A Menina De Azul e Branco escrita por annacrônica


Capítulo 1
A menina de azul e branco




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Eu costumava ser uma garota normal. Brincava de bonecas e a minha única preocupação era a de qual cor iria colorir o cabelo do personagem. Mas aquela que era meiga não existe mais.

De uns dias pra cá, a noite, eu sentia algo ou alguém me observando. Sentia sua respiração, com o ar ainda quente, mexendo nos meus cabelos. Até que uma hora eu decidia olhar. Mas nunca se tinha ninguém lá. Revirava na cama até conseguir dormir novamente. Acordava de manhã pensando naquela coisa que respirava em cima de mim.

Em certa noite estava sem conseguir dormir, com medo daquela coisa que cada vez queria chegar mais e mais perto de mim. E ai, olhei para o outro lado do meu quarto. Ali, estava parado na minha frente um ser; estava de vestido azul e branco, perfeitamente amarrado e assustador, assim como seus sapatos; pretos envernizados, trêmulos.

Ficamos um tempo nos olhando, eu analisando-a restritamente, e ela como se conhecesse meu corpo perfeitamente. Eu a olhava com medo também, porém não mexendo nem um único músculo do corpo.

Até que ela disse oi. Respondi gaguejando e perguntei quem era ela. Respondeu-me com frieza dizendo que era chamada de Méri. Perguntei também o que estava fazendo e o que queria comigo. “Estou aqui em busca de ajuda, não quero machuca-la. Aceita minha proposta?”

Sim, eu aceitei. E assim que eu lhe disse isso, um branco tomou conta da minha vista, ofuscando-a. Já não estava mais em casa quando recuperei os sentidos. Estava em um vale, frio, com neve, pinheiros e uma velha cabana de madeira. E eu já não era “eu” mais. Estava no corpo de Méri, e não agia por mim própria, era como se estivesse de fora observando. O frio, que provavelmente estaria lá, não sentia.

Escutei me chamarem de dentro da cabana, supostamente minha mãe. Entrei na cabana, direcionando-me ao que seria meu quarto. Humilde, pequeno, possuía vários livros e bonecas. E então, vários gritos de dor e pavor saíram da boca de minha mãe. Ela estava sendo assassinada a facadas por um homem.

Corri entre as árvores, desesperadamente. Queria somente desaparecer dali, e nunca mais voltar. Sentia os olhos, cheios de água, arderem com o vento gelado. Tomei coragem e olhei para trás. Aquele homem-demônio estava chegando perto. Tropecei em um galho e caí no chão. Mas não consegui levantar, algo na minha perna direita não me deixava andar. E então, ele me alcançou. Olhou nos meus olhos friamente, mas no fundo, vi nele meu reflexo.

O medo tomava conta de mim. E então, ele começou a me esfaquear. Várias vezes, deu-me um beijo na testa, como se pedisse perdão. Antes da última facada, ele me disse: “Eu te amo, Méri”.

E então o branco novamente tomou conta. Acordei em minha cama, com ela me olhando bravamente, porém com medo. Perguntou-me como foi. Contei com todos os detalhes, todas as sensações que tive. No final, quando contava do “eu te amo” senti que ela estava triste e ao mesmo tempo, assim como eu. Agradeceu-me e foi embora, mas apareceu novamente várias vezes para me visitar.


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