparências contam tanto assim?

– Claro.

– Eu também tinha o Alvin me protegendo com um escudo de aço. Sem ele eu poderia ter até sido morta.

Sejka baixou os olhos por um momento. – Ashe…falando no Alvin…

– O quê foi? – Perguntou Ashe preocupada. Se lembrou que ele estava tão exausto quanto ela. – Ele se feriu?

– Não, não, ele está bem. Mas…a casa dele foi atingida pela catapulta. E a mãe dele estava dentro…

– Não…

Ashe se levantou. Ela tinha que encontrá-lo.

– Aonde você vai? – Perguntou Sejka.

– Preciso vê-lo. – Respondeu Ashe.

– Ainda está chovendo. Espere um pouco mais, você acabou de acordar depois de uma batalha! Nem terminou de comer!

– Não dá.

Ashe saiu. A chuva ainda castigava a tribo, mas havia diminuído de força. Homens ergueram coberturas de tecidos e panos para servirem de proteção enquanto reparavam a barreira de madeira. Muitas casas foram atingidas e outras completamente arrasadas. O inverno castigaria muitas famílias, pois não tinham materiais para reparar todas.

Ela foi à casa de Alvin. O encontrou sentado em frente à lareira, algumas pequenas pedras e pedaços de madeira ainda espalhados nos cantos da sala.

– Alvin… - Disse ela.

Ele se virou, com os olhos vermelhos e cansados. Ashe se ajoelhou perto dele e o abraçou.

– Eu…fiquei sabendo. Sinto muito.

Ele não respondeu, mas retribuiu o abraço. Ashe pensava sobre Marla, a mãe de Alvin. Ela se arrependia de não tê-la conhecida um pouco melhor. Algumas vezes ela ia comer em sua casa, conversava com sua mãe, comentava algo, mas não passava disso. Se lembrou de como Marla chamara ela e Sejka para dormirem em sua casa quando Francesca e Bjorn foram para Arëndal responder ao ataque de Krahäer. Tudo isso fez Ashe fcar ainda mais triste. Alvin finalmente quebrou o silêncio.

– Ashe, um dia vou me vingar de todos eles. Todos. Isso não vai ficar assim.

Um arrepio percorreu Ashe. Não pelo que ele falou, mas como falou, com um tom baixo e sombrio. De alguém que cumpriria a promessa. Ela queria falar que isso não ajudaria em nada. Que ele não sabia quem matou Marla, e mesmo que soubesse, vários inocentes acabariam sofrendo o mesmo no caminho Que até ele poderia acabar morrendo também. E ela não deixaria isso acontecer. Mas como ela podia dizer isso nesse momento? E se tivesse sido sua mãe? O que ela faria?

– Você precisa descansar. Parece que nem dormiu ainda. – Sussurrou Ashe.

Bjorn apareceu na sala e Ashe se assustou, mas continuou abraçada a Alvin. O homem olhou os dois por um segundo antes de se dirigir à porta para ajudar com os reparos.

– Sinto muito, tio Bjorn. – Disse Ashe. Ele não era realmente o tio de Ashe, mas ela sempre o chamava assim desde criança. Não conseguiu chamá-lo apenas pelo nome justo agora.

Ele parou e se virou. – Obrigado, Ashe. Significa bastante. – E então saiu.

– Eu…vou dormir agora. – Disse Alvin.

– Tá. Nos falamos depois.

Ashe o viu caminhar até o quarto e decidiu voltar pra casa. Francesca havia voltado e Sejka saído.

– Ashe, que bom que você levantou. – Disse sua mãe.

– Sim. Sejka me disse que fiquei um dia inteiro dormindo.

– Coma mais um pouco.

Ashe obedeceu. Ainda estava com fome. Francesca começou a contar sobre o passado.

– Aconteceu o mesmo comigo quando eu era jovem. Dormi bem mais que um dia. Não foi por causa de uma uma batalha, mas de uma caçada. Eu era a mais nova do grupo, ou seja, a mais inexperiente. Caçamos chacais, um urso e uns lobos, e então uma nevasca caiu sobre nós. Acabamos separados e perdidos numa área gigantesca e totalmente desconhecida pra mim. Eu acabei sozinha e por três dias tive que me alimentar com o que tinha caçado. Feras tentavam me atacar enquanto eu procurava desesperada o caminho de volta. Eu não fazia a menor idéia de qual direção avançar. Podia estar andando na direção da tribo ou pra ainda mais longe, o que seria meu fim. Nesses três dias dormi ao relento, dentro de troncos de árvores, me esquentando com o corpo de um lobo morto. Não consegui encontrar mais comida e tinha que derreter neve com as mãos para conseguir água. Eu achei que ia morrer ali.

Ashe arregalou os olhos. Ela nunca tinha ouvido isso.

– E como você se salvou?

– Não me salvei.

– O quê? Então como você sobreviveu?

– Ao mesmo tempo, os outros caçadores aos poucos se encontraram. Eu era a única que faltava e me procuraram durante os três dias em que eu lutava pra sobreviver. Os suprimentos deles foram acabando e por fim me deram por morta. Decidiram desistir e voltar pra casa. Mas um deles se recusou, e sozinho, continuou a busca. Ele me encontrou no dia seguinte, caída ao lado de uma árvore, morrendo de fome e sede e tremendo de frio, quase congelada na floresta. Ele me carregou nas costas de volta para a tribo.

– Quem era esse caçador?

Francescou fechou os olhos e sorriu:

– Seu pai.

Ashe ficou boquiaberta.

– É, foi assim que nos conhecemos. Um primeiro encontro um tanto…frio, não acha? – Francesca riu de uma maneira inocente e até ruborizou. Ashe achou que sua mãe rejuvenescera alguns anos ao se lembrar disso.

Sua mãe nunca falava sobre seu pai. Ashe apenas sabia o nome dele, Karl, e que passara por dois invernos quando ele faleceu. Tentou vez ou outra descobrir algo, mas Francesca sempre evitava falar do assunto. Ashe então passou a evitar o tema. Mas agora sua mãe contara algo sobre seu pai por iniciativa própria, e um dos pontos mais importantes entre os dois: como se conheceram.

Ashe achou extremamente romântico, o caçador que não desistiu de procurar a companheira perdida, arriscando sua própria vida sem saber se ela estava viva, a encontrando e ambos se apaixonando em seguida. Parecia algo tão…puro, ainda mais em Freljord.

Uma batida na porta as trouxe de volta à realidade.

– Francesca, parou de chover. Está na hora. – Era Bjorn.

– Muito bem. Já estou indo. – Respondeu Francesca e Bjorn foi embora.

– Está na hora do quê? – Perguntou Ashe.

– Vamos cremar os mortos.

– Por quê?

– Não temos espaço e tempo para enterrarmos tantos mortos de uma vez. Então iremos cremá-los fora da tribo.

– Ainda assim…

– São muitos cadáveres, Ashe. Existe o risco de doenças e infecções se espalharem. Isso seria um desastre. Por isso temos que cremá-los. Não é porque queremos fazer isso. É porque é necessário.

Ashe estava chocada. Era algo muito triste, mesmo que necessário. Lembrou-se da mãe de Alvin.

– Até mesmo as pessoas da nossa tribo?

– Sim. Muitos dos nossos morreram também. Se enterrarmos alguns e queimarmos outros, vão haver ressentimentos. “Por que ele pôde enterrar e eu tive que cremar?”. Então cremaremos todos. Mas separamos os nossos dos inimigos. Eles serão empilhados e queimados em em uma grande fogueira. Os nossos receberão preces e cerimônias e serão cremados individualmente. Conversarei com os familiares também.

Ashe não pôde deixar de falar o que pensava. Ela se lembrava como Avarosa tratava seus inimigos – Mas isso é certo? Eu sei que eles queriam nos matar, mas não poderíamos ter um pouco mais de consideração? Eles também deviam ter famílias.

Francesca entendeu de onde veio o comentário.

– Ashe, isso não é uma história de Avarosa. Eles queriam nos matar e nós os matamos pra sobreviver. Se estivessem vivos, voltariam mais tarde pra tentar de novo. Eles possuem famílias? Nós, os quais eles tentaram matar, também temos. Lembre-se, Ashe, aqui no mundo real não podemos ter piedade dos nossos inimigos.

Ashe engoliu em seco e Francesca se levantou, saindo da casa. Não era a primeira vez que sua mãe a repreendia desse jeito. Embora Francesca admirasse alguns aspectos das histórias, ainda as considerava contos idealizados, meras fantasias. Ashe não. Pra ela, as histórias, embora existissem diferentes versões, eram relatos de como Freljord uma vez tivera paz e prosperidade, algo que deveria ser levado em consideração, um guia dos erros e acertos que os antigos deixaram para as gerações futuras.

Se lembrou das pessoas que fugiram do Norte e se juntaram a Krahäer. Eles diziam que havia um conquistador, ou conquistadora em alguns relatos, que embora estivesse subjugando quem encontrasse, também estava unificando aquelas áreas. Ela queria saber quem era essa pessoa. Se ela por acaso sabia das histórias antigas, qual o propósito dessas conquistas., se era verdade que essa pessoa montava meia dúzia de animais diferentes…

Era noite e ela saiu, vendo os corpos de falecidos da tribo serem carregados por seus familiares. Os inimigos foram simplesmente empilhados nas carruagens que antes traziam suprimentos do lago Arëndal. Viu Alvin e Bjorn levando o corpo de Marla. Queria acompanhá-los, mas sabia que aquele momento devia ser só deles. Sentiu pena de Sejka, que nem o corpo de Grankjar tinha para cremar, pois ele morrera em Arëndal.

Ao longe, conseguiu ver a luz de diversas pequenas fogueiras ardendo, ofuscadas pela gigantesca chama da pira funerária reservada aos corpos inimigos. Mesmo à uma grande distância, o cheiro de carne humana sendo queimada foi levado à tribo. Ashe sabia que os ventos levariam o odor embora, mas era impossível evitar sentir enjôos.

Atacar. Matar. Saquear. Sobreviver. Repetir. Praticamente era o que cada tribo fazia pra garantir sua sobrevivência. Ashe torcia para que as histórias de Avarosa tivessem algum fundo de verdade.

Porque tinha que existir outro jeito de se viver em Freljord.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Começa a nascer em Ashe a vontade de mudar as coisas em Freljord, embora ainda lhe falte conhecimentos e uma estratégia de como fazer tal empreendimento. No futuro, Demacia, e também Noxus, lhe darão essa "base teórica".
A tragédia de Alvin também terá uma enorme influência sobre os eventos que afetarão a personalidade futura de Ashe.

A seguir, Ashe fará uma viagem para...Demacia! Qual será a reação dela ao comparar sua pobre tribo com a esplendorosa Cidade-Estado, que na época está no centro das atenções do mundo devido à proposta de criação de League of Legends?
Ela também encontrará um futuro Campeão da League, que deixará uma certa impressão nela, pelo menos no começo.

Esse é o antepenúltimo capítulo desse arco do passado de Ashe antes de voltarmos à Guerra do Santo Graal. Espero que não tenham ficado perdidos, mas era necessário mostrar o passado de Ashe e ele não poderia ser fragmentado demais, embora isso nos tenha afastado um pouco da história principal.

Até a próxima!





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